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Acaba a aventura golpista de Temer, diz Carlos Zarattini


A nação está cansada. Chegou a hora de se pôr um fim à aventura golpista de Michel Temer e da quadrilha que levou consigo para o governo. Só resta a ele a renúncia ao cargo, abrindo caminho para o Brasil promover eleições diretas para a presidência, vice-presidência, senadores e deputados federais. É a forma que o País poderá reconciliar-se, retomando o caminho do crescimento com justiça social e respeito à democracia, com um governo legítimo que leve em conta os interesses nacionais e os direitos da população.

Do CartaCapital - A gravidade da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira 26, envergonha os brasileiros e mancha o nome do Brasil na comunidade internacional. Pela primeira vez em nossa história, um presidente da República, em pleno exercício do cargo, é denunciado pelo crime de corrupção passiva.

Temer, além de incapaz de governar, não só pela falta de preparo, mas pela falta de condições morais e por estar atolado até o pescoço em esquemas de corrupção, conforme a denúncia da PGR, está perdido na ilusão de que pode continuar no cargo. Parece o jogador que perdeu o jogo e blefa dobrando a aposta, na vã tentativa de escapar do destino traçado.

Se não renunciar, caberá à Câmara dos Deputados aprovar o prosseguimento da denúncia contra Temer, para o Supremo Tribunal Federal dar sequência ao processo. Os deputados não podem fugir de suas responsabilidades num momento tão grave na vida do País. Passamos por uma gravíssima crise institucional, política, econômica e social que só será superada com novas eleições.

Os deputados não podem tergiversar. Queremos que a votação do processo de afastamento que permita ao Supremo Tribunal Federal processá-lo aconteça em uma sessão em um domingo, transmitida pela televisão, ao vivo e em cores. Para todo o Brasil ver quem apoia ou não um governo que, além de mergulhado na corrupção, é reprovado por mais de 90% da população, conforme atestam diversas pesquisas de opinião.

É um governo destruidor de direitos conquistados ao longo de décadas pela população brasileira. Só age de acordo com os interesses de setores privilegiados da sociedade, em especial o financeiro. Tem compulsão entreguista para vender a preço de banana, a grupos estrangeiros, nossas riquezas nacionais, como o petróleo do pré-sal e os ativos da Petrobras.

O governo Temer não tem mais condições de governar, não tem nenhum respeito externo e leva o Brasil para o abismo, em todos os sentidos. A recente viagem de Temer à Rússia e a Noruega vão para a História como uma das maiores trapalhadas diplomáticas do País. Foi um vexame. Não só não trouxe nada de positivo, como acabou punido pela Noruega com a suspensão de doações ao redor de 200 milhões de reais para ações de preservação ambiental na Amazônia, pois o atual governo não tem nenhum compromisso com o meio ambiente.

Temer virou uma piada no Brasil e no exterior. Deve entrar no Guiness como o presidente que atingiu a mais baixa popularidade no mais curto espaço de tempo. Sua aprovação coincide com a margem de erros das pesquisas. É um demolidor de direitos e só empurra o Brasil para o abismo.

Nossa economia derrete. São mais de 14 milhões de desempregados, a descrença contamina a alma dos brasileiros. Os jovens, desiludidos, sem perspectivas, só pensam em ir para o exterior. A economia está parada, não há investimentos e uma grave crise institucional e política agrava o quadro. Os brasileiros percebem que Temer é a antítese de qualquer governante legítimo e democrático.


Na tevê, Temer confronta o procurador-geral Rodrigo Janot. Fotos Públicas.

Crise e vergonha alheia. MEC abre edital de R$ 198 mil pra pagar lanches do ministro e ainda escreve “viagem” com “J”


O Ministério da Educação publicou um edital de licitação na semana passada para fornecer serviços de lanches, 24 horas por dia, sete dias por semana, para os voos que o ministro Mendonça Filho faz nos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB). O governo pretende gastar R$ 198 mil por ano nesses recursos.

Publicando originalmente na Revista Fórum

Como se não bastassem os valores, o documento do Ministério da Educação ainda foi publicado com diversos erros básicos de português, como por exemplo, quando se escreveu “viajem” ao invés de “viagem”. A justificativa utilizada pelo MEC para o edital é que é preciso aumentar o “conforto” de Mendonça Filho nos voos. As informações foram divulgadas pela revista Época.

