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Em post confuso, FHC pede protestos e reação ao governo Bolsonaro


(FOTO/ Valter Campanato/Agência Brasil).

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso retornou às redes sociais neste sábado (5) para fazer comentários confusos sobre o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a demissão de funcionários em órgãos culturais por questões ideológicas. Preocupado, FHC diz que é necessário protestar para evitar que a democracia morra.

FHC afirma que sai do PSDB se partido integrar governo Bolsonaro


(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil).

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou, em entrevista publicada na revista Veja, nesta sexta-feira (30) que, “se o PSDB virar uma sublegenda do governo, qualquer governo, estou fora”, disse.

FHC disse ainda que “se o PSDB cometer o erro de ser uma sublegenda do governo, acabou. É mais um. Se ele fizer, pelo lado contrário, oposição sistemática estilo PT, também acabou. Ou ele atua realmente como centro radical, na forma como eu defini, ou ele não tem mais sentido”, explicou.

FHC aproveitou a entrevista para fazer autocrítica: “Perdemos a eleição por erros também nossos. Temos de ser capazes de fazer autocrítica. Sobreviver porque vai ter um carguinho, sobrevive-se, mas com migalhas. Não com voto da maioria, não com o coração nem com a mente da maioria. Ah, para que vou me meter nisso a esta altura da vida?”, perguntou.

O ex-presidente elogiou também os movimentos que surgiram nessas eleições como o RenovaBR, de Luciano Huck e o Agora, que teve como um dos fundadores o produtor Alê Youssef: “esses movimentos que apareceram nestas eleições, o Agora, o RenovaBR, o Acredito, são muito importantes, porque é uma nova geração que surge. E chegou o momento em que a geração que estava no mando precisa passar o bastão — não a geração à qual eu pertenço, que já está há muito tempo fora”, sentenciou.

Sobre a possibilidade de endurecimento do regime com a eleição de Jair Bolsonaro, FHC acredita que não é possível: “olha, os dois lados estão inventando fantasmas. Um vê fascismo, o outro acha que o comunismo está à porta. Isso era na época da Guerra Fria, quando o comunismo existia, havia a União Soviética. Onde está isso hoje?”, e completou: “o importante é entender que o momento que vivemos não tem nada a ver com o que ocorreu em 1964. É outro momento. As Forças Armadas não estão pressionando pelo autoritarismo”, encerrou. (Com informações da Revista Fórum).


A “solução” Huck



Desenhar o cenário político brasileiro em 2018 não é tarefa fácil. O velho sentimento antipolítica, nutrido no Brasil há muito, seja pelo abismo que separa Estado e sociedade, seja pela desmoralização quase completa dos políticos de carreira, anda revigorado. Escândalos de corrupção e justiçamentos com direito a espetáculo midiático reacenderam nosso “ódio pela política”.

Isso torna muito imprevisível o cenário para as eleições de outubro. Todo mundo sabe: Lula, se puder ser candidato, é favorito. Também é notório que os esforços do Judiciário para retirá-lo do processo eleitoral são ostensivos. Trata-se, para eles, de completar a tarefa do golpe.

Mesmo se conseguir impedir Lula no tapetão, os problemas do establishment brasileiro não estarão resolvidos. Até aqui não conseguiram encontrar uma alternativa eleitoral “segura”. Muitos dos seus representantes chafurdaram em malas e propinas, o que foi demonstrado publicamente com algo mais do que convicções.

As velhas raposas perdem pelo e a popularidade daqueles “de sempre” é desalentadora. Sabem que um candidato com programa similar ao de Michel Temer, isto é, privatizações, cortes de investimentos e ataques frontais a direitos constituídos, tem poucas chances de vencer nas urnas.

Isso talvez explique a bigorna amarrada ao pé de Geraldo Alckmin nas pesquisas. O mesmo argumento explica em parte a popularidade de Jair Bolsonaro, que mobiliza sentimentos antissistêmicos com seus discursos de ódio e intolerância, alguém que vai “acabar com esta bandalheira”.

Vende peixe podre e esconde-se atrás de uma imagem que não é a sua, mas tem encontrado boa audiência. O ex-capitão não é, no entanto e exatamente, um candidato do establishment. Seu flerte com o liberalismo ainda não convenceu a turma do mercado nem o partido da mídia. É preciso encontrar uma solução.

Um candidato do suposto “centro”, da base de Temer, como Meirelles ou Maia, sofre: não pode falar a verdade sobre seu programa, pois não teria a mínima chance. Foi por esta razão que Alckmin afastou-se de Temer como se fugisse de um vampiro.

O governador de São Paulo segue como o plano A do establishment, até que se prove o contrário. Ou melhor, até que as pesquisas de opinião mostrem que ele não decola. E se, de fato, não decolar, precisarão de um plano B, que há meses está no forno.

Alguém que pudesse sustentar uma imagem “de fora” da política, mas ao mesmo tempo mantivesse o compromisso dos “de dentro”; que não esteja envolvido na vida política do País, que consiga mobilizar sentimentos populares e dialogar com todo o Brasil. Que tal um jovem empresário e apresentador da TV Globo? Loucura?

