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Seu Ivan é entrevistado na passagem dos 60 anos de emancipação política de Altaneira


João Ivan mantem um gabinete em sua casa onde atende o povo. (Foto: Alana Maria).

Em João Ivan Alcântara foi uma das figuras políticas mais notáveis da História de Altaneira. Prefeito por quatro mandatos nas décadas de 70, 80 90 e no início do século XXI.

Natural de Assaré, iniciou sua carreira política com o Coronel Manoel Pinheiro de Almeida, o Né de Almeida e foram, junto com outras personalidades, responsáveis por elevar o distrito de Altaneira a condição de município. Seu Ivan também foi por um curto período de tempo vice-prefeito. Nas eleições de 1973 concorreu na chapa de Oliveira, vindo a exercer o mandato de vice-prefeito por seis meses.

A entrevista foi cedida a Jornalista Alana Maria para o Blog de Altaneira. Alana também escreve para o site Miséria. Na conversa seu Ivan fala de sua longa trajetória política, sua participação na luta pela emancipação do município, mas também discorre sobre a recente “desavença” com seu sobrinho Dorival, a qual demonstrou está decepcionada. Quanto a líderes políticos na atualidade, ele foi descrente. “Tu olha assim nossa juventude e parece que não tem ninguém preparado para o tamanho da coisa. Essa é a verdade. Geralmente o perfil é aquele jovem social, abrasivo, que está no meio de tudo, prestativo, ativo, trabalhador”. Para ele, “essa pessoa jovem está faltando em Altaneira”, pois, é “necessário habilidade para ser líder”.

A entrevista rendeu comentários elogiosos, mas também controvérsias quanto aos fatos narrados.

Na rede social facebook, José Rufino Filho endereçou mensagem no perfil de Raimundo Soares Filho, administrador do Blog de Altaneira:

A entrevista de sua filha com o ex prefeito faltou relatos de um passado nada digno e não tão distante para não ser lembrado por ocasião do inicio político do entrevistado, foi vice prefeito de quem? Traiu alguém? Agora seus feitos são contados com certo heroísmo o que não condiz com a história. Nas ultimas eleições não elegeu ninguém para a câmara, ou a sua sobrinha não consta? Suas administrações foram marcadas por inúmeros escândalos, descasos no âmbito que perpassa a sua gestão. Este rapaz não pode falar de traição, pois é algo inerente de sua casta”.

Em resposta, Soares escreveu “nosso blog é um espaço de construção coletiva, escreva sobre seu pai, conte-nos a sua versão dos fatos, com certeza muitos de nossos leitores irão gostar”.

Confira abaixo a entrevista completa.

BA - Quando surgiu o interesse pela vida política ativa?
Em 1955, me tornei vocacionado para a política. Nessa época, Altaneira era distrito pertencente a Farias Brito, tendo o Coronel Manoel Pinheiro de Almeida como prefeito. Ele, que tinha o governo, a câmara e sendo quase filho de Altaneira, teve a atitude de tentar aproveitar a política em sua mão e inserir Altaneira no meio dos distritos que tentavam se provar município.

Ele procurava uma pessoa alfabetizada para um trabalho e, na cidade, somente eu e Socorro Carneiro éramos. Como era um serviço de andar a pé, a cavalo, no sol o dia todo, ele me fez o convite. O ano era 1957. Quando cheguei em Farias Brito ele tava com a portaria feita, com minha nomeação pronta e eu ainda sem saber o que seria. Ele me nomeou como fiscal de arrecadação do distrito, mas praticamente não era isso que ele queria comigo. Depois de assinar, ele me levou até o IBGE para aprender como seria o preenchimento de formulários, requisitos e boletins para criar a cidade de Altaneira.

BA - Como foi este trabalho?
Foi uma espécie de censo. Ele me disse “você vai me elevar o número de eleitores, de casas e toda a parte econômica para mandar para Fortaleza”. Eram 90 dias para ver se Altaneira entrava com os demais distritos, como Antonina, Catarina, Potengi. Ele ficou com medo de lançar a ideia e não dar certo, afinal política é política e precisou dos dados antes. Então fiz esse trabalho de “crescer” o eleitor. Existe até uma piada. Eu disse “Seu Né, tem muita gente que fisicamente aparentam 18 anos e se ele não tiver os 18 completos, o que faço?” E ele me respondia “Se ele não tem registro, eu empresto os meus até formular os 18”. E assim o fiz. Como os rapazes eram corpulentos, não dava para o juiz desconfiar que ele era “de menor”. Se fazia o pedido do registro alterando os 2 anos para o rapaz tirar o título de eleitor.

