Conheça 5 novos livros para pensar sobre as condições do negro no Brasil


Uma jovem cordelista recupera biografias de grandes mulheres negras desconhecida dos brasileiros. Uma renomada historiadora e antropóloga investiga a trajetória de um dos mais importantes (e desprezados) escritores negros do País.

Do CEERT - Um africanista de 75 anos mergulha nos fatos e personagens que construíram o continente que está na base da formação do Brasil. Um famoso astro da TV revisa o curso de sua vida tomando como ponto de partida a identidade negra.

Para encerrar, um negro africano escravizado em Pernambuco narra os horrores que sofreu antes de fugir para os EUA.

Cinco livros que abordam de forma singular o significado de ser uma pessoa negra no Brasil - no passado e no presente - chegaram (ou chegam este mês) às livrarias.



A historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz passou mais de dez anos debruçada sobre obra e a vida de Afonso Henriques de Lima Barreto, escritor negro e marginal responsável por, pelo menos, duas obras singulares na literatura brasileira: Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) e Clara dos Anjos (1922). O resultado dessa empreitada chega às livrarias no mês de junho sob forma de uma ousada biografia.

Catatau de mais de 600 páginas, Lima Barreto: Triste Visionário explora a trajetória do escritor carioca a partir da questão racial. "Ele achava que os negros só poderiam ser socialmente integrados através da luta e do constante incômodo. Por isso, denunciava que a escravidão não acabou com a abolição, mas ficou enraizada nos menores costumes mais simples", disse a autora à Revista Cult.

Com escritos que criticavam o racismo, a corrupção e o feminismo vigente que, segundo a o escritor, excluías as mulheres negras, Barreto teve ainda uma dolorosa experiência uma dolorosa experiência manicomial, que também foi registrada em livro, Cemitério dos Vivos, publicado postumamente. "É um autor de muito alento para essa nossa agenda contemporânea neste momento em que a República vive uma crise tão forte, e que os nossos valores democráticos e direitos de cidadãos estão sendo colocados tão em questão", afirma Lilia.


Filha e neta de cordelistas do Ceará, a escritora Jardi Arraes pesquisou durante 4 anos a trajetórias de mulheres negras que defenderam seus direitos e batalharam por seus espaços em solo brasileiro. Até então estavam às margens da História oficial, quinze desses enredos de vida foram adaptados para a literatura de cordel - tipo de poesia popular escrita em folhetos geralmente na forma rimada.

Na lista de grandes mulheres negras estão princesas e rainhas africanas como Aqualtune, Zacimba Gaba e Na Agontimé, sequestradas como escravas para o Brasil, mas que por por aqui lideraram revoltas e mantiveram quilombos fortes e hoje são inspirações para a população negra invariavelmente oprimida do País.

"São mulheres de épocas diferentes, de estados diferentes e que lutaram batalhas diferentes. Entre escritoras, ativistas, líderes quilombolas e de revoltas contra a escravidão, escolhemos 15 heroínas negras que marcaram nossa história e nos deixaram um legado importantíssimo", explicou a autora de 26 anos ao HuffPost Brasil.

Além dos perfis em cordéis, a edição traz todas as histórias também em formato de prosa. O projeto gráfico e as ilustrações de Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis são assinados pela designer e ilustradora negra Gabriela Pires.


Aos 38 anos de idade, Lázaro Ramos é hoje um dos artistas mais populares na defesa de uma maior representatividade negra na mídia. Além de atuar na televisão, teatro e cinema e escrever livros infantis, o astro soteropolitano também comanda o programa Espelho, na TV Brasil, que traz entrevistas com personalidades da cena cultural brasileira – abordando em geral assuntos ligados à questão racial no Brasil.

Em junho, o ator lançará pela editora editora Objetiva (do Grupo Companhia das Letras) seu primeiro livro destinado ao público adulto, Na Minha Pele. A obra não é uma autobiografia.