Luciano Huck é um jovem milionário. Foi empresário de entretenimento antes de se tornar celebridade nacional. Conectado com a ideia de empreendedorismo, administra ONGs e financia a produção de filmes, fazendo valer também seu lado de “empreendedor social”. Em seu programa, reforma casas e carros, além de outras pirotecnias que sustentam a sua popularidade.

Tido por alguns como um benfeitor desprendido, consegue entrar na casa do povão e transmitir confiança. Bom menino, trabalhador e cheio de sucesso. Vai transformar essa “lata-velha” num “lar doce lar”.

Elogiado por FHC como alguém que poderia “chacoalhar” a política tradicional, Huck tentou incorporar o “novo”. Há um roteiro escrito e ele esteve tentado a protagonizá-lo. Mas, como diria um velho sábio, sempre tem um porém... Huck não está em um programa de auditório. E não é tão “novo” assim.

Apesar de ter apagado as fotos de suas redes sociais, Huck não poderia fazer esquecer que posou com Aécio em plena torcida na apuração de 2014. Pouco adiantaria dizer que “se decepcionou” com o amigo. Também não poderia negar ser ou ter sido muito próximo de Eike Batista e Sérgio Cabral, que, aliás, fez um decreto para garantir o seu “direito” de manter um casarão em Angra dos Reis que invadiu uma área pública.

Seria ainda lembrado, se fingisse esquecer, do episódio das camisetas utilizadas por crianças com a frase “Vem ni mim que eu tô facin”, à venda no site de uma empresa sua. A mais recente pedrada no telhado de Huck foi a divulgação de um empréstimo tomado no BNDES, com juros subsidiados, para comprar um jato particular. Um pouco incoerente com a ética “renovadora” e “liberal” da estrela global.

Ainda assim, Huck surge (surgia?) como possibilidade real de solucionar um impasse para a ordem. Pode ser um balão de oxigênio para manter a sobrevida da Nova República por aparelhos, ao canalizar imaginariamente a insatisfação geral com a política. Mas, conhecendo os personagens atrás das máscaras, a “solução” seria de curto alcance. (Por Guilherme Boulos, na CartaCapital).


Ao lado de Aécio Neves e Ronaldo, Luciano Huck ganha o prêmio "Os Brasileiros do Ano".
(Foto: Omar Freire/ Imprensa MG).

Sem Huck e em decadência máxima, FHC quer agora testar dono da Riachuelo


Após Luciano Huck ser impedido pela Rede Globo de ser candidato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vai insistir em procurar uma alternativa fora de seu partido para a eleição ao Planalto. Flávio Rocha, dono das Lojas Riachuelo, é a bola da vez.

No fim da tarde de quinta (15), FHC pediu a um conhecido que trabalha com marketing político a realização de uma pesquisa qualitativa sobre nomes para o Planalto. O ex-presidente desconfia da viabilidade do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Hoje ele patina aviação do 10% das intenções de voto.

Rocha vem gostando cada vez mais da ideia de se candidatar, e tem apoio do grupo de direita MBL (Movimento Brasil Livre), próximo da ala do PSDB liderada pelo prefeito paulistano, João Doria. O empresário chegou a ser citado como eventual vice de Jair Bolsonaro (PSC), mas recusou a ideia ao ser sondado.


Sem afinidade com o MBL, FHC preferia um nome mais de centro, mas as opções rareiam no mercado. A atitude de FHC deverá indispor ainda mais a ala alckmista do PSDB com o decano do tucanato. Aliados do governador não digeriram os movimentos públicos dele em favor de Huck. (Com informações do Brasil 247).

FHC quer testar dono da Riachuelo. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).

Fernando Henrique Cardoso volta a destilar preconceito contra pobres


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a destilar preconceito contra a população mais pobre, como fez numa entrevista recente. "É curioso ver que em países como os nossos, com um nível educacional relativamente pouco desenvolvido, as pessoas têm muitas carências. Aqueles que dão às pessoas a sensação de que atenderam às suas carências ganham uma certa permissão para se desviar da ética. É pavoroso, mas é assim. É populismo. É a cultura que prevalece nesses países", disse ele, ao jornal Estado de S. Paulo.

Neste domingo, em seu artigo mensal, ele voltou a bater na mesma tecla. "Será que o Bolsa Família (que se originou em governos anteriores e sem tanto alarde) foi suficiente para amortecer a consciência popular e fazer crer que a esperança em dias melhores se contenta com migalhas?", escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, repetindo a tese de que a população mais carente, que vota predominantemente em Lula, seria mais tolerante com a corrupção. Logo ele, FHC, que blinda o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ajudou a articular um golpe que derrubou a presidente honesta Dilma Rousseff e instalou no poder a organização criminosa (segundo a procuradoria-geral da República) liderada por Michel Temer.

Ainda há tempo?
Por Fernando Henrique Cardoso

Começo de ano. A praxe indica que nestas ocasiões é melhor expressar os desejos de um próximo ano melhor e lastimar o que de ruim houve no anterior, sem deixar de soprar nas brasas de esperança suscetíveis de serem encontradas no meio de desvarios e extravagâncias porventura havidas. Será?

