Jornalista
negra posta foto nas redes sociais e sofre enxurrada de ataques racistas. Em
apoio à Cristiane Damacena, internautas se mobilizaram e também comentaram em
repúdio ao preconceito. Agressores estão sendo identificados e podem ser
punidos
Um
ataque racista contra uma jornalista negra de Brasília (DF) por meio do seu
perfil numa rede social causou forte comoção dentro e fora da Internet nesta
terça-feira (5). Cristiane Damacena publicou no dia 24 de abril uma nova foto
no Facebook e cinco dias depois passou a sofrer injúrias de cunho racial por ao
menos 5 perfis diferentes. Ela foi chamada de “macaca” e “escrava” e sofreu
zombarias por causa da cor da pele.
De
lá pra cá o caso ganhou repercussão e o apoio a Cristiane extrapolou sua rede
de amigos no Facebook. Ao meio-dia desta terça-feira já eram 14.663 curtidas na
foto, onze mil comentários e 353 compartilhamentos. Mensagens em defesa da
jornalista, elogios a sua beleza e manifestações de apoio formam a maior parte
dos comentários. Ela é chamada de “linda” em vários deles. Numa das agressões,
um internauta afirma que ela usa um vestido amarelo “porque é a cor preferida do macaco pois lembra a banana”.
Denúncias à Secretaria da Igualdade
Racial
De janeiro até agora, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial recebeu cerca de 200 denúncias de racismo. Um dos casos que chegou ao órgão foi o da jornalista de Brasília Cristiane Damacena. A jovem, que não quis gravar entrevista por orientação dos advogados, afirmou que também vai recorrer à Justiça para punir os culpados. E disse que ainda está atônita com tudo o que aconteceu.
De
acordo com Dalila Negreiros, do grupo Nosso Coletivo Negro, que organiza ações
afirmativas para Negros no Distrito Federal, o caso de Cristiane é lamentável e
se soma a várias situações racistas na internet. Segundo ela, usuários da rede
que praticam esse tipo de crime se sentem à vontade para se expor porque acham
que não serão encontrados. E o que dificulta é a falta de denúncias em muitos
casos e a lentidão das investigações.
Injúria racial
O
advogado Paulo Duarte diz que o caso da jornalista é classificado como injúria
racial e a pena varia de um a três anos de prisão. Ele destaca que é possível
identificar os envolvidos.
No ano passado, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial recebeu cerca de 560 denúncias. De acordo com o órgão, os casos dão origem a um procedimento administrativo, que é avaliado e investigado para, então, ser encaminhado aos órgãos competentes.
Para
a advogada Indira Quaresma, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, as
vítimas de injúria racial devem tirar uma cópia da página em que as ofensas
estão postadas e com ela fazer um boletim de ocorrência. A partir do boletim a
investigação começa a ser feita pela Polícia mediante uma ação penal privada.
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