Talvez
algumas questões teóricas nos ajudem a clarear temas do post anterior e
comentários dos leitores.
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a)
Cultura não é algo positivo ou negativo. Alguns disseram que não era uma
cultura, mas barbárie. Há cultura da violência, há cultura do racismo, há
cultura do estupro. Cultura pode ser definida de muitas formas, mas, neste
caso, é um conjunto de ideias e práticas que produzem determinados fatos,
explicam estes fatos e justificam estes fatos. Cultura pode ser de morte
também. Ao dizer cultura, sociologizamos o problema.
b)
Perguntam se todo homem é um estuprador em potencial. Sim, como toda mulher é
uma assassina em potencial e todos somos tudo em potencial, para o bem e para o
mal. Cabe à educação e à coerção conduzir a maioria absoluta para o universo do
respeito e da igualdade e da não-violência. O papa Francisco pode descarregar
uma arma na cara de uma jovem se determinadas circunstâncias forem observadas.
Provavelmente, nunca o fará. Isto é civilização no seu estado ideal humanista:
aquilo que mantém nossos monstros no escuro.
c)
Estupro não é fato associado a traficantes. Há médicos bem formados que estupram
pacientes no consultório e padres com duas faculdades e formação em ética que
estupram meninos. Infelizmente, tal como ocorria com o nazismo, a maldade ou a
perversidade não é algo de classe baixa.
d)
por fim: quando falamos que um estupro é horroroso, não quer dizer que estamos
apoiando o massacre de Darfour só porque não falamos dele. Quando falo do que
ocorreu no Rio, não estou apoiando massacre de armênios. Não é possível falar
de tudo sempre em todos os parágrafos. Mas, para ajudar, condeno os estupros do
Rio, os de Jerusalém no ano 70 dC, os de Berlim em 1945 e os do consultório do
dr. Roger Abdelmassih e TODOS os outros tipos de violência que já foram feitos
no planeta. Mas não dá para dar a lista telefônica todas as vezes. Vamos a um
crime por vez.
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