Depois das cotas, é preciso garantir permanência na universidade




Movimentos sociais comemoram a lei que institui o sistema de cotas raciais e sociais para universidades federais de todo o país, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff na tarde de quarta-feira (29). Para a União Nacional dos Estudantes (UNE), agora, depois desse passo importante, os estudantes têm um novo desafio: construir as ações afirmativas para a permanência na universidade desse jovem de baixa renda, além de garantir o acesso à pesquisa.

A reserva de 50% das vagas para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas da rede pública, com distribuição das vagas entre negros, pardos ou indígenas é uma das principais bandeiras de luta dos militantes dos movimentos estudantil, negro, moradia e de mulheres.

Atos públicos, protestos, campanhas nas redes e nas escolas têm mobilizado milhares de pessoas ao longo dos últimos meses com mais intensidade. Diversos estudos e levantamentos acadêmicos e governamentais demonstram que há sim uma desigualdade no acesso à universidade. A população que se declara negra, por exemplo, tem, em média, dois anos a menos de estudo, segundo dados do Ministério da Educação (MEC) coletados em instituições públicas federais.

Em 1997, cerca de 3% dos jovens brancos com mais de 16 anos frequentavam o ensino superior. Já entre os jovens negros, esse percentual estava em torno de 1%. Dez anos depois, o percentual era de 5,6% e 2,8%, respectivamente.

“É uma vitória imensurável. Há mais de 10 anos a UNE e outras entidades fazem esse debate, buscam vencer um preconceito e venceu. Lembrando que já havia uma vitória no STF [Supremo Tribunal Federal], quando derrotamos uma ação de inconstitucionalidade contra as cotas raciais. Em contrapartida essa vitória amplia a demanda pela assistência estudantil, com a ampliação de vagas, abertura de cursos noturnos, essa questão da permanência no Ensino Superior vai se tornar ainda mais dramática. É preciso políticas para combater a evasão”, declarou ao Vermelho Daniel Iliescu, presidente da UNE, enfatizando a importância da ampliação do orçamento do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes).

Desde quando foi criado, em 2007, o orçamento do Pnaes tem sido aumentado em R$ 100 milhões, a cada ano. Atualmente, a verba anual é de R$ 500 milhões. No entanto, há um estudo realizado pelo Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) que propõe que o orçamento do Pnaes passe para R$ 1,5 bilhão em 2013 para atender as demandas das instituições federais.

“Agora, será preciso incluir essa nova demanda de estudantes nas federais. Essa era a nossa reivindicação durante a greve das federais e ainda é. No início, quando a verba passou de R$ 200 milhões para R$ 300 milhões, foi um aumento considerável. Mas, o que se viu nos anos seguintes é que esse percentual de reajuste foi caindo. Por isso, propomos que o orçamento vá para pelo menos R$ 750 milhões em 2013, no mínimo”, completou Iliescu.

Já Edson França, presidente da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro), rechaçou a campanha negativa realizada pela grande imprensa.

“Estamos enfrentando poderosos interesses do setor e pensamentos retrógrados, inclusive muitas vezes expostos na grande mídia com editoriais e matérias tendenciosas condenando as cotas sociais. Trata-se de um salto de qualidade e não o contrário. Pesquisas comprovam que cotistas têm bons e ótimos desempenhos na universidade, além disso não existe uma rivalidade entre contistas e não cotistas, como pregam esses jornais. Considero uma grande vitória para o Brasil, não somente para o movimento negro, que tem pautado de maneira unificada as cotas sociais desde 2001”, enfatizou França.

Para ele, a consolidação da lei vai gerar novas reflexões e saberes, elevando a posição social dos menos favorecidos, sendo a maioria formada por pobres e negros. “Haverá uma mudança na produção acadêmica, no pensamento, tendo em vista que o lugar de onde eles partem não é o lugar da elite. Então teremos uma nova geração da classe dirigente brasileira. A universidade é o banco que forma a classe dirigente”, lembrou Edson França, que tem formação de historiador.

Aldenora Gonzalez, tesoureira da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), concorda com o dirigente da Unegro e acrescenta o ganho de perspectiva dos menos favorecidos.

