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Tem que ter um candidato que defenda o legado do governo, diz Temer



Em entrevista exibida nesta sexta-feira, 2, pela RedeTV!, o presidente Michel Temer defendeu que haja um candidato a sua sucessão que defenda as medidas aprovadas pelo seu governo, como o teto dos gastos, a reforma trabalhista e a reforma do ensino médio. "Vou estar de olho nisso", avisou.

Além disso, ele ressaltou que todos os políticos que são a favor dessas medidas devem se unir em torno de uma única candidatura, para que a chance de vitória seja maior. "É preciso ter um candidato que represente uma ultrafacção", disse o presidente. "Muitas candidaturas vão diversificar a opinião atenta do eleitor", alertou.

Temer disse ainda que duvida que alguma candidatura de oposição ao seu governo, seja o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou outro nome apoiado pelo petista, faça uma campanha contra as suas reformas.

"Quem for de oposição e quiser combater o nosso governo terá de dizer que é contra o teto dos gatos, que vai gastar à vontade, que é contra a reforma do ensino médio, que é contra a modernização trabalhista, contra a queda da inflação e a queda dos juros. Terá de dizer que é contra uma porção de coisas que nós fizemos. Duvido que alguém venha a assumir uma candidatura dizendo isso, porque isso se incorporou ao nosso sistema", disse.

Para o presidente, os nomes que podem defender o seu governo "estão se convencendo" de que é preciso ter uma candidatura única para enfrentar a esquerda. Disse também que será positivo para o Brasil que haja um candidato que defenda o seu governo e outra que seja contra, para simplificar a decisão do eleitor.

Temer reconheceu que Lula é um líder popular e que a última pesquisa de intenção de voto, que o mantém na liderança, mostrou que o petista, se for candidato, terá muitos votos, apesar da condenação em segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "São votos que se revelam hoje, mas que podem não se revelar amanhã", disse.

Sem citar o nome do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), outro pré-candidato à Presidência, Temer disse que o eleitor brasileiro "não gosta de radicalismos". "Todo e qualquer radicalismo o brasileiro sempre repudiou e vai continuar repudiando. Ele vai perguntar: qual é o programa? O que vai fazer por mim? Eu confio nele? Tem que ir com a cara do candidato", disse.

Aposentadoria

O presidente disse ainda que a suspensão da sua aposentadoria por dois meses, em razão do fato de não ter feito a chamada prova de vida, lhe agradou por ter sido uma mostra de que foi tratado "como brasileiro", independentemente de ser o presidente da República. "É um tratamento igualitário que engrandece as instituições", disse.

Temer recebe aposentadoria por ter sido procurador do Estado de São Paulo e ficou sem receber o dinheiro nos meses de novembro e dezembro porque não fez a prova de vida, procedimento que obriga o aposentado a comparecer anualmente para provar que está vivo e continuar recebendo o benefício. "No meu caso, pode-se ver diariamente que continuo vivo", brincou o presidente.

O presidente disse que espera que esse tipo de burocracia mude, para que seja mais fácil ao aposentado provar que está vivo. "Quem sabe o meu exemplo possa servir para isso", disse. Em nota, o Palácio do Planalto explicou que Temer não fez a prova de vida por falta de tempo.

Os jornalistas que conduziram a entrevista aproveitaram o tema para perguntar sobre a saúde do presidente, que passou por três cirurgias no ano passado, uma no coração e duas na uretra. Ele garantiu que está muito bem e disse que os procedimentos cirúrgicos melhoraram muito a sua qualidade de vida. "Convivia com mal estar, mas hoje não tenho mais", afirmou.

Segurança Pública

De acordo com o presidente, o governo federal estuda formas de intervir mais diretamente na questão da segurança pública dos Estados, e para isso avalia a criação de um ministério específico para o tema e até mesmo mudanças constitucionais.

Na entrevista, o emedebista lembrou que a segurança é uma atribuição dos Estados e municípios, mas que a União passou a ter que atuar mais diretamente nos últimos anos, enviando até mesmo o Exército em algumas situações, para situações de emergência em lugares como Espírito Santo, Rio de Janeiro, Amazonas e Rio Grande do Norte.

"Primeiro mudamos o nome do Ministério da Justiça e Cidadania para Justiça e Segurança Pública. Agora estamos estudando criar um Ministério de Segurança Pública" para interferir mais na questão, disse Temer. "Não será improvável que tenhamos que modificar a Constituição" para isso, emendou.

