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Ceará Científico 2023 tem edital lançado e valoriza educação para relações étnico-raciais

 

Estudantes do 3º Ano B, da EEMTI Pe. Luís Filgueiras, em Nova Olinda - CE. (FOTO | Prof. Nicolau Neto).


A Secretaria da Educação (Seduc) torna público o edital que estabelece normas para a realização do Ceará Científico 2023. A ação, integrante do Programa Ceará Educa Mais, tem como objetivo incentivar e apoiar iniciativas em educação científica, de forma que estudantes e professores se envolvam no desenvolvimento de projetos e pesquisas no cotidiano escolar e na participação de eventos científicos e culturais. Neste aspecto, a prática da pesquisa é entendida como um princípio pedagógico e metodológico de troca e de produção de conhecimento. O evento será desenvolvido em três etapas: escolar, regional e estadual.

A partir de 2023, o Ceará Científico amplia seus objetivos ao passar a constituir-se como uma ação estudantil, além de científica, solidária e cooperativa. Com o acréscimo do subtítulo “Ceará Científico: mais solidário, mais cooperativo” e com a determinação de categorias específicas voltadas para pessoas com deficiência e estudantes de Escolas Indígenas, Quilombolas, do Campo e Família Agrícola, a Seduc reforça sua atenção e cuidado quanto à inclusão das diversidades nesta iniciativa de incentivo à produção de pesquisa científicas, bem como, nas ações pedagógicas em todo o território cearense.

Por igualmente reconhecer a importância do debate em torno das relações étnico-raciais nos ambientes de ensino e aprendizagem, para a promoção da justiça social e da cultura antirracista, a Seduc, neste ano, traz a seguinte temática como norteadora de todos os trabalhos a serem apresentados: Educação científica e educação para as relações étnico-raciais.

Clique aqui e acesse o edital.

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Com informações da Seduc-Ce

Relações sociais’ no Brasil foram feitas para impedir negros de chegar ao poder, diz Fachin

 

Ministro Luiz Edson Fachin, presidente do TSE. (FOTO |Reprodução|TV Justiça).

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Edson Fachin, afirmou nesta quarta-feira (18) que as “relações sociais” do Brasil foram feitas para que a população negra não chegue ao poder.

Fachin deu a declaração ao participar de uma audiência pública no TSE sobre “Desigualdade Racial e Sistema Eleitoral”.

A PEQUENA AMOSTRA DE MEMÓRIAS INDESEJADAS, MAS PEDAGÓGICAS, É PROVA DA MANEIRA COMO AS RELAÇÕES SOCIAIS DO BRASIL FORAM FORJADAS PARA QUE ALGUNS TIVESSEM ACESSO E OUTROS NÃO, TENDO A RAÇA COMO CRITÉRIO DISTINTIVO, QUE DEFINIU COM ISSO A HIERARQUIZAÇÃO COM OS GRUPOS, SENDO QUE A POPULAÇÃO NEGRA COUBE COMO LHE FOI IMPOSTA, POSIÇÃO DE SUBORDINAÇÃO SUJEITA A BLOQUEIO DE ACESSO A ESPAÇOS DE PODER, COMO POR EXEMPLO, ASSENTOS NO PARLAMENTO, DISSE O PRESIDENTE DO TSE.

Representatividade no Congresso

Ainda durante a audiência, Fachin citou a baixa representatividade de negros no Congresso Nacional.

Segundo o presidente do TSE, embora maioria da população, os negros representam 24% dos deputados federais e 16% dos senadores.

Fachin ressaltou que há no Brasil uma “política racista”, que tenta “aniquilar conquistas legítimas do espaço do poder político até então reservado para determinados grupos sociais”.

