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Rede Sustentabilidade: uma nova política, ou uma nova direita?




As jornadas de junho mudaram totalmente a conjuntura política do Brasil. A reeleição de Dilma Rousseff, que já era dada como certa, ficou em xeque com a queda de sua popularidade, que segundo pesquisa da Datafolha caiu de 65%, em março deste ano, para 36% em agosto. Até já circula pelos meios políticos um suposto “Volta Lula!”.

Mas o privilégio não foi apenas da atual presidente. Ocorreu uma queda quase que sincronizada de todos os governadores e prefeitos dos principais estados e cidades, além disto, o congresso nacional também assistiu sua avaliação (já não muito) positiva cair de 21%, em março, para 13% em agosto.

No entanto, um nome despontou junto a este período conturbado, o da ex-senadora Marina Silva. Na pesquisa da Datafolha, Marina foi a única pré-candidata a presidência que permaneceu em ascendência nas pesquisas, passando de 14% em março para 22% em agosto (maior pontuação entre a oposição).

Marina Silva conta com a construção de uma nova estrutura partidária para a disputa eleitoral do próximo ano, a Rede Sustentabilidade. O novo partido ainda está em fase de legalização, e já conta, segundo seu site oficial, com 859 mil assinaturas de eleitores brasileiros, número que contrasta com o que os cartórios registraram como aptos a serem considerados legais, que está muito abaixo das 500 mil assinaturas necessárias, problema que está emperrando o registro do seu partido, mas que provavelmente não será problema até outubro.

Nem de direita, nem de esquerda, nem de centro

A Rede se traveste de uma “nova política”, mas parece que o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, começou esta prática antes da “ambientalista”, ao dizer, enquanto legalizava seu partido, o PSD, que “não será de direita, não será de esquerda, nem de centro”. Marina acrescentou mais um elemento em seu discurso: “nem situação, nem oposição”.

Ela pega carona no que o dramaturgo alemão, Bertolt Brecht, chamaria de “tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada” para convencer seus eleitores de que não há mais diferença entre esquerda e direita, praticamente mais uma alusão ao fim da história, como Fukuyama já havia feito pós-queda do muro de Berlim.

Apesar da tentativa de se colocar acima do bem e do mal, o que não falta são contradições entre a sua política e o seu discurso.

Quem não se lembra da campanha de 2010? Ao ser questionada sobre uma das principais pautas dos movimentos ambientalistas internacionais – a construção de Belo Monte –, a ex-Partido Verde se colocou em cima do muro ao dizer: “Não sou contra e nem a favor. O projeto deve ser objetivo. Do ponto de vista cultural, social e ambiental, o empreendimento deve ser ético e respeitar a diversas culturas da região”.
Outro ponto é a diversidade, que a pré-candidata afirma ser uma das características do seu novo partido. 

Mas e a defesa ao principal símbolo de intolerância – seja homofobia, racismo ou machismo – da atual política nacional, o pastor Marco Feliciano (PSC)? Marina declarou, em maio deste ano, no auge do debate sobre a presidência da comissão de direitos humanos, que o parlamentar estava sendo hostilizado “mais por ser evangélico do que por suas posições políticas equivocadas”, tentando blindá-lo das críticas.

E a transparência? Segundo reportagem do Estadão, o processo de legalização do partido já consumiu R$800 mil, e até o prazo final a estimativa dos gastos é que aumente ainda mais 15%. E quem paga esta conta? Sobre isto, a REDE apenas declarou ao mesmo jornal que “são centenas de doadores financeiros que contribuíram com os gastos até o momento e milhares de pessoas que doaram seu tempo, em coleta de assinaturas, em processamento e relação com cartórios”. Mas entre eles estão nomes ligados às maiores empresas do País, como Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e o bilionário Guilherme Leal, um dos donos da Natura, que foi candidato à vice na chapa de Marina, pelo PV, nas eleições presidenciais de 2010.

Como já diria um ditado popular, “quem paga, escolhe a música!”, e na política não é diferente. Este é o padrão já seguido por outras grandes candidaturas, principalmente o PSDB e o PT na empreitada à presidência da república, que são bancados pelas maiores empresas do país, como o Bradesco e o Itaú, que investem milhões nas suas campanhas.

O que esperar, então, de um partido que já nasce com tantas contradições? Eu apostaria em mais do mesmo! Talvez pior do que isto, pois segue a tendência criada, neste país, pelo PMDB, e que agora é seguida pelo PSD, onde se constrói a imagem de que está todo mundo junto e misturado, não existe esquerda, nem existe direita, somos todos brasileiros prontos para ajudar o nosso glorioso país!


Texto Publicado por Eric Gil no Pragmatismo Político

Marina Silva se oferece como opção para os desacreditados nos estereótipos antipartidos arraigados




A ex-senadora Marina Silva fala no lançamento de seu novo
partido
Um dos traços mais problemáticos de nossa cultura política reside no fato de a vasta maioria da população tender, nas escolhas eleitorais, a dar mais valor aos candidatos do que aos partidos.