Segundo o ator, trata-se de uma seleção de textos que propões diferentes conversas com o leitor. "Ele tem uma seleção de depoimentos, opiniões e dúvidas sobre diversos temas: afetividade, política afirmativa, coragem, estética, estratégia de sobrevivência e inspirações", explicou o artista em entrevista ao jornal O Globo.

Ao que parece, o livro contém todos os ingredientes para reverberar e provocar boas discussões na internet, ambiente que o ator e sua esposa, a atriz Taís Araújo, são ativos. "As redes sociais têm exercido um papel fundamental na difusão dessas vozes, propagando novos valores, questionando regras tidas como estabelecidas, oferecendo novas percepções estéticas (...) Destampou-se um número grande de desejos e vozes que não se calam e se expressam. E nós, enquanto nação, precisamos ter capacidade para lidar com isso", afirmou o ator.


Pesquisador, romancista, cantor e compositor, Nei Lopes acaba de lançar seu Dicionário de História da África - Séculos VII a XVI, pela editora Autêntica, em parceria com José Rivair Macedo. Aos 75 anos de idade, o intelectual procura com seu novo trabalho ressaltar que os africanos foram os protagonistas na construção de sua própria História.

O livro explica as diferentes etapas de formação do continente, mostrando desde a organização social até a criação de Estados e Impérios. O leitor tem acesso também às informações referentes aos embates entre cristianismo, o Islã e religiões tradicionais no continente e também sobre as disputas em torno das rotas de comércio.

Africanista autodidata, Lopes tem formação em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em recente entrevista ao jornal O Globo, ele revelou que começou a fazer pesquisas e escrever livros sobre a África "porque havia e ainda há um desconhecimento muito grande em relação à história e à cultura africanas e afro-brasileiras".

Também autor de outros dois livros que abordam a diversidade e a riqueza do continente africano - Bantos, Malês e Identidade Negra (1988) e Novo Dicionário Banto do Brasil (2003) -, o autor propõe uma visão de africanidade para além do ponto vista da escravidão.

"Esse dicionário mostra o fundamento do continente. A África não era uma selva só, essa visão que Hollywood ajudou a moldar. Construir essa visão da África foi um projeto estudado. Aí nossos filhos e netos ficam com a autoestima no pé", explicou.


Mahommah Gardo Baquaqua nasceu em uma família muçulmana no final dos anos 1820, no reino de Bergoo (atual Benin), na África Ocidental. Na juventude, se tornou escravo onde vivia. Em 1845, foi traficado para o Brasil, desembarcando em Pernambuco, onde serviu de escravo a um padeiro.


Dois anos depois, ele escapou numa embarcação comercial. Liberto por abolicionistas de Nova York, seguiu para o Haiti e depois para o Canadá, onde escreveu sua autobiografia.

Lançada em 1854 nos EUA, a Biografia de Mahommad Gardo Baquaqua estava restrita ao círculo acadêmica até maio deste ano, quando ganhou finalmente uma versão em português pela Editora Uirapuru. Relato da escravidão do Brasil em primeira pessoa, a obra traz detalhes do cotidiano da época, dos ambientes sociais e familiares e dos duros castigos que os negros escravizados sofriam no País.

Em entrevista à revista Trip, o tradutor e organizador do livro, Lucciani Furtado, falou sofre o destaque que Baquaqua dá à descrição da violência que sofria em solo brasileiro: "Há uma ênfase na violência sofrida por ele e por outras mulheres e homens escravizados. Somente a escrita pode dar importância a esses detalhes e, mesmo assim, por muito tempo as pessoas se recusaram a acabar com a escravidão. A brutalidade de um trauma violento pode ser mais fácil de suportar do que a brutalidade da insignificância", explicou.

Furtado passou quase seis anos trabalhando no livro, que traz também retratos e registros de documentos inéditos da época. Segundo o tradutor, Baquaqua era uma pessoa especial que todos gostariam de ser. "Se ele sofreu foi porque teve que enfrentar contingências sobre-humanas. E ele foi um verdadeiro herói", disse.