Esta contratação tem como objetivo possibilitar ao MEC viagens aéreas mais confortáveis e com recursos próprios quando da utilização em aeronaves, prover também alimentação e serviços de bordo às aeronaves que atendem ao Senhor Ministro da Educação”.

Para chegar aos R$ 198 mil, o ministério usou como base 198 viagens com dez pessoas, com o custo estimado de R$ 100 reais por pessoa. Eles escreveram um termo de referência que prevê bandejas de frutas a R$ 19 e refeições completas a R$ 54, que incluem saladas (o MEC sugere caprese ou de macarrão), prato principal (carne, frango ou até frutos do mar) e sobremesas (pudim, mousse e tortas). Há ainda itens específicos que eles sugerem, como iogurte de ameixa e água tônica.

Todos servidores públicos recebem “diárias” quando viajam, em que estão incluídos valores para alimentação. O valor para ministros pode chegar a R$580. Mendonça Filho acumulou R$ 10 mil em diárias desde junho. Ele fez 28 viagens desde maio, dessas 11 foram para Recife, cidade onde mora.

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Mendonça Filho disse que não sabia do edital e que determinou o cancelamento.


O pedido para alimentação durante os voos da FAB tramitava no Ministério da Educação desde 2014 na área administrativa, que deu continuidade ao processo sem o conhecimento do ministro Mendonça Filho. Após ser informado do ocorrido, o ministro determinou o cancelamento imediato do processo”, informou sua assessoria. Apesar de afirmar que as tratativas ocorriam desde 2014, todas as viagens citadas no edital para justificar a contratação foram feitas no período em que Mendonça Filho era o ministro.


Leonardo Boff aponta 10 lições da crise brasileira



Toda crise acrisola, purifica e faz madurar. Que lições podemos tirar dela? Elenco algumas.


Primeira lição: o tipo de sociedade que temos não pode mais continuar assim com é. As manifestações de 2013 e as atuais mostraram claramente: não queremos mais uma democracia de baixíssima intensidade, uma sociedade profundamente desigual e uma política de negociatas. Nas manifestações os políticos também os da oposição foram escorraçados. Igualmente movimentos sociais organizados. Queremos outro tipo de Brasil, diverso daquele que herdamos que seja democrático, includente, justo e sustentável.

Segunda lição: superar a vergonhosa desigualdade social impedindo que 5 mil famílias extensas controlem quase metade da riqueza nacional. Essa desigualdade se traduz por uma perversa concentração de terras, de capitais e de uma dominação iniqua do sistema financeiro, com bancos que extorquem o povo e o governo cobrando-lhe um superávit primário absurdo para pagar os juros da dívida pública. Enquanto  não se taxarem as grandes fortunas e não submeterem os bancos a níveis razoáveis de lucro o Brasil será sempre desigual, injusto e pobre.

Terceira lição: prevalência do capital social  sobre o capital individual. Quer dizer, o que faz o povo evoluir não é matar-lhe simplesmente a fome e faze-lo um consumidor mas fortalecer-lhe o capital social feito pela educação, pela saúde, pela cultura e pela busca do bem-viver, pré-condições de uma cidadania plena.

Quarta lição: cobrar uma democracia participativa, construída de baixo para cima com forte presença da sociedade organizada especialmente dos movimentos sociais que enriquecem a democracia representativa que, por causa de sua histórica corrupção, o povo sente que ela não mais o representa.

Quinta lição: a reinvenção do Estado nacional. Como foi montado historicamente, atendia as classes que detém o ter, o poder, o saber e a comunicação dentro de uma política de conciliação entre as oligarquias, deixando sempre o povo de fora. Ele está aí  mais para  garantir privilégios do que para realizar o bem geral da nação. O Estado tem que ser a representação da soberania popular e todos os seus aparelhos devem estar a serviço do bem comum, com especial atenção aos vulneráveis (seu caráter ético) e sob o severo controle social com as devidas instituições para isso. Para tal se faz necessária uma reforma política, com nova constituição, fruto da representação nacional e não apenas partidária.

Sexta lição: o dever ético-político de pagar a dívida às vítimas feitas no processo da constituição de nossa nacionalidade e que nunca foi paga: para com os indígenas quase exterminados, para com os afrodescendentes (mais da metade da população brasileira) feitos escravos, carvão para o processo produtivo; os pobres em geral sempre esquecidos pelas políticas públicas e desprezados e humilhados pelas classes dominantes. Urge políticas compensatórias e pro-ativas para criar-lhes oportunidades de se autopromoverem e se inserirem nos benefícios da sociedade moderna.

