800 milhões de pessoas não tem acesso à água potável




Cerca de 884 milhões de pessoas no mundo ainda usam
fontes não melhoradas de beber. Esquematização das
fotos - Projeto Gota D'Àgua. 
Você já imaginou como pode transformar essa realidade?

Ainda não? Então, se inspire nessa ideia que pretende ser, no mínimo, bacana e demonstra preocupação em zelar por um dos nossos maiores bens.

Criado por uma empresa suíça, o Canudo da Vida apresenta um mecanismo que ajuda a eliminar elementos nocivos à saúde encontrados na água contaminada, como vírus e bactérias.

O Canudo da Vida já é apontado como a principal ideia que mudará o mundo nos próximos anos e esta ajudando no controle de doenças como cólera, diarreia e febre tifoide.

Inovações tecnológicas com impacto na ajuda humanitária, na educação e na medicina são a resposta para o desenvolvimento de amanhã.

“Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) é pedir uma redução da proporção de pessoas sem acesso sustentável a água potável segura pela metade entre 1990 e 2015. No entanto, cerca de 884 milhões de pessoas no mundo, 37% dos quais vivem na África Sub-saariana, ainda usam fontes não melhoradas de beber.

A falta de acesso à água potável contribui para a carga impressionante de doenças diarreicas em todo o mundo, afetando particularmente os jovens, os imunocomprometidos e os pobres. Quase uma em cada cinco mortes de crianças - cerca de 1,5 milhões por ano - é devido à diarreia. Diarreia mata mais crianças do que a AIDS , a malária e o sarampo. Beber água contaminada também leva à redução do tempo produtivo pessoal, com efeitos econômicos generalizados.

Cerca de 43% da população mundial , especialmente a população de baixa renda nas regiões remotas e rurais do mundo em desenvolvimento , está privado da família de água potável canalizada. Assim, há uma necessidade premente de opções eficazes e acessíveis para a obtenção de água potável em casa. De uso Ponto tratamento ( POU ) é uma abordagem alternativa, que pode acelerar os ganhos de saúde associados com o fornecimento de água potável às populações em situação de risco . Ele capacita as pessoas a controlar a qualidade de sua água potável. Tratar a água a nível familiar ou outro ponto de uso também reduz o risco de doenças transmitidas pela água decorrente da recontaminação durante a coleta, transporte e usar em casa, uma causa bem conhecida de qualidade de água. Em muitas áreas rurais e urbanas do mundo em desenvolvimento, as intervenções de qualidade de água para uso doméstico pode reduzir a morbidade por diarreia de mais de 40% 4,5. Tratamento de água em casa oferece a oportunidade para ganhos de saúde significativos em economia de custos potencialmente dramáticas sobre melhorias no abastecimento de água convencionais , tais como ligações de água canalizada para households .

Filtros de água têm se mostrado as intervenções mais eficazes entre todos os pontos de uso de métodos de tratamento de água para reduzir diarreias. A análise Cochrane demonstra que não é suficiente para tratar água no ponto de origem, mas também deve ser segura no ponto de consumo.”


Texto originalmente em inglês, traduzido pela redação do INFORMAÇÕES EM FOCO

28 médicos cubanos serão distribuídos por 12 municípios cearenses




Médicos Cubanos
Nesta terça-feira, 3, foram divulgados os municípios cearenses que receberão os médicos cubanos. O Estado vai receber 28 profissionais de Cuba, que serão distribuídos por 12 cidades do Ceará, de acordo com o Ministério da Saúde.

Ao todo são 400 médicos cubanos que serão distribuídos por 219 localidades no Brasil. A maioria destes profissionais vai trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, o que representa cerca de 91%.

O Ministério da Saúde divulgou o balanço da segunda rodada de inscrições no programa Mais Médicos, encerrado na última sexta-feira, 30. O ministro da saúde, Alexandre Padilha, divulgou que mais 514 cidades e 25 distritos indígenas serão beneficiados pelo projeto.

Os médicos cubanos, que foram selecionados pelo programa Mais Médicos, têm especialização em Medicina da Família. Segundo o Ministério da Saúde, 84% destes profissionais têm mais de 16 anos de experiência na área.