Não sei. Fui formado com a obsessão da dúvida metódica cartesiana. A certa altura, lendo Pascal, percebi que mesmo para os mais crentes o caminho da salvação não se encontrava no cômodo embalar da fé sem pitadas de dúvidas. Melhor tê-las e tentar responder, com a lógica (e a esperança), ao demônio da descrença. Por isso coloco o ponto de interrogação no título deste artigo.

Mantenho a esperança, mas convém reconhecer que 2017 mostrou que não dá para ter certeza de que os riscos da guerra e do irracional não prevaleçam. Já tivemos sonhos de cooperações entre Estados quando os diplomatas se dedicavam ao multilateralismo para resolver problemas ou pelo menos promover convergências de opiniões, mas só vemos confrontações. Quantos atentados terroristas houve? Muitos. E mesmo que um só tivesse havido, matando crianças e adultos que nada têm que ver com as fúrias políticas e religiosas dos fanáticos, já seria suficiente para assustar a Razão. Que dizer do Boko Haram, das mortes provocadas pela Al-Qaeda e pelo Estado Islâmico, dos atentados na Tunísia, no Iêmen ou onde mais seja, que prosseguem no caminho perverso do ataque, já antigo, às torres gêmeas ou ao Bataclan? O mundo parece percorrer um longo ciclo de desrazão que pode muito bem levar a uma guerra mundial.

Quase a cada mês vem nova má notícia. Pior, não são apenas os ditos terroristas que matam a rodo. Nas cidades brasileiras o crime organizado, muitas vezes com fuzis na mão, em conluio com o narcotráfico e o contrabando de armas, mata nas nossas barbas milhares de pessoas por ano. Estamos longe das terras conflagradas da Síria, do Iraque, da Península Arábica ou de onde mais seja, mas nos morros cariocas, nos presídios amazônicos, nas terras desbravadas do oeste ou nas ermas periferias de São Paulo se mata sem piedade, embora com menos repercussão global do que quando ataques terroristas são realizados em capitais europeias.

E que dizer de outro tipo de matança, não apenas moral, mas concreta, quando a corrupção praticada pelos criminosos de colarinho branco, em escala e despudor sem precedentes, além de arrasar moralmente setores ponderáveis das elites dirigentes, deixa ainda mais à míngua os que dependem dos serviços do Estado, sobretudo os pobres?

Diante deste quadro, cujas tintas espessas sublinho para dar nitidez ao olhar, embora sabendo que também se possam ver paisagens menos sombrias, qual tem sido a resposta dos povos? Nos Estados Unidos, Donald Trump elegeu-se, contrariando o establishment, os partidos, boa parte da mídia e de Wall Street. Na Europa Central e do Leste, governos com participação de forças de extrema direita se afirmam na Hungria, na Áustria e na Polônia. Nas pesquisas brasileiras de opinião, pelo menos até agora, sem o quadro eleitoral formado, despontam um capitão irado de cujas propostas pouco se sabe e um líder populista sobre o qual pesam acusações (e mesmo condenações) que destroem o sonho que outrora representou.

Será que, antes de recobrar a Razão, o mundo precisará passar por novas privações e testemunhar o abrir do cogumelo atômico que a irada Coreia do Norte ameaça despejar no Japão, quem sabe saltando sua irmã do Sul pelo temor do contágio, podendo mesmo alcançar os Estados Unidos? Viveremos os horrores de uma guerra globalizada? Há décadas parecia que a confrontação dos Estados Unidos com a antiga potência soviética ou mesmo com a China, sem falar nas fricções entre Índia e Paquistão, ou na potencial reação atômica de Israel ao Irã dominador da técnica nuclear, estava controlada. O que esperar quando Donald Trump decreta Jerusalém capital de Israel, animando um conflito milenar?

E no Brasil? Já não terá bastado o descalabro econômico-financeiro produzido pelo “capitalismo de laços” que o lulopetismo patrocinou, envolvendo e beneficiando empresas e partidos políticos, para que aprendamos a lição de que não há atalhos fáceis para o desenvolvimento e que este requer o império da lei? Será que o Bolsa Família (que se originou em governos anteriores e sem tanto alarde) foi suficiente para amortecer a consciência popular e fazer crer que a esperança em dias melhores se contenta com migalhas?

É cedo para responder. Mas não para agir com convicção e tudo fazer para que tais horizontes não despejem novas tempestades. Que não se iluda o leitor: o pior pode sempre acontecer. Evitá-lo depende de cada um e de todos nós. Não há fé cega na Razão ou nos bons propósitos que barre o Irracional se não se criarem alternativas que impeçam o pior de prevalecer, pela guerra ou pelo voto. As consequências, já dizia o conselheiro Acácio do Eça de Queiroz, vêm sempre depois...

Posta a dúvida, construamos caminhos mais razoáveis. Pelo menos no que está ao alcance da nossa mão. O Brasil precisa, urgentemente, de bom senso. Se as forças não extremadas se engalfinharem para ver quem entre vários será o novo líder e não forem capazes de criar consensos em favor do País e do povo, o pior acontecerá. No afã de juntar, importa diminuir as divergências sobre o que não é essencial. Com esperança, e falo simbolicamente, as forças representadas (ou que os adiante mencionados gostariam de representar) por Alckmin, Marina, Meirelles, Joaquim Barbosa, ou quem mais seja (incluídos os setores ponderados da esquerda) precisam entender que os riscos se transformam em realidade pela inércia, pela covardia ou pela falta de visão dos que poderiam a eles se opor.