Oitava lição: fim do presidencialismo de coalizão de partidos, feito à base de negócios e de tráfico de influência, de costas para o povo; é uma política de planalto desconectada da planície onde vive o povo. Com ou sem Dilma Rousseff à frente do governo, precisa-se, para sair da pluricrise atual, de uma nova concertação entre as forças existentes na nação. Não pode ser apenas entre os partidos que tenderiam a reproduzir a velha e desastrada política de conciliação ou de coalizão mas uma concertação que acolha representantes da sociedade civil organizada, movimentos sociais de caráter nacional, representantes do empresariado, da intelectualidade, das artes, das mulheres,  das igrejas e das religiões a fim de elaborar uma agenda mínima aceita por todos.

Nona lição: O caráter claramente republicano da democracia que vai além da neoliberal e privatista.  Em outras palavras, o bem comum (res publica) deve ganhar centralidade e em seguida o bem privado. Isso se concretiza por política sociais que atendam as demandas mais gerais  da população  a partir dos necessitados e deixados para trás. As políticas sociais não se restringem apenas a ser distributivas mas importa serem  redistributivas (diminuir de quem tem de mais para repassar para quem tem de menos), em vista da redução da desigualdade social.

Décima lição: inclusão da natureza com seus bens e serviços e da Mãe Terra com seus direitos na constituição de um novo tipo de democracia sócio-cósmica, à altura consciência ecológica que reconhece todos os seres como sujeitos de direitos formando um grande todo: Terra-natureza-ser humano. É a base de um novo tipo de civilização, biocentrada, capaz de garantir o futuro da vida e de nossa civilização.

A quem serve Temer, o PMDB e sua proposta econômica, por Ivan Valente*


Do site do Psol

O PMDB de Michel Temer, além de articular a debandada do governo, mesmo que num festival de fisiologismo e clientelismo, conspira com o impeachment e está preparando um programa de ajuste fiscal que surpreende os mais liberais defensores do mercado.

Vice-presidente Michel Temer e ao fundo o presidente da Câmara Eduardo Cunha, ambos do PMDB.  Crédito da Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil.
Jorge Picciani, aquela liderança carioca que “prima” pela ética e coerência, apoiou Aécio Neves para presidente, apesar do PMDB ter Temer como vice de Dilma. Depois, girou a favor de Dilma para o PMDB abocanhar mais ministérios e firmar Leonardo Piacciani, seu filho, como líder do partido na Câmara dos Deputados. E agora, prega o desembarque do PMDB do governo, dizendo ser necessário um definitivo ajuste fiscal. Ele acompanha outros próceres do PMDB, que concorrem para ver quem mais prejudica os trabalhadores e se credencia com banqueiros e ricaços em geral, com o plano de Michel Temer “uma ponte para o futuro” ou as 50 propostas de Renan Calheiros.

O jornal Estado de São Paulo de domingo traz uma síntese desta proposta para um “futuro” governo Temer: superar o vigoroso ajuste fiscal suicida de Dilma, com um mega ajuste fiscal. Eles prometem entre outras coisas:

– revisão dos gastos na área social;
– mudanças nas concessões de bolsa de estudo (Prouni, Pronatec…);
– extinção de todas as indexações, inclusive salários e benefícios previdenciários;
– extinção de todas as vinculações, inclusive para a saúde e educação;
– revisão de subsídios, entre eles o uso do FGTS para financiar o programa Minha Casa Minha Vida;
– avaliar limitar o ensino gratuito nas universidades públicas. Leia-se cobrar mensalidades e partir para privatização escancarada;
– tornar o SUS mais eficiente. Leia-se cortar gastos com a saúde pública;
– a volta das privatizações que nunca pararam no governo Dilma e Lula. Agora é privatização total, para além da privataria tucana;
– flexibilização da legislação trabalhista. O que for negociado está acima do legislado;
– reforma da previdência com aumento do tempo de contribuição e de idade de aposentadoria;
– autonomia do Banco Central.

Para o PMDB e os articulistas e comentaristas econômicos que povoam nossos noticiários, as ações de Dilma são populismo econômico e proposta desastrosa, mesmo fazendo todas as vontades dos banqueiros e rentistas com a maior taxa de juros do mundo, privatizações e potente ajuste fiscal de Levy e Nelson Barbosa. E não acharam ruim quando as desonerações fiscais feitas pelo governo às grandes empresas chegaram a R$ 120 bilhões de reais, sem gerar emprego e distribuir renda.

