“...Qual teu problema?”, diz aluna Kézia em resposta a comentários machistas durante desfile


O município de Nova Olinda, na região do cariri cearense, promoveu na tarde desta quinta-feira, 14 de abril, ações educativas e culturais visando comemorar os seus 59 (cinquenta e nove) anos de emancipação política.

Na programação a participação das escolas de ensino infantil, fundamental e médio foi atração à parte e, como tal, permitiu a divulgação de projetos desenvolvidos em seus estabelecimentos. Porém, um fato estarrecedor foi exposto pela aluna Kézia Adjane, matriculada no curso técnico de Redes de Computadores (2º ano) na Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo.

Dentre os vários projetos que a escola expôs nos desfile estava o “Humanizando” idealizado e sustentado pelos próprios alunos com o apoio de professores que, tem como um dos objetivos denunciar a violência física e psicológica pelo qual passa as mulheres, além de promover o empoderamento destas. 

Kézia, Vivian e Emanuelly - da esquerda para a direita durante desfile em alusão aos 59 anos de emancipação política do município de Nova Olinda. Foto: Prof. Clodovânio.
Junto com Viviam Matos e Emanuelly Alves, alunas da mesma instituição de ensino, elas ostentavam placas que iam de encontro com os objetivos do projeto. “Denuncie”, “Humanize” e “Não se Omita” expuseram elas. Kézia não escondeu a alegria de ter participado da ação da escola, mas foi taxativa ao demonstrar o desgosto por uma sociedade arraigada em preconceitos e que infelizmente ainda não saiu da idade média revelando comentários machistas e homofóbicos. Segundo ela, sem revelar nomes, os comentários deram-se durante o desfile. A discente descreveu alguns: ‘mulher é pra apanhar mesmo’; ‘sai daí viado’ (retirado do jeito que estava na rede social), ‘vem se omitir aqui em casa’.. Com todo o rigor ideológico e a criticidade que ela tem respondeu à altura – “qual teu problema?”, disse. “... fiz questão de virar essa plaquinha da foto especialmente pra você e dizer o que eu queria...”, complementou.

Com muito zelo e propriedade ela afirmou “O que mais eu poderia sentir por uma pessoa que precisa tentar (só tentar mesmo, porque não conseguiu) humilhar uma mulher para "reforçar sua masculinidade”? Passar bem e muito amor pra ti”.

Confira a íntegra da nota de Kézia Adjane:

Tô cansada, com sono, mas não poderia deixar de postar isso. O desfile de 14 de abril foi incrível, amei representar a violência contra a mulher. Mas não vou mentir que alguns comentários que ouvi durante o desfile me deixaram com nojo; "mulher é pra apanhar mesmo"," sai daí viado", "vem se omitir aqui em casa"...se você que disse algo assim está lendo isso...qual teu problema? Não vou responder aqui pois já disse o que eu tinha para dizer no desfile mesmo, fiz questão de virar essa plaquinha da foto especialmente pra você e dizer o que eu queria. Só espero que esse seu pensamento um dia mude, tenho muito dó de você, mesmo! O que mais eu poderia sentir por uma pessoa que precisa tentar (só tentar mesmo, porque não conseguiu) humilhar uma mulher para "reforçar sua masculinidade”? Passar bem e muito amor pra ti

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