Segundo o presidente, uma ideia que também está sendo debatido é a de realizar reuniões semanais com representantes do governo e secretários estaduais de segurança pública para coordenar os esforços na área. Ele acrescentou que um dos focos será os presídios, onde foram registradas várias rebeliões desde o fim de 2016.

Venezuela

O presidente afirmou também que a relação entre o Brasil e a Venezuela é uma relação "entre Estados" e que vai continuar apoiando o povo venezuelano, mas denunciando as ações do governo de Nicolás Maduro.

Na entrevista ao programa RedeTV News, o emedebista descartou ainda qualquer tipo de apoio a uma intervenção no país vizinho. (Com informações da Agência Estado e do O Povo).

Temer concede entrevista ao telejornal  Rede TV News com Boris Casoy e Amanda Klein.
 (Foto: Marcos Corrêa/ PR).

Presidenciáveis preveem gastar 50% a mais que nas eleições de 2010


Os candidatos que disputarão a Presidência da República em outubro estimam gastar, juntos, um valor 49,5% maior do que na disputa de quatro anos atrás. Somado, o custo das campanhas dos 11 postulantes desse ano – dois a mais do que na última eleição – chega a quase R$ 1 bilhão.

Quadro montado por este blogueiro com 08 dos 11
candidatos ao palácio do planalto em 2014.
A estimativa para esse ano é de uma despesa máxima de R$ 918,4 milhões, ante R$ 482,5 milhões registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como teto na última disputa pelos nove candidatos a presidente.

O PT prevê gastar até R$ 298 milhões com a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), montante 34% mais alto do que o de 2010. O PSDB, do senador Aécio Neves, deve registrar no TSE um valor máximo de R$ 290 milhões (26,5% a mais do que o gasto por José Serra na última eleição).

Já o PSB de Eduardo Campos (PSB) estima que a campanha do socialista custe até R$ 150 milhões, 31% a mais do que previu Marina Silva, hoje candidata a vice, há quatro anos.


Via Brasil 247

Campos elogia Lula, critica Dilma, mas não explica sua ´nova política´


Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (26), o pré-candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos, mostrou estratégia bem delineada para a disputa de outubro: elogiar os ex-presidentes Lula e FHC, tentar se mostrar o propagador de uma tal nova política e vender a imagem de administrador bem-avaliado. Provocado o tempo inteiro a falar mal de Lula pelo âncora Augusto Nunes (que nutre uma obsessão patológica em promover ataques ao ex-presidente), Campos fugiu do tema, Articulado e bem treinado, saiu-se bem de questionamentos que passaram sem muita resposta: afinal, como vai fazer a tal nova política e “jogar para a oposição” velhas raposas da política como os senadores José Sarney e Renan Calheiros?

Eduardo Campos, pré-candidato pelo
PSB. Foto: Agência Brasil.
O ex-governador de Pernambuco saiu-se com afirmações de efeito, peças de marqueteiro, já repetidas à exaustão neste ano, coisas como “já estejam avisados desde já” (que Sarney e Renan não terão cargos em um eventual governo seu), “é preciso reduzir o número de ministérios pela metade” e “governo bem avaliado pela população conquista apoio no Congresso” (respondendo como faria a tal “nova política” sem alianças com Sarney e Renan).

Sobre Lula, Eduardo Campos mostrou que tentará mostrar que a presidenta DIlma Rousseff e o presidente de honra do PT não são “a mesma pessoa”: ”Sou candidato para ganhar a eleição. Lula não é candidato. Nossa disputa não é com Lula, é com a presidenta Dilma”.

Com uma bancada de entrevistadores variada – indo do conciso e bem-colocado ao quase bajulatório -, Eduardo Campos conseguiu fugir com esperteza de questões espinhosa, como o fato de não ter deixado a “velha política” de lado quando era governador de Pernambuco e também posições pessoais sobre aborto, a legalização das drogas e o casamento gay – contrário a todos.

Se poupou Lula, não fez o mesmo com Dilma – chegando até mesmo a subir a retórica e deixar escapar pequenas agressões -, com quem até ontem mantinha relação próxima, de governador aliado. “Quem era a mãe do PAC se tornou a madrinha da inflação, do baixo crescimento, do que está acontecendo na Petrobras”.

