Racismo: problema de quem? Por Karla Alves


A estudante do curso de História, na Universidade Regional do Cariri – URCA, e Membro do Pretas Simoa -Grupo de Mulheres Negras do Cariri encaminhou a edição do blog Informações em Foco, via correio eletrônico artigo que aborda um problema crônico enfrentado por milhares de brasileiros e brasileiros e outros de pele negra que adotaram o Brasil como espaço social para viver, o racismo velado e os em evidência.

No artigo, Karla menciona que o racismo “nasce, se manifesta e se perpetua nas próprias Instituições do Estado, a exemplo das Instituições de ensino superior, como as Universidades brasileiras”. No relato, ela afirma que a URCA “presenciou mais um caso de racismo em suas dependências, quando um estudante do curso de história, Pedro Victor dos Santos (21), teve seu nome pichado no interior do banheiro masculino com referencias a sua cor de pele e em tom de ameaça de morte” e se baseia em uma imagem descrita ao lado.

Confira o artigo completo de Karla Alves
O racismo deve ser reconhecido como uma construção sociológica, uma categoria social de dominação e de exclusão. Neste sentido, o debate em torno da superação do racismo no Brasil deve envolver tanto o Estado quanto a sociedade em geral, já que trata-se de um fato estrutural que produz desigualdades e hierarquias sociais determinados pela estrutura da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Significa dizer que o racismo nasce, se manifesta e se perpetua nas próprias Instituições do Estado, a exemplo das Instituições de ensino superior, como as Universidades brasileiras.

No ultimo dia treze do mês corrente a Universidade Regional do Cariri – URCA – presenciou mais um caso de racismo em suas dependências, quando um estudante do curso de história, Pedro Victor dos Santos (21), teve seu nome pichado no interior do banheiro masculino com referencias a sua cor de pele e em tom de ameaça de morte.

Pedro Victor é portador de uma doença crônica, um tipo de anemia que ocasiona convulsões e, segundo relato da própria vítima, ao encontrar a mensagem com seu nome teve três convulsões seguidas, tendo que ser levado com urgência ao hospital para sobreviver. Segundo ele mesmo nos diz, este caso foi uma reincidência, pois no inicio de 2013 ele havia recebido um telefonema com a mesma mensagem, que o deixou em pânico ao ouvir a frase “morre seu negro”, vindo a sofrer graves efeitos físicos por consequência. Agora está correndo o risco de abandonar o curso por ocasião dos efeitos provocados pelo racismo.

O combate ao racismo vai muito além do que simplesmente punir as práticas preconceituosas, pois exige reparação e conscientização, fatores essenciais para uma educação democrática que além de garantir o acesso tem a obrigação de garantir a permanência dos estudantes. Deste modo, alertamos quanto ao fato de que a Universidade Regional do Cariri não pode permanecer sendo relapsa em relação aos casos de racismo na Instituição, principalmente, para não ser conivente e não permitir que a Universidade se torne um espaço favorável às práticas racistas na forma como vem se desenhando. Para isso é necessário o desenvolvimento e comprometimento institucional com políticas diferenciadas que venham suprimir as injustiças existentes para garantir a igualdade nos tratamentos, nas oportunidades e nos resultados.

Exigimos o comprometimento institucional para o desenvolvimento de políticas diferenciadas que venham suprimir as injustiças existentes para garantir a igualdade nos tratamentos, nas oportunidades e nos resultados, com medidas como a reativação da Comissão de Direitos Humanos, a instauração de uma sindicância que investigue o fato ocorrido e a criação de uma comissão de amparo e apoio as vítimas de discriminação, garantindo assessoria jurídica e um acompanhamento psicológico à vítima.

O racismo não é um problema só da vítima e do feitor, mas da sociedade brasileira. A juventude negra tem direito a um futuro.”

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