A Rede Globo de Televisão está completando 50 anos de existência em abril de 2015. Este instrumento de manipulação da burguesia opera como o principal agente da imbecilização da sociedade brasileira no plano cultural, na opinião de Igor Fuser, jornalista e professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC).
Em
depoimento para o Diário Liberdade, ele afirma que o papel da Globo “é sempre o de anestesiar as consciências,
bloquear qualquer tipo de reflexão crítica”.
Para
acabar com esse monopólio da mídia, Fuser acredita que é preciso uma verdadeira
democratização das comunicações no Brasil, que “passa, necessariamente, pela
adoção de medidas contra a Rede Globo”.
Confira
a seguir o depoimento do jornalista e professor Igor Fuser, sobre o papel
histórico da Globo, na política, na cultura e nas suas coberturas
jornalísticas.
A
Rede Globo é o aparelho ideológico mais eficiente que as classes dominantes já
construíram no Brasil desde o início do século XX. Substitui perfeitamente a
Igreja Católica como instrumento de controle das mentes e do comportamento.
A
Globo esteve ao lado de todos os governos de direita, desde o regime militar –
no qual se transformou no gigante que é hoje – até Fernando Henrique Cardoso.
Serviu caninamente à ditadura, demonizando as forças de esquerda e endossando o
discurso ufanista do tipo “Brasil Ame-o ou Deixe-o” e as versões sabidamente
falsas sobre a morte de combatentes da resistência assassinados na tortura e
apresentados como caídos em tiroteios. Mais tarde, após o fim da ditadura,
alinhou-se no apoio à implantação do neoliberalismo, apresentado como a única
forma possível de organizar a economia e a sociedade.
No
plano cultural, é impossível medir o imenso prejuízo causado pela Rede Globo,
que opera como o principal agente da imbecilização da sociedade brasileira.
Começando pelas novelas, seguindo pelos reality shows, pelos programas de
auditório, o papel da Globo é sempre o de anestesiar as consciências, bloquear
qualquer tipo de reflexão crítica.
A
Globo impôs um português brasileiro “standard”, que anula o que as culturas
regionais têm de mais importante – o sotaque local, a maneira específica de
falar de cada região. Pratica ativamente o racismo, ao destinar aos personagens
da raça negra papéis secundários e subalternos nas novelas em que os heróis e
heroínas são sempre brancos. Os personagens brancos são os únicos que têm
personalidade própria, psicologia complexa, os únicos capazes de despertar
empatia dos telespectadores, enquanto os negros se limitam a funções de apoio.
Aliás, são os únicos que aparecem em cena trabalhando, em qualquer novela, os
únicos que se dedicam a labores manuais.
A
postura racista da Globo não poupa nem sequer as crianças, induzidas, há várias
gerações, a valorizar a pele branca e os cabelos loiros como o padrão superior
de beleza, a partir de programas como o da Xuxa.
O
jornalismo da Globo contraria os padrões básicos da ética, ao negar o direito
ao contraditório. Só a versão ou ponto de vista do interesse da empresa é que é
veiculado. Ocorre nos programas jornalísticos da Globo a manipulação constante
dos fatos. As greves, por exemplo, são apresentadas sempre do ponto de vista
dos patrões, ou seja, como transtorno ou bagunça, sem que os trabalhadores tenham
direito à voz. Os movimentos sociais são caluniados e a violência policial
raramente aparece. Ao contrário, procura-se sempre disseminar na sociedade um
clima de medo, com uma abordagem exagerada e sensacionalista das questões de
segurança pública, a fim de favorecer as falsas soluções de caráter violento e
os atores políticos que as defendem.
No
plano da política, a Rede Globo tem adotado perante os governos petistas uma
conduta de sabotagem permanente, omitindo todos os fatos que possam apresentar
uma visão positiva da administração federal, ao mesmo tempo em que as notícias
de corrupção são apresentadas, muitas vezes sem a sustentação em provas e
evidências, de forma escandalosa, em uma postura de constante denuncismo.
A
Globo pratica o monopólio dos meios de comunicação, ao controlar
simultaneamente as principais emissoras de TV e rádio em todos os Estados
brasileiros juntamente com uma rede de jornais, revistas, emissoras de TV a
cabo e portais na internet.
Uma
verdadeira democratização das comunicações no Brasil passa, necessariamente,
pela adoção de medidas contra a Rede Globo, para que o monopólio seja
desmontado e que a sua programação tenha de se submeter a critérios pautados
pela ética jornalística, pelo respeito aos direitos humanos e pelo interesse
público.
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