Também acusou a presidenta de não enfrentar a corrupção. “Não enfrentou os malfeitos. Teve oportunidade de corrigir os erros e não fez isso. Há um desejo hoje generalizado de mudança”, disse.

Eduardo Campos, que firmou pacto de não-agressão com o tucano Aécio Neves, negou no Roda Viva tal acordo, e buscou parecer diferente do senador mineiro só na forma de “fazer política”, porque o conteúdo do que defendeu (como cortar ministérios, dar vez a um desejo genérico de mudança da população). “Eles (PSDB) vão continuar submetendo o Brasil à divisão que o país já não suporta.”

Via Entrefatos

Conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo


Tenho, nos últimos dias, insistido num fenômeno que observei e que os fatos, a cada dia, só têm confirmado.

É democrático e respeitável discordar e fazer oposição.

Mas o conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo.

E isso está se voltando contra ela própria.

Imagem ilustrativa/Tijolaço.
Ontem, na Folha, o colunista esportivo Juca Kfouri faz um texto em que, criticando os exageros sectários de parte a parte, elogiou o comportamento de Dilma Rousseff no diálogo com os jornalistas esportivos, semana passada, no Palácio do Planalto.

Foi o que bastou.

Desencadeou-se sobre ele uma tempestade de comentários ofensivos, grosseiros e mesmo xingamentos.

Vocês verão que, com o passar dos dias, isso vai acontecer mais e mais vezes.

Esta campanha passará a uma polarização maior, muito maior, que a de 2010, por obra da direita.
Não importa que isso venha a ser, para ela própria, um harakiri político eleitoral.

Este modesto blogueiro, com os anos de estrada que tem – e, sobretudo, com 20 anos mais do que os petistas em matéria de levar pauladas da imprensa diariamente, Brizola que o diga - não confunde firmeza com histeria, nem clareza com grosseria.

Vivemos uma maré lacerdista como jamais se viveu por aqui, nem com a candidatura Serra, talvez porque não haja outro esteio para suportar Aécio Neves senão o ódio babujante a Lula e a tudo o que ele representou e representa.

E a radicalização da direita está criando todas as condições para que se legitime, num grau muito maior do que numa disputa serena e equilibrada, a participação do ex-presidente como figura de proa pela reeleição de Dilma.

Faz tempo escrevi a aqui que o “volta, Lula” que se criou para desgastar Dilma teria efeito inverso.

Cabe ao Governo e às forças que o apoiam manter, ao mesmo tempo, a firmeza política que passaram a adotar desde abril, quando a curva das pesquisas chegou ao seu ponto mais crítico e a serenidade com as provocações – e não apenas provocações políticas – que vêm por aí.


A análise é de Fernando Brito e foi publicado originalmente no Tijolaço

O que significa Marina como vice de Eduardo Campos?


Dilma ganhou uma boa notícia sem fazer força neste final de semana: a definição de Marina como vice de Campos.

No mundo político, Marina foi o nome menos atingido pelos protestos iniciados em junho passado.

Sabe-se lá por que, ela foi identificada por muitos dos manifestantes como diferente de tudo que estava ali, numa política que subitamente deu merecidos engulhos nos brasileiros.

Eduardo Campos e Marina Silva
O extraordinário favoritismo de Dilma foi desafiado nas jornadas de junho. Os tucanos foram igualmente, como Dilma, objeto de desconfiança e restrições.

Marina foi a exceção.

Uma eleição com ela seria uma coisa. Sem ela, outra, muito mais disputada.

Aconteceu a segunda hipótese. Primeiro, ela não conseguiu colocar de pé seu partido.

Depois, encontrou abrigo numa aliança com Campos. Mas, ainda que tenha muito mais votos que ele, como sucessivas pesquisas mostraram, coube a ela, como ficou definido neste final de semana, um lugar secundário, o de vice.

Vice é vice. Como num campeonato, vale pouco, ou não vale nada.

Nada sugere que Campos seja capaz de deslanchar, com ou sem Marina como vice. Ele teria que estar falando alguma coisa de novo. Poderia repetir frases de Francisco, o papa, sobre a desigualdade. Poderia aparecer com o celebrado livro de Piketty e dizer que ali está o maior desafio do Brasil – a abjeta iniquidade social.

Mas não.