BA - Aumentou muito?
Uns 30%, mais ou menos (Risos). Teve que aumentar. A lei só aceitava ser município com 6 mil habitantes. Somente agora passamos disso. O grande negócio era o deputado segurar na oratória o candidato dele. Nosso deputado estadual Cicinato Furtado Leite era muito temido na época, então foi uma negociada: “assine aqui, que eu assino ali”. Essa foi a sorte de Altaneira.

BA - E como se portaram os políticos de Altaneira nesta época?
Tivemos uma política ruim como distrito. Se você olhar a história de Altaneira, nós fomos de Santana do Cariri, de Assaré, de Farias Brito, voltamos para Assaré e depois para Farias Brito. Ninguém nos quis. Ficamos de mão em mão, até que essa lei nos salvou. Sendo cidade ou distrito, a política é algo que existe em toda sociedade. Já existiam candidatos aqui. O primeiro a conseguir se eleger como vereador foi Chico Fenelon. Lançaram Joaquim Bitu pelo PSD e Chico pela UDN, sendo este o candidato do Manoel de Almeida, e o eleito. O período de Manoel de Almeida foi muito bom para nós, porque tínhamos tudo. Ele tinha (parceria com) o Governo do Estado, a Câmara de deputados, a Câmara Municipal.

BA - O que queriam estes políticos? Houve quem fosse contra a criação do município?
Muitos queriam a emancipação e outros não queriam. Foi uma briga política. Você sabe como é. Um lado e o outro pula fora. Alguém não quer porque não é do seu interesse, do seu entendimento. Nesta época, em agosto 1958, eu viajei para Goiás. Todo o trabalho que fiz com os dados, o pleito sobre Altaneira foi contemplado em dezembro, justamente no 18 de dezembro de 1958.

BA - Foram poucos dias para um longo trabalho. E ali já se resolveu a questão do município?
Ainda não. Só a lei não faculta o município. O que assegura o poder ao município é a administração, a instalação com independência. E só se é independente com Câmara e Prefeitura, os dois poderes.

BA - E este trabalho de pesquisa lhe inseriu na vida política de vez?
Sim, nesse período. Dava-se o nome grosseiro de “cabo eleitoral”, que era aquele que visitava, que conversava com o eleitor, que convencia ele que as coisas poderiam melhorar. Era a pessoa que preparava o eleitor. “Não, mas não tenho registro”. Eu faço o registro. “Não, mas quero casar civil”. Eu faço o casamento. Quer dizer, pronto para fazer o eleitor.
Já fazíamos as coisas por eles (os eleitores) de muito tempo. Era para ele ir no cartório, fazer seu registro, tirar a segunda via, fazer o requerimento para título e votar em quem quiser, mas essa subordinação (do político com o povo) já vem de muito tempo.

BA - Então o trabalho também seria para registrar oficialmente cidadãos e eleitores altaneirense, não apenas um levantamento quantitativo.
Veja, o registro público era muito difícil naquela época. Era preciso ir em Santana do Cariri… A pessoa podia até achar que não teria sentido ter um registro, um título. Eram tão desinteressados que até você dando o documento, a fotografia, levar no lugar, pagar almoço, eles ainda botavam banca. Eles achavam que tudo aquilo era para a gente (políticos), que não beneficiaria em nada para eles. Quer dizer, naquela época você chegava na casa das pessoas e eles não tinham nem documento de certidão de nascimento, imagine saber que votar era um dever cívico, um direito, uma obrigação.   

BA - Aprendeu assim a política na prática?
Na época que comecei política era assim. O cabo eleitoral é esta pessoa, sendo político ou não. Era o professor do eleitor, votando na gente ou não. Eu não devo nenhuma eleição a cabo eleitoral. Quer dizer, eu sabia fazer, então eu mesmo fiz minhas campanhas. Qualifiquei o povo. Conheci. Fui na casa de um por um para fazer o eleitor. Eu fui um prefeito que sabia onde estavam as pessoas. Não pedi nada a ninguém para fazer aquilo que eu sabia fazer. Ou melhor: que eu já havia feito para os outros. Parece que teve só eu de político que fez esse trabalho por si mesmo. É tanto que nas minhas apurações eu sabia com quanto eu ganhava. Era capaz de fazer minha eleição sem o juiz apurar. Isso porque eram pessoas que estavam no meu dia a dia e os números estavam no meu fichário.

