Do
Geledes
A
lista dos aprovados na primeira chamada do vestibular da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) tem 51,9% de alunos que cursaram o ensino médio em
escolas públicas. Desses, 43% são pretos, pardos ou indígenas, o que representa
21,5% do total de selecionados.
O
índice de alunos vindos de escola pública é o maior da história da instituição,
que nunca havia superado o índice de 34% de egressos do sistema público de
ensino. “São resultados muito expressivos e que vão contribuir para que muita
gente tenha uma ascensão social significativa no país, uma vez que nós temos
alunos do Brasil inteiro”, disse o reitor da Unicamp, José Jorge Tadeu.
Os
resultados obtidos no vestibular de 2016 representam, de acordo com Tadeu, uma
antecipação das metas de inclusão estabelecidas pelo conselho universitário. O
objetivo da universidade era que, até 2017, 50% dos ingressantes viessem de
escolas públicas, sendo que 35% desses fossem autodeclarados negros ou
indígenas (17,5% do total).
O
percentual de 35% foi estipulado por ser
a representatividade de pretos e pardos na população do estado de São Paulo.
Segundo o Censo Escolar de 2014, dos 1,91 milhão de estudantes do ensino médio
do estado de São Paulo, 85,3% cursavam em escolas públicas, sejam estaduais,
municipais ou federais.
Para
aumentar a presença desses grupos na composição do corpo de alunos, foi
estabelecido um programa de bônus. Na primeira fase do vestibular, os
candidatos que cursaram o ensino médio em escolas públicas recebem 60 pontos
extras, os que forem negros e indígenas, 20 pontos a mais. Na segunda fase, os bônus passam para
90 pontos para os estudantes de escolas públicas e mais 30 pontos para os
negros e indígenas. De acordo com o reitor, para ingressar na Unicamp os
candidatos precisam em média de notas que variam entre 600 e 700 pontos.
O
aumento do número de estudantes negros e de escola pública ocorreu, segundo
Tadeu, inclusive nos cinco cursos mais concorridos: medicina, arquitetura e
urbanismo, midialogia, ciências biológicas e engenharia civil. No entanto, em
arquitetura e urbanismo, o número de autodeclarados negros e indígenas ficou
abaixo de 35%.
Para
o reitor, a concessão de bônus tende a aumentar o número de ingressantes de
escola pública justamente nos cursos mais concorridos, onde as notas dos
candidatos são mais próximas e poucos pontos determinam o acesso às vagas. “Essa metodologia impacta mais
significativamente os cursos de alta demanda. Os cursos de alta demanda tem um
aproveitamento muito próximo dos estudantes”.
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