Bom 2018!

*SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA

(Com informações do Brasil 247).


Direitos roubados. Temer desenterra Projeto de Lei enviado à Câmara por FHC que autoriza a terceirização ilimitada



Carta Capital - Diz o ditado que o ano no Brasil só inicia após o carnaval, mas em 2017, mesmo antes da folia, o governo federal já começou a dar andamento a seu pacote de maldades, prosseguindo com a sanha iniciada pelo golpe.

Enquanto nas ruas o Bloco Fora Temer demonstrou sua força nos quatro cantos do País, em um Congresso Nacional de costas para o povo, se articula mais um ataque aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Temer e sua turma desenterram um Projeto de Lei (PL) enviado à Câmara por FHC, que desregulamenta o trabalho temporário e autoriza a terceirização ilimitada.

O projeto só depende da aprovação da Câmara e seguirá para sanção de Michel Temer.

O PL 4.302/98, que prevê a subcontratação de empregados em caráter permanente para qualquer atividade, urbana ou rural, pública ou privada, e inclusive para área fim, é uma forma de eximir as empresas de encargos sociais com seus trabalhadores.

Busca reduzir o custo da mão-de-obra por meio da contratação de empresas terceirizadas, conhecidas por seus baixos salários, rotinas laborais desiguais, maiores índices de acidente de trabalho e pela costumeira ausência de recolhimentos do FGTS e da Previdência Social, mesmo com o desconto de sua parcela nos salários mensais.

No que tange ao trabalho temporário, o PL amplia de três para nove meses o limite desse tipo de contrato, permitindo ainda que tal prazo possa ser alongado mediante acordo ou convenção coletiva. Mesmo a jornada de trabalho, que hoje consiste em oito horas, sendo remuneradas as horas extras, poderá ser alterada, pois o substitutivo do Senado prevê apenas: “jornada de trabalho equivalente à dos empregados que trabalham na mesma função ou cargo da tomadora”, não estabelecendo qualquer dispositivo que assegure que os trabalhadores não terão jornadas exaustivas.

Estabelece ainda uma desigualdade desumana entre os terceirizados e os demais trabalhadores, ao alterar o dispositivo que previa que a contratante deveria estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de refeição, destinado aos seus empregados.

É o PL da impunidade, pois exime a empresa tomadora dos serviços do descumprimento de cláusula contratual e da responsabilidade pelo não-pagamento das contribuições previdenciárias e/ou trabalhista. Ao mesmo tempo, anistia os débitos, das penalidades e das multas, às empresas que vinham desrespeitando a lei e contratando irregularmente os trabalhadores.

Em sua conclusão, o projeto coloca a cereja no bolo ao afirmar que “os contratos em vigência, se as partes assim acordarem, poderão ser adequados aos termos desta lei”. Estamos falando do famoso negociado sob o legislado.

Um verdadeiro absurdo que transforma a letra da lei em mera recomendação e não mais em norma a ser seguida. A proposta ainda busca fragilizar a organização sindical, revogando o recolhimento da contribuição devida ao sindicato por parte da empresa de terceirização.

Para virar lei, este projeto que por um lado aniquila concursos e o serviço público, e por outro rasga a Consolidação das Leis do Trabalho e a Constituição Federal, só depende de uma votação em maioria simples para seguir para sanção presidencial. E essa votação pode acontecer a qualquer momento.

Para quem viu na última década o País se desenvolver reduzindo a desigualdade social e respeitando direitos, aceitar esse ataque não é uma opção. Vamos resistir para que essas conquistas não nos sejam roubadas.

Tijolaço: A tal “conversa com FHC” foi mais uma obra dos “gênios” do entorno de Dilma?



Três dias depois de iniciada, a “onda” criada a partir do boato – publicado pela Folha – de que o ex-presidente Lula estaria fazendo sondagens para uma conversa entre Dilma e Fernando Henrique Cardoso, produziu-se o que qualquer pessoa de bom-senso sabia que iria se produzir.

Nada, a não ser mais uma demonstração de arrogância do decano do tucanato, que publicou uma nota grosseira dizendo que “o momento não é de aproximação com o governo” e que “qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”.

Grosseira porque se serve de uma especulação para dar foros de verdade ao que ele próprio não é capaz de afirmar que aconteceu: a sondagem para um contato. E porque recusar-se a uma conversa com a Presidente  da República significa, na prática, negar-lhe a legitimidade de Chefe de Estado que as urnas lhe deram.

E isso não se faz na democracia, embora não se precise ou nem mesmo se deva concordar com o que diz o governante maior do país.

Fernando Henrique, ele próprio, no final de 2002, convocou para uma conversa os principais candidatos à sua sucessão, para anunciar-lhes que  iria, de novo, ajoelhar o Brasil diante do FMI. Todos compareceram, ouviram o então Presidente e suas explicações sobre a “terceira quebra” do país e, mesmo discordantes, reconheceram seu direito de agir como lhe parecia adequado, a alguns meses apenas de sua saída do cargo.

Ninguém lhe disse que não iria a uma “tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, talvez tenha esquecido o desmemoriado da Sorbonne.