Confira abaixo a lista dos municípios cearenses que receberão os médicos cubanos:





Via O Povo

Vereador Genival Ponciano recorre de sentença que negou pedido de cassação dos gestores de altaneira




O jurista Raimundo Soares Filho publicou nesta terça-feira (03) no seu portal de comunicação (Blog de Altaneira) matéria abordando o fato da oposição a Administração Municipal de Altaneira ter recorrido da decisão do Dr. Herick Bezerra Tavares, Juiz Eleitoral da 53ª Zona Eleitoral, que negou pedido de cassação dos Mandatos do Prefeito Delvamberto Soares e de seu vice Dedé Pio, ambos do Partido Socialista Brasileiro – PSB.

Genival Ponciano tem assento na Câmara pelo PTB.
Foto de arquivo.
A atitude de buscar mudar a decisão proferida foi tomada pelo Vereador Genival Ponciano através do Diretório Municipal do Partido Trabalhista Brasileiro, agremiação ao qual é filiado. 

De acordo com Raimundo Soares Filho o recurso foi apresentado no dia 21 de agosto, mas somente na manhã de segunda-feira (02/09) é que a movimentação processual da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo – AIME, onde constam as informações da interposição do recurso, das notificações e da apresentação das contrarrazões dos impugnados, ora recorridos foi disponibilizados.

Os que recorreram para tanto, continuam com a base argumentativa quando do início da ação e solicitam desta feita que o Tribunal Regional Eleitoral - TRE receba o recurso dando provimento e por consequência decrete a perca dos mandatos dos candidatos eleitos em outubro de 2012.

Por outro lado, a defesa da Administração Municipal feita pelo Advogado José Maria Gomes Pereira contra agrumetou como preliminar a intempestividade do Recurso sob alegativa de que o prazo para sua interposição é de 24 horas e não de três dias, por tal razão pede para que o recurso não seja conhecido.

Arguiu, ainda, em preliminar, o defensor dos recorridos a preclusão do direito de discutir conduta vedada, ou seja, mesmo que houvesse conduta vedada não é possível a sua discussão por intermédio da AIME, para fundamentar as preliminares o causídico junta farta jurisprudência.

O advogado dos recorridos defende em análise do Mérito que o magistrado jogou por terra a tese levanta pelos recorrentes no que toca a suposta captação ilícita de sufrágio e que as exonerações se deu em face da Lei de Responsabilidade Fiscal uma vez que a despesa total com pessoal excedeu o limite legal.

“As exonerações foram um ato de responsabilidade fiscal do então impugnado (recorrido) na qualidade de prefeito e não uma violação das regras eleitorais como quer deixar parecer o recorrente” escreveu o Advogado.

Em análise do suposto gasto irregular de campanha o Dr. José Maria disse que isto só aconteceu no imaginário fantasioso dos recorrentes e que este tema também foi bem enfrentado pelo magistrado na sentença.

Sustenta, ainda o defensor dos recorridos que não existe nos autos nenhuma prova de que houve abuso de poder econômico por ocasião da campanha e que todos os gastos e receitas foram devidamente informados a Justiça Eleitoral, comprovado pelos documentos legais.
Ao final o Advogado dos recorridos pede ao TRE que nega provimento ao recurso, mantendo assim os mandatos do Prefeito e Vice Prefeito eleitos no pleito de outubro de 2012.

O Promotor de Justiça Eleitoral ainda não foi intimado da Sentença e também não anunciou se pretende recorrer da decisão do Juiz Eleitoral.

Globo assume que apoiou a ditadura e carrega consigo Folha e Estado




Globo diz que errou e pede desculpas por apoio a ditadura

Em editorial histórico, Globo reconhece que errou ao apoiar o golpe militar de 1964, mas diz que outros veículos de comunicação, como Folha e Estado, fizeram o mesmo; mea culpa acontece um dia depois de jovens atirarem esterco na emissora

Quase 50 anos após o golpe de 1º de abril de 1964, quando os militares derrubaram o governo democraticamente eleito de João Goulart e deram início a 21 anos de ditadura, o jornal O Globo reconheceu que dar apoio ao golpe foi um erro. Na apresentação do texto redigido para o site “Memória”, que conta a história da publicação carioca, O Globo admite ser verdade o teor do coro usado como bordão nas manifestações de junho: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”.

O jornal afirma que a decisão de fazer uma “avaliação interna”, contudo, veio antes das manifestações populares. Mas “as ruas”, afirma O Globo, “nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário”. O matutino carioca diz ainda que “Governos e instituições têm, de alguma forma, que responder ao clamor das ruas” e diz que a publicação do texto com o reconhecimento do erro reafirma “nosso incondicional e perene apego aos valores democráticos”.

