A política é compromisso, por Darlan Reis Jr.


Darlan Reis Jr. (FOTO/ Reprodução/Facebook).

Não é fácil fazer política institucional, aquela formal, eleitoral. Nem a outra política, a que leva em conta também as forças sociais e suas lutas, não apenas as eleitorais.

Mas vamos ficar no campo da política dentro dos atuais parâmetros institucionais.

Não é fácil. Além do jogo desigual, relacionado à estrutura econômica e de poder, existe o aspecto da capacidade de analisar a conjuntura, o planejamento estratégico e tático, a disponibilidade de tempo e de recursos, a habilidade do diálogo e a firmeza.

O pessoal que acha que é fácil, deveria entrar em um partido político e se chegasse à condição dirigente, veria que, fazer tudo aquilo que os bons sentimentos de quem vê de fora e acha ser possível, não é assim que funciona.

Primeiro porque não depende só do seu partido, mas sim dos aliados. Dentro dos partidos é preciso ter a resolução política correta e aceita por seus militantes. O entendimento da diferença entre princípios, diretrizes, programas, planejamentos, propostas, agitação e propaganda.

Segundo porque precisa de lastro popular, ter capacidade de alcançar o maior número de pessoas, sem cometer a prática do hegemonismo, que não deve ser confundida com hegemonia.

Terceiro, para quem se define como Esquerda que não seja de Gabinete (essa é aquela que visa apenas ocupar cargos para benefício pessoal, defende o status quo apesar do discurso social), a política eleitoral serve como meio de luta e de defesa de conquistas para o povo, mas não é um fim em si mesmo.

Os apelos à unidade da Esquerda são válidos, são necessários, mas se não estiverem relacionados a algo maior, são apenas sentimentos bons, porém estéreis do ponto de vista do resultado. Qual é a plataforma mínima, além daquelas de defesa (resistência, "fora Bolsonaro", etc)?

O que queremos como projeto mínimo de país? Para além dos slogans tradicionais? O que propomos romper de imediato se alcançássemos o poder político institucional atual? E quais são os nomes indicados para ocupar estas funções - vereador, prefeito, deputado, senador, governador, presidente?

Se os projetos são pessoais, mesmo de pessoas honestas, lutadoras e capazes, ficamos reféns da lógica do sistema. A lógica do sistema induz a pensar que política é coisa somente de profissionais, basta votar e opinar sem se organizar, cidadania é estar em dia com a Justiça Eleitoral, dar palpite aqui e ali e pronto.

Está mais do que na hora de quem sente a necessidade de mudança política, fazer parte da política no dia a dia, ajudar a fortalecer os partidos políticos de sua preferência e parar de deixar que os outros decidam por nós.

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Darlan Reis Jr é professor Associado da Universidade Regional do Cariri, Departamento de História. Doutor em História Social pela Universidade Federal do Ceará. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Social, atuando principalmente nos seguintes temas: mundos do trabalho, história agrária, lutas sociais, escravidão, pobreza, direitos de propriedade, trabalhadores e suas resistências. Líder do Núcleo de Estudos em História Social e Ambiente - NEHSA, grupo de pesquisa cadastrado no CNPq. Coordenador do Centro de Documentação do Cariri (CEDOCC). Coordenador do Curso de Graduação em História - manhã. Desde junho de 2017 é pesquisador vinculado ao INCT-PROPRIETAS. É Mestre em História Social pela Universidade Severino Sombra e Graduado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Volta Redonda - UGB (1994).

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