BA - Depois disso disputou eleição?
O primeiro interesse era a criação do município de Altaneira. Todos os dados para esta criação passaram por minhas mãos. Com isso, teve a eleição. Eu sabia que íamos perder a eleição porque em 1958 teve uma seca muito grande e a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) jogou tudo nos candidatos do PSD. Eles faziam negociata do voto com dinheiro da SUDENE. Não havia quem escapasse. Quem deu eleição não foi o povo, foram as cadernetas de auxílio. Em 25 de março fui exonerado. Era assim. Quando a UDN ganhava, tirava os pessedistas, quando o PSD ganhava, tirava os udenistas. Então viajei. Precisava de trabalho. Nessa o Coronel Manoel de Almeida ainda fez um vereador em Altaneira, que foi o Fenelon. Em 1959 matam o Né de Almeida quando ele era candidato a prefeito de Altaneira e eu não estava aqui. Quando voltei em 1960, Fenelon era prefeito.

BA - O senhor ainda seria eleito prefeito outras cinco vezes. Como isso se deu?
Em 1965, teve o concurso e vou trabalhar na Secretaria de Fazenda. Em 1972, todos me apoiavam a candidato - a Câmara, os deputados, o prefeito. Nessa época existia isso de eleição única, candidato único. Não existia democracia. Se eu quisesse poderia ter sido prefeito ali, mas eu sentia que o povo não queria mais aquilo, que o povo estava rompendo esta amarra para ir a uma eleição dividida, com dois candidatos. Depois que recusei, lançamos dois candidatos, sendo Fenelon e Oliveira. Eu fui o vice de Oliveira e nos elegemos em 1973.

BA - Em 1977 começa seu primeiro mandato como líder da chapa, como prefeito. Como foi essa primeira gestão?
Não foi melhor por falta de recurso. Fui vítima de mandatos com pouco dinheiro, mas havia despesa. Houve tanta boa vontade e garra para trabalhar. Era como se Altaneira fosse meu patrimônio, algo da minha família. Mesmo sem recurso ainda fiz um bocado de obras. Comigo foi criado colégio de primeiro e segundo grau, saneamento, rede de água. Eu tinha visão e não gastava à toa. De fato, só a partir de 1986 começaram a chegar recursos federais em Altaneira. Foi difícil começar o ano e só ter algum recurso no final daquele ano. Havia algo errado nessa estrutura. Eu sofri porque não tinha como fazer nada. Nessa época não tinha tanta briga por prefeitura como se tem hoje, porque não havia dinheiro. Nem o salário era bom. Não se entrava em uma prefeitura pensando em dinheiro, como hoje. Era diferente. Antes você tinha que ser praticamente um benfeitor, trabalhar de graça. Meu último orçamento em Altaneira, em 2004, foi em torno de 3 milhões e 900 mil reais, coisa que não consegui arrecadar totalmente. Hoje temos em torno de 20 e tantos milhões de reais. Então às vezes não se vê o trabalho, mas vê muito bem o dinheiro.

BA - Como Altaneira era na visão do senhor?
Altaneira era pobre. Era pouco dinheiro para muita coisa a ser feita. A urbanização precisava ser feita porque nossas ruas muito arenosas ficavam acidentadas. Cada rua era um rio que ia dar na lagoa. Educação foi o foco. Se não investisse em educação não havia começo de nada. Hoje os prefeitos não sofrem com nada. Sofreram fomos nós. Eu tive que buscar professor em fábrica de tijolo do Crato. Por que? Era diplomada, mas não tinha condições de trabalhar porque os contratos eram pra filhos de fulano. Eu dei essa oportunidade. Naquele tempo tínhamos que ir atrás. Ainda bem que hoje temos muito para exportar.

BA - Como o senhor conseguia manter o apoio político?
Era diplomacia. Sempre fui passivo com minhas coisas na política. Sempre respeitei a liderança. Nunca perdi uma sucessão. Meu trabalho foi de porta aberta. Nunca briguei com a Câmara de Vereadores. Era questão de relações públicas. Precisei aprender a diplomacia quando trabalhei na SEFAZ. Se você consegue dominar um cara embriagado, rebitado, num posto fiscal que chega para a briga sem querer pagar o imposto e você faz com que ele pague, é porque você é bom naquilo.

BA - Mas como lidar com os interesses opostos?
A primeira coisa que você tem que ter como administrador é a confiança nos seus colegas. É preciso lealdade. Não me consta, não me lembro, se fiz deslealdade que provocasse um sentimento a pessoa. Acho que minha permanência na política de Altaneira foi por este objetivo de ser leal. Por que hoje vemos a degradação da política? Porque não há fidelidade: você coloca alguém em um cargo de confiança e quando dá fé ele está te traindo, está te roubando.

