Uma análise da greve dos caminhoneiros e caminhoneiras, por Cristiano Dourado


Greve dos caminhoneiros. (Foto: Reprodução).


Estamos no sexto dia do movimento que parou o país e pegou muita gente de surpresa. A confusão e a dificuldade de compreensão do movimento tanto pela direita quanto pela esquerda salta aos olhos. Para setores da esquerda trata se de um locaute. Uma paralisação dos patrões. Outros dizem que seria um plano malévolo para provocar uma intervenção militar.

A direita midiática que inicialmente apoiou com entusiasmo o movimento agora foca nos danos causados pela paralisação.

A depender da fonte, de 30 a 40 por cento da frota de caminhões é composta por autônomos, aqueles que são proprietários do próprio caminhão. Enquanto que de 60 a 70 por cento da frota é composta por caminhões de empresas transportadoras.

Se o movimento foi idealizado pelas empresas com apoio dos autônomos ou se foram os autonômos que organizaram a paralisação e as transportadoras estão se aproveitando para impor suas pautas especificas isto é secundário para se buscar compreender o sucesso do movimento e o apoio popular que alcançou.

A paralisação tem como causa primeira a política de preços dos combustíveis da petrobrás inaugurada após o golpe de Estado qye derrubou Dilma Roussef. Pedro Parente do PSDB assumiu a Petrobrás e decidiu que os preços dos combustiveis flutuaria livremente sem qualquer controle.

Desde então o diesel aumentou mais de 40 por cento. A gasolina e o gás de cozinha cerca de 60 por cento.

Este aumento praticamente zerou a remuneração dos autonomos e reduziu drasticamente a margem de lucro das transportadoras. O impacto do aumento diário no preço dos combustíveis levou a participação maciça dos autônomos o que ficou evidente quando o desgoverno anunciou acordo para por fim a paralisação e o acordo praticamente não teve efeito.

Então, o motivo econômico da greve é claro.
Mas os motoristas não estão reivindicando pela gasolina? Bom cada um reivindica em sua categoria por aquilo que lhe incomoda mais.

E qual a proposta do desgoverno para por fim ao movimento? Primeiro uma tentativa de oferecer subsidios ao diesel utilizando recursos do orçamento ja com déficit imenso de quase 200 bilhões de reais. Depois o uso das forças armadas para tentar desobstruir as rodovias.

Sem entrar no principal do problema que é política de preços louca que levou o diesel a 4 reais, gás de 80 reais e gasolina de 5 reais.

Em vez de beneficiar os acionistas majoritários que é o povo, em vez de agir como empresa estratégica, Temer e Pedro Parente só enxergam os acionistas que têm ações da Petrobrás na bolsa de valores. Isso certamente tem a ver com acertos para o golpe.

Mesmo sob risco de desabastecimento, a greve até agora conta com apoio muito grande do povo. E por quê? Por que certamente o povo não aguenta mais esta política de preços da Petrobrás. Não importa se você é de direita de centro de esquerda ou do outro lado. Se você bateu panela ou gritou não vai ter golpe e vai ter luta. A politica insana de Pedro Parente na Petrobrás de aumentar os preços dos combustíveis todo dia afeta todos. Uns mais outros menos.

Dizer que a paralisação é de direita é simplicar por demais a complexidade. Também não contribui em nada não dialogar com a categoria. Um contingente de centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras precarizados precisam ser escutados em suas demandas.

Explicar ao povo que a greve é consequência do golpe. Que Temer e Pedro Parente atendem aos interesses daqueles que tem ações da Petrobrás. Que o golpe tem como meta destruir a Petrobrás. Este é o papel que cabe aos democratas, comprometidos com a volta da democracia e com a luta contra o golpe.

É na rua que o golpe vai ser derrotado. Os caminhoneiros, as caminhoneiras já estão lá.
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Por Cristiano Dourado Amorim, na rede social facebook.

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