O
sociólogo não nos falta… Com sua conhecida e reconhecida profundidade de
raciocínio e sua capacidade de síntese, brindou a sociedade brasileira com,
mais que uma pérola, uma frase lapidar, naquele sentido antigo do termo: para
ser escrita na lápide.
“Os nordestinos que votam no PT não votam
porque são pobres, mas porque são menos informados”. Devemos todos nos
curvar à sabedoria do príncipe. E, mais uma vez, sermos gratos a ele.
Mas
não será ocioso refletir sobre o que devemos fazer para nós, nordestinos,
ingressarmos na categoria dos cidadãos bem informados.
É
possível que, para tanto, a maioria do povo brasileiro, particularmente nós
nordestinos que votamos em Dilma no primeiro turno das eleições, nos sentemos
ao fim da jornada de trabalho, diante do televisor para receber como expressão
inquestionável da verdade a enxurrada de opiniões oferecidas em forma de notícia
que brota dos telejornais.
Ou
nos dediquemos à leitura semanal da revista Veja e assemelhados, para nos
inteirarmos da real situação do país. Em suma, para o príncipe, bem informado é
aquele cidadão ou cidadã que lê Veja, Folha, Estadão, O Globo – O Estado de
Minas, não, porque o pessoal que lê o Estado de Minas deu vitória à Dilma e ao
Pimentel no primeiro turno –, e naturalmente quem assiste aos telejornais dos
monopólios de comunicação.
Há
um aspecto curioso nessa preferência por discriminar os nordestinos. Vejamos.
Dilma venceu no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais.
Ou
os pedagogos que preparam os conteúdos de geografia para as crianças de São
Paulo nos brindarão com uma nova e revolucionária edição dos didáticos e
paradidáticos oferecidos pelos governos tucanos para as escolas públicas
ampliando as dimensões e o alcance territorial da Região Nordeste, ou o príncipe
esqueceu as preciosas aulas de geografia ministradas na escola primária.
Certos
segmentos sociais de São Paulo, particularmente os situados no topo da
pirâmide, desenvolveram ao longo do período em que o estado se encontra sob a
gestão tucana uma rara incapacidade de perceber o que ocorre realmente para
além das barrancas do Rio Grande.
Não
é apenas um caso de miopia. Trata-se de uma opção pelo divórcio. A ilusão sobre
a extensão das assimetrias… entre São Paulo e o Brasil – São Paulo é ótimo, o
que não presta é a vizinhança – conduziu aqueles setores sociais e a expressão
política que os organiza, o PSDB, a não se dar conta da presença das mazelas
que a concentração de renda e riqueza reproduz no próprio estado de São Paulo,
que, como se sabe, está entre os primeiros beneficiários de programas sociais
do governo federal, como o Bolsa Família e outros.
Esse
fato os torna insensíveis aos avanços produzidos por um projeto generoso e
inclusivo que converteu em prática uma antiga bandeira: “O Nordeste não pode
ser visto como um problema para o Brasil. O Nordeste deve ser visto como uma
solução”.
O
governo Lula converteu esse sonho em realidade. A região permanece crescendo há
mais de uma década a taxas equivalentes ao dobro da média nacional.
Por
si só, essa é uma conquista inédita na história do país no que toca ao combate
às desigualdades regionais. Esse fato histórico significa que no início do
século 21, tardiamente portanto, o Brasil encara o Nordeste como um potencial
que redireciona os marcos do desenvolvimento nacional com a expansão de um
mercado interno popular e vigoroso, a contar com suas próprias forças, o que
permite ao país superar as dificuldades impostas pela crise econômica e
financeira mundial, com geração de emprego e renda e criando as condições
materiais para o exercício da cidadania.
O
príncipe reproduz com sua frase a mesquinha leitura que faziam os senhores de
escravos e seus descendentes sociais ao desprezar e discriminar a capacidade
criativa e produtiva dos filhos dessa região que marca, em definitivo, a
contribuição não apenas para a construção das riquezas materiais do Brasil –
tente imaginar a construção, o desenvolvimento de São Paulo, sem a presença dos
filhos do Nordeste – como para a definição do perfil cultural de nossa gente.
Dilma
entendeu o Nordeste. O Nordeste entendeu Dilma. Por isso oferecerá, mais uma
vez, sua contribuição para a construção de um Brasil mais justo, mais generoso.
A
análise é de Pedro Tierra e foi publicado originalmente no Viomundo
Belíssimo texto (sarcástico) que nos poem a refletir um pouco mais, jogar fora uma luta que vigora e trás resultados por um governo incerto como o de Aécio? o Brasil seria mesmo capaz de fazer esta bárbara escolha por exclusão? E não venham me dizer que o Aécio é diferente por que não é, o candidato defende os interesses do partido e não os pessoais então cabe de novo eu perguntar, vamos jogar fora uma luta por um governo incerto?
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