"Esse é
tempo de partido, tempo de homens partidos.
Em vão
percorreremos volumes, viajamos e nos colorimos.
A hora
pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem
carne. Fogo. Sapatos.
As leis não
bastam. Os lírios não nascem da lei.
Meu nome é
tumulto, e escreve-se na pedra."
(Carlos Drummond
de Andrade).
O
tempo de homens partidos do qual nos fala Drummond nos convida a deixar o
recato de uma suposta neutralidade e envolver-nos nas diversas iniciativas e
movimentos atuantes na ágora cultural e política de nossa cidade. Deixemos
claro, de início, nossas perspectivas: a educação como exercício pleno e
criativo da liberdade e como possibilidade transformadora dos seres humanos.
E
é tempo de reformas, de acordo com organismos multilateriais, de expansão
desqualificada nas universidades, de privatização em larga escala. Nesse
sentido, vislumbramos a educação como espaço de disputa de um projeto mais
amplo, de formação humana, capaz de contribuir, a partir de suas especificidades,
para a construção de alternativas que nos possibilitem resistir a essa imposta
dominação.
Assim,
a primeira grande questão que nos é colocada como desafio é contribuir para
efetivá-la como um direito social, responsabilizando o Estado pela garantia e extensão
a todos os estudantes do acesso aos bens culturais historicamente
sistematizados. Uma mediação necessária é, portanto, a defesa incondicional de
seu caráter público, gratuito, laico, universal e socialmente referenciado, de
forma que sua efetivação brotem possibilidades de ruptura na direção do
socialismo.
Compreendemos
a importância de incidirmos para a valorização do trabalho educativo como
fundamento da intervenção pedagógica, sendo necessário pensa-la de forma
unitária nos diversos processos da escolarização, assim como apontar uma perspectiva
de formação aplicada e crítica. Uma escola que seja educadora do povo deve ser
plural; deve contemplar as crianças, os jovens e adultos, as mães, as
populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas, LGBTTs e as pessoas portadoras
de deficiência – tanto na sua estrutura física, na acessibilidade e
alimentação, como em projetos político – pedagógicos que dêem conta de cada uma
dessas demandas específicas.
Uma
última questão é o controle da população sobre a política educacional. É nosso
papel contribuir para o fortalecimentos de instancias de controle social, que
democratizem as informações e os processos decisórios. Precisamos desenhar
nossa política educativa num plano de educação, que integre os diversos níveis
de ensino e possa ser tomado como diretriz do conjunto da sociedade para
nortear as ações dos representantes.
Esta realidade exige de nós que reinventemos o mundo e quem vivemos,
nossas formas de luta e de diálogo, procurando apontar caminhos, ainda que
dissonantes, para superação das injustiças sociais, tão características de
nosso tempo.
Lembrete: Artigo utilizado por mim
durante o minicurso intitulado Análise
dos Discursos dos Movimentos Esquerdistas na Ditadura Militar: Ensaios e
Desafios na Contemporaneidade . O presente foi escrito por Andréia Pagani – militante do PSOL e
mestre em educação pela UFP.
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