BA - Houve traição com o senhor?
Eu lidei com esse tipo de gente. Mas era algo a parte, um cargo isolado. Não penetrou no coração da administração. Tentei fazer minhas administrações isolando a parte principal. “Você pode mexer em outras veias, mas no coração, não”.

BA - Vamos dar nome aos bois. O senhor ficou decepcionado com Dorival Arraes?
Demais, demais. Foi inesperadamente aquilo ali. Em política, realmente, existem várias coisas que podem te levar a esta situação, mas existe o peso que você suporta. Só vai até ali. Mas no caso de Dorival, mesmo se você colocasse o maior filósofo, intelectual, para estudar ele, essa pessoa erraria também. Ali foi um caso inédito.

BA - O senhor apostava muito nele, seu sobrinho e pupilo.
Eu já tinha alguma análise sobre a pessoa dele, mas não tinha suspeita. Aquilo que você nunca imaginou que poderia acontecer é o que acontece. Foi violento. Aquele menino eu criei dentro da prefeitura. Fiz quatro eleições do pai dele, fiz a eleição da mulher, fiz a dele para vereador, fiz de Dorivan, fiz de Zé Arraes. É muita coisa. É o peso de um trem. De santo ele virou o satanás. Eu não conhecia o íntimo dele.

BA - O senhor também esteve presente na campanha de Dariomar e hoje está afastado.
Ajudei, fiz campanha. Não era meu candidato, mas era da coligação. Vejo gestores de hoje, que a gente trabalhou, ajudamos a eleger e quando chega lá, a gente já é falecido há muito tempo. Às vezes ficamos com vontade de ajudar aquilo que vemos se desmantelando, mas sente também, por outro lado, que aquela pessoa não precisa de você, porque não te procurou.
Mas a facada de Dorival foi dez vezes mais forte, até porque eu não tinha capital político suficiente para aguentar aquilo. Houve traições, mas nada semelhante a briga que teve com a família Arraes. Lembro que no dia de tirar o nome dele como candidato. Chorou a mãe, o irmão, chorou tanta gente que não tinha como aquilo dar certo mesmo. Ia terminar dando em lágrimas. Parece o verso da Salve Rainha: “chorando e gemendo neste vale de lágrimas”. Foi o que aconteceu.

BA - Mesmo depois disso o senhor continuou ativo politicamente.
Política não é para ser assim. Se você for ver, política é algo bonito. Só deixo a política quando morrer. Hoje faço política de observações, silenciosa. A política é um desenho da sociedade. Não é feito para traição. Eu não desejava mais ser mandatário. Existia um desejo da juventude em passar pelo poder e era meu dever guiar isto. Mas infelizmente não tivemos sucesso. Três jovens que foram e falharam.

BA - E agora, qual futuro terá a política de Altaneira? Há um novo pupilo?
Infelizmente não vejo nada. Estou aguardando. Tu olha assim nossa juventude e parece que não tem ninguém preparado para o tamanho da coisa. Essa é a verdade. Geralmente o perfil é aquele jovem social, abrasivo, que está no meio de tudo, prestativo, ativo, trabalhador. Essa pessoa jovem está faltando em Altaneira. É necessário habilidade para ser líder. Altaneira me transformou em líder, mas comecei em 1957 e para me tornar líder em 2004. Na mesma profissão, realizando o mesmo trabalho. Sem traições. Claro que a política tem sua didática, mas é necessário lá na frente fazer um consórcio.


#Altaneira60Anos. João Zuba: da construção de cacimba a símbolo da banda cabaçal


João Zuba é patrono do acadêmico Nicolau Neto. (FOTO/ Heloisa Bitu).

João Sabino Dantas foi um homem simples. Agricultor por profissão, mestre da cultura por paixão. Foi um exímio exemplo de esposo e pai. Passou boa parte de sua vida construindo cacimbas, quando as águas do açude pajéu ainda não eram realidade nas residências dos munícipes. É o que contou sua esposa e seus dois filhos em entrevista a este blogueiro.

#Altaneira60Anos. A força do movimento negro


A força do movimento negro, por Nicolau Neto. (Foto: Cláudio Gonçalves).

Comecemos essa discussão com o poema de Jorge Posada:

" Um negro sempre será um negro,
Chame-se pardo, crioulo, preto, cafuzo, mulato ou moreno-claro
Um negro sempre será um negro:
Na luta que assume pelo direito ao emprego
E contra a discriminação no trabalho
Um negro sempre será um negro:
Afirmando-se como ser humano
Na luta pela vida".

Tem-se aqui uma nítida ideia de que é preciso um senso crítico quanto ao tema em questão. Faz-se necessário então a desconstrução do mito da igualdade racial.

O Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Os negros foram trazidos do continente africano para cá, escravizados e, não se contentando com isso, as elites político-econômicas da época, através de diversas práticas, cuja escravização foi uma delas, fizeram com que negros e negras deixassem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando práticas europeias.

No dia 20 de novembro, data dedicada à consciência negra, é importante destacar que o movimento negro tem por objetivo não deixar esmorecer e resgatar essa cultura afro- brasileira, rebatendo a desigualdade e a separação racial que insiste em permanecer sobre o povo negro. Ressaltemos ainda que ele (o movimento) é uma batalha travada contra o senso comum. Numa sociedade onde se assume que existe preconceito racial é contraditória a afirmação que não há discriminação e racismo pessoal.

Não é novidade que o racismo está presente no cotidiano. As questões aqui são: onde o racismo atrapalha, rouba, diminui, fere, interfere, omite, engana, diferencia a população negra que constitui toda uma nação de outra raça? Aí está a chave. É entra o movimento negro, numa armadura e resistência coletiva de uma raça presente e atuante.

Nunca é demais lembrar, já que ele insiste, apesar dos avanços que já foi efetivado, que o Estado é o personagem responsável em garantir a igualdade. Porém, se o estado age de forma ativamente contrária ou de forma omissa em seus serviços de policiamento, saúde pública, geração de renda e trabalho, educação, o que leva a discriminação racial, então temos algo além de problemas sociais. O Estado passa a alimentar um atraso e constrói um apartheid.

No entanto, o país é composto de edifícios, a saber, as instituições de ensino, Ongs, empresas, templos religiosos e famílias. Porém, muitas dessas organizações não estão afastadas de conceitos errados, uma vez que não romperam com seus dogmas racistas, não tendo em seus quadros representantes de diversas raças e etnias. Isso leva ao fato de que o racismo tem efeito letal e em massa.

Diante desse quadro movimento negro assume seu papel de destaque, não se baseando apenas em probabilidades e teorias, mas em fatos comprovados nos diversos espaços de poder na sociedade. As ações do movimento estão diretamente ligadas às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial, mas também ao machismo e intolerâncias religiosas e culturais.

No Brasil, as referências para essas lutas continuarem são muitas, como por exemplo, Zumbi, Dandara, Beatriz Nascimento, Tia Simoa, Abdias Nascimento, Revolta dos Malês, Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC), Grupo de Mulheres Negras Pretas Simoa e tantas representações de luta e resistência do povo negro. Assim, o movimento negro é resultado de uma série de manifestações decorrentes de um processo histórico. A amplitude do movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de inquietações individuais e coletivas.

Conclui-se que o movimento negro precisa expandir suas ações e chegar em outras localidades.



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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

#Altaneira60Anos. Redução da Maioridade Penal, o que pensar?


Redução da Maioridade Penal, o que pensar?, por Nicolau Neto. (Foto: Flávia Regina).

O Brasil vem aos poucos aumentando o número de prisioneiros. Atualmente já se encontra entre os países com a maior população carcerária. Talvez para um desavisado isto se configure com ações que nos dá mais segurança, ou ainda que o Brasil esteja inibindo as ações violentas. No entanto, é preciso dizer que mais prisão não é, nem de longe, sinônimo de segurança, ao passo que elas vêm significando menos segurança e mais violência. Reduzir a Maioridade é uma afronta à Constituição, ao Estatuto da Criança e do Adolescente e principalmente um desrespeito e uma afronta aos direitos da juventude.

As soluções encontradas pelos governantes, algumas inclusive em análise, não representam passos que visem à completa solução do problema. Este continua a ser tratado pelo velho caminho que, diga- se de passagem, somente amenizam o caso, mas não soluciona. O pior ainda é que este caminho errado trilhado pelas elites governantes somente se dá contra a massa popular e, infelizmente, depois do ato consumado.

Diante deste lastimável cenário e como exemplo do que foi mencionado acima, está tramitando o projeto de lei que tem como finalidade diminuir a idade penal, projeto esse do Senador Aluísio Nunes (PSDB). Nesse mesmo espaço encontram-se algumas propostas de Emenda à Constituição que tramitam na Câmara com o objetivo de reduzir a maioridade para diversas idades, a saber: 16 anos (PEC 272/04), 14 anos (PEC 169/99), bem como também para 12 anos (PEC 345/04). Vale deixar claro aqui que de acordo com a redação da PEC 489/05, esta submete o menor de 18 anos à avaliação psicológica para que o juiz conclua se ele pode ou não ser punido como adulto.