No Congresso só o PSOL votou contra essas isenções e desonerações fiscais que esvaziam os cofres do Estado com perda fabulosa de arrecadação sem contrapartida. E mais, causam danos extraordinários à previdência social que atende 30 milhões de trabalhadores e de quem agora se pretende tirar direitos para pagar mais essa conta. Taxar grandes fortunas e grandes heranças, fazer auditoria da dívida pública, cobrar a dívida ativa dos grandes empresários com o Estado que chega a um trilhão de reais, não lhes passa pela cabeça.

A manobra cínica do PMDB e da direita brasileira para colocar no poder um partido em que os principais líderes estão citados, indiciados e alguns já são réus na Operação Lava-Jato, vai além da chegada espúria ao poder. Eles são instrumentos para que o povo brasileiro mais explorado e excluído pague a conta do ajuste brutal e da crise econômica.


É um plano para sossegar os especuladores, propiciar à grande mídia ultraliberal noticiário de saída para a crise, mesmo com mais sofrimento para o povo, aumento do desemprego e perda de direitos. Tudo combinado com tucanos e empresários.

* 68 anos, é deputado federal por São Paulo e líder do PSOL na Câmara.

Da RBA: Cepal aponta preocupação com 'estabilidade democrática' e cita avanços no Brasil


A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) encaminhou ontem (22) mensagem à presidenta Dilma Rousseff, manifestando preocupação com os "acontecimentos políticos e judiciais que convulsionaram o Brasil nas últimas semanas" e reconhecendo os avanços sociais e políticos que o país conseguiu na última década. "Nos alarma ver a estabilidade democrática de sua pátria ameaçada", escreveu a secretária-executiva da entidade, Alicia Bárbena, destacando a vigência do Estado democrático de direito.

"Nos alarma ver a estabilidade democrática de sua pátria ameaçada", escreveu a Dilma a secretária-executiva da Cepal, Alícia Bárbena.
"A soberania popular, fonte única de legitimidade na democracia, entregou antes a Lula e depois a você, Presidenta Rousseff, um mandato constitucional que se traduz em governos comprometidos com a justiça e a igualdade", diz a mensagem, acrescentando que nunca na história do país tantas pessoas saíram da situação de fome, pobreza e desigualdade. Ainda segundo a Cepal, é significativo o fato de que os recentes governos brasileiros "reforçaram a nova arquitetura de integração de nossa região, da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) à Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos)".

A Cepal diz reconhecer o esforço do Judiciário para "perseguir e punir a cultura de práticas corruptas que historicamente são a parte mais obscura do vínculo entre os interesses privados e as instituições do Estado". Mas acrescenta que a presidenta vem "apoiando permanentemente essa tarefa, com a valentia e honradez que é a marca de sua biografia, apoiando a criação de uma nova legislação mais exigente e de instituições investigativas mais fortes".

Por essa razão, a entidade se diz chocada com o fato de que, sem que haja provas, servindo-se de vazamentos e uma "ofensiva midiática" que condena de antemão, "se tente demolir sua imagem e seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços por menosprezar a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos entregaram nas urnas".

Para a entidade, os acontecimentos no Brasil mostram para a América Latina "os riscos e dificuldades a que nossa democracia ainda está exposta".

Ator Alexandre Nero se posiciona contra a Globo e em defesa dos funcionários


Do Portal Vervelho

O ator Alexandre Nero não tem papas na língua. Ele, após ver as diversas críticas dos internautas para com Monica Iozzi, que fez críticas em seu Twitter às pessoas que apenas se baseiam no “Jornal Nacional” para obter informação, resolveu desabafar. 

Em seu perfil, ele explicou que, não é porque são funcionários da emissora que devem concordar com tudo o que ela faz, e explicou que os contratados podem sim se manifestar contra a postura do canal. Ele publicou a foto de uma crítica em seu Facebook.

É tão difícil entender que a Globo tem o seu posicionamento político e os seus funcionários podem ter outro? Que não somos um bando de alunos colegiais onde todos fazem o que o “bedel” manda? Que ali também tem gente foda?”, perguntou ele.

Não sejam babacas vcs também em alimentar o ódio. Diversos artistas da Globo se posicionando claramente de maneira oposta à emissora, colocando seus empregos e sua segurança pessoal e de sua família, e ainda assim, existe esse discursinho patético”, disse.

Não pode! Respeita os caras!!!”.

Na semana passada (dia 16), após receber o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), que segundo o ator, é o "principal e mais respeitado prêmio de arte do país, Alexandre Nero publicou uma mensagem nas suas redes sociais.

