No sertão dos Inhamuns há uma cidade fantasma – Cococi e seus sete habitantes



Cococi já foi cidade e hoje é distrito de Parambu, no sertão do Ceará. Os sete moradores da localidade vivem da agricultura de subsistência.

Distrito fica a 27 km de Parambu. O único acesso é por estrada de piçarra. Foto: André Teixeira/G1.
O distrito de Cococi perdeu o status de cidade em 1979 e hoje pertence ao município de Parambu, no sertão dos Inhamuns no Ceará. Sete pessoas de duas famílias vivem na ex-cidade que já abrigou duas mil pessoas. Só restaram duas casas e a igreja entre as ruínas. ''Não acontece nada na maior parte do ano”, diz Maria Lobo, uma das moradoras.

A cidade é de grande importância para a história da região dos Inhamuns. De acordo com a diretora do Museu dos Inhamuns, Dolores Feitosa, foi lá que chegaram os primeiros habitantes a essa área do sertão cearense.

Para Clenilda, na maior parte do ano não "acontece nada" em
Cococi. Foto: André Teixeira/G1.
O lugar começou a declinar por causa da estiagens. “As pessoas foram saindo atrás de melhores condições de vida para seus filhos, para que eles pudessem estudar em centros mais desenvolvidos, porque Cococi estagnou”, diz a curadora do museu.

Os moradores contam que o terceiro e último prefeito da ex-cidade deu um calote na população e fez uso irregular de verba pública, o que revoltou e fez com que o restante da população abandonasse o local.

Atualmente, as poucas casas do local estão em ruínas. A vegetação destruiu a câmara municipal e a prefeitura. O telhado da maior parte das casas já desabou e o moinho de vento não puxa mais água para os sete moradores que ainda habitam o local.

Somente duas casas e a igreja estão conservadas. Maria Clenilda Lobo, de 40 anos, é matriarca de uma das famílias do Cococi. Ela mora com dois filhos e vivem da agricultura de subsistência. Para Maria, Cococi é uma “cidade fantasma onde não acontece nada na maior parte do ano”.

Igreja fica lotada durante novenário e "muda a
cara" de Cococi. Foto: André Teixeira.
Já Ana Cláudia, dona de casa e chefe da segunda família do distrito de Cococi, pensa diferente. “Aqui sempre vêm historiadores, pesquisadores interessados na história do Cococi. Também temos sempre visita de pessoas que vêm gravar entrevista e filme por aqui”, diz Ana.

De 29 de novembro a 8 de dezembro, Cococi realiza um novenário que “muda a cara do local”, como diz Ana Cláudia. O distrito recebe cerca de 300 pessoas por dia, que lotam a igreja de Nossa Senhora. A igreja é preservada pelas duas famílias de Cococi e é o prédio mais conservado da área.

Os católicos vêm das cidades vizinhas e criam um comércio paralelo durante os dias do novenário. Maria Clenilda aproveita a lotação para vender churrasco, cerveja e refrigerante. Em um dia de missa ela consegue cerca de R$ 80. O que ela ganha durante os 11 dias da novena é mais do que durante todo o resto do ano.

Alunos da EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, por ocasião de visita a I Mostra de Ciência, Cultura e
Tecnologia, do Cariri Oeste, da EEEP Antonia Nedina Onofre, em Assaré. Foto: Prof. Jhon Wille.
Na manhã desta sexta-feira, 06 de novembro do ano em curso,  os alunos da Escola de Ensino Fundamental e Médio Raimundo Moacir Alencar Mota, em Assaré, expuseram trabalho intitulado “Resgatando Nossa História – Cococi, um passado em ruínas”, durante a I Mostra de Ciência, Cultura e Tecnologia, do Cariri Oeste da Escola Estadual de Educação Profissional Antônia Nedina Onofre, no mesmo município. As exposições temáticas receberam várias visitas de outras instituições de ensino, inclusive alunos e professores da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, localizada no município de Nova Olinda.