Nesse caso, pode - se dizer que as soluções ainda caminham pelo caminho perigoso da repreensão e punição. A redução da maioridade por exemplo se incluí neste quesito. Assim, o pais continua reprimindo mais e punindo mais. E essa, simplesmente, não representa uma sociedade com dignidade, respeito, solidária e principalmente com justiça para todos, afinal, já é sabido os principais alvos dessa política de exclusão – negros e negras pobres.

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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

#Altaneira60Anos. Regimento Interno da Câmara: um erro ou uma falácia?



Meus eleitores não desculpam. Não estão nem aí se o vereador ou vereadora dormiu mal ontem à noite. Não querem nem saber se a cabeça e o pensamento estão em outro lugar que não no seu trabalho frente a câmara. Pouco estão preocupados com as falhas humanas e sequer aceitam que errar, mesmo que constantemente, é humano.

Regimento interno da Câmara: um erro ou
uma falácia?, por Nicolau Neto. (Foto: João Alves).
Outra vez ia com meus pares andando pelas ruas do centro da cidade e nos deparamos com duas pessoas que de forma calorosa discutia os casos da última sessão. Reduzimos os passos para que elas não nos percebessem. Mas só reduzimos de forma que pudéssemos ouvir um pouco da conversa. Cogitamos chegar o mais próximo possível e, quem sabe, participar também, pois o assunto nos dizia respeito. Só cogitamos, pois achamos melhor apenas se aproximar.

Uma delas dizia:

- “Não vou mais perder meu tempo ouvindo aquelas sessões. Não sai nada de futuro. Nada que melhora significativamente a nossa vida. Só falam de casos particulares, de suas desavenças pessoais”.

A outra interrompeu e afirmou com toda segurança e desprezo ao mesmo tempo.

“- E agora entrou na discussão um tal de regimento interno que não sai mais. Que mal pergunte, mais o que isso que eles tanto falam e que é necessário segui-lo”?, perguntou.
- “Ah, o Regimento”..... Disse sua companhia de conversa.  “É um documento onde tem tudo o que pode ou não fazer o vereador, a vereadora. Para exercer com zelo o seu trabalho é muito importante ler e interpretar o regimento”, concluiu.

- “Tipo um livro do professor, da professora?”, perguntou a outra.

E enquanto isso os parlamentares ouvindo tudo.

- “Isso mesmo”, respondeu a outra. “Olhe, aquele regimento se fosse gente ele já tinha dado tanto esparro com a surra que leva. É uma vez por semana, mas a dor é tão grande que vale por um mês de sessão. É tanto parágrafo que lhe acrescenta. É tanta modificação de palavra. Toda semana surge um regimento novo. Rasga o antigo porque o lugar que ocupa não mais interesse ficar lendo e relendo ele. E outra, isso para quem sabe interpretar. Tu sabias que lá tem gente que nunca leu? É o que deduzimos, porque só não tendo lido para cometer tantos erros’.

- “E é?”, perguntou desapontada a outra.

- “E toda semana é isso. E piora quando as picuinhas, quando o lado pessoal fala mais alto. Imagina você que 97% - talvez mais – das sessões só é isso. Tem pessoas lá que não é exemplo para ninguém, mas parece que quando chega na câmara incorpora um personagem ético, que luta pelas causas sociais e que nunca cometeu nenhum erro. Outros e outras ainda que pouco apresentou projetos e requerimentos que beneficiem o povo, mas lá se faz de bom samaritano, de Madre Tereza de Calcutá”.

E os parlamentares só observando.

- “Nesse caso o regimento interno é um erro, né?, porque toda semana eles constroem um?”, perguntou aflita a sua companhia de diálogo que ouviu atentamente a explicação.

- “Não’, respondeu. “Na verdade, ele é uma falácia”.

- “Falácia”?, questionou a outra.

- “Sim. Veja bem”, disse a outra pessoa. O regimento é uma falácia na medida em que os vereadores e vereadoras não o leem. E quando o fazem interpretam-no com um raciocínio errado com uma aparência verdadeira e propositalmente é bom que se diga. Ou seja, eu uso o regimento quando me convêm”.

- “Ah, entendi”, disse.

- “Então, errados e erradas são eles, são elas e não o regimento. Errados e erradas porquê eles e elas independentemente do lado partidário que estão devem se unir e fazer mais, muito mais por quem são seus verdadeiros patrões e que, portanto,  pagam seus salários”.

- “E quem são”? Perguntou a outra pessoa.

- “Nós”, respondeu.

Os parlamentares não quiseram mais ouvir a conversa e retornaram por outro caminho dizendo – Nosso maior erro é continuarmos agindo assim.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).





