Algo
me diz que essa lista será abafada na grande mídia. Não haverá infográficos,
animações, vídeos, dez minutos de jornal nacional, nem panelaços, nem marchpas
coxinhas.
É
uma mais uma dessas notícias que desmascara uma hipocrisia monstruosa.
A
hipocrisia dos que tentam vender a ideia de que o PT inventou a corrupção.
O
PT lambuzou-se num monte de escândalos. E está pagando caro por isso.
Mas
a corrupção não começou com o PT, nem terminará com ele.
Todos
os partidos, todas instituições (inclusive judiciário e MP), todos os estados e
municípios, estão atolados em corrupção.
O
combate à corrupção precisa ser feito sem sensacionalismo, sem estardalhaço,
sem gerar crise econômica. Tem de ser feito com responsabilidade, respeitando o
direito à defesa, para não dar margem à linchamentos políticos e midiáticos.
Sobretudo,
precisamos cuidar para não jogar fora o bebê junto com a água suja, ou seja,
cuidar para não ferir o processo democrático e as instituições, incluindo os
partidos, que são o esteio da democracia.
***
CPI:
Lista da Odebrecht revela tucanos envolvidos em corrupção na década de 80
Quinta,
17 Setembro 2015 17:24
O
envolvimento da empreiteira Odebrecht em esquemas de corrupção, envolvendo
políticos e manipulação de recursos públicos, remonta às décadas de 1970 e
1980. A grave denúncia foi feita pelo deputado Jorge Solla (PT-BA) à CPI da
Petrobras, nesta quinta-feira (17), com base em farta documentação recebida
pelo parlamentar de ex-funcionários da empresa. Entre os documentos constam
recibos, ordens de pagamentos e registros de movimentações financeiras
beneficiando agentes públicos que intermediaram as fraudes em contratos
públicos.
“É uma verdadeira lista de obras públicas que
sangraram o dinheiro da corrupção que alimentou políticos – governadores,
deputados, senadores, ministros e dirigentes dos partidos – que, até hoje,
devem estar usufruindo disso e se dizendo arautos da moralidade”, afirmou
Jorge Solla.
O
deputado frisou que a documentação contém identificação dos agentes públicos
que receberam propina e que cada “parceiro” da empresa tinha um apelido que era
usado nos registros dos pagamentos. Solla ressaltou que a lista quebra o “mito”
de que não existia corrupção durante o regime militar encerrado em 1985. “Para
aqueles que falam da ditadura como um tempo que não havia corrupção, essa é
mais uma prova que os esquemas envolvendo grandes construtoras no Brasil, no
exterior e o poder público ocorreram nas décadas de 70, 80, 90 e continua nos
dias atuais”, lamenta o parlamentar.
Tucanos
O
deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI da Petrobras,
figura na lista da Odebrecht com o apelido de “Almofadinha”. O tucano ocupou
cargo na direção na Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) e presidiu o
Conselho do Vale do Paraguaçu, estatal que contratou a Odebrecht para construir
a barragem Pedra do Cavalo, localizada a 120 Km da capital baiana e inaugurada
em 1985.
Outro
tucano graúdo que aparece na lista é o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) e
atual prefeito de Manaus, célebre por ter dito, em discurso no plenário do
Senado, que daria uma “surra” no presidente Lula, ameaça à qual se somou ACM
Neto (DEM), então deputado do PFL e hoje prefeito da capital baiana.
Segundo
Jorge Solla, os documentos comprovam que parte dos pagamentos de propina aos
agentes públicos, mesmo as obras no Brasil, seguiam a cotação do “dólar black”,
que era comercializado ilegalmente no chamado “mercado negro”. O deputado disse
ainda que os pagamentos eram feitos por ordem bancária e o banco autorizado
para fazer a operação era o falido banco Econômico, que possuía fortes vínculos
com o então PFL. O Econômico, acrescentou Solla, possuía uma agência dentro da
sede da Odebrecht em Salvador.
Jorge
Solla entregou todos os documentos originais ao coordenador da Policia
Fazendária da Policia Federal, Braulio Cesar Galloni. Ao receber o material, o
delegado informou que o material será anexado aos autos da operação Lava Jato.
O parlamentar vai sugerir à CPI que solicite o compartilhamento das informações
que a PF venha a apurar a partir desses documentos. Apesar disso, Solla não
acredita em punição dos envolvidos.
“Entregamos toda a documentação à Policia
Federal para que tudo seja apurado. Claro que, provavelmente, todos esses
crimes estão prescritos, e esses criminosos não terão nenhuma penalidade. É
mais uma denuncia vai ficar impune, como ocorreu com a lista de Furnas e a da
Camargo Correia. Esta lista da Odebrecht pode seguir pelo mesmo caminho”,
avalia.
“Está aí para provar a lista de Furnas, que
envolveu 156 políticos, inclusive o Aécio Neves e vários deputados do PSDB e do
DEM. Veio a lista da Camargo Correia com 239 obras no Brasil, tudo com recurso
de corrupção repassado para agentes públicos. Agora, está aqui a Lista da
Odebrecht que envolve inclusive obras no exterior (Peru e Angola), além de
inúmeras obras aqui no Brasil”, complementou o parlamentar.
Solla
também espera que a documentação contribua para alertar a população e mobilizar
a sociedade para rejeitar o financiamento privado de campanhas eleitorais,
elemento determinante da corrupção. “Não
adianta dizer que é contra a corrupção e é a favor do financiamento privado de
campanha eleitoral”, resumiu.
Benildes
Rodrigues
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