Alguém o viu falando sobre a necessidade de cobrar mais impostos dos ricos, para minorar a distância entre o 1% e os 99%? Não. E ninguém verá.

Bachelet, no Chile, colocou o aumento dos impostos em sua campanha. Nesta semana, avisou que não abre mão deste compromisso.

Campos, enquanto isso, repete platitudes, muitas delas inspiradas em Aécio. Coube a Marina dar um quase cala boca neste namorico entre Campos e Aécio ao lembrar que o PSDB tem cheiro de derrota no segundo turno.

Campos pode não falar nada de novo, mas repetir Aécio é ir da pobreza à extrema indigência eleitoral.

A rigor, nenhum candidato fala nada de relevante a respeito de seus planos. Regulamentação da mídia parece que é exclusividade de Lula, por exemplo.

Quando Aécio falou, prometeu medidas impopulares, algo que com certeza lhe será cobrado nos debates.

A Petrobras parece ter saído da agenda, depois que, primeiro, se viu que a empresa cresceu extraordinariamente nos últimos dez anos. Depois, quando se falou em levar as investigações até o período FHC.

O que temos até aqui um blablablá.

Só que os lugares comuns, quando compartilhados,  favorecem quem está na ponta.

Marina, mesmo com suas frases pomposas e frequentemente sem sentido, poderia atrapalhar Dilma.

Mas vai fazer pouco mais que número, como vice de Campos.

Dilma pode tomar uma taça de vinho neste final de domingo. Deu um passo para a reeleição sem se mexer.

A análise é de Paulo Nogueira e foi publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo

No Nordeste, Aécio quer enganar ao dizer que representa a mudança


O pré-candidato à presidência da República pelo PSDB, senador Aécio Neves, principal representante da direita neoliberal e conservadora e principal adversário da presidenta Dilma Rousseff, aproveitou a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (9) para fazer novos ataques ao governo.

O senador mineiro disse nesta sexta-feira (9), durante encontro com empresários em Maceió (AL), que o resultado da pesquisa Datafolha demonstra “fragilidade do atual governo”. Para o tucano, esta “fragilidade” está em “todas as áreas”. Usando uma retórica como sempre mentirosa, fez críticas vazias ao governo federal: “O conjunto da obra é muito mal feito pelo atual governo”.

Na sequência do périplo, Aécio demonstrou a sua desfaçatez ao tentar vender a imagem de representante “da mudança”: “É isso que o PSDB representa. Mudança no que diz respeito à compreensão do papel do Estado, mudança na busca da eficiência do setor público, mudança naquilo que para mim é essencial da vida publica, os valores éticos e morais”. Mas Aécio é político do retrocesso, identificado com um dos piores governos de toda a vida republicana brasileira, o de FHC (1995-2002).

As forças democráticas e progressistas brasileiras sabem qual a concepção de Estado defendida por Aécio – o Estado mínimo neoliberal, apanágio da oligarquia financeira e algoz dos trabalhadores. E o povo brasileiro conhece bem o que são os valores éticos e morais dos tucanos que lideraram um dos governos mais corruptos dos últimos tempos que chegou a cometer a imoralidade de aprovar a emenda da reeleição, que favorecia FHC, por meio da compra de votos de parlamentares.

Do lado do governo, a pesquisa Datafolha foi recebida com a maior tranquilidade, até porque a presidenta Dilma lidera os resultados em todos os indicadores.

O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou, em Cuiabá (MT), durante reunião na Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), nesta sexta-feira, que seria muito estranho que agora, com três candidatos de maior potencial, a eleição fosse decidida no primeiro turno, lembrando que o PT e seus aliados não ganharam no primeiro turno em 2002, 2006 e 2010.

O ministro mostrou-se confiante na reeleição da presidenta Dilma. “Não tenho dúvida, com todo respeito aos adversários, que quando a eleição começar e nós conseguirmos mostrar nossa obra nos últimos 12 anos, nos últimos quatro anos, venceremos a eleição”, afirmou.


Via Portal Vermelho/Agência

As estratégias de Dilma, Campos e Aécio



Dilma Rousseff

Em nenhum momento, o governo Dilma Rousseff abandonou as políticas sociais. Pelo contrário, aprofundou-as com o Brasil Sorridente, a manutenção da política de reajustes do salário mínimo e isenções da folha que permitiram a ampliação do mercado de trabalho formal.
Seu problema é a postura política em relação aos movimentos sociais (e não só em relação a eles) e aos sindicatos. Sempre os viu de cima para baixo, ela como um poder concedente, não como uma igual, lembrando muito mais a postura de um Getúlio Vargas do que de um Lula.