#Altaneira60Anos. Política e Religião se discute sim


Política e religião se discute sim, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Falar de religião não é muito comum. Falar de política partidária também não é. Como assim? Me perguntaria um falador dos temas em esquinas, nas igrejas, na prefeitura ou na Câmara. É o que mais se discute em minha cidade. Não há assunto que mais saia da boca do povo que não seja política e religião.

De fato, respondia se a me fosse realmente feita essa pergunta. Afinal, o que mais se ouve das bocas das pessoas que frequentam templos religiosos é a bíblia, é jesus, o divino.... Mas, o que eu enquanto líder religioso tenho feito para ajudar o próximo? O que eu enquanto fiel tenho feito para praticar a solidariedade? Enquanto líder e fiel eu visito o meu vizinho, a minha vizinha porque sinto vontade de colocar os papos em dias ou o faço simplesmente quanto tenho a intenção de convencê-la a ir à igreja?

Os discursos mais fortes que pregam os representantes do povo é a melhoria da saúde, da educação, do transporte, incentivar a cultura... A palavra que mais se usa é povo, ou melhor, o “em nome do povo”, “pelo povo”. Mas, o que se tem feito para melhorar a vida do povo? Quais projetos sociais que permitam independência financeira do povo foram ou estão sendo construídos? Eu conheço bem a realidade do povo que tanto uso em discursos? Eu realizo visitas rotineiramente nas casas das pessoas ou simplesmente reconheço um vizinho, um amigo de dois em dois anos nos períodos eleitorais?

Política e Religião são o que mais de discute mesmo. Eu falo muito de religião para dizer que a minha é a correta e a do meu semelhante é a errada. Isso quanto é entre um católico e um protestante. O católico diz que a dele é a certa e o protestante da mesma forma afirma que a dele é a correta. Porque quando o assunto são as religiões africanas, Protestantes e Católicos se unem para se desfazer dessa forma de cultuar o divino. A Umbanda e o Candomblé não são aos olhos de católicos e protestantes – na grande maioria - uma religião, mas algo do mal. Mas eu discuto religião. Eu discuto religião. Vejo um incêndio acontecendo e pessoas aflitas com aquilo, mas eu não me sensibilizo e ainda assim promovo uma missa. Porque no meu entender, adorar a deus é mais importante do que ajudar os aflitos em um incêndio. Rezar e Orar são mais importantes do que ajudar uma criança que passa por necessidades. Mas eu discuto religião e discuto na igreja, na rua, na praça... E quanto ao incêndio? E quanto à criança passando por necessidades? Ah, não se preocupe bôbo. Não ligue para isso bôba. Deus está vendo. O importante é irmos à igreja. O importante eu celebrar a missa, o culto.

Quanto à política partidária...... Essa também não sai de moda. Eu falo dela diariamente. Falo quando digo que fulano foi o melhor prefeito, enquanto que cicrano foi um desastre. Falo assim do fulano mesmo sabendo que não corresponde a verdade dos fatos e continua a dizer que cicrano não realizou o que era esperado mesmo sabendo que não é bem assim. Falo de política quando faço parte de um grupo, luto com ele e depois o descarto pelo simples fato de poder político, de cargo público e de quebra eu ainda uso o nome do povo para justificar a minha desavença política, a minha picuinha política, o meu desejo pelo poder. Falo de política ainda quando aquele grupo que eu odiava, hoje eu o adoro.

Diante disso, cabe uma pergunta. O que religião e política têm em comum? Deus e o Povo. Na religião eu uso o nome de deus para justificar as minhas ações, muitas delas que só prejudica o fiel. Você tem que passar por isso porque deus quer, portanto aceite. Não questione. Na política, eu uso o nome do povo para mudar ou permanecer em um grupo político, e na grande maioria das vezes para financiar o meu projeto de poder.

Por isso, falar de religião e de política não é muito comum.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).

#Altaneira60Anos. Política, politicagem e a indignação seletiva


Política, politicagem e indignação seletiva, por Nicolau Neto. (Foto: Lucélia Muniz).

Certa vez na casa situada à rua "povo discutindo tudo”, o casal Dório e Febrôncia estava em um debate sobre política.

- Eu detesto política. Disse dona Febrôncia.

- Deixe de besteira. Respondeu indignado seu Dório. E no mesmo instante perguntou a ela - Você detesta se vestir? Detesta andar descalça? Detesta comer? Quer ver seus filhos passando fome?

- Não! Respondeu prontamente. E com um ar de quem não estava entendendo as provocações de seu esposo, disse: E porque tantas perguntas Dório?