SÃO AS CONDIÇÕES QUE PERMITEM ÀS PESSOAS NEGRAS ACESSAR AS OPORTUNIDADES PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO POLÍTICO ATIVO, SEJA NA DISPUTA POR UM MANDATO OU NA PRESERVAÇÃO DELE, COMO TEMOS ASSISTIDO EM ALGUNS RINCÕES DO BRASIL A LUTA CONTRA VIOLÊNCIA POLÍTICA RACISTA, AFIRMOU.

De acordo com o presidente da Corte Eleitoral, não basta não discriminar, é preciso “se inquietar com as ausências”.

“Esta ausência se coloca na linha de ser declarada como anormal porque não é passível de aceitar-se as ausências de negros e negras no processo eleitoral e na ocupação de encargos eletivos no Brasil”, disse o ministro.

Audiência pública

A audiência pública sobre desigualdade racial e o sistema eleitoral promovida pelo TSE vai subsidiar um relatório da comissão criada pelo tribunal para a promoção de igualdade racial.

Organizações não-governamentais, órgãos públicos, empresas e pessoas físicas participaram do evento.

Criada em março, a comissão tem o objetivo de avaliar e e propor ações para aperfeiçoar as normas e estimular a igualdade racial nas eleições, além de reduzir o racismo estrutural no processo eleitoral.

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Com informações do Geledés.

Professor Nicolau Neto conversa sobre políticas públicas e relações étnico-raciais na educação com altaneirenses


Professor Nicolau em conversa com altaneirenses sobre políticas públicas e
relações étnico-raciais na educação. (FOTO/ João Alves).

Texto: Valéria Rodrigues

Na manhã desta quarta-feira, 20, docentes, estudantes, secretários e secretárias do município de Altaneira, diretores das escolas da rede municipal e estadual e demais servidoras/es públicos reuniram-se no auditório da Secretaria de Assistência Social para participarem de uma conversa com o professor e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras pelo Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), Nicolau Neto.

A Escola que desejo



Vou contar um segredo para você. Mas ao contrário de todos que já lhe falei, esse eu quero que você espalhe por aí. Conte para sua mãe, seu pai, seus irmãos e irmãs. Conte também para seu vizinho, sua vizinha e para quem mais você encontrar pelas ruas. 

Eu sempre gostei de ir à escola. Gostava de acordar cedinho, tomar banho, escovar os dentes, colocar a roupa da farda com aquele símbolo da escola no peito e o nome atrás, merendar e sair para ver meus amigos de sala e aqueles que não eram da mesma turma, meus professores e os demais funcionários da escola.

Como era bom. Mas, sempre senti que faltava algo. Não sabia dizer bem o que, mas faltava. Falta, porque era uma espécie de vazio que sentia todos os dias ao chegar em casa e ligava o rádio e a tv – pois nesse tempo eu nem tinha acesso à internet.  Muitas informações e eu ficava a ver navios. Não sabia o que se passava. Não sabia me posicionar diante de tantos fatos. Sequer me questionava se aquilo que ouvia no rádio e assistia na tv era de fato verdade.

Às vezes. Às vezes não, quase sempre desligava os aparelhos porque não sabia os significados de muitas palavras e o impacto que elas geravam em nossas vidas. Quando retornava para escola no dia seguinte era como se vivesse outra realidade totalmente distante da que vivia em casa, na rua..... Percebia dois mundos tão diferentes. O professor e a professora falavam da importância de saber regras de três, raiz quadrada. Diziam o quanto era necessário saber distinguir as palavras. Se é adjetivo ou substantivo, etc. Eles/as nos faziam decorar os fatos da revolução francesa, da colonização portuguesa no Brasil, os fatos religiosos de Grécia e Roma.

No entanto, quando eu chegava em casa me via sozinho mais uma vez e sem saber conectar o que vi na escola com a realidade nua e crua. E para piorar eu nem sabia a história da minha cidade, do meu bairro. Ainda assim, continuava a estudar e decorar algumas lições para ter boas notas. E tirava, mas instantes depois das avaliações não sabia mais. Decorava, memorizava a matéria toda, mas não entendia. Eu me sentia uma ameba. E eles e elas me faziam sentir tal qual.

