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O que aprendi no movimento estudantil, por Plínio Bortolotti


Como os jovens de hoje eu também participei do movimento estudantil, fiz greves, fui a passeatas, corri da polícia. Sendo um rapaz latino-americano (sem dinheiro no banco etc.), formado por aulas de Educação Moral e Cívica, e por uma cultura machista, preconceituosa e limitadora - própria de cidades pequenas -, assombrei-me maravilhado com a diversidade da vida quando cheguei a São Paulo: rapazes e moças, talvez com história igual à minha, abrindo uma picada em busca de novos caminhos, em plena ditadura, no meio dos anos 1970.

Publicado originalmente no O Povo

O bonde da história estava passando diante dos meus olhos e somente alguém muito insensível não o teria agarrado, mesmo no papel de coadjuvante. Novos horizontes se descortinavam e eu queria ver, sentir, participar e aprender. Fui militante de uma organização trotskista, semiclandestina na época, a Convergência Socialista.

Vi nascer o movimento negro, os coletivos homossexuais e a retomada da luta feminista. Foi uma escola e nela muito aprendi, tanto com as pessoas que conheci quanto com as organizações e partidos que combatiam pela democracia e pela liberdade, cujos militantes lideravam as lutas - greves, ocupações de escolas, manifestações de rua, confrontos com a polícia: mais verbas para a educação, eleição direta, anistia.

Claro que hoje sou uma pessoa diferente, passei a desacreditar em algumas coisas e acreditar em outras. Não vejo mais, por exemplo, a revolução ali na esquina e nem creio no paraíso na Terra, prometido pelo comunismo. Entanto, não renego o passado (nem o idealizo), pelo contrário, dou gracias a la vida que me ha dado tanto; foi nesse tempo que abri os olhos para o mundo, afiei meu pensamento e tornei-me uma pessoa mais crítica; um tempo que ajudou a forjar o que sou hoje: não é grande coisa eu sei - tenho convicção e provas -, mas dá para o gasto.

Partidos e organizações políticas sempre intervieram no movimento social. Acusar os estudantes de serem militantes é querer cassar-lhes um direito democrático; considerar que são mera massa de manobra é menosprezar-lhes a inteligência. O movimento estudantil é e sempre foi uma escola de líderes. E presumir que somente a esquerda se organiza politicamente, crendo que a direita é formada por seres “apolíticos”, tecnocratas que querem apenas uma escola sem partido, ou qualquer outra gororoba, é ingenuidade ou cegueira ou coisa pior.

Pois bem, o governo Temer manda uma PEC ao Congresso, que vai cortar verbas da Educação e dos programas sociais (apesar das negativas oficiais); quer fazer uma reforma do ensino na base da medida provisória. Esperar o quê? Que os estudantes façam cara de paisagem, como se nada estivesse acontecendo? Que os partidos de oposição aceitem sem questionar?

Ora, foi um governo que assumiu por meio de um golpe, de uma conspirata, de uma manobra parlamentar - ou “legalmente”, pois à vista do Supremo Tribunal Federal (STF), vá lá. Mas onde está a legitimidade, onde estão os votos do mandatário que o autorizem a aplicar tais medidas na base da força?

Se os conspiradores políticos imaginaram que bastava assumir a Presidência para “pacificar” o Brasil, caíram no conto do vigário, quero dizer, do “mercado”, o principal indutor das políticas do governo Temer, que está sendo usado para fazer o serviço sujo.

Se vai conseguir, não se sabe - os dados ainda estão rolando -, mas o certo é que, ao fim do jogo, independentemente do resultado, o impopular Temer será peça inservível, e o “mercado” dar-lhe-á um chute na mesóclise e deixá-lo-á na rua da amargura.

Nova universidade

Sou coordenador de um programa de formação de novos jornalistas e noto mudança no perfil dos estudantes que chegam ao jornal. É cada vez maior o número de alunos de famílias remediadas, não brancos, e moradores da periferia que ingressam na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Debates

No programa “Debates do Povo” (rádio O POVO/CBN), o tema da edição de 7/11/2016 foi a greve dos alunos da UFC. Isiane Silvestre representou o movimento de ocupação na universidade; moradora do Conjunto Palmeiras, ela é doutoranda em Educação pela Faced-UFC. Em uma de suas intervenções, emocionada, falou da “luta” que uma pessoa de origem humilde precisa travar para chegar à universidade. Para ela, a PEC 241/55 vai dificultar mais ainda esse acesso.

Movimento estudantil organiza caravanas às universidades para debater impeachment



A União Estadual dos Estudantes (UEE) planeja percorrer as 35 universidades públicas de São Paulo para debater as consequências do impeachment e os riscos que pode representar o governo Temer em relação a direitos conquistados pela juventude. Em entrevista à repórter Vanessa Nakasato, da TVT, a presidenta da UEE-SP, Flávia Oliveira, afirma que os estudantes – sobretudo a juventude periférica – não vão abaixar a cabeça e aceitar a votação do Senado que afastou, ontem (12), a presidenta Dilma Rousseff do comando do país.
Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

"Nós levamos um golpe daqueles que não foram eleitos para nos representar. Mas, ao mesmo tempo, a força da juventude e dos movimentos sociais é de continuar na luta e não permitir que tudo que conquistamos, retroceda", diz.

Flávia afirma que é preciso intensificar as ações contra o impeachment para que Dilma retome ao cargo. Ela ressalta que as permanências de Temer será um desastre e a juventude só tem a perder com o governo do peemedebista. "Por exemplo, a redução da maioridade penal, a redução da maioridade laboral, o Projeto de Lei (PL) 69, que muda a forma de atendimento da mulher violentada. "A juventude negra e periférica não aceitará voltar para os elevadores de serviço e para a senzala. Isso é indiscutível", afirma.

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