Mas o fato – ou factoide –  tem algo mais preocupante do que o jogo-de-cena tucano.

É a autoria desta historieta, que tudo está indicando ser de algum dos “geniais” articuladores políticos  de Dilma, que não entendem que há um processo golpista – e não uma mera crise política – em curso e que nele os tucanos estão metidos até a alma.

E, além dela, a atitude de gente que deveria ser politicamente responsável mas que – perdoem a palavra, mas é um gauchismo do qual o caso não permite fugir – se comporta como “cabaçudo”, com declarações cobertas de rapapés sobre a especulação lançada com o único objetivo de deixar Dilma e sua disposição de conversar com todos – o que nada tem de errado – com uma imagem de pedinte abandonada e ser “esnobada” pelos tucanos.

Nem mesmo inteligência tiveram para sair com uma declaração formal, do tipo “a Presidenta dialoga com todas as forças políticas que desejem m dialogar, mas não recebeu, até o momento, qualquer manifestação neste sentido do ex-presidente”.

Tudo indica que a “ideia genial” proveio de gente que faz de tudo para intrigar Lula com Dilma e que viu na possibilidade de “plantar” esta informação uma forma de atribuir a Lula  a covardia com que encara os fatos, foge do combate político e a crença, furadérrima, de que o clube da elite vai ter condescendência com o governo eleito.

Por que FHC, Aécio, Aloísio e sua turma não conclamam o povo pela reforma política?



A tucanalha entreguista, FHC, Aécio Neves, Aloísio Nunes e sua turma, se estivessem realmente preocupados com os destinos do país, no lugar de insuflar o golpe deveriam conclamar a sociedade para sair as ruas pela reforma política.

Mas só que não. Quanto mais indícios de envolvimento de seus nomes em falcatruas, mais intensificam sua missão diária de espalhar o ódio e pregar o impeachment contra Dilma.

Se pra isso for preciso que haja mais mortes nas ruas, como aconteceu em junho de 2013, eles não se importam. Não agem como estadistas, políticos experientes, cidadãos sensatos.

Querem ver o circo pegar fogo. Assim as atenções se voltam para os distúrbios de rua e as reais mudanças necessárias neste país, ficam pra depois, ou se depender deles, para nunca.

No final de semana FHC convocou a cúpula do partido, com certeza preocupado com as afirmações do jornalista Ricardo Boechat de que não endossava mas também não duvidava das denúncias de que o nome de Aécio Neves estaria na lista de políticos investigados na Lava Jato, analisada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

E o que disse FHC durante o encontro? fez uma intervenção pregando que o PSDB estimule as manifestações do dia 15 mas mantenha distância institucional do mote Fora Dilma. Ou seja, sabe que pregar o impeachment é golpe mas quer o povo na rua, lenha para o fogo maior. Aloysio Nunes garantiu que vai participar.

Ao comentar a respeito das denúncias envolvendo seu nome, Aécio usou mais uma vez, para variar, sua frase predileta: é mentira, é piada. Disse também que o Brasil está se transformando no país da mentira. Com certeza, com sua indispensável colaboração.

A expectativa é de que nesta semana Rodrigo Janot apresente a lista de políticos que apareceram nas investigações da Lava Jato, que apura a lavagem de cerca de R$ 10 bilhões envolvendo fraudes principalmente na Petrobras. Já veremos quem está mentindo ou elegendo nomes que “devem aparecer, ou não” de uma grande lista.

Outro grande escândalo que está deixando a elite e seus defensores sem dormir é o caso swissLeaks, ou suiçalão, como ficou conhecido, que mostra que a sonegação dos ricos é a maior corrupção global e o Brasil não fica de fora.

O ‘Swissleaks teve como fonte original um especialista em informática do HSBC, o franco-italiano Hervé Falciani, segundo o qual em declarações à imprensa francesa, entre os correntistas, estão 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas que movimentam, entre 2006 e 2007, cerca de US$ 7 bilhões. Deste montante, grande parte pode ter sido ocultada do fisco brasileiro.

O número de brasileiros que utilizaram o mecanismo criminoso disponibilizado pelo HSBC foi divulgado divididos da seguinte forma: 10%, das contas estão vinculadas a empresas no exterior em paraísos fiscais (que é o método de esconder o dono do dinheiro); 20% das contas estão em nome de seus proprietários; e 70% são contas numeradas que é o tradicional artifício para ocultar seu proprietário.

Por que o suiçalão do HSBC apareceu pouco nos noticiários da mídia comercial ? por que não se interessam em explicar ao povo como acontecem as operações de sonegação fiscal ? por que não fazem matérias esclarecendo quais são os métodos usados para permitir que os impostos que deveriam pagar e ser usados em infraestrutura no Brasil, são escondidos em instituições vistas como legítimas fora do Brasil?

No site Megacidadania, o repórter Alexandre Teixeira revela como o ex-assessor de FHC, que integrava o programa de privatização da década de 90, Saul Dutra Sabba, dono do Banco Máxima, foi protegido pela mídia conservadora e teve seu nome retirado da primeira lista divulgada no país, sobre o escândalo do HSBC. Por que será?