No texto do “Memória”, o jornal começa fazendo um contexto histórico da época e mostra que não foi o único jornal a dar apoio editorial ao golpe de 64, coisa que fez “ao lado de outros grandes jornais”. O carioca da família Marinho cita os jornais “O Estado de S.Paulo”, “Folha de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e o “Correio da Manhã”. O texto afirma, ainda, que não foram apenas os jornais a conceder apoio aos militares, mas “parcela importante da população, um apoio expresso em manifestações e passeatas organizadas em Rio, São Paulo e outras capitais”.

Editorial de o Globo em 1964. (Arquivo)
Ao mesmo tempo, contudo, em que afirma que o apoio foi um erro, o jornal também adota o mesmo argumento dos militares na época para sustentar e legitimar o golpe: que a intervenção se “justificava” pelo temor de um suposto golpe a ser feito pelo então presidente João Goulart, “com amplo apoio de sindicatos” e até de “alguns segmentos das Forças Armadas”. Um dia antes do golpe, o jornal diz que teve sua redação invadida por fuzileiros navais aliados a Jango e que, por isso, o jornal não circulou no dia 1º de abril. Só voltaria às ruas no dia seguinte, desta vez estampando em seu editorial o famoso texto intitulado “Ressurge a Democracia”.

O Globo dá a entender que se sentira enganado pelas promessas dos militares de intervenção “passageira, cirúrgica” e que, “ultrapassado o perigo de um golpe à esquerda”, o poder voltaria aos civis por meio de eleições diretas. Em seu mea culpa, o jornal também reconhece que a expressão “revolução” foi usada ao longo de anos pelo jornal, justamente porque diz acreditava que a situação seria temporária. Ainda assim, o jornal ameniza o discurso ao falar de Roberto Marinho, o patrono do jornal, o qual afirma que sempre esteve “ao lado da legalidade”.

O jornal defende que Marinho “sempre se posicionou com firmeza contra a perseguição a jornalistas de esquerda”, e que “fez questão de abrigar muitos deles na redação do GLOBO”. O texto diz que Roberto Marinho acompanhava pessoalmente os depoimentos dos funcionários “para evitar que desaparecessem” e que, “de maneira desafiadora”, sempre se negou a repassar aos militares a lista de funcionários “comunistas”.

Por fim, apenas 49 anos depois do golpe e uma década após a morte de Roberto Marinho, O Globo admite o erro: “À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma.”



Via Pragmatismo Político

Severinas: as novas mulheres do sertão



Titulares do Bolsa Família, as sertanejas estão começando
a transformar seus papeis na sociedade e no interior do
Piaui e se libertando da servidão ao homem, milenar como
a miséria. Por Eliza Capai, da Agência Pública.
 “Cada um tem que saber o seu lugar: a mulher tem qualidade inferior, o homem tem qualidade superior.” É bem assim que fala, sem rodeios, um dos homens mais respeitados do município de Guaribas, no sertão do Piauí, pai de sete filhos (seis mulheres e um homem). “O homem é o gigante da mulher”, completa “Chefe”, como é conhecido Horacio Alves da Rocha na comunidade.

Para chegar a Guaribas são dez horas desde a capital, Teresina, até a cidadezinha de Caracol. Dali, 40 minutos de estrada de terra cercada de caatinga até o jovem município, fundado em 1997. Em 2003, Guaribas foi escolhida como piloto do programa Fome Zero. Tinha então o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, 0,214 – para efeito de comparação, o país com pior IDH do mundo é Burundi, na África com índice 0,355. Hoje, Guaribas tem 4.401 habitantes, 87% deles recebendo o Bolsa Família. São 933 famílias beneficiadas, com renda média mensal de R$ 182. O IDH saltou para 0,508.

Em todo o Brasil, o Bolsa Família atende a 13,7 milhões de famílias – sendo que 93,2% dos cartões estão em nome de mulheres. São elas que recebem e distribuem a renda familiar.

“Eu vivi a escravidão”, diz Luzia Alves Rocha, 31 anos, uma das seis filhas de Chefe. Aos três meses, muito doente, ela foi dada pelo pai para os avós criarem. Quando eles morreram, uma tia assumiu a menina. “Achei que ela não ia aguentar aquela vida de roça: era vida aquilo?”, pergunta a tia Delci. Luzia trabalhou na roça, passou fome, perdeu madrugadas subindo a serra para talvez voltar com água na cabaça. “Quando tinha comida a gente comia, se não, dormia igual passarinho”, diz. Trabalhava sem salário, sem nenhum direito trabalhista, sem saber como seria a vida se a seca não passasse e a chuva não regasse o feijão e a mandioca. Era “a escravidão”.