- Como o porquê das perguntas. Ninguém deve odiar o que nos traz comida, roupas e calçados. Ninguém deve odiar de onde se pode trazer melhoria para nossa rua. Nenhuma pessoa deve dizer que não gosta do que pode tirar milhões de pessoas da miséria, Febrôncia.

- Eu sei de tudo isso Dório. Mas, não é a política que permite que esses benefícios aconteçam. Nenhum político está preocupado com o bem-estar do povo. Ao contrário, eles só se preocupam com o bolso deles e de suas famílias. Não adianta votar nesse ou naquele, nessa ou naquela candidata, porque todos são iguais. Olha, o melhor que a gente faz é trocar nosso voto por algum benefício. Sei lá.... um saco de cimento, cerâmica, telhas, tijolos... Sei lá... dinheiro, qualquer coisa. Se fizermos isso, perderemos menos. Afinal, quando ele ou ela chegar na câmara ou na prefeitura, não vão fazer nada em prol do povo mesmo. Disse com fervor a Dona Febrôncia.

- Não, mulher. Não deves pensar assim. Falou com uma voz suave o seu Dório. Quando age assim só irá contribuir para alimentar ainda mais um sistema perverso de corrupção. Você estará favorecendo a entrada no poder público de candidatos que, comprando votos, se sentirão na obrigação de não fazer nada para melhorar a sua cidade. Muitos já fazer isso porque gostam, imagina você ajudando...

- Isso é politicagem. Não gosto, disse ela. Aliás, detesto quando chega época de período eleitoral. Pessoas que nunca andaram em minha rua e agora só porque é candidato/a se acha no direito de bater em minha porta para pedir voto. Antes passava por mim e nem um bom dia dava. Se faltasse dez centavos para completar o dinheiro do quilo de açúcar não vendia e agora vem todo sorridente? Não, comigo não, afirmou ela.

 - Seu Dório, mesmo entendendo que nesse caso sua mulher tinha razão, falou – Você está certa, mas, olhe. Até mesmo na politicagem devemos prestar muita atenção. Ela tem muito a nos ensinar. Por ela, Febrôncia, nós podemos não votar em candidatos com esse currículo que você citou. Isso que você disse mostra que está antenada na política e na politicagem. Demostra ainda que tu estás indignada com o que ocorre em nossa cidade. É muito importante conhecer e investigar a história daquele e daquela candidata/o. Se procurarmos fazer isso com todos eles não iremos cometer o erro de, por exemplo, acreditar em todas as suas promessas e mentiras, pois saberemos que ele e ela quando estiveram no poder nada fizeram. Querem apenas voltar ao poder ou permanecer nele.

- Febrôncia, suspira e diz – Dório, desde quando tu entendes tanto desses assuntos, nunca te via discutir assim?

- Dório, sorri e responde – a vida nos ensina.

- Mas,  e se nessa história de investigar o passado do candidato, da candidata descobrimos que não tem em quem votar?, perguntou ela.

- Podemos anular o voto, disse ele. Essa é uma das formas que temos de manifestar nossa indignação com o estado de coisas que se arrasta de há tanto tempo. E quando você pensa e age assim, demonstra que se estás indignada e revoltada com muitos e não apenas com um ou dois candidatos só porque é desse ou daquele partido.

Mas se ao conhecer a história do candidato, da candidata, resolver votar nele ou nela, é preciso que saiba que sua função não acaba quando o resultado sai. É necessário saber cobrar trabalho daqueles em quem votamos. Porque são eles que irão nos representar para dirigir nossas cidades, nossos estados e nosso país.

São os vereadores, prefeitos, deputados, senadores que ao serem eleitos com o nosso voto irão dirigir nossos destinos. São eles que, uma vez colocados no poder legislativo e executivo, aprovarão leis que podem prejudicar e deixarão de aprovar outras que poderiam nos beneficiar. São eles ainda que irão fazer leis em causa própria, completou seu Dório.

- Então, disse a esposa - a política influi em tudo na nossa vida. Precisamos redobrar as atenções, principalmente quando estiverem eleitos, afinal, lá estarão eles ganhando altos salários e, na grande maioria das vezes desviando recursos. Mas, lá estão também aqueles e aqueles que estão procurando governar com e para o povo.


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Nicolau Neto é professor; palestrante na área da Educação com temas relacionados a história e cultura africana e afrodescendente, desigualdades raciais, preconceito racial, diversidade e relações étnico-raciais; ativista dos direitos civis e humanos das populações negras; membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec); membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe (ALB/Araripe); servidor público no município de Altaneira, diretor vice-presidente da Rádio Comunitária Altaneira FM e administrador/editor do Blog Negro Nicolau (BNN).