Leia a íntegra abaixo:

Ontem [15], ao receber o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), principal e mais respeitado prêmio de arte do país (desculpe a ausência de modéstia, mas tem vezes que o "beijinho no ombro" tem que vir em forma de cruzado no queixo para os haters rsrs)....

Como dizia, ontem estava pensando em apenas agradecer aos próximos e não criar nenhum bafafá nesse momento propício para os "doentes políticos", mas achei que, apesar da minha preguiça de ficar batendo palma pra maluco dançar nas redes sociais, eu deveria aproveitar o destaque e a repercussão do prêmio para falar algo que minha posição de artista privilegiado nesse momento exige.

Fui um dos últimos a receber o prêmio, e depois de quase 4 horas de premiação não quis ser ainda mais maçante com quem heroicamente ainda estava lá. Apenas agradeci aos críticos, ao João e Amora pela total liberdade de criação, à Giovanna e Tonico pela parceria, à minha companheira Karen pelo apoio e ao meu filho, por chorar menos do que podia...mas prometi que postaria o que eu iria dizer aqui nas redes sociais. Então conforme prometido, aí está, na íntegra.

Pra que serve um ator?

"Em A Regra do Jogo, eu interpretava um ex-vereador, que se aproveitava de uma ong de fachada para tirar proveito próprio. Eu o denominei um "anti-vilão" (um vilão - que eventualmente fazia coisas boas).

Romero Romulo, o nome do tal, flertava com a hipocrisia, a corrupção, menosprezava leis, ética, o respeito, o afeto, e com isso se aproveitava dos bem intencionados.

No decorrer desse trabalho fui perguntado muitas vezes sobre política, e via sempre uma tendência em colocar em minhas palavras que eu me inspirei nesse ou naquele político. Eu dizia que minha construção não era inspirado em ninguém especificamente, e sim no ser humano. "Romero era eu, vc, todos nós".

sem surpresa alguma, por essa declaração, fui agredido por alguns nas redes sociais (função principal de uma rede social). Me acusavam de ser um irresponsável, pq meu personagem "era de esquerda e pilantra", afirmavam eles. Primeiro digo que meu personagem não era de esquerda, ele fingia ser de esquerda, e mesmo se fosse de esquerda, pq a indignação dos agressores? Na direita não existisse pilantra? Ah tá!!!

Pois bem, a extrema direita, reacionários no último grau partiram pra cima babando de raiva e todos os ódios possíveis. Os "corajosos da internet" rsrs. E são muitos. Acreditem!!

Minha maior preocupação nessa "besta polarização" do momento onde PT, PSDB, PMDB brigam entre si, os malucos dos "mitos", "cianos", "faias" e afins correm por fora e cada vez mais estão ganhando força. Depois de muito ler babaquices do tipo "bicha, maconheiro, vagabundo, vendido", ou agressões ferozes "tem que morrer, "vou te matar" e por aí vai, um comentário me chamou atenção:

"PARE DE FALAR DE POLÍTICA! Vc é só um ator!" , e depois me pergunta com desprezo:

"Pra que serve um ator mesmo?"

minha resposta:

Sinto desapontá-lo , mas nao existe uma resposta rápida, suscita, única e verdadeira. Respostas essas, que vc deve estar acostumado , pois o ensinaram o que é certo e errado, preto e branco, homem e mulher, alto ou baixo, bonito e feio. Separar e não unir.

As respostas pra vcs (reacionários, fascistas, agressores, covardes, bunda moles, ou burros) , precisam ser exatas, pois se tiver dúvidas vcs teriam que pensar, fora da caixa que vc se enquadra, e isso ninguém lhe ensinou. Vcs não compreendem nada que não seja lógico, matemático. É como querer explicar:
Pra que serve um poema.

Nao dá! Como disse Leminski, "querer explicar pra que serve a poesia, é querer que se explique um "'orgasmo ou um gol do Zico.'" (Eu citando Leminski para um reacionário. Parece piada rs).

Por isso toda essa sua agressividade e desdém me fez crer que vc tem medo do ator. O desconhecido dá medo. Medo esse que vc tenta encobrir e fingir que é ódio. Não é! É só medo mesmo! Cagaço! E é bom que tenha mesmo, pq o trabalho do ator no cinema, no teatro, na rua, na tv , e agora também na internet, reflete como um espelho da sociedade, e não como vc quer que seja, uma janela, onde vc vê os outros e confortavelmente sentado em seu sofá apontando dedos.

