Diziam
que meu povo não tinha alma.
Não
havia provas. Mas, por convicção, a escravidão se fez. Quase 400 anos!
Não
havia provas mas havia convicção de que o Brasil seria tomado por comunistas,
comedores de criancinhas. Resultado: duas ditaduras. A última durou quase 30
anos.
Publicado
originalmente no Negro Belchior
Sem
provas e por convicção, o genocídio é promovido: Chacina do Carandiru,
Candelária, Vigário Geral, Eldorado dos Carajás, Crimes de Maio de 2006 e
tantos outros.
Sem
provas, mas por convicção, 111 tiros num carro e o assassinato de 5 jovens
negros; um tiro de fuzil seguido de arrastamento no asfalto, de Cláudia
Ferreira no Rio de Janeiro; O espancamento e a morte de Luana dos Reis no
interior de São Paulo. Sem provas e por convicção se deu também a chacina do
Cabula, em Salvador.
Pela
mais pura convicção e sem nenhuma prova, Rafael Braga continua preso.
Por
convicção a polícia continua esculachando, desrespeitando cidadãos em suas
abordagens em cada esquina de quebradas, periferias e favelas desse país.
Quando não somem com corpos; Quando não assassinam sobretudo a juventude e as
crianças negras país afora.
Sem
provas, mas por convicção, depuseram uma presidenta eleita pelo voto direto.
Não
podemos permitir que sem provas e por pura convicção a política se faça, como
tem acontecido no Brasil. Sabemos que a convicção que não requer prova, é uma
convicção de classe, uma convicção ideológica, política e a serviço das elites
atrasadas desse país. Trata-se de uma convicção de explícito traço fascista,
racista e autoritário.
Não
podemos permitir que essa prática se dê contra quem quer que seja. Práticas
autoritárias contra pessoas famosas, empoderadas ou lideranças políticas do
campo progressista quase sempre servem para endossar, justificar, naturalizar e
aprofundar ainda mais a violência e a negação de direitos na base da pirâmide,
entre os trabalhadores pobres, moradores de periferias, negras e negros, jovens
e crianças em todo o país.
Sem
provas, apenas por convicção reacionária, nós não vamos permitir. Não vamos
aceitar. Ao contrário, deste lado de cá há sim convicção. Mas há provas!
Provas
de nossa resistência, de nossa ancestralidade, da resiliência de um povo que,
apesar do massacre imposto desde a invasão europeia, se reinventa, se organiza
e luta.
Nós
vamos reagir, afinal, com a licença de Albert Camus: “A violência não é
patrimônio dos exploradores. Os explorados, os pobres, os oprimidos também
podem emprega-la!”
Vamos
enfrentar o fascismo nas ruas, no judiciário, na política e nas urnas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!