Mesmo assim, eu sabia que o estudo era algo bom. Meus pais repetiam isso todos os dias. Ia muitas vezes à escola por insistência deles. Hoje sei que de fato, a escola é a porta de entrada para uma vida melhor. Hoje eu tenho parcialmente algumas respostas para aquele vazio que sentia quando retornava da sala de aula para casa. Muitas delas estavam no método de ensino. Os tempos mudaram. As escolas mudaram. Os professores mudaram, mas algo permaneceu. O sistema educacional e o método de ensino permanecem fiéis ao tempo.

Não se ensina de fato para a cidadania. Não há preocupação com a politização dos estudantes, ou seja, a escola não está preocupada em ver os alunos questionando e participando da vida política da sua cidade. Não quer nem saber de discutir as causas e consequências de seguir sem questionar determinada religião. Aliás, religião e política são os assuntos tabus. Ninguém quer ou ousa discutir essas temáticas com os alunos. Eu pouco ou nada sabia das minhas origens em sala, porque, de certo modo, conteúdos referentes à África só aparecia no período colonial brasileiro e os negros e negras sendo vistos como escravos. Eu não tinha uma história contada pelos negros e pelas negras.

Hoje eu sei explicar o que antes só imaginava. Temos uma educação que vale mais os números, do que os alunos propriamente ditos. Temos uma educação que ainda é racista, machista e homofóbica. Temos uma educação onde os avanços são muito menos sentidos do que as permanências. Por fim, quero dizer que hoje eu sei e desejo uma escola onde o que se aprenda na sala possa de fato ser aplicado em casa, na rua... Onde o que se passa lá fora possa ser trabalhado a exaustão na escola, para que meus filhos não possam se sentir estrangeiros na sua própria terra. Desejo ainda uma escola que eduque para as relações étnico-raciais e pontue o ano inteiro a história e cultura africana e afro-brasileira. 

Por fim ainda, desejo uma escola que tenha pluralidade de ideias e onde  se incite os alunos e alunas a partir do debate com textos  diferentes, permitindo que eles/as formem opinião se tornando cidadãos críticos e atuantes do meio que o cerca e não o que ora se quer para a educação - uma "escola sem partido". Quero, outrossim, uma escola de muitos partidos. 

Ah e antes que eu esqueça. Desejo uma escola onde os professores, professoras e demais companheiros/as de jornada que se preocupam com essa educação desejada, sejam maioria.

Imagem meramente ilustrativa/Divulgação.




ONU convida sociedade civil para consulta pública sobre Década Internacional de Afrodescendentes




As Nações Unidas convidam a sociedade civil no Brasil para uma consulta pública sobre a Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024). O objetivo é conhecer melhor as linhas de ação, atividades e abordagens da sociedade civil de forma a ajudar a identificar desafios e traçar estratégias de atuação das Nações Unidas para a iniciativa.

Publicado originalmente na Onu BR

A ONU considera importante a participação social e aposta que a consulta trará ricas contribuições às ações propostas no âmbito da Década. As respostas servirão de subsídios para as ações da ONU e de suas agências, fundos e programas no Brasil. O tempo de resposta é de aproximadamente 10 minutos.

A consulta pública faz parte de uma série de atividades presenciais e online que integram a Década Internacional de Afrodescendentes, cujo objetivo promover os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos das pessoas afrodescendentes, bem como sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade. A Década trabalha com três temas fundamentais: reconhecimento, justiça e desenvolvimento – saiba mais na página da década (decada-afro-onu.org).

A pesquisa é realizada pelo Grupo de Trabalho sobre Gênero, Raça e Etnia da ONU no Brasil, que reúne as agências das Nações Unidas que coordenam ações e ampliam os esforços e recursos da Organização, potencializando assim os resultados dos trabalhos relativos a essas temáticas.



Foto: UNFPA