Por isso meu caro, você, que odeia esse mundo laico, plural, multigênero, democraticamente caótico, onde o invisível pode ser visto, o indizível dito, é bom que nos difame e menospreze mesmo, espalhe que usamos as leis de incentivo à cultura feito criminosos, pois somos aproveitadores do dinheiro público, que não passamos apenas de rostinhos bonitos na tv, que não pensamos em nada que não seja em dentes brancos, que somos a favor desse ou daquele político pq somos sustentados por ele. Isso mesmo. Afaste os patrocinadores e repudie o público de nossos espetáculos. Grite:

"-Não dê pipoca aos atores".

"-Mantenha-se longe da jaula deles".

"-Cuidado com os atores". E é bom que tenha medo mesmo, pq dentre muitas coisas lúdicas, divertidas e/ou plantar uma bananeira e cair de bunda no chão, eu, ali, sou vc também. Eu sou seu espelho. Entre uma pirueta e outra podemos mostrar para o mundo quem é vc. Nós podemos te desvendar, e pode apostar, vc não vai gostar nada do que vai ver nesse espelho."

Historiador José Murilo de Carvalho demonstra preocupação com “hegemonia” do Judiciário


Do BBC

Um dos mais conhecidos historiadores brasileiros, em especial pela publicação, em 1987, de Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que Não Foi(livro que fez uma análise crítica sobre o processo de Proclamação da República no Brasil), José Murilo de Carvalho oferece uma visão pessimista do atual momento político brasileiro.

'Tudo pode acontecer, até um sério conflito social', diz  historiador sobre crise política.
Em entrevista à BBC Brasil, por e-mail, o também cientista político mostra preocupação com a crise política - mais precisamente com o acirramento de ânimos desde as eleições de 2014.
Só não se mostra surpreso. Afinal, assim como outros colegas de profissão, Carvalho cita o longo histórico de revoltas e conflitos que marcam o Brasil República. Porém, diferentemente de outros analistas, o integrante da Academia Brasileira de Letras diz que a crise atual não pode ser meramente comparada a momentos anteriores de turbulência na história brasileira. Incluindo a constantemente citada crise de 1954, que culminou com o suicídio do presidente Getúlio Vargas.

O historiador mineiro vê na crise atual o que chama de "um misto de tradição e novidade". Uma combinação que ele considera preocupante diante do processo de desgaste na imagem dos poderes Executivo e Legislativo.

BBC Brasil - Como o senhor vê a atual crise política brasileira sob uma perspectiva histórica?

José Murilo de Carvalho - Nos 127 anos da República, houve dezenas de revoltas, guerras civis e vários golpes com o envolvimento dos militares. Desde 1930, de 14 presidentes (incluindo a atual), apenas oito foram eleitos diretamente. Destes, só cinco completaram os mandatos. Isso não é nada animador. E essa é mais uma das inúmeras crises de nossa claudicante República. O regime foi introdizido há 127 anos mas ainda não faz jus ao nome de república democrática. Pelo lado da inclusão política, até 1945 apenas 5% da população votavam. Pelo lado da inclusão social, o grande salto foi dado durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945) com a introdução da legialção trabalhista. Mesmo com os avanços do governo Lula, agora sendo revertidos, ainda somos um dos países mais desiguais do mundo. Os governos militares, por sua vez, não restringiram o grande aumento do eleitorado, mas impediram a formação de lideranças democráticas capazes de dar conta do grande aumento de participação, além de destruírem os valores republicanos da boa governança.

BBC Brasil - Historiadores e analistas políticos com certa frequência comparam o atual momento à crise que resultou no suicídio do presidente Vargas, em 1954. O senhor vê paralelos?

Carvalho - Hoje, creio que nenhum historiador dirá que a história se repete, como tragédia ou como farsa. A crise atual é nova, um misto de tradição e novidade. Há elementos comuns entre a crise atual e a de Vargas: a acusação de corrupção e o conflito distributivo.

O “pai dos pobres” (Vargas, responsável pelas leis trabalhistas) era acusado por setores da classe média de exercer ou tolerar práticas corruptas (o “mar de lama”). A grande diferença era a presença ativa dos militares em 1954, que forçaram a saída de Vargas, e da Guerra Fria. Hoje, o conflito é civil e nacional. Civil porque não há ameaça de interferência militar. Nacional porque não estamos mais Guerra Fria com suas pressões políticas, inclusive de intervenção dos Estados Unidos. O fator externo hoje resume-se às oscilações da economia internacional.

