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- A jornalista Miriam Leitão decidiu comprar uma briga com o público feminino,
ao defender a tese de que homens e mulheres devem se aposentar com a mesma
idade, muito embora as mulheres tenham jornadas duplas – no trabalho e no lar.
"É totalmente sem sentido, e desatualizada, a
proposta de que a mulher deve ser compensada com uma idade menor de
aposentadoria. Defendida por algumas profissionais — as quais, aliás, respeito
profundamente —, a ideia acaba fortalecendo o papel tradicional da mulher,
quando já passa da hora de rever essa divisão envelhecida dos papéis masculino
e feminino", diz ela, no artigo Mulher e Previdência.
"O paternalismo em relação à mulher faz parte
da discriminação contra ela. É a outra face da mesma moeda. Foi partindo do
equivocado pressuposto de que elas seriam incapazes de prover sua subsistência,
se não se casassem e ficassem sem o pai, que se criou o absurdo das pensões
para filhas de servidores de algumas categorias do setor público,
principalmente das filhas de militares. Isso mudou, mas o peso do passado
continua sendo carregado pelo conjunto da sociedade. O país está com a
Previdência quebrada porque homens e mulheres se aposentaram precocemente,
filhas de servidores tiveram benefícios excessivos, e a desigualdade da
sociedade foi reproduzida no acesso à Previdência. Isso à custa da exclusão de
milhões de brasileiros, a quem só foi dada a possibilidade de um benefício ao
fim da vida. Quanto menos desigualdade houver no sistema, melhor ele será",
argumenta.
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