Por dentro da influência da cultura indígena



É provável que você conheça alguém chamado Ubiratan ou Jacira. Pode ser também Iracema, Tainá, Cauã ou Jandira. Quem vive ou já visitou o Rio de Janeiro, com certeza ouviu falar em Tijuca, Itaipu, Ipanema, Jacarépaguá, Itapeba, Pavuna e/ou Maracanã. Em São Paulo, quem não conhece Itaim, Itaquaquecetuba, Butantã, Piracicaba, Jacareí e Jundiaí? Não importa onde se viva, qualquer brasileiro já teve contato com uma infinidade de palavras de origem indígena, sobretudo da língua tupi-guarani (união entre as tribos tupinambá e guarani), como carioca, jacaré, jabuti, arara, igarapé, capim, guri, caju, maracujá, abacaxi, canoa, pipoca e pereba.

Torração de farinha: Alimento descoberto pelos índios que faz
parte de nossa cultura (foto: Chang Whan/Divulgação).
Mas não foi só na língua portuguesa que tivemos influência indígena. Sua herança e contribuição para a formação da cultura brasileira vai além: passa da comida à forma como nos curamos de doenças. Os índios, através de sua forte ligação com a floresta, descobriram nela uma variedade de alimentos, como a mandioca (e suas variações como a farinha, o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju e o guaraná, utilizados até hoje em nossa alimentação. Esse conhecimento das populações indígenas em relação às espécies nativas é fruto de milhares de anos de conhecimento da floresta. Lá, eles experimentaram o cultivo de centenas de espécies como o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o tomate, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o abacaxi, o mamão, a erva-mate e o guaraná.

Bolsa Karajá: artesanato da tribo indígena (Foto: Marcio
Ferreira/Divulgação)
Outro benefício que herdamos da intensa relação dos índios e a floresta é em relação às plantas e ervas medicinais. O conhecimento da flora e das propriedades das plantas os fez utilizá-las nos tratamento de doenças. Por exemplo, a alfavaca que tem função antigripal, diurética e hipotensora, ou o boldo que é digestivo, antitóxico, combate a prisão de ventre e pode ser usado também nas febres intermitentes (que cessam e voltam logo) são descobertas dos índios utilizadas no nosso dia a dia.

O artesanato também não fica de fora. Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e ornamentos com penas, sementes e escamas de peixe são utilizados em diversas regiões do país, que sequer têm proximidade com uma aldeia indígena.

Cerâmica figurativa: artesanato indígena (Foto; Mariana Maia/Divulgação).
Segundo Chang Whan, pesquisadora e curadora do Museu do Índio do Rio de Janeiro, embora nós tenhamos o costume de separar a cultura indígena da cultura brasileira, essa dissociação não está correta. “A cultura brasileira resulta da conjunção de muitas influências culturais, inclusive temos todas essas contribuições dos índios, com a influência na toponímia (nome dos lugares), na onomástica (nomes próprios), na culinária e no tratamento de saúde utilizando as ervas medicinais. Portanto, não devemos fazer essa dissociação”, explica.
 
Confecção de canoa em tribo indígena (foto: Chang Whan/Divulgação)

A maldição de Tutancamon, sugerido pela professora Valéria Rodrigues



As lendas e mitos que cercam as pirâmides atraem muitas pessoas e reforçam o lado misterioso que cerca a antiga cultura egípcia. Esse mistério começou a ser instigado com a febre de escavações e expedições arqueológicas que tomaram conta das antigas cidades egípcias. Em 1923, um grupo de pesquisadores comemorou a descoberta da tumba de um faraó com mais de 3000 anos de existência.

Este faraó era o lendário Tutancamon, que teve sua múmia encontrada ao lado de artefatos em ouro, bacias cheias de grãos e uma inscrição egípcia prometendo que a morte afligiria todo aquele que viesse a perturbar o sono do faraó. Mesmo com seu tom ameaçador, aquele e outros avisos não foram capazes de sanar a cobiça dos saqueadores de tumbas que violaram o descanso de diversas outras múmias. Será que a maldição atingiria aqueles que ignoravam o silencioso aviso?


