Cerimônia religiosa marca segundo
casamento no candomblé, que se tem notícia na região do Cariri (Foto
Divulgação)
Uma
cerimônia cheia de emoção, beleza e espiritualidade afro, marcou mais um
casamento no candomblé que se tem notícia no Cariri. Os noivos TATA MUTARUESI E
MAMETU NDAMEREUÁ (nomes que Samuel Esmeraldo e Lídia Sousa receberam no batismo
da religião), selaram a união em um ritual todo cantando em kimbundo e kikongo
(línguas bantas) puxado com cânticos, ao som de atabaques, acompanhado pelas
vozes dos filhos-de-santo do terreiro.
Essa
é a segunda vez que o ato é realizado na região, visto que muitos casamentos
não são divulgados, e a primeira que aconteceu no candomblé de Angola. A
celebração ocorreu no Terreiro de Candomblé de Nação Angola Nzo Ngana
Nzazi-Raiz Muxitu, no Bairro Limoeiro, em Juazeiro do Norte e teve como
celebrante, Tata Mufumbi Kitambo do Terreiro Ndunda Ria Muxitu, Rio de Janeiro.
A
celebração contou com a presença de diversos sacerdotes de umbanda e candomblé,
filhos-de-santo de outros terreiros, amigos dos noivos dentre esses católicos,
evangélicos, espíritas, pessoas sem religião e ateus.
A
CELEBRAÇÃO
Várias
divindades da religião são louvadas durante a cerimônia. O Tata Kisaba, quer
dizer pai das folhas, sacerdote que encanta e conhece os segredos das folhas
sagradas. Ele entra louvando as folhas
sagradas, fazendo o tapete de folhas, abrindo espaço para entrada das mães dos
noivos, padrinhos, noivo e a noiva que vem acompanhada de crianças com alianças
e flores.
A
pedido do celebrante, as luzes do local são apagadas fazendo referência ao lado
difícil do relacionamento, onde os dois terão que enfrentar na vida muitos
obstáculos trevosos. O muílo (energia da luz e o sol) é louvado e o celebrante
pede que os noivos acendam o fogo do amor, representado por uma panela dourada
com alguns elementos para queimar.
COMUNGAÇÃO
O
ritual conta ainda com uma defumação (kufumala) que é feita para encantar e
purificar o caminho dos dois; as alianças; amarração com o cordão sagrado;
comungação do kesu (fruto africano; noz-de-kola) que é o símbolo da vida, um
dos vegetais mais importante para o candomblé, são indispensáveis no rito.
Em
meio a conselhos, cânticos ao sagrado que celebram a vida, é solto um casal de
pombo simbolizando a paz para o casal e um pedido para que eles espalhem
harmonia para todos. No centro do terreiro, os noivos e todos envolvidos cantam
e dançam pedindo coisas boas e abençoando os recém-casados.
A
cerimônia foi registrada no livro de atas de cerimônias religiosas do Terreiro
Ndunda ria Muxitu e o texto foi lido ao público, onde consta assinaturas dos
noivos, padrinhos e todos os sacerdotes presentes como testemunhas.
A
pós a cerimônia religiosa como em outras religiões, aconteceu uma recepção aos
convidados e familiares. O momento ocorreu em uma chácara no bairro Tiradentes,
onde houve músicas de estilos variados e buffet. (Com informações do Papo Reto Cariri).