Conquistamos
com dificuldade a liberdade de expressão. Ela é um direito constitucional e um
esteio do pacto social. A própria lei já estabelece limites: não posso defender
ou incitar crime. Não posso, em nome da liberdade de expressão, defender
racismo ou violência contra mulheres ou pedofilia. A liberdade é ampla, mas não
absoluta.
Publicado
originalmente em sua página no facebook
O
professor Jairo José da Silva é titular da Unesp e com consagrada carreira
acadêmica. Tudo indica tratar-se de pesquisador sério e reconhecido em muitos
bons centros. Isto não impediu de afirmar algo muito difícil no seu facebook.
Diante do fato de uma aluna Deborah Fabri, de 19 anos, ter sido atingida no
olho por bala de borracha e ter perdido a visão, o docente comentou que era uma
notícia potencialmente boa que ela ficasse cega.
Posso
discordar da manifestações. Posso, com bons argumentos, ser contra o partido A
ou B. Posso condenar quem depreda patrimônio público ou privado. Posso ser do
PSOL ou do DEM. A sociedade precisa desta diversidade de posicionamentos. Nunca
posso defender violência contra uma pessoa. Nada justifica isto. Este é o
limite da liberdade de expressão, pois além deste limite começa o mundo da
barbárie. Todos podemos dizer coisas que, refletindo melhor, pensamos ser um
equívoco. Cabe, então, veemente pedido de desculpas. Até ele ocorrer, somos
co-autores da violência defendida. Violência é o fim do diálogo. Como
professor, fico intensamente chocado quando alguém se alegra com uma aluna
perdendo a visão. Fico mais chocado com alguém que, tendo os dois olhos, seja
tão cego.
Temos
um longo caminho pela frente. Aprender a ser crítico sem destruir, aprender a
ser policial sem cegar, aprender a discordar sem apoiar violência e, acima de
tudo, aprender a dialogar.
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