BBC Brasil - O senhor se preocupa com o atual momento brasileiro no que diz respeito à segurança das instituições? Crê na possibilidade de uma ruptura mais séria mesmo sem a presença de um Exército, como em 64?

Carvalho - Há motivo para preocupação. O Poder Judiciário - incluindo aí o Ministério Público e a Polícia Federal - tornou-se quase hegemônico diante da desmoralização do Executivo e do Parlamento. Isso poderá sair pela culatra, como aconteceu na Itália durante a operação Mãos Limpas, e reduzir ou anular os efeitos do esforço de combate à corrupção. Por outro lado, a desmoralização do Parlamento e a descrença nos políticos e na política podem abrir caminho para aventureiros populistas.

BBC Brasil - Muito se fala em polarização política e ideológica no Brasil. O senhor concorda com as avaliações de que o acirramento de ânimos foi intensificado pela ascensão do PT ao poder ou estamos falando do retorno de antigas divisões?

Carvalho - O PT trouxe forças novas para a política brasileira, sobretudo os líderes sindicais. Junto com uma forte demanda por políticas sociais, o partido exibiu também um estilo mais agressivo de atuação, mantido mesmo após chegar ao poder. Sua militância é muito mais aguerrida do que a do PTB dos tempos de Vargas.

A radicalização política e a intolerância chegaram hoje a um ponto perigoso. Não há mais debate, apenas bate-boca e gritaria. Neste cenário dominado pelas paixões, tudo pode acontecer, mesmo um sério conflito social.

BBC Brasil - Qual o efeito que o eventual impeachment da presidente Dilma poderia ter nesse cenário?

Carvalho - Um impeachment não vai resolver a situação. Mudarão os lados, mas o conflito político continuará e a crise econômica não será resolvida. Não há, a meu ver, uma saída sem custos para a crise.

BBC Brasil - Podemos comparar o retorno do ex-presidente Lula ao governo (agora suspenso por determinação do STF) a algum momento de relevância semelhante na história política brasileira?

Carvalho - Ex-presidentes voltaram ao governo, como Nilo Peçanha (como ministro das Relações Exteriores, em 1987), mas não em situação de conflito. A nomeação desastrada deu-se em 29 de outubro de 1945. Os militares pressionavam o então ditador Getúlio Vargas a deixar o governo. Em reação, o presidente nomeou seu controvertido irmão Benjamin chefe de polícia. Os militares irritaram-se e o depuseram nesse mesmo dia.

Para pensar esse momento caótico em que passa o Brasil em 11 depoimentos necessários


Por Amanda Mont'Alvão Veloso, no HuffPost Brasil

A civilização é composta por ciclos e marcada por rompimentos que superam ou antecedem crises. O que é uma crise senão uma insuportável e paralisante dúvida a respeito de valores até então tidos como certos? Na dúvida, podemos assinalar saídas ou desistências. Construções ou destruições.

Em um momento em que os brasileiros acumulam perguntas e não dispõem de respostas – “Que lado escolher? O que desejo de meu país? Qual minha relação com a política e com o outro?”, o desespero, a desesperança e a apatia podem encontrar terreno fértil para crescer.


Enquanto se tenta resistir às investidas do caótico, podemos encontrar conforto, ou ser instigados por alguém em quem depositamos confiança. Por isso reunimos depoimentos de algumas pessoas que se dispuseram a destrinchar as perguntas, provocar outras tantas ou mesmo arriscar uma resposta.

Leandro Karnal
Historiador brasileiro

"Minha ideia, é claro, é sempre e a melhor de todas. Mas ela não pode, nunca, impedir o contraditório. O Contraditório é a forma básica da democracia. Todos devem ter espaço e vez e minha posição não pode ser excludente da outra humanidade. OU seja: tenho direito a querer comer só alfaces colhidas ao luar cantando mantras, mas não posso querer matar quem come ervilhas flambadas. Simples. Não gosta do contraditório? Parabéns: você está ao lado de monstros, conservadores ou de esquerda, como Pinochet, Médici, Hitler, Stálin, Pol Pot e outros. Tem horror a manifestações? Vá para a Coreia do Norte, lá elas não existem. A democracia é árdua, frágil e só existe PORQUE existe o outro lado."