Dilma sempre se viu como a defensora dos excluídos, dos setores não organizados – o que é uma característica positiva extraordinária.

Os desassistidos não têm quem os defenda, por vulneráveis são pouco exigentes e, também, extremamente reconhecidos a quem os ajuda.

Já os movimentos organizados são petulantes.

Experimente quebrar lanças em favor de determinado movimento social – ou sindical. Ao final do processo, as lideranças dirão que tudo foi possível devido à sua própria pressão política. Políticos sensíveis à causa jamais concedem; são “obrigados a ceder” graças ao espírito de luta das lideranças do movimento.

É irritante, sim, mas essa petulância é um importante sinal de autoafirmação, daqueles recém chegados ao jogo político. É necessário paciência e maturidade para tratar com eles e acompanha-los em seu processo de amadurecimento, entender e aceitar o jogo político das lideranças.

Dilma não parece ter paciência para esse jogo.

Esse é o busílis da questão, o ponto central de desgaste do estilo Dilma em relação a quase todos os setores organizados da sociedade, de movimentos sociais a empresariais.

No atual estágio de desenvolvimento social brasileiro, há pouco espaço para o estilo concedente de Getúlio. O governante tem que se comportar como o líder articulando forças, tratando as lideranças da sociedade como iguais, sem impor soluções.

Em seu período de governo, Dilma procurou a aliança com os chamados setores produtivos da economia, geradores de emprego e desenvolvimento. Mesmo com todas as políticas em relação ao setor, com a ampliação do crédito público, das compras governamentais, das isenções tributárias, Dilma perdeu a batalha tanto junto ao mercado financeiro como ao empresarial em geral– devido ao seu estilo centralizador.

Com seu discurso de ontem, jogou a toalha em relação à conquista do público empresarial e passou a apostar as fichas nos segmentos populares.

Mas atuou com o mesmo estilo com que contemplou setores industriais: do alto do seu poder de presidente, concedeu aos trabalhadores e miseráveis a correção da tabela do Imposto de Renda, o reajuste do Bolsa Família e a manutenção da política de reajustes do salario mínimo. E tudo isso acompanhado de mudanças radicais na retórica.

Essas mudanças de retórica exigem uma estratégia cautelosa de transição que não foi seguida, para não passar a ideia de oportunismo em um momento crítico da sua candidatura

O discurso tem a vantagem de mostrar que Dilma não está inerte. Rompido o imobilismo, é possível que corrija as vulnerabilidades centrais, a teimosia encruada. Mas, para isso, terá que avançar muito além da retórica e cortar na própria carne –na parte central de seu temperamento e estilo de governar.

A reconstrução da credibilidade passa por mudanças ministeriais, para um Ministério de primeira grandeza, por mudanças no estilo autocrático de gestão, pela criação de instâncias de participação da sociedade dotadas de capacidade efetiva de influir em políticas públicas. E pela capacidade de tratar a chamada sociedade civil organizada – de movimentos sociais a empresariais – como um igual.

Eduardo Campos

Já Eduardo Campos está preso a dilemas complexos.

Sua estratégia inicial era se apresentar como um continuador melhorado do governo Lula. Para ganhar massa eleitoral, no entanto, teve que juntar seus ideólogos nacionalistas aos formuladores mercadistas e antidesenvolvimentistas de Marina Silva.

O discurso popular ficou comprometido e ele passou a dedicar todos os esforços para conquistar o público empresarial.

Não avançou muito. A esta altura, parece claro que os grupos de mídia e os maiores grupos empresariais paulistas fecharam com Aécio Neves.

Campos tem o apoio da ala influente, mas restrita, ligada ao Banco Itaú, e dos apreciadores de seu estilo de gestão, nada muito além disso. Sua última cartada será a mudança física para São Paulo, para um corpo a corpo com o mundo empresarial.

Para conquistar espaço junto a esse público, cometeu a impropriedade, ontem, de prometer uma meta de inflação de 3%, que, se fosse viabilizada, jogaria o país em uma recessão considerável e acabaria com a conquista do pleno emprego.