Nas pesquisas, quando se pergunta ao eleitor o que ele leva em consideração na hora de definir seu voto, mais de 80% costumam responder: “A pessoa do candidato”. Menos de 10% apontam o partido.

Por mais extraordinário, o mais grave não são os números. Pior é vê-los como naturais. No Brasil, ninguém estranha o discurso da primazia da dimensão pessoal. Todos acreditam ser normal pensar assim. Não é. Ao contrário, é sintoma de subdesenvolvimento político. Nas democracias maduras, acontece o inverso. Nelas, não faz sentido achar secundário o partido ao qual pertence um candidato.

Dá para imaginar um eleitor norte-americano não interessado em saber se um candidato, especialmente ao cargo de presidente, é democrata ou republicano? Que prefere fantasiar a respeito de sua “pessoa”?

Atribuir importância decisiva a essa dimensão pessoal é pueril, para dizer o mínimo, até por ser impossível conhecer “no íntimo” os candidatos. Ou alguém se considera capaz de “conhecer” um candidato ou candidata depois de vê-lo ou vê-la de vez em quando na televisão? Como se sua imagem televisiva, construída por meio de alta tecnologia e altíssimos custos, fosse sua “essência”.

Quando o assunto é provocado em pesquisas qualitativas, vemos o esforço do eleitor comum para insistir na tese. Inventa a capacidade de enxergar a “verdade interior” dos candidatos, olhando-os “nos olhos”. Que “sente” quando pode confiar em alguém. Que consegue discernir as “pessoas de bem”.

E assim escolhe. Para que se preocupar com os partidos, se imagina possuir uma espécie de comunicação transcendental com os postulantes?

Essa ficção ingênua e despropositada tem raízes em nossa experiência. Não se mexe impunemente com a estrutura partidária de um país tantas vezes quanto aquelas ocorridas aqui. Sempre há sequelas. O que os militares fizeram em 1966 ao extinguir partidos que mal tinham 20 anos de vida e ao impor um bipartidarismo artificial, repercutiu em todos os acontecimentos da vida política depois da volta das eleições diretas.

Por termos criado tantos partidos e estabelecido uma legislação tão instável a seu respeito, é compreensível que muitos eleitores fiquem confusos e procurem se refugiar no personalismo como critério. Por mais infantil que seja a argumentação.

Agora, depois das manifestações de junho e sua ojeriza aos partidos, o personalismo encontra ambiente ainda mais propício. Aumentou em muito a proporção daqueles que partilham da velha ilusão de que a melhor maneira de escolher candidatos é procurar sua “alma”.

Como se as campanhas fossem uma espécie de concurso de Miss Brasil, os candidatos e candidatas desfilam diante dos eleitores, que definem seu preferido ou preferida pelas virtudes exibidas: quem tem “os mais belos sentimentos”, quem é o “mais sincero ou sincera”, o “mais humano ou humana”, o portador da biografia mais bonita, o que “emociona mais”.

Dos candidatos em campo, a grande beneficiária desse estado de coisas é Marina Silva, ainda mais por adotar uma estratégia política que reforça os estereótipos antipartido presentes em nossa cultura. Ela se oferece como opção para aqueles que acreditam na puerilidade personalista. 

Com sua Rede Sustentabilidade, a ex-senadora não constrói partido algum. Basta ver: quase sete meses depois de fundá-la, nem sequer conseguiu a metade das assinaturas necessárias para solicitar o registro da legenda na Justiça Eleitoral. E apesar de contar com milhares de simpatizantes na juventude de classe média, tão fácil de ser mobilizada. Talvez lhe falte empenho para resolver uma questão tão burocrática quanto institucionalizar o seu partido.

Para os conhecedores da política, isso não seria muito grave, pois Marina poderia se candidatar por outra agremiação. Quem sabe o PV? No fundo, ela e seus seguidores parecem estar apenas a escrever um novo capítulo na história dos partidos personalistas no Brasil. Ademar de Barros não criou o PSP para fazer carreira? Fernando Collor não lançou o PRN para ser candidato? E Enéas Carneiro, com seu Prona?

É a vez do partido da Marina. Para quem não acredita nas legendas políticas, trata-se de um prato cheio.




Via Carta Capital

Plano B? Que destino seguir Marina Silva?




O Jornalista Maurício Dias, em artigo publicado na Carta Capital, coloca em xeque o destino político da ex-senadora Marina Silva como possível candidata ao Palácio do Planalto e no contraponto acena para a entrada em cena, do até então sumido e pior político do Brasil na atualidade, o José Serra.

