Eu gostaria de começar agradecendo por estar fazendo parte deste espaço interativo de informações que, como o próprio nome afirma, demarca um território identitário de informações sobre o povo negro brasileiro, com foco na região do Cariri Cearense.
Diz
um provérbio africano que "quando as
teias de aranha se juntam elas podem amarrar um leão", o que conduz
meu olhar sobre o BNN como parte da imensa teia de expressividade e propagação
do ativismo negro brasileiro. Desta forma, o blog se insere como mais uma
ferramenta que compõe a Imprensa Negra Brasileira, parte fundamental na atual
conjuntura política para a construção das narrativas do cotidiano sobre a
população negra Caririense. Podemos, portanto, considerar esta ferramenta como
mecanismo anti colonial, formando opiniões afirmativas sobre uma significante
parcela da população do país que ainda tem sua imagem diretamente relacionada à
escravização humana, ou seja, a uma imagem colonial e negativa. Assim o blog
integra o histórico da Imprensa Negra brasileira que, desde sua fundação
(1833), busca denunciar o racismo ao mesmo tempo em que constrói uma imagem
positiva da população negra brasileira.
O
primeiro jornal brasileiro legalizado dirigido por pessoas negras e voltado
para a população negra foi lançado em 1833 no Rio de Janeiro. Em sua primeira
edição o jornal "O homem de cor" apresentava um alto teor político e
declarava que "O governo, sendo
composto de brancos, NÃO DEVERIA SER OBEDECIDO PELAS CLASSES HETEROGÊNEAS",
o que nos revela uma consciência de classe a partir da consciência racial,
percebendo a divisão de classes como consequência da organização racial da
sociedade onde os brancos figuram como administradores e, o mais importante,
convocando às "classes heterogêneas"
(composta pela população preta e indígena em sua maioria) a desobedecerem as
determinações da classe administrativa (composta por brancos) que governam o
país conferindo privilégios para si mesmos como se fossem direitos.
Com
este espírito politicamente consciente e coletivamente combativo, nascia a
Imprensa Negra no Brasil. E o blog Negro Nicolau dá hoje continuidade a essa
história. Por este motivo histórico eu me sinto muito honrada em fazer parte
dessa teia como uma das colunistas do blog Negro Nicolau.
Já
que comecei agradecendo eu gostaria de encerrar também com palavras de gratidão
e afirmo aqui o meu desejo de que esse espírito político e combativo ganhe cada
vez mais vida na luta anti colonial que se firma e se expande no Brasil.
___________
*Karla Jaqueline Vieira Alves é historiadora, mãe preta, Caririense e colunista do blog Negro Nicolau.
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