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Rejeitada a PEC 37 pós-pressão popular

 
 

A pressão das manifestações populares das últimas semanas, em todo o país, resultou nesta terça-feira 25 na derrubada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limitava os poderes de investigação do Ministério Público. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e na comissão especial que analisou o mérito, a proposta foi rejeitada por 430 votos a favor, 9 contrários e 2 abstenções. Com a rejeição, a PEC vai ao arquivo.

Logo após a rejeição da PEC, as centenas de pessoas que acompanharam a sessão das galerias da Câmara, cantaram um trecho do Hino Nacional. Os manifestantes, em sua maioria representantes do Ministério Público e agentes da Polícia Federal, aplaudiram todos os encaminhamentos favoráveis à rejeição da proposta.

A derrubada da PEC 37 era uma das principais bandeiras dos movimentos populares que têm tomado às ruas de várias cidades brasileiras e do exterior. Por definir que o poder de investigação criminal seria restrito às policias Federal e Civil, a proposta foi considerada como “PEC da impunidade”.

Por duas vezes, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), apelou para que a rejeição fosse unânime a fim de que a Casa ficasse em sintonia com o clamor das ruas. Autor da PEC, o deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA) foi o único a defender a aprovação da proposta. Segundo ele, “um erro de percurso”, em referência às manifestações, fez com que a PEC fosse considerada “nefasta”.

Restringir o poder de investigação do MP: a PEC do enforcamento

 
 
Neste mês de junho, começa a ser definido o futuro da Proposta de Emenda Constitucional (PEC 37/2001) que dá exclusividade às polícias judiciárias – federal e estaduais – para apurar, em procedimento preliminar, a autoria e a materialidade de condutas tipificadas na legislação penal. Uma proposta da lavra de Lourival Mendes (PTdoB--MA), delegado de polícia eleito deputado federal. No caso de exclusão do Ministério Público, teremos uma segunda batalha no Supremo Tribunal Federal (STF) e sobre a inconstitucionalidade da PEC 37. Essa emenda, como alertou o respeitado jurista René Ariel Dotti, torna o Ministério Público (MP) “refém das polícias”.
Não são novas as tentativas de amordaçar e reduzir os poderes e as garantias constitucionais assegurados ao MP. Com FHC, o período foi fértil e se aproveitou dos notórios abusos dos procuradores regionais Luiz Francisco de Souza e Guilherme Schelb. No STF, e pela primeira vez, coube a Nelson Jobim levantar a tese da exclusividade policial nas investigações de infrações penais e, assim, entendeu este ministro ilegítimas as investigações criminais realizadas por representantes do MP. Até agora temos apenas manifestações das supremas Turmas julgadoras, com divergências. No entanto, a maioria aponta para a legitimidade da investigação pelo MP. O destaque que sufraga a inconstitucionalidade da apuração ministerial está no voto da ministra Cármen Lúcia.
Nos anos 1940 e na elaboração do Código de Processo Penal, a dis­cussão centrou-se na adoção, na futura lei processual penal, do modelo europeu do “juizado de instrução” (cabe ao juiz investigar os ilícitos penais) ou do princípio da separação da atividade administrativa de polícia da jurisdicional. Na Europa, evoluiu-se e a atividade investigatória é atribuição da magistratura do Ministério Público. Mais ainda, nos 196 Estados Nacionais do planeta apenas nas ditaduras e em raros países da África proíbe-se o Ministério Público de investigar criminalmente.
A PEC 37 viola o nosso sistema constitucional acusatório. O ponto fulcral decorre do fato de o Ministério Público ser o titular exclusivo da ação penal pública e a Polícia Judiciária (apesar do nome, seus agentes subordinam-se à autoridade do Poder Executivo) exercer, no sistema constitucional, função auxiliar. Ora, o órgão incumbido constitucionalmente de acusar pessoas, e que também pode emitir juízo para concluir pelo arquivamento de procedimentos apuratórios (incluído o inquérito policial), está legitimado, pelo sistema constitucional e pela lógica, a investigar os fatos ilícitos tentados ou consumados.
O referido sistema estabelece uma relação de coordenação entre as atividades dos agentes da Polícia Judiciária e os órgãos do Ministério Público. E os representantes ministeriais atuam, na ação penal pública, em nome e em substituição aos membros da sociedade civil. Por isso gozam das mesmas prerrogativas de independência conferidas aos membros do Poder Judiciário.
Com efeito, a Polícia Judiciária, por meio de peça chamada, desde o Decreto nº 4.824, de 1871, de inquérito policial, pode e deve, na sua função auxiliar, apurar as infrações penais e contravencionais. Isso, no entanto, não impede que o Ministério Público também realize investigações que entender relevantes. E entre procuradores, promotores de Justiça, delegados e magistrados, como ensinou o saudoso administrativista francês Gastón Jesse, não existe relação de subordinação. Em conclusão, o nosso sistema constitucional ficará subvertido, caso seja dada exclusividade apuratória às polícias judiciárias: uma “reserva de mercado” às polícias subordinadas ao Poder Executivo federal e estaduais.
No mundo ocidental, ficou célebre a exitosa Operação Mãos Limpas, que consistiu em uma investigação realizada pelo MP de Milão e a revelar a existência de corrupção na política partidária italiana. Indicado pelo Partido Socialista, o parlamentar Mario Chiesa, administrador do complexo lombardo Pio Albergo Trivulzio, fazia caixa 2 (tangenti), sem esquecer de encher o próprio bolso.
 