Ex-senadora Marina silva pode não ter sua candidatura a
presidência em 2014. A Rede Sustentabilidade pode não
se concretizar.  Plano B?
Ante ao cenário ainda indefinido, caso Marina Silva não consiga criar a sua agremiação, a Rede Sustentabilidade, e não se filie a nenhum outro partido, poderemos testemunhar nas disputas para o Palácio do Planalto em 2014, dois cabos eleitorais de grande peso. Marina teve um grande percentual de votos da disputa de 2010. Como Dilma Rousseff não abre mão da reeleição, Lula ostenta ao lado da ex-senadora, como outro cabo eleitoral de peso.

O Serra, já deixou claro que o seu desejo é ser candidato a presidência, não importando o partido. Se o PSDB vacilar ele toma a vaga do até então nome da disputa, Aécio Neves. Caso seja derrotado nas prévias... Talvez, ele nem espere por isso e vá em busca de animar seu ego em outra agremiação. O PSD é o mais cotado. O PPS, talvez?

Ah! para o Serra pouco importa. O que vale é satisfazer o seu ego e ser presidente do Brasil. Que o povo não aceite esse desafio e não sacie o seu desejo. (Redação do INFORMAÇÕES EM FOCO).

Para Serra, pouco importa o partido. O que vale é satisfazer
seu ego e se tornar presidente do Brasil
Veja o artigo de Maurício

Marina sai de cena, Serra entra

Parece definida a situação de Marina Silva em relação à eleição presidencial de 2014. Como não há mais tempo hábil para cumprir as exigências legais para a Rede Sustentabilidade formalizar o registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral, ela não tem opção. Fica fora da competição ou, até o dia 4 de outubro, põe o pé no estribo do primeiro bonde que passar. No entanto, Marina tornou proibido falar em “plano B”.

Não há espaço para ela no PSOL. Não há como retornar ao PV, com o qual rompeu após disputar a eleição de 2010 e “arrancar” quase 20 milhões de votos. Talvez ela seja bem recebida no PPS, que tem como preferência, no entanto, a adesão de José Serra, caso ele decida dar adeus ao PSDB.

Sem Marina Silva no páreo, a situação, em tese, favorece Dilma, com a popularidade em recuperação. As precoces pesquisas indicam que, neste caso, se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno se os adversários fossem Aécio Neves e Eduardo Campos.

O quadro de candidatos ainda está tão indefinido quanto o da economia. Um fator predominante na eleição de 2014.

Para onde escoaria a votação de Marina, considerando que é um voto de forte conteúdo antipartidário? Ela reproduziria a decisão de não apoiar ninguém, como fez no segundo turno de 2010? Até quando ela vai evitar o jogo político? Talvez quando a bem-aventurada Marina entender, como já foi dito, que a política é uma atividade para pecadores.

Além de perder a corrida contra o tempo, Marina engasgou com as mais de 800 mil assinaturas coletadas em um ano. Era preciso, no entanto, certificar em cartório. Somente 250 mil foram reconhecidas oficialmente. A metade do que a legislação exige para a formação de partido. Esse número expressa o mínimo exigido pela legislação: 0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados, não computados os brancos e nulos. Isso corresponde a exatamente 491.656 assinaturas certificadas em cartório de, pelo menos, nove estados.

Marina acusou a lentidão dos cartórios. Foi vítima da burocracia que, quando não falha, tarda. Em gesto de desespero, propôs ao TSE entregar mais de 600 mil sem conferência para obter, em confiança, o registro do partido. Ela pede o impossível: que o tribunal abra uma exceção.

Mas eis que, de São Paulo, chegaram notícias ruins. A Justiça Eleitoral identificou indícios de fraudes na coleta de assinaturas para a criação do partido. O Ministério Público Eleitoral e a polícia foram mobilizados em alguns municípios paulistas.

Somente o registro perante o TSE garante a participação no processo eleitoral. Marina não cumpriu as exigências preliminares para chegar a essa etapa que, em geral, consome cerca de 30 dias. Basta conferir o calendário. O tempo passou.

Dois pesos...

Ao contrário do que prega em alto e bom som das alturas da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, pelo menos em duas ocasiões, reconheceu expressamente a chamada “natureza modificativa” dos embargos de declaração.

Os exemplos ocorreram nos anos de 2011 e 2012. O primeiro é o Habeas Corpus 92.484 e o segundo, no Tribunal Pleno, é o recurso do Habeas Corpus 90.532.

...duas medidas

Curiosamente, as decisões foram motivadas por pleitos do Ministério Público, de onde JB profissionalmente se origina.

O raciocínio do ministro parece seguir um processo seletivo: quando o pedido é da defesa, os contornos dos embargos são limitadíssimos. Quando o pedido parte da acusação, o Ministério Público, a capacidade infringente do embargo é admitida com generosidade.

“Psolitários”

No PSOL, quem forçava a coligação com Marina Silva já está de malas prontas. É o caso, entre outros, dos vereadores Heloisa Helena (AL) e Jefferson Moura (RJ).

“Dialogar sim, coligar não”, reafirma o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
As oito teses que serão defendidas no congresso do partido, em dezembro, defendem candidatura própria.




Via Carta Capital