Curso de Ciência Sociais da URCA promove Jornada do Pensamento Social Afro-brasileiro



A Universidade Regional do Cariri (URCA) será palco nos dia 06 (seis) e 07 (sete) do corrente mês da Jornada do Pensamento Social Afro-brasileiro. O evento que é promovido pelo Curso de Ciências Sociais, a partir da iniciativa do professor André Álcman, faz parte do encerramento da disciplina “Introdução ao Pensamento Social Africano”.

A Jornada tem o apoio do Centro de Humanidades, da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (Produn) e visa contribuir para o desenvolvimento de um processo ensino-aprendizagem voltado para a promoção do respeito e a valorização do que foi pensado e produzido pelos africanos e afro-brasileiros.

Os (as) participantes poderão usar a ação como atividade complementar e obter certificação.
O professor Alex Baoli, um dos que irá aprestar trabalho divulgou na noite deste domingo, 04, a programação completa da Jornada que contará com mesas-redondas, exibição de filmes e lançamento de livros, conforme abaixo discriminado:

PROGRAMAÇÃO

DIA 06/06, às 13h30

Mesa: “As lutas contra o Colonialismo Português em África: os Casos das Independências de Cabo-Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe”. Prof. Ricardino Jacinto Dumas (UNILAB)/Prof. João Luís do Nascimento Mota (URCA)

15h

“Da captura à ascensão do subalterno feminino no romance ‘Um defeito de Cor’, de Ana Maria Gonçalves”. Alex Baoli (URCA)

“O Estético Transgressor: geração tombamento e as novas formas de fazer política”. Tiago Alexandre dos Santos e Kaio Cardoso (URCA)

“Madagascar Olodum”: a música como instrumento de protesto e resgate histórico-geográfico. Franklin Saraiva (URCA)/Janaina Leite Silva (URCA)

“O silenciamento negro e a resistência através da música contemporânea”. Lira Sousa (URCA)

“Na rua, no beco: infância afrodescendente na comunidade rural Bebida Nova!” Hayane Mateus (URCA)

18h30

“Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC): contexto, experiências, limites e desafios no Universo dos espaços escolares e universitários e luta pelo Bem Viver”. Maria Eliana de Lima (GRUNEC)

“Concepção de gênero, feminismo e Movimento Negro: reflexão acerca dos fluxos de Representação”. Eudivânia da Silva (UFRN)

“A criminalização da pesquisa científica: o trabalho antropológico e a ameaça aos direitos territoriais de povos indígenas e quilombolas”. Profa. Juliana Monteiro Gondim (UECE)

20h

Mesa: Caminhos da Educação Afro-Brasileira na Relação Universidade - Educação Básica - Movimentos Sociais. Profa. Zuleide Fernandes de Queiroz/Profa. Cícera Nunes (URCA) / Profa. Maria Telvira da Conceição (URCA)

Dia 07/06, às 13h30

Exibição de Curtas Metragens

África 50 (1956), de Rene Vautier; O tigre a gazela (1976), de Aloysio Raulino e Alma no olho (1973), de Zózimo Bulbul.

Discussão: Ythallo Rodrigues (Filmes de Alvenaria/ O Berro Filmes)

15h

“O Pensamento Social Africano: Dilemas e Perspectivas”. Prof. André Álcman Damasceno 
(URCA)

16h

Lançamento do Livro: “Cabo Verde e Guiné-Bissau: as relações entre a sociedade civil e o estado”. Ricardino Jacinto Dumas (UNILAB)

Dia 08/07
A Partir das 18h


Discotecagem de Vinis na Feira Cariri Criativo (Refesa/Crato): Sonoridades Afro-Brasileiras, com André Álcman.


O pobre de direita ou o metaleiro de direita, quem é mais alienado?



A maioria dos headbangers (ou metaleiros) que conheço são reacionários mesmo. É por essas e outras que costumo brincar que Metal é nome de lixo. Quem nunca jogou uma latinha de cerveja numa lata de lixo reciclável escrito metal? Metaleiro alienado de direita no Brasil transforma o movimento em lixo, mas um lixo reciclável, ou seja, o cara pode abrir a mente se entender que o gênero, em sua raiz, é um movimento de protesto contra a sociedade conservadora.