Foi uma mudança de retórica tão radical quanto a de Dilma. E, por radical, deverá provocar mais desconfianças do que adesões.

Aécio Neves

Conseguiu fechar acordo com a mídia. Tem apoio do mercado financeiro, dos grupos empresariais paulistas e conseguiu a adesão do ainda influente grupo de financistas de Fernando Henrique Cardoso.

Isolou José Serra trazendo para sua campanha alguns dos principais serristas, como Aloysio Nunes, Alberto Goldmann e o inacreditável Andréa Matarazzo – para cuidar das finanças (!).

Serra tentou uma rabeira no bonde através de balão de ensaio empinado pela colunista Sonia Racy – de que FHC estaria bancando sua candidatura para vice de Aécio. É mais fácil a torcida do Atlético torcer para o Cruzeiro do que consumar-se essa dobradinha.

Nos próximos meses, os grupos de mídia concederão a Aécio algo que sempre foi sonegado quando era adversário de Serra: visibilidade para o modelo mineiro de gestão.

Em 2010, os jornais preferiam falar dos problemas de contabilização de gastos de saúde do que nos avanços ocorridos em alguns setores. Hoje em dia, tecem loas aos avanços na educação.

Aécio terá que enfrentar desafios muito maiores.

Não dispõe de nenhuma proposta efetivamente popular e de nenhum plano para o futuro. Mostra o futuro acenando com o passado do governo Fernando Henrique Cardoso.

No plano econômico, limita-se ao financismo estéril da política monetária – que, em qualquer plano de governo, deveria ser apenas um apêndice, não o ponto central.

Na sua luta com Campos – para passar para o segundo turno – irá aprofundar os ataques a Dilma e a levantar a bandeira do moralismo, auxiliado pela onda denuncista dos grupos de mídia.
Serão as eleições mais vazias de ideias das últimas décadas.

Não haverá nem o tempero de José Serra. Com Serra na parada, pelo menos havia uma bandeira civilizatória em jogo: a soma das mentes democráticas contra aquele que passou a simbolizar as forças mais obscurantistas, totalitárias e inescrupulosas do país.

O nebuloso 2015

Os próximos anos não serão de bonança. Não há mais espaço fiscal para benesses, há o aprofundamento dos déficits externos e a necessidade de corrigir preços represados.
Mais que isso. Por obra dos grupos de mídia, mas muito como consequência dos tempos atuais, se aprofundará o descrédito nas instituições e a sensação de que tudo é corrupção.

Os três candidatos inspiram muito mais desconfianças do que certezas na maneira de administrar esse novo cenário.

No caso de Dilma, há o desafio de recuperação da credibilidade perdida junto aos agentes econômicos, que certamente piorou com o discurso de ontem. Ganham-se eleições sem seu apoio; mas dificilmente se governa com a credibilidade baixa junto a eles.

Os desafios de Aécio e Campos são maiores.

Ambos conseguiram montar alianças políticas e impor-se em seus respectivos estados em cima de acordos de cúpula. Praticamente liquidaram com a oposição, enquadraram as respectivas Assembleias Legislativas e a mídia estadual.

Governar um estado – mesmo um estado complexo como São Paulo – é tarefa facílima para um governador. Até Geraldo Alckmin consegue.

Já o jogo político nacional é muitíssimo mais complexo.

A eleição de qualquer um deles significaria um pesado desafio de montagem das novas alianças, de preenchimento dos cargos na máquina pública e, principalmente, de administração política dos conflitos sociais. E, qualquer um que seja eleito, terá de carregar o pesadíssimo fardo da subordinação ao poder reconstituído dos grupos de mídia em um momento em que as redes sociais atrapalharão o atendimento das demandas midiáticas e de aliados.

Aécio acumulou mais experiência nacional com a presidência da Câmara e do PSDB, mas restrita aos acordos de cúpula. Campos restringiu-se ao nordeste.

Lula, com mais facilidade, Dilma com menos, conseguiram estabelecer diálogos com movimentos sociais e permitiram avanços em várias áreas ligadas à inclusão. A panela de pressão não explodiu – inclusive porque as condições da economia facilitaram.

Seja qual for o resultado das eleições, 2015 será ano de muitas emoções.

Até agora, nenhum dos três candidatos conseguiu construir sua utopia para apresentar em forma de plano de governo.