Quando a seca piorou, Luzia pensou em migrar para São Paulo. Foi então que chegou o programa social do governo: “Com esta ajudinha já consigo levar”, diz. Luzia decidiu ficar em Guaribas. Os filhos estudam. O marido e ela cuidam da roça.

“A libertação da ‘ditadura da miséria’ e do controle masculino familiar amplo sobre seus destinos permite às mulheres um mínimo de programação da própria vida e, nesta medida, possibilita-lhes o começo da autonomização de sua vida moral. O último elemento é fundante da cidadania”, analisam os pesquisadores Walquiria Leão Rego e Alessandro Pinzani, da Universidade de Campinas e da Universidade Federal de Santa Catarinas, no livro Vozes do Bolsa Família: Autonomia, dinheiro e cidadania. Durante a pesquisa, eles ouviram beneficiários do programa observando as transformações decorrentes do Bolsa-Família – em especial na vida das mulheres. Chegaram à conclusão que a mudança é grande: “Quando você tem um patamar de igualdade mínimo, você muda a sociedade. Claro que as coisas não são automáticas. Isto não pode ser posto como salvação da nação, mas é um começo.”

Luzia conseguiu realizar o sonho de diversas das mulheres ouvidas pela socióloga Walquiria Leão. Ela juntou R$ 50 e seguiu para o hospital da cidade vizinha, de São Raimundo Nonato para fazer laqueadura das trompas: “se tivesse mais filho a vida ia ser mais pior”. Segundo Walquíria, o desejo de controlar a natalidade foi manifestado por diversas das mulheres que ela entrevistou entre 2006 e 2011 em Alagoas, Vale do Jequitinhonha, Piauí, Maranhão e Pernambuco.

Serena, uma das filhas de Luzia, tem 8 anos e está na terceira série. Ela ajuda a arrumar a casa, já sabe cozinhar, ajuda na roça. Mas não perde suas aulas. Logo depois de cantar o alfabeto e os números, diz que quer ser “advogada e médica”. Quando perguntada sobre casamento, a pequena afirma, com a mão na cintura: “eu não vou casar, vou ser sol-tei-ra…”, diz, demorando nas sílabas.

Em maio o valor do Bolsa Família de Luzia saltou de R$ 70 reais para R$ 212. A mãe comemora: “Agora já posso comprar as coisas para minha filha: a sandália dela arrebentou e pude comprar outra”. No pé da menima, o calçado que custou R$ 7,50. “Primeiro comprei para a menina, num outro mês compro pra mim”, explica Luzia, com os pés descalços.

"MINHA SINA"

Do outro lado do vale que liga o centro de Guaribas ao bairro Fazenda, Norma Alves Duarte, 44 anos, vive numa casa de dois quartos. Na sala, paredes mal rebocadas mostram as marcas da massa corrida. No canto, um pequeno móvel com uma TV. A vida toda ela ajudou a mãe doente, quase não estudou – cursou até a segunda série. Como todas as mulheres dali, as atividades de criança incluíam colher feijão, pegar lenha e buscar água no olho d’água, que fica a dois quilômetros.

Norma tem 12 irmãos, 2 filhos e vive com o segundo marido – o primeiro a abandonou depois de 20 dias. “Era pau e cachaça. Aí depois arrumei o pai destes meninos. É bom mas é doido, vaidoso o velho, bebedor… Ele é bruto demais, ignorante que só. Fazer o que né? Destino é destino: quem traz uma sina tem que cumprir.”

“Esta palavra, sina, faz parte do que nós chamamos de cultura da resignação e acho que ela foi de fato rompida com o Bolsa Familia”, diz a socióloga Walquiria Leão.

No início do programa, Norma ganhava R$ 42 com seu cartão. Agora “tira” R$ 200. “Mudou, porque eu pego meu dinheirinho, compro minhas coisas, assim mesmo ele (o marido) xingando. Eu não dou ele, ele tem o dele. Ele não me dá nenhum real, bota para comer dentro de casa mas não me dá nem um real, nem dez centavos.” Para Walquíria Leão, “a renda liberta a pessoa de relações privadas opressoras e de controles pessoais sobre sua intimidade, pois a conforma em uma função social determinada, permitindo-lhe mais movimentação e, portanto, novas experiências”.

