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Dos 5 autores mais vendidos na Flip 2019, 1 é indígena e 4 são negros. Cearense Jarid Arraes está na lista


Jarid Arraes. (FOTO/Dani Costa Russo).
Texto | Nicolau Neto

Entre os autores dos livros mais vendidos na livraria da edição 2019 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), estão negros e indígena. Dos cinco primeiros autores, 1 é indígena e 4 são negros.

Jarid Arraes lança na França livro sobre Dandara, líder do movimento negro do Quilombo dos Palmares


A escritora Jarid Arraes nos estúdios da RFI Brasil, em Paris. (Foto: Elcio Ramalho - RFI Brasil).

Em turnê por várias cidades francesas para divulgar o lançamento de seu livro sobre Dandara, uma personagem histórica pouco conhecida do movimento negro brasileiro, a escritora Jarid Arraes se diz surpresa pelo interesse despertado pela obra.

Esse assunto tem despertado muito interesse, não apenas pela curiosidade, pelo Brasil, a escravidão. Mas também porque a França foi um país colonizador. A escravidão é um tema que também se relaciona com a França, e aqui também é um tema tabu. É algo que acrescenta”, garante.

Segundo Jarid, os encontros com estudantes brasileiros e franceses, brasilianistas e o público geral das cidades de La Rochelle, Rennes e Paris, tem gerado mais do que a simples curiosidade por um capítulo ainda pouco explorado na história do país. “É uma maneira de discutir esse tema, sem culpa, polêmica, mas com diálogo”, acrescenta.

Companheira de Zumbi dos Palmares, grande líder quilombola do século 17 contra a escravidão no Brasil, Dandara teve um papel ofuscado na história do movimento negro. “Ela também foi líder e guerreira, também estava na frente das lutas contra a escravidão”, lembra.

A ideia de escrever um livro partiu de um trabalho mais amplo de pesquisa sobre as mulheres negras que marcaram a história do país. Em uma reunião do movimento negro, do qual é militante, Jarid Arraes ouviu pela primeira vez o nome de Dandara, que se tornaria a futura personagem de seu primeiro livro.

Intrigada, Jarid buscou conhecer mais profundamente a personagem e, diante da constatação de que havia pouca informação sobre ela - considerada por muitos uma lenda - decidiu se lançar em um grande desafio.

Já que ela era uma lenda, decidi escrever sobre as lendas de Dandara, porque nem isso a gente tem. Daí surgiu a ideia do livro e a necessidade de resgatar essas mulheres que são muito inspiradoras”, argumenta.

Recorrendo à ficção para suprir dados históricos não conhecidos, como local, data de nascimento, origens e a própria condição de escrava, Jarid recheou o enredo com imaginação, muita religiosidade e a presença de orixás. “Adotei esses elementos para mostrar muitas religiões de origem africana que também são muito marginalizadas no Brasil e no mundo”, justifica.

Racismo e machismo

Em seu trabalho de pesquisa, a escritora identificou dois grandes obstáculos que impediram o resgate mais preciso e contundente da vida de uma mulher fundamental na existência do Quilombo dos Palmares.

A história da resistência contra a escravidão não foi contada nem registrada com todas as glórias, como o outro lado foi. Ali já começa o racismo”, afirma. Outro problema, segundo ela, é o de gênero. “É o machismo. Conhecemos o Zumbi, homenageado no dia 20 de novembro, transformado no Dia da Consciência Negra. Bem ou mal, superficialmente ou não, todos conhecem. Mas a Dandara, companheira dele, as pessoas não conhecem. Essa é uma tendência da história. As mulheres, companheiras ou namoradas, ficam ofuscadas, à sombra”, insiste.

Livro será adaptado para as telas

A primeira edição do livro “As lendas de Dandara” foi custeada do próprio bolso, por meio de um empréstimo e de forma independente, em 2015.

No ano seguinte, o livro foi publicado com o selo da Editora de Cultura. Com cerca de 12 mil exemplares vendidos até o momento, a obra se tornou um sucesso e os direitos já foram comprados pela rede Globo para transformar o livro em uma série. “Tive informações de que será um musical, o que ainda é mais interessante”, adiantou.