Do Pragmatismo Político - Um artigo do jornalista Bruno Silvestre no site WikiMetal diz tudo: “Judas Priest, AC/DC, Twisted Sister, Motley Crue e Mercyful Fate são exemplos que fizeram a elite conservadora arrancar os cabelos e não medir esforços para censurá-los”. Dentro do espírito de contestação que o Rock and Roll representa, era para o metaleiro ser, por natureza, no mínimo alguém contra o estabilshment.

No Brasil, infelizmente, há muito nazistinha “bolsominion” e afins propagando que o Metal representa as ideias conservadoras de extrema-direita. Um exemplo disso foi dado pelos caras da banda Tihuana, que ressuscitou uns anos atrás com o hit “Tropa de Elite”. Eles estavam numa pior e se transformaram numa banda decadente cover de Legião Urbana para ganhar uns trocados. Era o Urbana Legion. Onde iam, apresentavam a bandeira do Brasil com discurso coxinha pró-impeachment. Tiveram que sair correndo de muita cidade administrada pelo PT.

Eu vi a figura do roqueiro ser associada à Direita quando estava na Marcha Antifascista, no início desse mês, e os organizadores estavam repassando a rota que faríamos e foi falado sobre a Galeria do Rock.

— Passaremos na frente daquela Galeria do Rock, cheia de reacionários de extrema-direita e vamos vaiar os caras.

Entre os próprios “antifascistas”, havia muita gente no maior visual roqueiro, principalmente punks, o que fez o plano de vaiar a Galeria do Rock soar contraditório.

Chegamos na avenida São João, em frente à galeria, os manifestantes pararam ali e começaram a provocar os roqueiros, que disputavam espaço nas marquises para assistir à manifestação. Eram xingados e a maioria não estava entendendo nada. Alguns davam joia para os manifestantes, apoiando a causa.

Então rolou um protesto dentro do protesto. Metaleiros que estavam lá entre anarquistas, comunistas, GLBTs e o povo da esquerda se juntou e cantou: “caiam na real, o metal não é fascista”, algo do tipo.

Jogo o Metal no lixo quando vejo metaleiros como o Phil Anselmo da banda Pantera terminar seus shows bradando ódio e fazendo saudações nazistas. Mustaine, Tom Araya e Bruce Dickinson são tudo reaça também. É uma pena.

Uns comentários interessantes que li no artigo falavam coisas do tipo: “sou fã do Death Splatter, mas não vou sair por aí empalando as pessoas”. Outro dizia: “pior de tudo é Headbanger com a camiseta do Che Guevara, Fidel Castro ou mesmo do Lula molusco”.

Nunca se esqueçam que o rock nasceu do blues, dos negros, é som de negão. Pode existir White Metal fascista, bandas que defendem a Ku Klux Klan, mas esses caras estão viajando na maionese, usando muita droga estragada e estragando um movimento que nasceu para ser de esquerda.


Crede 18 promove o I Seminário "Escola: Espaço de Reflexão" para discutir o respeito à diversidade



A Secretaria da Educação do Estado do Ceará (Seduc), por intermédio da 18º Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 18), realizou na última quinta-feira, 01/06, o I Seminário "Escola: Espaço de Reflexão”.

O Seminário teve como tema central “Respeito à Diversidade” e para Luciana Brito, Coordenadora da Crede 18, a ideia é desenvolver de foram estruturada práticas pedagógicas que corroborem para o pensamento crítico e reflexivo dos alunos e alunas da rede estadual primando pela abordagem de temas relacionados à cultura do respeito às diferenças e afirmou que essa ação já é resultada de um encontro maior que ocorreu em Fortaleza nos dia 04 e 05 de maio.

