Mulheres
foram hoje (13) às ruas em 25 cidades para protestar contra a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 181, apelidada por elas de Cavalo de Troia.
Aprovada em comissão especial no último dia 8, com 18 votos a favor e um
contra, a proposta previa, a princípio, ampliar a licença maternidade para mães
de bebês prematuros.
Só
que o projeto foi modificado pelo relator Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP),
passando a definir que a vida começa na concepção – daí o apelido, referindo-se
à lenda do cavalo de madeira recebido como prêmio, mas que estava carregado de
soldados inimigos em seu interior.
As
manifestações estão sendo organizadas pela Marcha Mundial das Mulheres, Povo
Sem Medo, Frente Feminista de Esquerda e diversos outros coletivos feministas.
Em
Ribeirão Preto (SP), o ato foi realizado pela manhã, na Esplanada do Theatro Pedro
II. Em Salvador, teve início no começo da tarde, na Praça da Piedade.
A
partir das 16 horas, as manifestantes começaram a se reunir no Rio de Janeiro,
em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Belém,
Florianópolis, Recife, Ribeirão Preto, Manaus, Brasília, Maringá, Campinas,
Goiânia, Taubaté, Juiz de Fora, Uberlândia, Campo Grande, São Carlos, Maceió,
Manaus e Vitória.
Hostilidade
Para
a professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora da Anis –
Instituto de Bioética, Débora Diniz, a criminalização do aborto reflete uma
hegemonia política de raízes religiosas muito hostil à defesa dos direitos das
mulheres. "Basta ver a aprovação a PEC 181. Para os deputados, antes uma
mulher vítima de estupro presa, ou no cemitério, do que em um hospital
decidindo legalmente interromper a gestação fruto da violência. É uma decisão
cruel para a vida das mulheres reais em nome de uma concepção religiosa de uma
ideia de vida", disse.
A
ameaça de retrocesso, segundo ela, é tendência mundial. "Há um fortalecimento conservador que tem
conseguido atingir uma audiência ampla com um discurso acessível. O campo
progressista tem falhado em fazer o mesmo."
No
entanto, conforme ela lembrou, os momentos de crise são também oportunidades de
reorganização para saídas criativas. "Temos
no momento uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a
descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, e já há 17
organizações com pedidos de ingresso como amicus curiae (amigas da corte)
favoráveis ao pedido. Tudo ocorreu este ano. A reação à PEC também é momento de
unir forças antes não mobilizadas", disse. (Com informações da RBA).