Em meio a tantas lendas, o arqueólogo Howard Carter resolveu embrenhar-se na região do Vale dos Reis à procura dos artefatos pertencentes a algum faraó egípcio. Chegando por ali por volta de 1916, a equipe liderada por esse pesquisador não acreditava nos avisos que diziam ser impossível encontrar algum tesouro arqueológico entre tantas escavações inacabadas. Seis anos depois, Howard ainda não havia conseguido encontrar pistas de um desconhecido rei egípcio que havia sido enterrado naquela região.

Obcecado por suas hipóteses, tentou organizar uma última escavação em uma região ocupada por algumas cabanas. Depois de remover as rudimentares construções do local, as primeiras escavações foram presenteadas com o encontro de uma escadaria. Alguns dias depois, a equipe de Carter percebeu que se tratava de um acesso a uma passagem obstruída. Aquela descoberta impulsionou um trabalho mais intenso que, logo em seguida, desbloqueou um corredor que dava acesso a uma outra porta.

A porta possuía um lacre visivelmente quebrado e, posteriormente, reconstruído. Tal indício diminui as expectativas de Howard Carter em encontrar um tesouro arqueológico intacto. Depois vencer o obstáculo de uma última porta, a equipe arqueológica deparou-se com uma sala abarrotada de artefatos de grande detalhe e um trono revestido em ouro. Nessa sala percebeu a existência de uma outra porta onde, por uma fresta, identificou-se um novo cômodo.

Após essas descobertas, Carter teve a astúcia de fechar os acessos àquele local e lançar um monte de entulho na via de acesso a escadaria. Meses depois, levantou uma maior quantidade de recursos e especialistas para trabalharem naquele grande achado. Voltando à primeira sala, retirou e catalogou todos os seus objetos. Dessa vez, abriu o segundo cômodo e lá deu de cara com uma enorme urna funerária que ocupava quase todo o espaço do lugar.

Em quase três meses de trabalho, removeu outras três urnas menores depositadas dentro da urna maior. No interior da última urna descobriu um pesado sarcófago feito em pedra. Após contar com o auxílio de um guindaste para remover o tampo de pedra, Howard Carter retirou um véu de linho que cobria uma bela máscara mortuária feita em ouro, vidro e pedras coloridas; e um ataúde no formato de um corpo. Depois disso, duas novas camadas de máscaras e ataúdes foram retirados do interior do sarcófago.

Passados tantos obstáculos, a equipe de arqueólogos vislumbrou o corpo do faraó Tutancamon queimado e enrijecido pelas resinas utilizadas em seu processo de mumificação. A mais valiosa descoberta arqueológica da época foi alcançada depois de anos de dedicação. No entanto, a riqueza da descoberta reavivou os rumores da famosa maldição de Tutancamon. Já na primeira vez que descobriu a escadaria, o canário de Carter foi comido por uma cobra, indicando o primeiro mau presságio.

Na época em que a tumba foi descoberta, o empresário Lorde Carnavon – financiador da equipe de Carter – foi um dos primeiros a conhecer o sarcófago. Logo em seguida, o empresário teve uma ferida infecciosa provocada pela picada de um mosquito. O estado febril acabou levando-o à morte em poucos dias. Antes de morrer, disse à irmã que Tutancamon o havia convocado. No dia em que faleceu, o cachorro do empresário foi vítima de um enfarte fulminante.

A notícia da morte de Lorde Carnavon logo agitou os esotéricos e supersticiosos sobre as maldições daquela tumba faraônica. Depois do ocorrido, Arthur Mace – integrante da equipe de Carter – morreu repentinamente no mesmo hotel em que Carnavon passou seus últimos dias. Joel Woolf, dono das primeiras fotos de Tutancamon, e Richard Bethell, secretário de Carter, também faleceram em condições inexplicáveis. Nessa mesma funesta coincidência se juntaram a irmã e a mulher de Carnavon.

Ao longo de seis anos após a descoberta, trinta e cinco pessoas ligadas à descoberta da múmia de Tutancamon morreram em condições misteriosas. Para combater as lendas e explicações sobrenaturais, cientistas levantaram a hipótese de que alguma substância tóxica ou fungo venenoso fora criado na época para que ninguém viesse a profanar aquela sala mortuária. Outros ainda chegaram a afirmar que os egípcios já conheciam a energia atômica e teriam depositado urânio nas tumbas.

