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"Prestei depoimento a um juiz imparcial?", pergunta Lula ao Sérgio Moro


Em suas declarações finais a Sérgio Moro em depoimento prestado nesta quarta-feira 13, Lula afirmou que o Ministério Público "está refém da imprensa" e questionou o juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba sobre sua isenção. "Vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos, e uma bisneta de seis meses. Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que eu vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?"

Ex-presidente Lula em depoimento a Moro. Imagem capturada do vídeo abaixo.

De CartaCapital - Moro respondeu afirmativamente."Não cabe ao senhor fazer esse tipo de questionamento, mas de todo modo, sim." Lula disse então que não foi esse "o procedimento na outra ação". Moro negou-se a responder sobre o outro caso, relacionado ao tríplex no Guarujá, que resultou na condenação do petista a nove anos e meio de prisão.

Em pouco mais de 2 horas de pronunciamento, o ex-presidente prestou esclarecimentos sobre a acusação de ter recebido propina da Odebrecht na forma de um terreno em São Bernardo, onde seria erguida a sede do Instituto Lula, e de uma cobertura vizinha à atual residência do ex-presidente.

Em sua fala final, Lula também criticou Antonio Palocci e sugeriu que seu depoimento prestado na semana passada, no qual falou em "pacto de sangue" do ex-presidente com a Odebrecht, é uma tentativa do ex-ministro de repassar sua responsabilidade à frente por seus ilícitos.

"Vi o depoimento do Palocci, muita gente achou que eu ia chegar aqui com muita raiva do Palocci. Ele está preso há mais de um ano, tem o direito de querer ser livre, de ficar com pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo palestra. Se você não quer assumir responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros", disse Lula a Moro.

Lula criticou ainda a atuação do Ministério Público nas ações relativas ao ex-presidente. "Pouca gente respeita o Ministério Público como eu. Vocês enveredaram por um caminho e estão com dificuldade de sair. Querem encontrar alguém para me criminalizar. Em todas ações, o objetivo é esse. "

Lula então falou que uma "pessoa" fez um depoimento à polícia federal e foi alvo de 28 perguntas, sendo 26 delas relacionadas ao ex-presidente. Moro perguntou qual seria a pessoa. Lula falou que não falaria o nome "porque não é delator".

No início de suas declarações finais, Lula chegou a repreender Moro por ter utilizado a expressão "denegrir" durante a audiência. "O movimento negro não gosta".


             

Em Curitiba, Lula depõe a Moro sobre caso do tríplex nesta quarta-feira (10)



Nesta quarta-feira 10, Lula e Sérgio Moro estarão frente a frente em Curitiba pela primeira vez desde o início das investigações da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente. O encontro só não ocorrerá se o Superior Tribunal de Justiça aceitar um dos três recursos apresentados pela defesa do petista para adiar o depoimento.

Do CartaCapital - A primeira conversa presencial entre Lula e Moro no âmbito da operação tratará do processo no qual o petista é acusado de ter recebido propina da empreiteira OAS por meio da reserva e reforma de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, em 2009. A defesa do petista nega que as reformas teriam Lula como beneficiário e apresentou documentos nos quais a OAS diz ser dona da unidade 164-A do edifício.

Réu em outros dois casos sob a jurisdição de Moro, o petista já conversou com o juiz no âmbito da operação. Em novembro de 2016, quando o ex-presidente foi arrolado como testemunha de defesa do deputado cassado Eduardo Cunha, Lula e o magistrado chegaram a trocar algumas palavras por videoconferência: o primeiro encontrava-se na sede da Justiça Federal em São Bernardo do Campo e o segundo, na sede do Paraná.

O encontro desta quarta 10 tem assumido contornos de embate, muito pela mobilização de manifestantes favoráveis e contrários à atuação da Lava Jato. A disputa política não se restringe aos cidadãos. Após o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra anunciar uma caravana de 20 mil manifestantes para Curitiba, a juíza Diele Zydek proibiu, na segunda-feira 8, acampamentos em ruas e praças da capital paranaense até às 23h desta quarta 10 e limitou a passagem de pedestres e veículos no entorno da sede da Justiça Federal.

A decisão vale para qualquer manifestante, inclusive aos apoiadores de Moro, grupo do qual a magistrada parece fazer parte. Em seu perfil aberto no Facebook, ela costuma manifestar oposição a Lula e celebrar a chamada "República de Curitiba".

Não foi tudo. Na terça-feira 9, a Justiça determinou a reintegração de posse de um terreno em Curitiba onde o MST montou um acampamento para aguardar o depoimento do ex-presidente. A área pertence à empresa All América Latina Logística Malha Sul.

Moro negou que o encontro seja um "confronto". Ele pediu aos manifestantes em favor da Lava Jato que não compareçam para o depoimento de Lula. "Tudo que queremos evitar nessa data é uma confusão e conflito, e acima de tudo não quero que ninguém se machuque", afirmou o juiz em um vídeo publicado na página do Facebook mantida por sua mulher, Rosângela Wolff Moro.

Marcado para 14h, o depoimento de Lula não deve ser transmitido em tempo real. Moro proibiu a entrada de aparelhos celulares na sala de audiência. O juiz vetou ainda o pedido da defesa de Lula de registrar o depoimento por conta própria. O objetivo dos advogados do petista era captar as imagens de todo o recinto e não apenas do acusado.

Por outro lado, o magistrado determinou uma gravação adicional de imagens do depoimento, "não frontal, mas lateralmente e que retratará a sala de audiência com um ângulo mais amplo".  A gravação em vídeo deve ser tornada pública poucas horas após o fim da sessão.

Pela primeira vez na Lava Jato, Moro e Lula estarão frente a frente em Curitiba.
Pedro de Oliveira/ ALEP e José Cruz/ Agência Brasil.