MAIS DIVÓRCIOS

Ao saírem da miséria, “da espera resignada pela morte por fome e doenças ligadas à pobreza”, nas palavras de Walquiria, estas mulheres começam a protagonizar suas vidas.

No vilarejo de Cajueiro, a uma hora do centro de Guaribas por uma estrada de terra esburacada, a água ainda não chegou às casas. Elenilde Ribeiro, 39 anos, caminha com a sobrinha por um areial com a lata na cabeça, outra na mão. É ela quem cria a menina. “Não quero que ela sofra como eu sofri”, diz. Chegando na casa, o capricho se mostra nos paninhos embaixo de copos metálicos, na estante com fotos de família, o brasão do Palmeiras, e um gato de louça ao lado da imagem de Jesus. Do lado de fora, o banheiro – onde se usa caneca e penico –, um pátio bem varrido, uma horta suspensa, e uma pilha de lenha que Elenilde mesma coleta e quebra, apontando: “está aqui meu botijão de gás”.

Os olhos de Elenilde marejam quando conta ter sido abandonada pelo marido há treze anos, mas seu tom de voz muda ao falar do papel da renda em sua vida. “Tiro R$ 134 no meu cartão Bolsa Família mas para mim está sendo mil. Porque com este dinheirinho eu tenho o dinheiro certo para comprar (na venda) e o dono me confia. E eu sei que com isso, com ele me confiar, eu já estou comendo a mais”, explica. Elenilde também se livrou de trabalhar na roça dos outros em troca de uma diária de R$ 5. “Eu quando pego o meu dinheiro (do cartão) vou na venda, pago a conta mais velha e espero pela vontade do vindião, aí ele vai e me franqueia… E eu vou e compro de novo”. Segundo Walquíria Leão, isso tem ajudado a mulher a conquistar um novo papel na comunidade. “A experiência anterior de vida era sempre de ser desrespeitada, desconsiderada porque ela não tinha dinheiro”.

No final da mesma rua, Domingas Pereira da Lima, 28 anos, não se arrepende de ter abandonado o marido. “Ele ficava namorando com uma e com outra e eu num resisti, vim embora”. Prendendo o choro, ela continua: “Deixava eu com as crianças e se tacava no meio do mundo. A vida não é fácil mas vou levando a vida devagarzinho aqui.” Desde então, Domingas cuida dos quatro filhos com o apoio das irmãs e da mãe.
Em 2003, quando chegou o Fome Zero, foram solicitados 993 divórcios no Piauí. Em 2011 o número saltou para 1.689 casos. Dos casos não consensuais, 134 foram requeridos por mulheres em 2003; em 2011 esse número saltou para 413 – um aumento de 308%.

Ainda assim, na pequena Guaribas, a mulher ficar presa em casa em dias de festa, o alcoolismo e a infidelidade masculina são histórias contadas com naturalidade. “Vixi, aqui se conta nos dedos as mulheres que não apanham do marido”, é comum as mulheres dizerem.

Na delegacia da cidadezinha, o delegado explica que por ali o clima é sempre “muito tranquilo, sem nenhuma ocorrência. Só umas brigas de casal, coisa que a gente aconselha e eles voltam” diz.

Mirele Aline Alves da Rocha é uma das que se conta nos dedos. Aos 18 anos, a bonita jovem explica: “Apesar da minha idade já ser avançada para os daqui, eu não estou nem aí para o que eles falam. Eu quero é estudar”. A maioria das amigas se casaram aos 13 anos. Já Mirele, soteira, cursa o terceiro ano do Ensino Médio na escola estadual de Guaribas, onde vive com a tia – os pais moram no município de Cajueiro. O cartão do Bolsa Família está no nome da mãe, que recebe R$ 102 por Mirele e pelo caçula de nove anos. Ambos estudam. “Eu vejo a realidade da minha mãe e não quero seguir pelo mesmo caminho. Eu quero estudar para ter um futuro, para ser independente, para não ficar dependendo de um homem”, decreta a jovem.

No primeiro bimestre de 2013, em Guaribas, a frequência escolar atingiu o percentual de 96,23%, para crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos – o equivalente a 869 alunos – e 82,29% para os jovens entre 16 e 17 anos, de um total de 175.
Mirele vai fazer o Enem e “ver o que dá”. Para cursar faculdade ela terá que sair de Guaribas mas planeja se graduar e voltar: “Gosto mesmo é daqui”.