Luciana realçou ainda que esse momento ora centrado nas 20 Credes será expandido para as unidades de ensino que precisam criar e organizar um calendário permanente que trabalhe com temáticas ligadas a pluralidades de ideias e a cultura do respeito.

Maria Alexandre, uma das organizadoras do seminário, ressaltou acerca da importância do momento ao reunir representantes de todas as escolas atendidas pela coordenadoria, ao passo que frisou acerca da necessidade de pautar as discussões como questões de gênero, preconceito racial, diversidade religiosa, violência contra a mulher e direitos humanos. Segundo ela, é perceptível que nas escolas ocorrem diversas situações inusitadas e na grande maioria das vezes gestores e professores não estão preparados para lhe dar com elas.

Pela manhã, houve uma mesa de debate com o professor especialista pela FCC e membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), Nicolau Neto, a professora doutora da URCA, Renata Marinho, a Delegada Titular da Delegacia da Mulher de Crato, Wannini Galiza, a doutoranda em ciências sociais pela UFRN, Eudivânia Oliveira e o especialista em Direito Constitucional pela URCA, Robson Gomes. 

Da direita para a esquerda - Robson Gomes, Renata Marinho, Nicolau Neto, Eudivânia de Oliveira e Wanini Galiza. durante seminário promovido pela Crede 18. Foto; Professora Luciana Brito.
De forma didática, cada palestrante teve 15 minutos para expor seu tema, sendo destinado, tão logo, as apresentações, tempo para perguntas dos participantes.

Fala dos (as) Palestrantes

Ao discorrer acerca do Preconceito Racial, Nicolau Neto apresentou dados que demostram que o Brasil, apesar de ser o país mais negro fora da África, é extremamente racista e que isso é uma herança histórica que pouco se tem feito para eliminar essa prática que excluiu e continua excluindo negros, negras e índios dos espaços de poder. Inicialmente, o professor chamou a atenção para a representatividade do auditório que sediou o seminário. "Esse auditório nos representa"?, indagou.

Para Nicolau, mesmo com algumas políticas publicas e ações afirmativas que visam à correção das desigualdades raciais, bem como a promoção da igualdade de oportunidades, tendo obtidos resultados satisfatórios, o cenário ainda é de muita luta, pois o racismo está em todos os espaços e nas formas mais "sutis", e se constitui forte obstáculo à formação de uma consciência coletiva, de um sentimento de pertencimento. O professor frisou a importância do seminário. “É prova que as instituições estão se abrindo para falar de nós, negros e negras. Mas essas ações são momentâneas, esporádicas. O que não tira seu caráter reflexivo. Precisamos alcançar nosso público, os alunos e alunas, envolvendo as escolas”, disse.  “Por entender que a escola deve ser um local privilegiado para arejar essas temáticas, foi que aceitei o convite", complementou. 

Citando o professor português Boa Ventura de Sousa Santos, “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”, Nicolau arguiu que a grande ação que as escolas precisam fazer é promover a igualdade, preservando a diferença e reforçou a urgência da construção de um currículo que reconheça e valorize grupos historicamente excluídos, como negros (as) e indígenas e uma das medidas que podem contribuir para tal é o cumprimento das leis 10.639/03 e 11.645/08.

Renata Marinho centrou sua discussão nas questões religiosas. A professora trouxe a luz do debate um histórico de intolerância nesse cenário. Segundo ela, o fato de o Brasil ser predominantemente católico permite que a diversidade religiosa que tão bem caracteriza a sociedade não seja respeitada. Aliado a isso, ela trouxe dados do último censo do IBGE (2010) em que conta o crescimento de protestantes, agravando ainda mais a intolerância religiosa, principalmente para com as de matrizes africanas – a Umbanda e Candomblé. As pesquisas têm demonstrado, afirmou Renata, que os pentecostais e neopentecostais são os que mais desferem e destilam preconceitos aos religiosos umbandistas e do candomblé, destruindo seus centros sagrados. A professora clamou para que as relações sociais sejam baseadas na alteridade.