Durante o século XX, o alvoroço causado pela maldição das tumbas acabou perdendo sua força mediante outras tranqüilas descobertas arqueológicas. Mesmo que as explicações científicas para as tragédias fossem plausíveis, o desencadear de tantas mortes não consegue ser explicado satisfatoriamente como uma simples eventualidade. O desconhecido ainda encobre esse episódio.

‘É como se o homem tivesse decidido parar de evoluir', diz menino Gustavo sobre preconceito



Depois de aparecer na TVT, no ano passado, dando um depoimento que foi considerado uma aula contra o preconceito, a vida do menino Gustavo Gomes mudou. O garoto participou de vários programas de TV, foi colunista da Folha de S. Paulo por um mês e acaba de lançar o seu primeiro livro, a coletânea de poemas Meu Universo. Gustavo foi reconhecido como uma criança que faz a diferença, e recebeu o prêmio Cidadão São Paulo, na categoria infantil, promovido pelo portal Catraca Livre. O que não mudou é a capacidade de se indignar: "O racismo tem que ser combatido sempre", afirma Gustavo, em entrevista ontem (3) ao Seu Jornal.

"Ainda não conseguem entender que as pessoas são iguais
por dentro. Não tem porque discriminar".
"Eu era um garoto baixinho, negro, com o cabelo duro. Era muito zoado", conta Gustavo, que sofria com piadas e apelidos mas, hoje, diz não mais se abalar. O garoto, que quer escrever mais livros e que sonha em ser psicólogo, vai direto ao ponto e diz que o racismo é uma atitude "estúpida".

"É como se (o homem) tivesse decidido parar de evoluir. Porque (a humanidade) foi descobrindo várias coisas, diversas tecnologias, descobriu como é que se faz o avião, como se faz uma televisão, como se faz praticamente tudo, como se cura doenças, e ainda não consegue entender que as pessoas são iguais por dentro. Então, não tem por que discriminar", ensina o menino – mais uma vez –, falando à repórter Caroline Campos.

A mãe, Cícera, surpreendida pela fama repentina do garoto, aconselha: "Eu falo para ele colocar os dois pés no chão, subir degrau por degrau e nunca atropelar os outros". As conversas com a mãe fizeram com que o menino aprendesse a reconhecer e a lidar com o racismo desde cedo.

Gustavo conta ainda que passa a maior parte do tempo lendo. "É uma coisa maravilhosa", afirma, ao dizer que com a leitura consegue se transportar para "outros mundos".

          

Quando a Rede Globo irá reparar o país pelo seu apoio à ditadura militar?



Um dos dirigentes da montadora alemã Volkswagen se reuniu recentemente com o Ministério Público Federal em São Paulo para negociar uma reparação judicial ao país e ao povo brasileiro pelo fato da empresa ter participado ativamente no golpe de Estado que culminou em mais de 20 anos de ditadura militar no Brasil e as milhares de torturas e mortes de perseguidos políticos que decorreram desse ato.

As acusações são frutos do relatório da CNV – Comissão Nacional da Verdade, tendo como base os inúmeros depoimentos e documentos reunidos através das Centrais Sindicais, Associações, pesquisadores e por próprios ex-funcionários da matriz brasileira que foram vítimas das atrocidades cometidas pelo regime militar. Segundo informações, existem fortes indícios de que a fábrica da Volkswagen foi utilizada para a prática de interrogatórios e torturas pelos militares.


A voz da Ditadura.
Trata-se da primeira empresa que teve estreitos vínculos com o regime ditatorial a assumir a sua participação e buscar de forma concreta, se não quitar sua dívida histórica, pelo menos tentar contribuir para que algo dessa natureza jamais volte a acontecer no país. Uma das propostas que estão em análise seria construir um memorial em conjunto com outras instituições para que aquele período não seja esquecido pelas gerações futuras. Outra proposta seria uma cobrança financeira a ser depositado no Fundo de Interesses Difusos.

É um passo extremamente importante para a responsabilização das corporações que de uma forma ou de outra contribuíram para a época mais obscura dessa nação. Com essa atitude a Volkswagen, que já se encontra às voltas com mais um escândalo internacional, tenta demonstrar um mínimo de dignidade para com os cidadãos brasileiros e para com a democracia, que entre tantos percalços, ainda estamos tentando fortalecer e consolidar não só no Brasil, mas como em toda a América Latina.