2016, em post no Facebook

"Eu não sou neutro, a Justiça não é neutra, o Congresso não é neutro, as igrejas não são neutras. Eu, o juiz Moro, Lula, o papa Francisco, Dilma, a mãe de santo, o pároco, o sindicalista, você e a socialite: todos estamos inseridos numa classe social e manifestamos um mundo que corresponde ao que mais me beneficia. Neutralidade só existe no sabão de coco. A democracia permite que uma subjetividade não seja a única possível."

2016, em post no Facebook

Zygmunt Bauman
Sociólogo polonês

"Sou tudo, menos desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real."

2014, em entrevista à revista Época

"Mais e mais pessoas duvidam que os políticos sejam capazes de cumprir suas promessas. Assim, elas procuram desesperadamente veículos alternativos de decisão coletiva e ação, apesar de, até agora, isso não ter representado uma alteração efetiva."

2014, em entrevista à revista Época

"Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo, a crença de que 'nós, seres humanos, podemos fazê-lo', crença esta articulada com a racionalidade capaz de perceber o que está errado com o mundo, saber o que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los."

2003, em entrevista à revista CULT

Marcia Tiburi
Filósofa brasileira

"Todo mundo conhece um “fascista”, um tipo psicopolítico bastante comum, alguém que perdeu a dimensão do diálogo, intelectualmente pobre, que reproduz discursos prontos, discursos de ódio, justamente porque é incapaz de ouvir o outro e de refletir sobre a diferença".
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2015, em entrevista ao site Hoje em Dia

Sigmund Freud
Neurologista e psicanalista austríaco

"Há incontáveis pessoas civilizadas que se recusam a cometer assassinato ou a praticar incesto, mas que não se negam a satisfazer sua avareza, seus impulsos agressivos ou seus desejos sexuais, e que não hesitam em
prejudicar outras pessoas por meio da mentira, da fraude e da calúnia, desde que possam permanecer impunes."

1927, no livro O Futuro de Uma Ilusão

Eliane Brum
Escritora e repórter brasileira

"Uma democracia demanda cidadãos autônomos, adultos emancipados, capazes de se responsabilizar pelas suas escolhas e se mover pela razão. O que se vê hoje é uma vontade de destruição que atravessa a sociedade e assinala mesmo pequenos atos do cotidiano. O linchamento, que marca a história do país e a perpassa, é um ato de fé. Não passa pela lei nem pela razão. Ao contrário, elimina-as, ao substituí-las pelo ódio. É o ódio que justifica a destruição daquele que naquele momento encarna o mal. Isso está sendo exercido no Brasil atual não apenas na guerra das redes sociais, mas de formas bem mais sofisticadas. Isso tem sido estimulado. Quem acha que controla linchadores, não sabe nada."

2016, em sua coluna no El País

Mario Sergio Cortella
Filósofo e educador brasileiro

"Os chineses acham que devemos lidar com a história e não com o momento. Você só compreende o hoje se olha a história no seu desenvolvimento. É bom recordar o que falavam as avós: 'Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe'. Portanto, nada de desespero. Problemas agudos se dissolvem no tempo. Os efeitos colaterais não são insuperáveis; podemos lidar com eles. É bom lembrar que devemos ter cuidado num mundo multifacetado, multicultural e multidiverso. Por isso, não podemos nos fechar em grupos exclusivos - só católicos, só gays, só muçulmanos -, o que leva à política do gueto e dilui a ideia de humanidade."

2015, em entrevista à revista Claudia

Slavoj Zizek
Filósofo e psicanalista esloveno

"Tem algo que gosto de repetir: o grande papel dos intelectuais não é dar respostas. As pessoas me perguntam, por exemplo, sobre a crise ecológica: 'O que devemos fazer?'. Eu não sei! A principal tarefa do intelectual público hoje, eu acho, é permitir, ou melhor, possibilitar que as pessoas pensem, fazer com que elas façam as perguntas certas. Eu acho que os problemas que nós temos hoje existem porque nós estamos fazendo as perguntas erradas."

2013, em entrevista ao Jornal do Commercio

Umberto Eco
Escritor e intelectual italiano

Na medida em que envelheci, comecei a odiar a humanidade. Portanto, se eu tivesse um poder absoluto, deixaria que ela continuasse em seu caminho de autodestruição. Ela seria destruída e eu ficaria mais feliz. Pessoas como eu são intelectuais: nós fazemos o nosso trabalho, escrevemos artigos, temos maneiras de protestar, mas não podemos mudar o mundo. Tudo o que podemos fazer é apoiar a política de empatia”.

2016, em sua coluna no UOL