O blog Diário do Centro do Mundo está desenvolvendo uma série de reportagens sobre o escândalo da sonegação/corrupção da Rede Globo e identificou o paraíso fiscal das Ilhas Virgens como sendo o local onde a Globo executou seus crimes. É exatamente nestes paraísos fiscais que estão centenas de contas de brasileiros, via mecanismos fraudulentos do HSBC.

E então vejamos, é notório o vínculo político existente entre a mídia empresarial e os tucanos. E o HSBC é sabidamente um grande financiador publicitário destas famílias que controlam a mídia brasileira. Portanto, não é difícil que algumas delas tenham utilizado os mesmos mecanismos de sonegação.

Concordo com o editor do Megacidadania que exige a divulgação integral da lista dos saqueadores camuflados pelo HSBC. Acredito ser de extrema valia para os destinos do país e altamente esclarecedor, além de um dever de consciência política de todos que dizem lutar contra a corrupção.

Eu disse e volto a repetir: no Brasil, finalmente, o combate à corrupção chegou aos corruptores e mostrou que o esquema estava na maioria das vezes relacionado ao sistema eleitoral. Daí a necessidade de uma reforma política urgente hoje no país.Sobre isso os golpistas não falam. Por que não conclamam a população para ir as ruas se manifestar a favor da reforma política?
Outro indício claro de que os tucanos e a imprensa comercial familiar jogam no campo dos inimigos do povo e são contra a reforma política de verdade é o silêncio em torno do comportamento de Gilmar Mendes.

No próximo mês de abril faz aniversário de um ano o engavetamento na mesa do ministro de uma ação que pede o fim de doações de empresas para candidatos, comitês eleitorais ou partidos políticos. 

O julgamento, iniciado no dia 2 de abril de 2014, foi suspenso quando contava com 6 votos a favor e um contra.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4650), movida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB), pede mudanças nas Leis 9.096/1995 e 9.504/1997, que disciplinam o financiamento de partidos políticos e campanhas eleitorais. A entidade integra, juntamente com outras 102 organizações da sociedade civil, o projeto da coalização pela reforma política.

Até quando Gilmar vai impedir a discussão do tema pelo Supremo? Até quando todos se emudecerão a respeito ?

Os tucanos de alta plumagem do Brasil não defendem a reforma política porque se a lei eleitoral que hoje permite que grandes empresas financiem campanhas políticas for mudada, os interesses destes setores não terão representantes pagos dentro do Congresso Nacional e, portanto, as questões serão decididas de acordo com o interesse do povo e não de grupos econômicos.

E para se eleger eles terão que apresentar idéias criativas e consistentes, terão que defender os interesses do país e dos brasileiros e não comprar votos com campanhas milionárias; se eleger; e depois defender nas ruas golpes contra a democracia, como se isso fosse parte dela.

FHC, sociólogo decadente, reproduz pensamento dos senhores de escravos



O sociólogo não nos falta… Com sua conhecida e reconhecida profundidade de raciocínio e sua capacidade de síntese, brindou a sociedade brasileira com, mais que uma pérola, uma frase lapidar, naquele sentido antigo do termo: para ser escrita na lápide.

Os nordestinos que votam no PT não votam porque são pobres, mas porque são menos informados”. Devemos todos nos curvar à sabedoria do príncipe. E, mais uma vez, sermos gratos a ele.

Mas não será ocioso refletir sobre o que devemos fazer para nós, nordestinos, ingressarmos na categoria dos cidadãos bem informados.

É possível que, para tanto, a maioria do povo brasileiro, particularmente nós nordestinos que votamos em Dilma no primeiro turno das eleições, nos sentemos ao fim da jornada de trabalho, diante do televisor para receber como expressão inquestionável da verdade a enxurrada de opiniões oferecidas em forma de notícia que brota dos telejornais.

Ou nos dediquemos à leitura semanal da revista Veja e assemelhados, para nos inteirarmos da real situação do país. Em suma, para o príncipe, bem informado é aquele cidadão ou cidadã que lê Veja, Folha, Estadão, O Globo – O Estado de Minas, não, porque o pessoal que lê o Estado de Minas deu vitória à Dilma e ao Pimentel no primeiro turno –, e naturalmente quem assiste aos telejornais dos monopólios de comunicação.

Há um aspecto curioso nessa preferência por discriminar os nordestinos. Vejamos. Dilma venceu no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais.

Ou os pedagogos que preparam os conteúdos de geografia para as crianças de São Paulo nos brindarão com uma nova e revolucionária edição dos didáticos e paradidáticos oferecidos pelos governos tucanos para as escolas públicas ampliando as dimensões e o alcance territorial da Região Nordeste, ou o príncipe esqueceu as preciosas aulas de geografia ministradas na escola primária.

Certos segmentos sociais de São Paulo, particularmente os situados no topo da pirâmide, desenvolveram ao longo do período em que o estado se encontra sob a gestão tucana uma rara incapacidade de perceber o que ocorre realmente para além das barrancas do Rio Grande.

Não é apenas um caso de miopia. Trata-se de uma opção pelo divórcio. A ilusão sobre a extensão das assimetrias… entre São Paulo e o Brasil – São Paulo é ótimo, o que não presta é a vizinhança – conduziu aqueles setores sociais e a expressão política que os organiza, o PSDB, a não se dar conta da presença das mazelas que a concentração de renda e riqueza reproduz no próprio estado de São Paulo, que, como se sabe, está entre os primeiros beneficiários de programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família e outros.