O problema é que ainda é pouco, muito pouco. Várias foram as empresas nacionais e multinacionais dos mais variados ramos de atividade que apoiaram o regime ditatorial brasileiro e que em troca de seu apoio, conseguiram fazer fortuna às custas de vidas de milhares de inocentes, da dor de seus familiares e da suspensão dos direitos civis de toda uma nação. É imprescindível que cada uma delas também seja responsabilizada e pague, da melhor forma possível, pelo terrível mal que fizeram motivados pela mais pura ganância.

A Rede Globo de Comunicações é um caso à parte em toda essa história e uma das mais notórias empresas da velha mídia nacional a alavancar os seus negócios e a tirar bastante proveito da interrupção na democracia brasileira. É bem verdade que não foi a única do ramo jornalístico. Os barões da mídia familiar nacional, sem exceção, se viram diante de uma grande oportunidade de negócio para os seus empreendimentos. Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, todos tiraram a sua parcela no acordo preestabelecido.

Mas nada foi tão escandaloso quanto a nossa velha conhecida Rede Globo. O absurdo de sua atuação na ditadura militar foi tão gritante que a própria empresa resolveu fazer, em 2013, uma meia culpa, muito aquém do necessário, pelo seu apoio aos generais. No documento intitulado “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”, as organizações Globo afirmaram, entre outras coisas que, “à luz da história, o apoio se constituiu um equívoco”.

Não. Definitivamente não estamos tratando de um simples “equívoco”. Nem mesmo de um “erro” despropositado. Se tinha uma coisa que Roberto Marinho, o então presidente das Organizações Globo, não era, é ser uma pessoa “equivocada”. Mal-intencionada com certeza, mas nunca equivocada. Até hoje a poderosa Rede Globo e todo o seu império construído em muita parte sobre o sangue de brasileiros tombados na ditadura militar, mede meticulasamente os seus passos para conseguirem tudo o que lhes convém. Os custos que os seus interesses podem ter para o Brasil não é e nunca foi exatamente a sua principal preocupação. Não foi na Ditadura e não é agora.

É incrível que uma empresa com tamanho histórico de desserviços ao país, inclusive com práticas criminosas de sonegação fiscal, jamais tenha sido cobrada pela sua postura anti-ética e anti-democrática. Pelo contrário, continua livremente fazendo uso das mais escancaradas formas de manipular a opinião pública para que a democracia brasileira mais uma vez esteja subjugada aos seus interesses econômicos e financeiros, tal qual fizeram ao estampar nas páginas de O Globo, em 02 de Abril de 1964, um dia após a instalação do golpe, o seu nefasto editorial onde proclamava cinicamente o “ressurgimento da democracia”. Segue um trecho:

Vive a nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opiniões sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.”.

Sabemos os “dias gloriosos” que se seguiram a partir daí. O mais incrível é que novamente a Rede Globo tenta desestabilizar um governo democraticamente eleito para que seus interesses particulares sejam mais uma vez atendidos. Sob o mesmo discurso de “Governo irresponsável”, os Marinhos, eles sim, tentam arrastar o país para o que consideram sua “vocação e tradições”, ou seja, a subserviência ao capital internacional, a desigualdade social em níveis alarmantes e a concentração de toda a renda nacional nas mãos de uns poucos privilegiados.

Já está mais do que na hora das Organizações Globo pagarem pelos crimes de lesa-pátria que cometeram e continuam a cometer no Brasil. É simplesmente inadmissível que uma empresa que se ancora numa concessão pública, atente contra os interesses nacionais, contra a soberania de uma nação e contra a vontade declarada e irrestrita da maioria dos brasileiros sem sequer ser incomodada. Já está mais do que na hora do Governo brasileiro e principalmente os cidadãos brasileiros dizerem em alto e bom som às Organizações Globo, que não iremos mais admitir as suas interferências no processo democrático e no futuro da nação.

E a primeira coisa a fazer é cobrar-lhes um alto preço pelo seu apoio à ditadura militar.