“Nunca é demais lembrar que nossa pobreza não é um fato contingente, mas deita raízes profundas na nossa história e na forma de conduzir politicamente as decisões estatais”, avalia Walquiria. “O Bolsa Família deveria se transformar em política publica, não mais política de um governo”. “É um processo, um avanço que mal começou. E ainda é muito insuficiente. Mas quem narra uma história tem que ser capaz de narrar todos os passos desta história”, finaliza.

Veja também: 'Bolsa Família deve ser direito constitucionalizado'




Texto de Eliza Capai publicado originalmente no Carta Maior

Rede Sustentabilidade: uma nova política, ou uma nova direita?




As jornadas de junho mudaram totalmente a conjuntura política do Brasil. A reeleição de Dilma Rousseff, que já era dada como certa, ficou em xeque com a queda de sua popularidade, que segundo pesquisa da Datafolha caiu de 65%, em março deste ano, para 36% em agosto. Até já circula pelos meios políticos um suposto “Volta Lula!”.

Mas o privilégio não foi apenas da atual presidente. Ocorreu uma queda quase que sincronizada de todos os governadores e prefeitos dos principais estados e cidades, além disto, o congresso nacional também assistiu sua avaliação (já não muito) positiva cair de 21%, em março, para 13% em agosto.

No entanto, um nome despontou junto a este período conturbado, o da ex-senadora Marina Silva. Na pesquisa da Datafolha, Marina foi a única pré-candidata a presidência que permaneceu em ascendência nas pesquisas, passando de 14% em março para 22% em agosto (maior pontuação entre a oposição).

Marina Silva conta com a construção de uma nova estrutura partidária para a disputa eleitoral do próximo ano, a Rede Sustentabilidade. O novo partido ainda está em fase de legalização, e já conta, segundo seu site oficial, com 859 mil assinaturas de eleitores brasileiros, número que contrasta com o que os cartórios registraram como aptos a serem considerados legais, que está muito abaixo das 500 mil assinaturas necessárias, problema que está emperrando o registro do seu partido, mas que provavelmente não será problema até outubro.

Nem de direita, nem de esquerda, nem de centro

A Rede se traveste de uma “nova política”, mas parece que o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, começou esta prática antes da “ambientalista”, ao dizer, enquanto legalizava seu partido, o PSD, que “não será de direita, não será de esquerda, nem de centro”. Marina acrescentou mais um elemento em seu discurso: “nem situação, nem oposição”.

Ela pega carona no que o dramaturgo alemão, Bertolt Brecht, chamaria de “tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada” para convencer seus eleitores de que não há mais diferença entre esquerda e direita, praticamente mais uma alusão ao fim da história, como Fukuyama já havia feito pós-queda do muro de Berlim.

Apesar da tentativa de se colocar acima do bem e do mal, o que não falta são contradições entre a sua política e o seu discurso.

Quem não se lembra da campanha de 2010? Ao ser questionada sobre uma das principais pautas dos movimentos ambientalistas internacionais – a construção de Belo Monte –, a ex-Partido Verde se colocou em cima do muro ao dizer: “Não sou contra e nem a favor. O projeto deve ser objetivo. Do ponto de vista cultural, social e ambiental, o empreendimento deve ser ético e respeitar a diversas culturas da região”.
Outro ponto é a diversidade, que a pré-candidata afirma ser uma das características do seu novo partido. 

Mas e a defesa ao principal símbolo de intolerância – seja homofobia, racismo ou machismo – da atual política nacional, o pastor Marco Feliciano (PSC)? Marina declarou, em maio deste ano, no auge do debate sobre a presidência da comissão de direitos humanos, que o parlamentar estava sendo hostilizado “mais por ser evangélico do que por suas posições políticas equivocadas”, tentando blindá-lo das críticas.

E a transparência? Segundo reportagem do Estadão, o processo de legalização do partido já consumiu R$800 mil, e até o prazo final a estimativa dos gastos é que aumente ainda mais 15%. E quem paga esta conta? Sobre isto, a REDE apenas declarou ao mesmo jornal que “são centenas de doadores financeiros que contribuíram com os gastos até o momento e milhares de pessoas que doaram seu tempo, em coleta de assinaturas, em processamento e relação com cartórios”. Mas entre eles estão nomes ligados às maiores empresas do País, como Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e o bilionário Guilherme Leal, um dos donos da Natura, que foi candidato à vice na chapa de Marina, pelo PV, nas eleições presidenciais de 2010.