Mais do que a adaptação nas telas, seu maior orgulho é ver seu trabalho sendo transmitido pelos tradicionais meios de educação. “A repercussão é muito boa e é muito utilizado em escolas, que era o que eu mais queria”, afirma.

Na França, primeiro país que traduziu sua obra, “Dandara et les esclaves libres” ("Dandara e os escravos livres", em português) é uma aposta da editora Anacoana, especializada em literatura brasileira e novos autores do país.

Estou muito feliz, comecei esse livro sem ter nada, investindo dinheiro do próprio bolso. Hoje, vejo ele chegando em um outro país. Isso mostra o potencial, não da carreira de uma escritora, mas como algo que é coletivo e de uma história que é relevante, de algo que é uma reparação histórica”, conclui. (Com informações do Ceert).

Quando uma escritora negra independente é recorde de lançamento


Já passava das 23h. Quase todas as luzes do shopping Frei Caneca estavam apagadas. Lojas fechadas. Com exceção de uma, no último andar. A Livraria Blooks. A fila que se formou no começo da noite para receber autógrafos permanecia firme e forte. Os últimos leitores só arredaram pé depois de terem seus livros assinados.

Do Medium - Exaustas e realizadas, a escritora Jarid Arraes, a ilustradora Gabriela Pires, e a editora Lizandra Magon, da editora Pólen Livros, puderam então comemorar o sucesso que foi o lançamento de “Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”, nesta última quinta-feira, 01 de junho.

O livro foi o maior lançamento da editora. Foi também recorde de venda da Blooks neste ano, e um dos maiores em sua história. Duzentos e trinta livros foram vendidos, segundo Paulo Costa, supervisor da Livraria.

No Brasil, onde os 72%* dos autores publicados são homens, brancos, e do eixo Rio-SP; onde as personagens mulheres são minoria; onde o protagonismo negro é reduzido a figuras pobres, hora bandidos, hora domésticas, que porventura são assassinados; uma cearense negra publicar um livro sobre mulheres também negras, que marcaram nossa história é mais que um sucesso. É um movimento político, de acordo com Lizandra. Mostra que a sociedade está mais crítica, valorizando novos debates, e que as mudanças da inclusão que aconteceram nos últimos anos, são irreversíveis. “Não vão mais conseguir tirar o protagonismo de quem percebeu que tem importância”, falou.


Escritora Jarid Arraes fará lançamento do livro "As Lendas de Dandara" na região do cariri


Jarid Arraes, escritora do Revista Fórum, residente no Estado de São Paulo e, forte propagadora dos ideias negros lançará no município de Juazeiro do Norte, na região metropolitana do cariri cearense, seu novo livro – intitulado "As Lendas de Dandara".

Segundo informações da escritora o evento ocorrerá no próximo dia 14 (quatorze) a partir das 19h00 na Rua São Luiz, nº 181, no 1º andar, localizado no centro de Juazeiro e no ensejo haverá ainda espaços para exposição das ilustrações, roda de conversa e um sarau organizado pelo Grupo de Mulheres Negras do Cariri (Pretas Simoa). 

Jarid lembra que a obra será vendida a R$ 25,00 (vinte e cinco) reais e somente a dinheiro. Um evento com a finalidade de divulgar o lançamento da obra foi criado na rede social facebook e até o fechamento deste artigo 25 (vinte e cinco) pessoas já tinham confirmado presença.

Em entrevista ao Informações em Foco, a autora falou sobre o lançamento aqui no cariri. “Eu espero que eu possa encontrar pessoas queridas e que também estão engajadas na construção de uma sociedade sem racismo, sem misoginia e outros tipos de discriminação. Só de estar lançando no Cariri já é uma emoção, mas é ainda melhor saber que estamos todos juntos lutando por um Cariri onde o racismo não mais exista”, afirmou.

Dandara

Primeira e única mulher de Zumbi, princesa de Palmares e mãe dos três filhos de Zumbi. Dandara era guerreira valente e auxiliou muito Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa de Palmares. Ela se matou jogando-se da pedreira mais alta de Palmares, que ficava nos fundos do principal mocambo - a Cerca dos Macacos - quando da queda do Quilombo de Palmares para não voltar à condição de escrava.

Além de esposa de Zumbi dos Palmares com quem teve três filhos foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares ainda menina.