Sobre Negros e Pardos: O passado que insiste em bater a nossa porta e de cara LISA


Qual a forma mais correta (se é que há) de se classificar à população pela cor ou raça? Por que muitos, em pleno século XXI possuem ainda grandes dificuldades de se identificarem como preto (prefiro me expressar e me identificar enquanto NEGRO)?

Segundo o padrão de classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há cinco grupos, a saber – indígenas, Preto (Negro), pardos, brancos e amarelos. Discutir, debater, analisar e refletir sobre as relações étnicos-raciais no Brasil não é simplesmente algo esporádico, mas uma necessidade constante visto que a cor da pele ainda se configura (infelizmente), com raríssimas exceções, como aquela que definirá o seu lugar de ocupação nos espaços de poder. Se for branco ou amarelo as condições de acesso são as mais variadas possíveis. Do contrário.....


Mas, voltando a indagação inicial - Por que muitos, em pleno século XXI possuem ainda grandes dificuldades de se identificarem como preto (prefiro me expressar e me identificar enquanto NEGRO)? As respostas que tenho obtido não me surpreende, pois elas retratam fielmente o processo de humilhação e o holocausto pelo qual a população NEGRA passou e ainda passa. Um passado que insiste em bater em nossa porta e de cara LISA, diga-se de passagem – reporto-me a frase outrora dita pelo jornalista Alexandre Garcia, que não nos deixa mentir. “O país não era racista até criarem as cotas”, afirmou ele. Claro que ele deve ter faltado as aulas de História, Filosofia e Sociologia, o que me permite afirmar também que ele não teve e não tem nenhuma base de Direitos Humanos.

Logo, muitos me dizem – Quem quer ser Negro e Negra em um pais onde ele e ela são taxadas como pessoas sem espaços? Onde o papel que exerciam antes de escravos e hoje não são reconhecidos como construtores dessa nação? Quem quer ser negro e negra em um pais onde não se ver na TV, no rádio, nos mais variados espaços de poder essas pessoas exercendo papel de protagonista? Quem quer ser negro e negra em ambiente onde se vai comprar brinquedos para sua filha, seu filho e não encontra bonecos negros, bonecas negras?

Mas há uma luz negra no fim do túnel. Ainda há um fio de esperança quando vemos jovens rompendo com essa visão europeizante e questionando um estereótipo que com certeza nos foi outorgado, mas que não nos serve, não nos simboliza, não nos representa. Jovens que insistem em se autoafirmar e se autorreconhecer como negro, como negra, pois ao contrário dos muitos que afirmei na indagação inicial, buscaram conhecer a história contada pelo viés daqueles que foram oprimidos e ousaram lutar para sair dessa condição. São pessoas que se inspiraram na trajetória de Luisa Mahin, Tereza de Benguela, Dandara, Antonieta de Barros, Carolina de Jesus, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Abdias Nascimento, Oliveira Silveira, Nelson Mandela, Martin Luther King, Zumbi, dentre outros.

Temas como Preconceito, Discriminação, Racismo e a pouca representatividade do negro e do indígena nos espaços de poder ainda persistem porque não há o engajamento da RAÇA HUMANA em promover o debate. O grilhão parece que deixou de existir como objeto material físico de tortura, mas permanece como objeto mental do branco porque insiste em pensar e agir como superior e em muitos casos o negro quando insiste em permanecer calado.

Não se elimina os temas acima elencados com a falácia constitucional “de que todos somos iguais perante a lei” e muito menos com o falso discurso de que somos uma democracia racial. Isso é balela. Essa luta tem que ser DIÁRIA. 

Para entender o dia de finados no calendário católico: Os rituais fúnebres na Grécia Antiga




As honras aos mortos na Antiguidade foram forte influência para a instituição do Dia dos Fiéis Defuntos no calendário católico. Este dia tem como objetivo relembrar os fiéis falecidos, com uma série de homenagens e ritos religiosos. Na Grécia Antiga, a morte também era alvo de rituais fúnebres, trazendo o pesar da perda e a memória do falecido.