Robson Gomes frisou sobre a crise de valores na sociedade, principalmente no âmbito jurídico ao tratar do tema “direitos humanos”. Para tanto, percorreu os tempos históricos, do absolutismo, onde inexistia a liberdade de expressão, a contemporaneidade, onde há pessoas que usam da liberdade conquistada a duras penas para ferir a moral e a dignidade do outro.

Gênero também foi alvo do debate ao ser tocado por Eudivânia. Para ela, a sociedade precisa falar sobre, porém sem as amarras do destino biológico que já determina o que as famílias vão ter – ou menino ou menina. Citando a escritora e filósofa Simone de Beauvoir com a frase que se tonou conhecida do público estudantil no ENEM de 2015 – “ninguém nasce mulher, torna-se mulher”, Eudivânia deu o tom de como essa questão precisa ser desenvolvida nas instituições, a começar pelo universo familiar, sendo aprimorado no seio educacional. “Temos vários gêneros e estes mudam com o tempo, por isso o currículo escolar precisa atender a comunidade LGBT”, frisou.

Wannini Galiza pontuou os vários tipos de violência sofridos pela mulher no cariri e chamou atenção para o fato que a maneira mais eficiente de sanar os casos é a denuncia.

O Seminário foi organizado por uma comissão regional composta pela técnica da Crede 18, Maria Alexandre Gomes, pela diretora Regilania Gomes de Oliveira, pelo professor Esdra Nascimento Ribeiro e o aluno Francinildo Alves de Lima. Esta mesma comissão é responsável propagar e participar das ações nas escolas e manter um canal de comunicação entre a comissão escolar e o grupo de trabalho da Seduc. 

O evento desta quinta foi sediado no auditório da EEEP Violeta Arraes, em Crato e contou com representantes de todos os municípios atendidos pela Crede 18. As representações vieram de diretores (as), coordenadores (as), professores (as) e alunos (as), totalizando um público equivalente a 120 pessoas. 

Escritora Conceição Evaristo: "Eu não nasci rodeada de livros, nasci rodeada de palavras"


Uma escritora negra de 70 anos, Conceição Evaristo autora de livros de crítica social e com forte apelo à ancestralidade como: "Becos da Memória", "Ponciá Vicêncio" e "Insubmissas Lágrimas de Mulheres". Uma escritora mineira começou a ganhar reconhecimento e teve suas obras divulgadas e reconhecidas depois dos 44 anos.

Do Brasil de Fato - Conceição relembra que cresceu num espaço de "miserabilidade", onde é uma grande coisa. Ela conta com uma infância penosa não é tratada de apologia à pobreza, mas sim relembrar seus seus tantos anos como duros. E acrescenta que semper esteve rodeada do imaginário, do lúdico e do fantástico, da "conceiversidade".

"Era uma carência material muito grande. Mas por outro lado a vivência, uma riqueza cultural que a gente vivia, com contação de histórias, meu tio, muito próximo a mim era da congada, então eu tenho toda uma lembrança da organização, As línguas que fazem como iguarias, fazendo flores para enfeitar a capela. Das conversas que se davam depois das festas, nos encontros familiares, dos visitantes e servidores muito relacionados com a sobrevivência. Ir ao córrego lavar roupa, ir no mato buscar lenha. Esses O que é que é um problema de aprendizagem, mas a pobreza pode ser um lugar de aprendizagem. "Muito que eu aprendi vem da condição social que eu vivi", conta Conceição.

A oralidade e marca presente de Conceição Evaristo. Ela rebate fortemente uma cultura vigente de que é necessário para o texto e o crescimento em um ambiente rodeado por intelectualidade para produzir literatura. "Eu não nasci rodeado de livros, nasci rodeada de palavras e também no sentido de ensaio que é uma cultura da oralidade e parte do nosso patrimônio", lembra.

Por fim, Conceição fala ao Brasil de Fato sobre uma felicidade em cada vez mais mulheres negras escrevendo e literatura se expandindo. "Eu vejo como meninas que estão produzindo agora, elas são mais explícitas com determinadas temáticas que a gente não era, falamos nos nossos desejos, dúvidas, carinhos, hoje eu vejo essa escrita mais nova trazendo esses temas com muita competência, com uma ousadia que Nós não tivemos.”


