Hoje
vetada pela lei brasileira, a venda de terras a estrangeiros está muito próxima
de ser liberada pela administração de Michel Temer. O governo trabalha nos
últimos detalhes de um projeto de lei para liberar a venda de terras do País a
empresas e investidores estrangeiros. O tema, que era considerado fora de
questão no governo de Dilma Rousseff, tem sido tratado diretamente pelo
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. A intenção do governo é que o
texto seja votado pelo Congresso já após o carnaval.
As
informações, conforme apurou o 247, são de reportagem de André Borges e
Fabrício de Castro no Estado de S.Paulo.
"O
texto prevê que o investidor estrangeiro poderá comprar até 100 mil hectares de
terra (cerca de 1 mil km², ou três vezes a área de uma cidade como Belo
Horizonte) para produção, podendo ainda arrendar outros 100 mil hectares. Dessa
forma, o investidor internacional teria 200 mil hectares de terra à
disposição."
"A
venda de terras a estrangeiros vem provocando polêmicas há algum tempo. Até
1998, uma lei de 1971 permitia que empresas estrangeiras com sede no Brasil
comprassem terras no País. Naquele ano, a Advocacia-Geral da União (AGU)
interpretou que empresas nacionais e estrangeiras não poderiam ser tratadas de
maneira diferente e, por isso, liberou a compra.
Isso,
porém, elevou o temor dos críticos sobre uma “invasão estrangeira” no País, que
se acentuou a partir de meados dos anos 2000, com o aumento do apetite chinês
por aquisições. Em 2010, por exemplo, o Chongqing Grain Group, da China,
anunciou a disposição de aplicar US$ 300 milhões na compra de 100 mil hectares
no oeste da Bahia, para produzir soja. Em alguns setores, a crítica era de que
negócios desse tipo envolvem o controle de grandes áreas por grupos
subordinados à estratégia de uma potência estrangeira, que poderia nem sempre
seguir a lógica do Estado brasileiro.
Diante
dessa pressão sobre as terras, um novo parecer da AGU, exatamente em 2010,
restabeleceu as restrições para esse tipo de propriedade, proibindo que grupos
internacionais obtenham o controle de propriedades agrícolas no País. Em 2012,
um projeto de lei foi apresentado no Congresso modificando a restrição, mas
está com a tramitação parada."
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