Como já diria um ditado popular, “quem paga, escolhe a música!”, e na política não é diferente. Este é o padrão já seguido por outras grandes candidaturas, principalmente o PSDB e o PT na empreitada à presidência da república, que são bancados pelas maiores empresas do país, como o Bradesco e o Itaú, que investem milhões nas suas campanhas.

O que esperar, então, de um partido que já nasce com tantas contradições? Eu apostaria em mais do mesmo! Talvez pior do que isto, pois segue a tendência criada, neste país, pelo PMDB, e que agora é seguida pelo PSD, onde se constrói a imagem de que está todo mundo junto e misturado, não existe esquerda, nem existe direita, somos todos brasileiros prontos para ajudar o nosso glorioso país!


Texto Publicado por Eric Gil no Pragmatismo Político

Encontro de duas gerações em um mesmo time




Foi aberto no último final de semana o 15º Campeonato de Futebol de Campo do município de Altaneira envolvendo oito equipes que jogarão entre si, em partidas de ida e volta.

As novidades desta edição ficam pelos deslocamentos dos times da sede para as localidades rurais, Tabuleiro, Serra do Valério e o Distrito do São Romão e pelas partidas simultâneas, na cidade e na zona rural.

No Sábado, 31, a equipe da Maniçoba bateu um Juventude por 2 x 0. Dadazinho e Júnior foram os responsáveis pela conquista dos três pontos do time da sede.

Simultaneamente a esta partida, o time da Portuguesa visitou a equipe que leva o nome do Distrito. Em um jogo de muitas oportunidades de gols e com muitas reclamações da arbitragem de ambos os lados, o São Romão começou abrindo o placar depois de uma bola quase perdida na linha de fundo, mas Bitonho mostrou disposição e cruzou na área. Paulo desviou para o gol. Renaldo empatou logo em seguida, mas o atacante Jurica em um lance de pura categoria depois de uma bola alçada na frente dominou no peito e sem tomar conhecimento do goleiro Pedro, chutou no canto direito, indefensável, para deixar o São Romão na frente do marcador mais uma vez.

Zezinho. Símbolo do esporte altaneirense.
Foto: Raimundo Soares Filho.
Já no segundo tempo a portuguesa virou o placar. Quando tudo parecia que iria caminhar para um três a dois, duas mexidas mudaram os rumos do jogo. Dadá deu lugar ao experiente e ainda com fôlego de menino Zezinho. Zé de Zídio, cansado pediu para sair, cedendo vaga para o jovem e bom jogador Cicinho. 

A partir dai a partida teve outra dinâmica e a portuguesa passou a tomar conta do jogo, fazendo com o adversário não tivesse outra saída senão recuar.

Zezinho logo de cara marcou um golaço de fora da área. Cicinho, que entrou faltando poucos minutos para o encerramento do jogo demostrava em cada lance que não tomava conhecimento dos marcadores e em jogadas de efeito deu uma assistência para um gol e marcou três vezes. Com a vitória por 7 x 2, o time lidera a competição.

Cicinho. Um dos destaques
do jogo. Foto: João Alves
Nesse jogo, houve um encontro de duas gerações em uma mesma equipe. Sem dúvida, o Zezinho é um símbolo do esporte altaneirense e o Cicinho tem tudo para ser a grande referência dos garotos que ainda não deram os primeiros chutes. Atualmente o Cicinho joga na equipe de Futsal da ARCA. 

No domingo, 01. Jogaram Caixa D`´agua e Serrano. Com gols de Erlândio e João Paulo, o Caixa bateu o representante da Serra do Valário por 2 x1. Tonho fez o gol do Serrano. Ainda no domingo, este jogo no Distrito do São Romão, a Vila Rica perdeu em casa para o Chelsea. Robson e Alexandre deram a vitória a equipe visitante, enquanto que Raimundo descontou para o a Vila.

O Governo Municipal, a Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo junto a AEA estão como promotoras deste evento que tem como finalidade desenvolver, através da pratica esportiva, a integração e o intercâmbio de pessoas envolvidas com equipes de futebol, de forma saudável e oferecer novas oportunidades de lazer aos adeptos do esporte.