Em 2015, Conceição foi vencedora do prêmio Jabuti, na categoria contos, com uma obra "Olhos d'água" em 2017 para convidada para a Festa Literária Internacional de Paraty, um Flip. Quem mora em São Paulo pode conferir até o dia 18 de junho uma exposição que revela sua obra e carreira na 34ª edição da Ocupação do Itaú Cultural.

A escritora Conceição Evaristo é autora de livros de crítica social e de apelo à ancestralidade. Foto: Brasil de Fato.

Escola particular usa material didático escolar racista e mãe do aluno denuncia


A educadora social Aline Lopes, 30 anos, ficou revoltada com um exercício que veio no livro do filho de 3 anos ao qual classificou como racista. A tarefa é para ligar três pessoas a três profissões, e a resposta certa era um jovem negro segurando uma vassoura associado à limpeza de um corredor escolar. A criança estuda em uma escola particular do Recife, que informou que não suspenderá o material didático, mas fará atividade pedagógica sobre o assunto. A editora pernambucana Formando Cidadãos, responsável pela publicação, disse em nota que "situação estará resolvida" na edição de 2018.

Na imagem constata-se um exercício de cunho racista ao associar o menino
negro com o serviço de limpeza de um corredor escolar. Foto: Mídia Ninja.
Do FolhaPE - Aline conta que a escola passou o exercício, localizado na página 32 do livro "Natureza e Sociedade 3 anos", no último dia 26 de maio. A mãe foi ajudar o filho na resolução da tarefa no dia 28 e, indignada, postou o caso no Facebook no mesmo dia, com a legenda "Tarefa de casa de x (nome do filho), 3 anos de idade. Encontre o erro." A foto recebeu quase 400 comentários, sendo a maioria de apoio a educadora social.

A indignação de Aline tem um histórico. O mesmo livro trouxe, na página 16, um exercício onde há duas mesas, uma com uma família de negros tristes e outra com família de pele mais clara sorrindo. A tarefa foi passada pela escola no dia 17 de março. "Porque o professor não pode ser o negro? Porque a família feliz não pode ser a negra? As editoras ainda não levam em consideração essa questão de raça, só reforça estereótipos negativos e mostra a falta da representatividade negra positiva. Algumas pessoas me chamaram de racista no post. Eu acho que não tem problema nenhum ser negro e faxineiro, o problema é que é sempre assim", explicou.

Pela imagem percebe-se que a editora induz os (as) alunos (as) a pensam que
família feliz é tão somente a abranca. Foto: Mídia Ninja.

A educadora social vai além para explicar a revolta. Ela se considera branca e tem o menino de 3 anos e uma menina de 5, ambos de pai negro. O casal nasceu com uma pele que ela diz ser "negra mais clara". A educadora afirma que já teve problemas em relação à raça da garota em outra escola, o que a levou trocar de unidade de ensino este ano. "Imagina que minha filha ia com um black power para a [antiga] escola e muitas vezes vinha para casa com cabelo preso, porque a 'tia' prendeu, mesmo sem ela pedir. Ela já chorou pedindo para alisar o cabelo, porque achava o meu liso mais bonito", contou.

"Então, isso não é o tipo de coisa [depreciativa] que eu quero ver nas tarefas dos meus filhos. Eu tento educar eles de uma forma a respeitar as diferenças, entender a sociedade que a gente vive. Eu quero que eles entendam que podem ser e podem ocupar o lugar que quiserem", complementou.

Aline usou as redes sociais para denunciar o casa de racismo.
Aline, que também estuda licenciatura, procurou a direção da escola que, segundo ela, decidiu não suspender o uso do livro por considerar os dois exercícios casos isolados na totalidade do material didático. A unidade de ensino, ainda de acordo com a mãe, garantiu que fará uma atividade pedagógica sobre o assunto.