A análise é do Luis Nassif e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político

PT aprova por unanimidade projeto de reeleição de Dilma a presidência


O 14º Encontro Nacional do PT inaugurado nesta sexta-feira (2) fez um inequívoco pronunciamento pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff, que foi recebida pelos militantes e dirigentes do partido com o refrão “Um, dois, três, Dilma outra vez”.

Por proposta do presidente nacional da agremiação, Rui Falcão, Dilma foi aclamada pré-candidata à Presidência da República, indicação que será confirmada na convenção nacional eleitoral em junho próximo.

Dilma é aclamada para a reeleição e chegou junto ao Lula
no Evento. Foto: Daniel Teixeira/Estadão.
A presidenta declarou que recebe “a missão honrosa e desafiadora de ser a pré-candidata do PT à presidência da República”. Dirigindo-se ao ex-presidente Lula, Dilma disse que se tratava de um “ato simbólico, mais uma prova forte e contundente da nossa confiança mútua, do compromisso com o povo brasileiro, um compromisso inquebrantável”.

Dilma lembrou que quando Lula assumiu a presidência em 2003, o Brasil “era um e quando a deixou, era outro completamente diferente e muito melhor com imensa autoestima e grandes realizações”. A mandatária reiterou o que já tinha dito em outras ocasiões, que quando sucedeu Lula, sentiu o peso da responsabilidade, de realizar uma tarefa hercúlea.

Dilma defendeu as realizações dos governos de Lula e do seu próprio governo, assumiu o compromisso de continuar trabalhando em favor do povo brasileiro, das mudanças necessárias ao avanço do Brasil como nação democrática e soberana.

A presidenta defendeu a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil “A Copa é uma afirmação do Brasil. Somos o país do futebol”, ressaltou, ao participar. “É muito estranho que nós, que gostamos de futebol, que torcemos pelos nossos times, vibrando e sofrendo, que quando a Copa é aqui na nossa casa, nós não possamos aproveitar”. Ela manifestou a certeza de que o Mundial será um evento bem-sucedido. “Eu tenho a certeza de que a Copa será um sucesso”, enfatizou.

Dilma rebateu os ataques dos pré-candidatos oposicionistas sobre o reajuste de 10% do benefício do Programa Bolsa Família, anunciado na terça-feira (30) em pronunciamento no rádio e na TV. Segundo ela, é importante que “não fiquem as dúvidas levantadas pela oposição”. “Nós últimos três anos e quatro meses, nós implantamos três grandes melhorias [reajustes] do Bolsa Família que elevaram o benefício, em aumento real, descontada a inflação, de 44,3%”, disse.

No discurso perante o encontro do PT, a mandatária voltou a defender a reforma política. “Com esta reforma, tudo começa: a reforma política. Sem ela, nós não vamos conseguir a sociedade do futuro que o Brasil quer ver nascer”, declarou.

A presidenta lembrou o projeto enviado para o Congresso que pede uma consulta popular para a reforma. Na avaliação de Dilma, a participação da sociedade é fundamental para que o projeto avance no Legislativo, o que, segundo ela, é “algo estratégico e decisivo para o futuro da democracia no Brasil”.

Dilma entusiasmou a militância demonstrando energia e disposição para enfrentar o embate político da campanha eleitoral.

Lula: A candidata é Dilma

O ex-presidente Lula se encarregou de sepultar de uma vez por todas a ideia estapafúrdia do chamado “movimento volta, Lula”. “Precisamos parar de imaginar que exista outro candidato que não a Dilma. Enquanto brincamos com isso, os adversários tiram proveito. Se eu tivesse de ser candidato a alguma coisa, a primeira pessoa a saber seria a Dilma. Não podemos gastar energia com coisas secundárias, pois a campanha não vai ser fácil. Estarei inteiramente dedicado à campanha”, assegurou. A julgar pelos aplausos com que estas afirmações foram acolhidas, tudo indica que o “volta, Lula”, se tinha, não tem mais trânsito no PT.

Lula também fez uma consistente defesa dos legados do seu próprio governo e da presidenta Dilma, afirmando que nunca se fez tantas políticas sociais na história do Brasil.

Representantes de partidos aliados – PCdoB, PMDB, PSD, PP, PTB – se pronunciaram em favor da reeleição da mandatária.

Via Portal Vermelho