Quando
você pensa em História do Brasil, o que vem a sua cabeça? É comum ter como
resposta qualquer coisa como "um país pacífico e cordial de histórias
cheias de politicagens pouco interessantes". Um olhar mais atento sobre
alguns acontecimentos e dados pode revelar, para o bem ou para o mal,
exatamente o contrário: somos um país extremamente violento e com episódios
históricos assombrantes. Muitas desses episódios provocados por regimes políticos autoritários.
A
foto ao lado ilustra cabeças decapitadas do temido bando de cangaceiros de
Lampião, elas foram expostas ao público após uma emboscada que matou 11 dos 34
membro do grupo, incluindo Lampião e Maria Bonita. Eles foram alvejados a tiros
de metralhadora em uma madrugada chuvosa em um esconderijo no sertão de
Sergipe, foto de 1938.
O
palco da desigualdade também revela números apavorantes: um terço de todos
homicídios do continente americano acontecem aqui, somos responsáveis por 10%
de todos os assassinatos do mundo. Décadas após o fim do regime civil-militar,
tornamo-nos o primeiro país no ranking de medo de tortura policial.
Neste
sentido, é mais cabível pensar no Brasil como um país anestesiado, dopado por
um discurso midiático de um povo muito cordial e passivo. As fotografias abaixo
demonstram uma face pouco conhecida da nossa história.
Na imagem acima percebe-se uma negra brasileira na condição de escrava que serve de "cavalinho"
para criança branca. Esta fotografia, datada do final do século 19, tem uma
carga simbólica imensa e pode ser relacionada com inúmeros eventos violentos
ocorridos no Brasil durante os séculos posteriores.
Ruínas
de uma igreja no Arraial de Canudos após a Guerra de Canudos, um conflito
sangrento em que tropas da República entraram em confronto direto com um grupo
de sertanejos que, liderados pelo peregrino Antônio Conselheiro, fundaram uma
comunidade auto-suficiente, contrariando os interesses latifundiários e a
política tributária do país. Não houve rendição, Canudos resistiu até o último
homem, no que resultou na morte de cerca de 20 mil sertanejos, foto de 1897.
Bonde
virado por populares durante a Revolta da Vacina, um conflito urbano violento
que estourou no Rio de Janeiro com a campanha de vacinação obrigatória contra a
varíola. Nos primeiros anos da República, a população conviveu com um Estado
cada vez mais forte e intrusivo, durante a vacinação obrigatória, era comum
agentes invadirem as casas e fazerem uso da violência para aplicar a vacina,
foto de 1904.
Soldados
brasileiros fazem patrulha de reconhecimento após a Batalha de Montese, na
Itália, a mais sangrenta participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB)
na Segunda Guerra Mundial, entre mortos e mutilados, calcula-se mais de mil
vítimas deste confronto entre brasileiros e nazistas, foto de 1944.
Homem
é torturado em público, preso ao temido pau-de-arara, durante uma demonstração
de métodos de tortura institucional da Guarda Rural Indígena, em uma parada
militar em Minas Gerais, foto de 1970. Período em que o Brasil esteve sob um
regime político intitulado de Ditadura Civil-Militar.
As duas imagens acima, assim como a do homem torturado em um pau-de-arara, demonstram a face sombria do Regime Civil-Militar instituído a partir de 1964. Na imagem à esquerda, uma índia da tribo cinta-larga brutalmente assassinada a mando de latifundiários, ela foi cortada ao meio. Na imagem à esquerda, o corpo do jornalista Vladimir Herzorg em uma cena de suicídio forjado, ele foi uma das muitas vítimas fatais da tortura durante os anos da ditadura. Entre subversivos e "obstáculos", muitos brasileiros pagaram com a própria vida o preço de não fazer parte dos interesses dos militares.
Percebe-se na imagem acima a contagem
de detentos após o Massacre do Carandiru, uma ação policial que resultou na
morte de 111 presos durante uma rebelião no que era considerado a pior
penitenciária da América Latina, foto de 1992.
Policial
Militar do Rio de Janeiro pisa a cabeça de um suspeito algemado em uma cena que
resume muitas críticas feitas à polícia militar brasileira e seus métodos de
atuação. Essa foto recebeu prêmios internacionais de jornalismo e foi capa do
Jornal do Brasil em 1997.
Com Historia Ilustrada
Caramba Nicolau, essas fotos são um murro no estômago. É verdade que 10% dos assassinatos do mundo ocorrem no Brasil? Medo, muito medo...
ResponderExcluirAbraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Pois é, Ruthia. Chocante.
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