Em entrevista ao portal FolhaPE, o gerente administrativo da editora Formando Cidadãos, Paulo André Leite, disse que ficou surpreso com a reclamação, pois o livro, que faz parte de uma coleção com mais de 12 mil páginas, é usado por escolas de todo Brasil há quatro anos e não registrou queixa semelhante.

Em nota, a Editora afirmou que: "repudia qualquer tipo de intolerância e preconceito e ressalta que todo o seu material é bem representativo quanto às etnias. Entendemos ainda que o fato ocorrido no livro de Natureza e Sociedade 3 anos, nas páginas 16 e 32, é um tema importante e por este motivo dedicamos nossos esforços para elucidar o caso e na próxima edição, para 2018, essa situação estará resolvida."

Noblat: Aécio virou um estorvo e será cassado



Menos de dois meses depois de tê-lo como convidado VIP de sua festa de 50 anos de carreira, Ricardo Noblat, hoje, joga definitivamente Aécio Neves no lixo, como já fizera com o ex-bonitão Michel Temer.

Do Tijolaço - Diz que “ninguém dentro do PSDB aguenta mais suportar o peso do fardo em que se transformou o senador afastado Aécio Neves (MG). Nem seus telefonemas de cobrança de apoio”.

Se bem que a fama de “telefonista chato” de Aécio seja um traço comum mas delações em que aparece, Noblat não dá pistas de quantos ou quem seriam os incomodados ou se o prefixo dos telefones é 011, São Paulo.

Muy amigo, o colunista de O Glbo diz que se dá como certo que “ele será cassado por seus pares no Senado, acusado de quebra de decoro

Isso, acrescente candidamente, “se antes não for preso pelo crime de tentativa de obstrução da Justiça”.


Câmara de Altaneira aprova moção de apoio a PEC das Diretas Já


O Poder Legislativo de Altaneira aprovou na noite desta quarta-feira, 31, por maioria simples, a Moção Nº 03/2017 de apoio a Proposta de Emenda a Constituição (PEC 67/2016), que prevê eleições diretas caso os cargos de presidente e vice-presidente fiquem vagos nos três primeiros anos do mandato.

O texto, entretanto, sofreu contestações. Para o Professor Adeilton Silva (PSD) e Zuleide Ferreira (PSDB), ambos da base de oposição a administração municipal, afirmaram que a constituição precisa ser obedecida. Esta última, conforme informações do portal da Câmara, chegou a afirmar que o congresso saberá escolher o próximo presidente, enquanto que o primeiro realçou que o fato de o povo escolher não garante que um político honesto venha a ocupar o poder.

O mesmo posicionamento não teve seus companheiros (as) de bancada, Alice Gonçalves (PRP) e Devaldo Nogueira (PMDB). O peemedebistas foi taxativo ao discorrer ao que o país precisa passar urgentemente por mudanças e, segundo ele, virá com um processo eleitoral onde o povo possa escolher o próximo representante do executivo federal.

Na mesma linha de raciocínio, os vereadores da base de apoio ao prefeito Dariomar Soares, o presidente Antonio Leite, Ciê Bastos e Valmir Brasil, todos do PDT e Silvania Andrade (PT) fizeram discursos favorável moção e a PEC das Eleições Diretas.

A Moção é de autoria do Vereador Flávio Correia (SD). Ao Blog Negro Nicolau, o edil afirmou que a ideia de apresentá-la partiu do clamor das ruas que querem a saída do presidente Temer e ter o direito de escolha por meio do voto devolvido. O parlamentar pediu apoio dos portais de comunicação hospedado na internet para a divulgação do texto aprovado e frisou que irá leva-lo as casas legislativas estaduais e federais.

A PEC das Diretas Já foi aprovada por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O texto ainda vai ao Plenário do Senado e depois segue para a Câmara dos Deputados. 

Parlamentares de Altaneira por ocasião da sessão ordinária na noite de quarta-feira, 31 de maio. Foto: João Alves.