MP – CE realizará ato público contra a PEC 37 na Assembleia Legislativa



Para o MP-CE a PEC nº 37 representa uma ameaça a toda a
sociedade por tentar retirar os poderes de investigação
não só dele (MP), mas de todas as instituições
O Ministério Público do Estado do Ceará (MP – CE) realiza nesta sexta-feira, 12, um ato público objetivando se contrapor  a Proposta de Emenda Constitucional PEC nº 37 na Assembleia Legislativa. O palco do evento ocorre no plenário 13 de Maio, a partir das 14 horas e marca o encerramento de uma semana de mobilização estadual. Fazem parte ainda das finalidades desta ação buscar sensibilizar a população contra a Proposta, que está tramitando em Brasília e representa uma ameaça para toda a sociedade brasileira por tentar retirar os poderes de investigação deste órgão e de outras instituições.

Marcarão presença no ato Ricardo Machado, procurador-geral de Justiça, Eliani Alves Nobre, vice-procuradora geral de Justiça, além dos demais membros e servidores do MP. De acordo com informações do próprio site do referido órgão, também confirmaram presença Plácido Rios, presidente da Associação Cearense do Ministério Público - ACMP, Valdetário Monteiro, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Ceará, Nicole Barbosa, presidente do Centro de Indústrias do Ceará, Jackson Sampaio, reitor da Universidade Estadual do Ceará – UECE, Luciana Teixeira de Sousa, vice-presidente da Associação Cearense dos Magistrados – ACM, além de Manuel Pinheiro, membro da Associação Internacional de Procuradores, Romulo Moreira Conrado, representante do Ministério Público Federal e procurador da República e Artur Bruno, deputado federal.

Durante toda a semana, o MP promoveu ações contra a Proposta. No último domingo (7), ocorreu um adesivaço no cruzamento das avenidas Santos Dumont e Zezé Diogo, na Praia do Futuro. Representantes do MP, de entidades públicas e privadas, além das diversas instituições que aderiram à Frente Estadual contra a PEC 37 se reuniram para fixar adesivos da campanha nos veículos dos motoristas que desejaram se integrar ao movimento. Na quarta-feira (10), diversos municípios cearenses realizaram audiências públicas, palestras e entrevistas para sensibilizar a sociedade sobre o tema.  

Mesmo com o fim da semana estadual de mobilização, o MP continua a campanha contra a PEC 37 . Um novo adesivaço está marcado para o dia 21 de abril, no cruzamento das avenidas Santos Dumont e Zezé Diogo, na Praia do Futuro. A manifestação terá início às 9h e término ao meio-dia. A ACMP, em parceria com a Procuradoria Geral de Justiça, disponibilizará um estande no local com água, bandeiras, faixas, além de um carro de som divulgando os jingles e músicas da campanha. No dia 24, em Brasília, procuradores e promotores de Justiça de todo o Brasil, inclusive aqui do Ceará, apresentarão ao Congresso Nacional os resultados dos atos públicos realizados no País.

Informações Complementares : MP - CE