Esse fato os torna insensíveis aos avanços produzidos por um projeto generoso e inclusivo que converteu em prática uma antiga bandeira: “O Nordeste não pode ser visto como um problema para o Brasil. O Nordeste deve ser visto como uma solução”.

O governo Lula converteu esse sonho em realidade. A região permanece crescendo há mais de uma década a taxas equivalentes ao dobro da média nacional.

Por si só, essa é uma conquista inédita na história do país no que toca ao combate às desigualdades regionais. Esse fato histórico significa que no início do século 21, tardiamente portanto, o Brasil encara o Nordeste como um potencial que redireciona os marcos do desenvolvimento nacional com a expansão de um mercado interno popular e vigoroso, a contar com suas próprias forças, o que permite ao país superar as dificuldades impostas pela crise econômica e financeira mundial, com geração de emprego e renda e criando as condições materiais para o exercício da cidadania.

O príncipe reproduz com sua frase a mesquinha leitura que faziam os senhores de escravos e seus descendentes sociais ao desprezar e discriminar a capacidade criativa e produtiva dos filhos dessa região que marca, em definitivo, a contribuição não apenas para a construção das riquezas materiais do Brasil – tente imaginar a construção, o desenvolvimento de São Paulo, sem a presença dos filhos do Nordeste – como para a definição do perfil cultural de nossa gente.

Dilma entendeu o Nordeste. O Nordeste entendeu Dilma. Por isso oferecerá, mais uma vez, sua contribuição para a construção de um Brasil mais justo, mais generoso.


A análise é de Pedro Tierra e foi publicado originalmente no Viomundo

Marilena Chaui classifica preconceitos de médicos e de FHC a nordestinos como “fascismo”


A filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, considera abominável o que o grupo de médicos e estudantes de medicina anti-PT pregam na internet. De castração química a holocausto aos nordestinos que votaram na candidata Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições presidenciais. Uma violência fascista, segundo a filósofa.

Marilena: "Preconceito dos sulistas contra nordestinos é histórico, faz parte da violência institucional da sociedade brasileira". 
O que caracteriza a violência fascista é não suportar a diferença, a alteridade, e partir para a eliminação. Você elimina o diferente, você elimina o outro. O primeiro aspecto abominável disso é o fato de que o que se propõe é, pura e simplesmente, genocídio dos nordestinos. O que é uma coisa inominável, inacreditável, inaceitável", desabafa, em entrevista à Rádio Brasil Atual, acrescentando: "A segunda coisa que é terrível é que isso exprime uma certa direção tomada por uma certa classe média reacionária e conservadora, que vive no sul do país, e que é capaz dessas afirmações e propostas de um grau extremo de violência".

Incapacidade em lidar com ideias, concepções e visões da política diferentes, ao ponto de fazer com que essa diferença seja destruída com a morte do outro é uma coisa que a professora nunca tinha visto no Brasil. É a primeira vez que ela vê um grupo propor o extermínio de uma parte da população brasileira.

Essa posição – mesmo que não seja a do candidato oposicionista, tenho certeza que ele próprio jamais diria uma coisa dessas – exprime uma parte do eleitorado dele, portanto, a violência social que isso pode acarretar. Estou muito preocupada porque eu nunca tinha visto coisa igual no Brasil. Nem na ditadura, nem em 69, quando foi editado o AI-5, que se proclamou a existência de um inimigo interno que precisaria ser excluído, nem lá houve esse grau de violência, porque a ideia era estar num combate, numa guerra civil, a ideia de que haveria mortes e uma guerra. Agora não, não chega nem aos pés do que a ditadura propunha.”

Marilena Chaui vê fascismo em ataques a nordestinos.
Foto: Divulgação.
"É preciso averiguar esse grupo de supostos médicos", diz a filósofa, porque com base na Constituição brasileira, estamos diante de um crime horrendo. Fere a constituição, os direitos humanos, a dignidade humana, portanto, é uma ação criminosa, uma ilegalidade que a justiça brasileira precisa investigar.

Marilena explica que o preconceito dos sulistas contra os nordestinos é histórico, faz parte da violência institucional da sociedade brasileira, que é autoritária, violenta, hierárquica, minada por preconceitos de todo tipo e, para ela, há um agravamento dessa posição pela grande mídia, que reforça esse ódio.

A CartaCapital (revista) fez um quadro comparando o que acontece de agressão na mídia à Dilma, à Marina e ao Aécio. Para a Marina, quase nada. Para o Aécio, muito pouco. E para Dilma, uma página inteira de agressões cotidianas, que ela recebe pelo rádio, pela televisão, e pelos jornais e pelas redes. Então, há um ódio que foi afinado pela grande mídia. E agora, nós estamos colhendo um dos frutos desse ódio, que é a retomada do preconceito com os nordestinos na forma de violência de tipo fascista.”