1. Era obrigação dos filhos providenciar os funerais dos pais, seguindo toda a tradição. O morto era preparado com muito cuidado, sendo lavado e untado com óleo perfumado e envolto em vestes brancas para ser exposto em um leito solene. Ao seu redor, vasos com perfume. Na boca do morto, era comum colocar uma moeda, que serviria de pagamento ao barqueiro do Mundo Inferior, Caronte.

2. O velório (exposição do morto, em grego, "próthesis") costumava durar um ou dois dias, nos quais mulheres e homens lamentavam pela perda do falecido. Era comum as mulheres arrancarem seus cabelos em mostra de pesar. Havia uma prescrição legal para o cortejo: ele deveria ser realizado antes do nascer do sol. Os sepulcros ficavam fora da cidade, alinhados à estrada.

3. A cremação foi mais comum durante a época homérica. Na época clássica, era vista como exceção, sendo aplicada aos soldados mortos em batalha. O enterro era realizado colocando o defunto diretamente na cova ou dentro de um sarcófago. Juntamente com o morto eram enterrados objetos que lhe serviram quando vivo, como por exemplo, armas, estatuetas, ânforas, entre outros.


4. Ao fim da cerimônia, era necessário purificar a casa onde se deu o óbito. Como homenagem, eram realizados banquetes e sacrifícios que se repetiam no terceiro e no trigésimo dia após o enterro.

Na imagem abaixo, a cena de uma próthesis (velório). Esta placa funerária (c. 520-510 a.C.) feita em terracota era usualmente encontrada nas paredes das tumbas. As almofadas embaixo da cabeça do morto evitavam que o mesmo ficasse com a boca aberta durante a exposição. Na parte debaixo da placa, uma corrida de bigas, tema recorrente na arte funerária da Ática. A corrida evoca os jogos funerários em honra dos heróis lendários, tal como descrito no livro 23 da "Ilíada", quando Aquiles homenageia Pátroclo, seu amigo morto em batalha. Atualmente esta placa se encontra no Metropolitan Museum of Art, em Nova York.


Mais de um século depois, OAB reconhece jornalista NEGRO Luiz Gama como advogado


Cento e trinta e três anos após sua morte, Luiz Gama, ex-escravo, jornalista, poeta, ativista político e líder abolicionista, que com sua oratória brilhante e inflamada, ajudou a libertar mais de 500 negros nos Tribunais, será finalmente reconhecido oficialmente como advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A cerimônia vai acontecer na próxima terça-feira (03/11) na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segundo o presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho “no atual modelo de advocacia é a primeira vez que isso ocorre”.

Gama nasceu em 1.830 e morreu em 1.882 e, além da sua história (filho de um português com uma escrava liberta foi vendido pelo pai quando tinha apenas 10 anos), foi um ativista de enorme prestígio não apenas entre os negros, mas também entre setores liberais da sociedade da época. Ele estudou Direito por conta própria e passou a exercer a função de advogado (rábula) após conseguir a alforria aos 17 anos.

É dele uma frase que o colocaria hoje como um militante radical:

O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa”.

Embora não fosse advogado, Gama era um grande defensor da abolição e sua atuação como rábula livrou inúmeras pessoas dos grilhões escravistas”, acrescenta o presidente da OAB.

Tataraneto

Na cerimônia, Luiz Gama será representado por um tataraneto, o empresário Benemar França, 68 anos, um de seus 20 e tantos descendentes vivos, o engenheiro e empresário Benemar França, 68. “Tomei contato com a biografia desse meu antepassado quando estava no 2º ano ginasial e um professor de história pediu que pesquisássemos, cada um, sobre as nossas famílias, a nossa genealogia”, conta o empresário. “O que descobri encheu-me de orgulho”, acrescenta.

Além da condecoração póstuma, o evento Luiz Gama: Ideias e Legado do Líder Abolicionista prevê dois dias de palestras e debates no Mackenzie.

Morte e enterro

O enterro do líder abolicionista no Cemitério da Consolação foi um dos maiores já registrados em S. Paulo à época com 40 mil habitantes: 10% da população paulistana compareceu. Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, não houve transporte oficial para o cortejo fúnebre. Do Brás, onde morava, o caixão foi passando de mão em mão até chegar à sepultura.