Historiador doa acervo com cópias completas de escritos da Negra Carolina Maria de Jesus


A mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) tinha tudo para ter uma existência infeliz. Era pobre, foi mãe solteira, morava numa favela miserável de São Paulo e sustentava a família como catadora de detritos na capital paulista. No entanto, registrava sua experiência em cadernos que recolhia nos lixos e, com o tempo, deu a seus escritos a forma de livro, ‘Quarto de despejo’. Assim que foi publicado, o volume teve excelente recepção entre leitores e críticos, tendo sido elogiado por Clarice Lispector e pelo escritor italiano Alberto Moravia. A partir daí, seu caso se tornou conhecido e gerou vário estudos, que destacavam sua condição de mulher, negra e marginalizada.

Um dos maiores pesquisadores da obra de Carolina Maria de Jesus, o historiador José Carlos Sebe Bom Meihy, doa hoje ao Acervo dos Escritores Mineiros, da Faculdade de Letras da UFMG, uma coleção de microfilmes com as cópias completas dos cadernos fornecidos pela família da escritora. 

O material é precioso. Só existem duas cópias em todo o mundo, uma pertencente à Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e outra sob a guarda da Biblioteca do Congresso dos EUA, em Washington D.C. À doação dos microfilmes soma-se uma cópia do filme alemão ‘Favela – A vida na pobreza’ (1971), de Christa Gottmann-Elter, cedido à instituição mineira pelo professor Sergio Barcellos.

Para Eduardo Assis Duarte, professor de literatura da UFMG, o material tem textos inéditos de alta qualidade. Ele avalia ainda que será de grande interesse para estudiosos de história e literatura. “Não precisaremos ir ao Rio nem a Washington para pesquisar sobre a vida e obra da escritora”, registra. Além das doações, José Carlos Sebe Bom Meihy e Sergio Barcelos participam de debate sobre a obra de Carolina Maria de Jesus, que contará ainda com a exibição e comentário do filme ‘Favela’.


Com Racismo Ambiental/Geledes

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