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Quais escolas de samba me representaram em 2019?


Quais escolas de samba me representaram em 2019? (FOTO/Reprodução).

As escolas de samba do carnaval vêm há alguns anos se politizando. Quem não lembra da edição 2018? Foi maravilhoso. A Paraíso do Tuiuti (vice-campeã) nos orgulhou protestando contra o racismo e as sequelas da escravidão até hoje sentidas e sofridas pelos negros e pelas negras desse país.

Temer censura vampiro e Tuiuti desiste de usar faixa presidencial no desfile das campeãs


 Bem que a TV Afiada avisou: a censura vai voltar, porque essa foi a intervenção dos desesperados”, escreveu Paulo Henrique Amorim no seu “Conversa Afiada” ao comentar a desistência do vice-presidente da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do carnaval carioca, de desfilar com a faixa presidencial de vampiro.

Para o jornalista, a censura voltou fazendo com que a Tuiuti se acovardasse. O “AI-5 está em vigor”, realçou. Ele reproduziu integra do matéria do O Globo:


Uma das figuras mais comentadas do carnaval carioca, o vampiro-presidente da Paraíso do Tuiuti, vice-campeã do Grupo Especial, desfilou sem a faixa presidencial neste sábado. Segundo informações do barracão da escola, emissários da presidência da República pediram à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) que impedisse a entrada do destaque. Questionado, o professor de História Léo Moraes, de 40 anos, disse que não tinha recebido essa informação, e que desfilaria com a faixa. Logo depois ele afirmou que perdeu o adereço no fim da apresentação de domingo. A reportagem do GLOBO, no entanto, viu o momento que o professor entregou a faixa para um funcionário da escola guardar dentro de um carro.

- Ele (o vampiro) representa um sistema. Isso que está acontecendo no Rio de Janeiro hoje, para qualquer um que tenha um conhecimento de história, é preocupante. A gente fica até com medo de se manifestar. Eu espero que isso não seja um grande retrocesso - disse o professor.

O carnavalesco Jack Vasconcelos disse que não teria como negar ou confirmar a informação:

- Para ser muito sincero eu passei o dia isolado. Acabei de chegar aqui. Não posso confirmar ou negar essa informação, pois seria leviano - disse.

Mais cedo, o diretor da escola Thiago Monteiro disse que Léo Moraes havia sofrido um mal-estar, mas que a participação dele no desfile estava garantida.

Muito integrantes da escola lamentaram o fato de o personagem entrar na Avenida sem o adereço:

- Uma pena não terem peito de deixar ele usar a faixa presidencial.

Ao fim da apresentação, o professor de história recebeu a orientação de se descaracterizar rapidamente. Ainda mesmo na dispersão ele retirou a maquiagem e a roupa de vampiro. De acordo com fontes da escola, até duas horas antes do desfile a informação era de que professor não desfilaria, mas depois resolveram que ele entraria na Avenida, mas sem a faixa.

A Tuiuti caiu nas graças da internet e foi destaque até na imprensa internacional ao levar para a Avenida o enredo "Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?", com uma crítica social ao racismo e a exclusão social. Na parte final do desfile, a agremiação trouxe uma sátira política e criticou a Reforma Trabalhista e da Previdência. O GLOBO tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência da República, mas não obteve resposta.

"Vampiro não chupou mais o sangue do Presidente", disse Paulo Henrique Amorim. (Foto: Mídia Ninja).



Confira as principais referências historiográficas do “Paraíso do Tuiuti”, uma das escolas de samba mais faladas de 2018


A Escola de Samba “Paraíso do Tuiuti” que entrou na Sapucai na primeira noite de Carnaval do Rio de Janeiro trouxe um enredo politizado ao fazer criticas contundente acerca do fim da escravidão através de um passeio pela historicidade. Do passado ao presente, a escola enfocou temas como a ausência de emprego e a perda de direitos em decorrência do golpe jurídico-parlamentar-midiático ocorrido de forma efetiva em 17 de abril de 2016 quando a Câmara dos Deputados autorizou para ter prosseguimento no senado o processo de impeachment da presidente Dilma. 

O Temer (MDB) que assumiu a presidência em 12 de maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) não escapou das críticas e foi percebido como um vampiro e cheio da grana – em contradição ao seu discurso que prega a crise financeira do país. No fim da apresentação não podia falar o grito de “Fora Temer. Tudo isso com transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão. A emissora levou um tapa na cara como saudação.

Para a construção do enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, a escola que tem como presidente Renato Ribeiro Martins e carnavalesco Jack Vasconcelos precisou recorrer a várias fontes historiográficas, como “A Escravidão na África”, de Paul E. Lovejoy, “Dicionário da escravidão negra”, de Clovis Moura, “O Abolicionismo”, de Joaquim Nabuco, “A Escravidão no Brasil”, de Jaime Pinsk, “A elite do atraso – Da escravidão à Lava Jato”, de Jessé Souza, “Escravo ou Camponês? O protocampesinato negro nas Américas”, de Ciro Flamarion Cardoso, dentre outras.

Clique aqui e confira integra das referências historiográficas utilizadas pelo “Paraíso da Tuiuti”.