A professora titular do Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Cynthia Sarti considera surpreendente a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, logo após o primeiro turno das eleições. Ela não esperava que um cientista social pudesse afirmar que os votos que Dilma ganhou nos estados do Norte e Nordeste do país foi dos mais pobres, pessoas desinformadas. "Isso é preconceito", afirma a antropóloga.

Por que quem vota no PT é desinformado? Porque não lhe ocorre que essas pessoas votaram no PT porque a vida delas está melhor com o governo do PT. Essa hipótese, ninguém fez uma pesquisa ainda sobre o voto nessas eleições, mas é evidente, há um indício que as pessoas votaram porque elas fizeram uma escolha. Então dizer que elas votaram porque têm menos informação, são desinformadas, é uma maneira de desqualificar o voto", protesta a antropóloga.

Para ela, é uma afirmação muito grave partindo de um cientista social. "Tem uma arrogância nessa maneira de tratar populações pobres, associar à desinformação e desqualificar o voto. Elas fizeram uma escolha. Votaram no PT porque fizeram uma escolha, não porque são desinformadas. Ao contrário, fizeram uma escolha e, talvez, ele não gostou dessa escolha. É uma maneira muito arrogante de tratar o voto contrário ao que ele esperava.”

A atitude de FHC fez lembrar à antropóloga o que ocorreu com a deputada federal Luiza Erundina, do PSB, quando foi eleita, em 1988, prefeita de São Paulo pelo PT. "É o mesmo tipo de preconceito", afirma Cynthia. "Existia um setor da cidade que protestava contra Erundina e uma das coisas que se dizia na época é que ela era nordestina."

Quando você tem uma oposição política, você desqualifica pela condição social, criando um estigma, assim como é a região Nordeste, com os negros, gays. São várias formas de desqualificar a pessoa porque ela tem uma posição política que é diferente da sua. Eu acho isso muito grave, e as pessoas criam um clima de eleição muito perigoso, porque vai havendo animosidade e um tipo de ‘regra do jogo’ muito complicada", denuncia a antropóloga.

Segundo Cynthia, esse posicionamento pode ter repercussões muito ruins na campanha porque é uma maneira de desqualificar o voto contrário. "É muito desqualificador, por isso que eu chamo de arrogante, porque a arrogância é exatamente isso, a desqualificação do outro. A arrogância é muito violenta. É lamentável, uma pena, essa maneira de lidar com o voto contrário àquilo que o PSDB espera. O suposto Sudeste avançado está se revelando muito retrógrado.”

Via Rede Brasil Atual

FHC: Os fantasmas do homem que quebrou o Brasil


Em artigo no Estadão deste domingo (3), o ex-presidente FHC fez uma análise sombria da realidade e concluiu: “Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção”. De fato, ele teme vários fantasmas. Um deles é bem real: o povo brasileiro, que o rejeita – como apontam todas as pesquisas sobre a popularidade do seu reinado ou sobre sua capacidade de influenciar o eleitorado.


Outro fantasma, até hoje contido, é o da abertura de investigações sobre as maracutaias do seu governo – como a compra de votos para a sua reeleição, a privataria das estatais e tantas outras. Mas o fantasma que FHC mais teme, sem dúvida, é o de uma quarta derrota consecutiva nas eleições presidenciais.

Seu artigo visa exatamente afastar este fantasma. “Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos?”, pergunta logo na abertura. FHC podia aproveitar para responder em que Estados o seu PSDB está bem das pernas.

Os tucanos não têm candidatos fortes em importantes unidades da federação – como no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia e tantos outros. Além disso, a sigla corre o risco de perder em Minas Gerais e no Paraná. No caso de São Paulo, o “picolé de chuchu” Geraldo Alckmin, blindado pela mídia tucana, parece imbatível. Mas não é!

FHC prefere não falar sobre o quadro, este sim muito sombrio, no principal Estado da federação, com a crise de abastecimento de água, o caos no transporte público e os índices alarmantes de violência urbana.

Em seu artigo, FHC também poderia citar os capachos do DEM – este, sim, um típico fantasma. Os demos tendem a desaparecer nas eleições de outubro, rumando para o inferno – se o diabo aceitar tão péssima companhia.

No caso do PPS, do servil Roberto Freire, não valia realmente gastar tinta e papel! No computo geral, as eleições ainda estão indefinidas – nem começaram de fato. O que dá para dizer, porém, é que “há fortes indícios” de que a oposição neoliberal (PSDB, DEM e PPS) tende a encolher!
Temendo este fantasma, FHC faz um esforço prévio para se inocentar. Afirma que a “herança maldita” – “estigma que petistas ilustres quiseram impingir ao meu governo” – foi uma invenção.

Cinicamente, o ex-presidente argumenta que elevou os juros, colocou Brasil de joelhos diante do FMI e paralisou a economia, causando índices recordes de desemprego, para garantir a chegada tranquila do PT ao governo central.

Ele jura que agiu como estadista, sem qualquer apego ao poder e à agenda eleitoral! Para FHC, a presidenta Dilma – com suas “taxas de rejeição nas nuvens, onde nem o céu é limite” – não demonstra a mesma disposição diante dos riscos de derrota nas eleições de outubro. Daí seus falsos temores:

Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la), que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil, que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem, etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para “aceitar o outro”, como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos. Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção”.


Publicado originalmente no blog do Altamiro Borges