A
“reportagem” do Jornal Nacional de hoje onde Aécio Neves admite o uso do
aeroporto de Cláudio deveria ser copiada e distribuída nas escolas de
jornalismo.
Porque
é uma aula de como não deve (ou deveria) ser o jornalismo.
O
texto é uma colagem de notas oficiais e declarações em clima de campanha do
candidato tucano.
Não
há uma gota sequer de reportagem ou investigação.
Vale
o que foi escrito e o que foi dito pelo candidato.
Cláudio,
que não chega a 30 mil habitantes, vira “um grande centro industrial”, nas
palavras incontestáveis do candidato tucano.
Não
há uma indagação sequer sobre o que justifica o asfaltamento de uma pista de
aviação em Montezuma, uma vila que não
tem oito mil e nem coisa alguma, exceto a fazenda que a empresa da família
Neves tomou ao Estado num usucapião pra lá de estranho.
Mas
convenhamos, as faltar a pista de
Montezuma, por R$ 300 mil, foi uma bagatela, fora a desapropriação perto
dos R$ 14 milhões gastos para asfaltar a pista aberta por vovô Tancredo nas
terras do contraparente, irmão de Dona Risoleta.
Ninguém
se interessa em perguntar porque uma obra custou 40 vezes mais do que outra,
bastante semelhante.
Quem
sabe pudessem perguntar ao piloto do “avião da eleição” que o JN põe no ar para
mostrar as mazelas do Brasil – que começaram neste governo, é claro – se é
normal pousar em aeroportos irregulares.
Ou
se ele se comunicava com a “torre” de Cláudio.
-
Manda chamar o tio!
-
Fala, sô
-
Fasta os boi, que nós tá ino…
-
Já mandei tirá, minino.
-
Os garoto dos aeromodelo num tão por lá, não?
-
Craro qui não, avisei qui quem ia brincá hoje era ocê…
Nenhum
repórter foi olhar o processo para saber, afinal, em quanto ficou a bufunfa do
tio na desapropriação.
A
culpa é da Anac, que não homologou um aeroporto particular que não apresentou
os documentos. E outro, o de Montezuma, que nem pediu para ser homologado.
Carece
não, é só pro menino usar.
Inútil,
porém, a pasteurização jornalistica do assunto.
O
povo, que é muito menos bobo do que a Globo pensa, não compra bonde faz tempo.
A
expressão de Aecio, olhos esbugalhados, palavras despejadas, trai mais a verdade
que a tolice do que é dito.
É
o “não me deixem só”.
Não
adianta remendo.
Era
melhor fazer com o gato, que enterra.