“A gente enxerga um grande crescimento da população menos favorecida e, dessa forma, contribuir na formação e organização dos movimentos sociais. O fato de ter as cotas além de ser um estímulo para quem não tinha perspectiva de buscar melhores condições de vida, a partir do estudo, também contribuirá no fortalecimento e ampliação das mobilizações sociais”, destacou Aldenora Gonzalez.

Aldenora também fez questão de parabenizar a todos que sempre lutaram pelo direito das minorias, e uma menção especial ao movimento negro: “Tudo isso só está sendo possível porque, além da mobilização da sociedade organizada, lembrando dos esforços do movimento negro, também temos um governo sensível para essas questões.”

Gênero

A atual coordenadora-geral da União Brasileira de Mulheres, (UBM), Daniele Costa Silva, observou que atualmente as mulheres forma a maioria da população brasileira e, portanto, serão as mais beneficiadas com a nova lei de cotas sociais.

“Nós consideramos grande vitória dos movimentos sociais que sempre lutaram pela permanência dos menos favorecidos nas redes de educação. Para nós mulheres, é um salto a mais na busca pela igualdade de gênero”, disse Daniele Costa, que também lembra que a Lei de Cotas Sociais traz outras questões, algumas apontadas por Daniel Iliescu.

“Como se dará a permanência desse jovem na universidade? Ele precisa e merece uma visão mais crítica, mas para que tenha acesso tem que pensar em moradia estudantil, mobilidade, alimentação, enfim, contemplar a diversidade brasileira”, conclui a feminista, referindo-se ao Pnaes.
















































Com informações do Portal Vermelho

Datafolha: rejeição a Serra vira epidemia

José Serra (PSDB)


Nenhum candidato com rejeição em torno de 40% consegue prosperar numa disputa política e chegar ao 2º turno.

Esse consenso entre pesquisadores soa agora à candidatura municipal do PSDB em São Paulo como o prognóstico de um percurso ao cadafalso, não às urnas.

Vive-se na capital paulista um fenômeno de esgotamento histórico que assume contornos de nitidez vertiginosa, dificilmente reversível: a rejeição esférica, espontânea, ascendente e incontrolável de uma cidade a um político e ao que ele representa, seus métodos e metas.

Já não se trata apenas de rejeição, mas de um sentimento epidêmico que a palavra ojeriza descreve melhor e a expressão 'fim de um ciclo' coroa de forma objetiva.

A rejeição a José Serra em seu berço político, e principal casamata do PSDB no país, é o aspecto mais significativo da atual disputa. Sobretudo porque cercado de uma 'coincidência' cuidadosamente programada, o julgamento do STF, que deveria impulsionar as coisas no sentido inverso. Se é que teve influência, foi no sentido oposto.

De 30% em meados de junho,a repulsa a Serra saltou para 38% em agosto e explodiu na pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta 4ª feira, batendo em massacrantes 43%.

A sangria sugere que se trata de sentimento espraiado, que contagia segmentos sitiados além dos bolsões progressistas, atingindo núcleos da própria classe média, mais ou menos conservadora, tradicionalmente tributária do vertedouro tucano.

A contrapartida nas sondagens de intenções de votos parece confirmar essa observação. E o faz cristalizando tendências talvez só reversíveis por um acontecimento de proporções diluvianas.

Para desespero do dispositivo midiático conservador, o julgamento do chamado 'mensalão', embora tangido pelo jornalismo 'isento' --e fiel ao script condenatório que singulariza o caixa 2 de campanha petista, aliviado no caso precedente do PSDB mineiro-- dificilmente terá esse efeito.

Nessa São Paulo que surpreende seus 'formadores de opinião' , Russomano lidera as intenções de votos com 31% (tinha 26% em junho); Serra, afundou para 22% (contra 31% em junho) e, como previsto, Haddad ao sair do anonimato graças ao horário eleitoral, saltou de 7% em junho para 14% agora. Dobrou as intenções de votos com uma semana na TV.

A agressividade estridente da campanha tucana está explicada.

O som da marcha fúnebre previsto para ensurdecer o governo, o PT, suas lideranças, candidatos e eleitores, a partir da melodia das condenações emitidas no STF, eleva-se de fato em altos decibéis, mas em outro ambiente. No entorno irrespirável de uma campanha e de um político já derrotado nacionalmente em 2002 e 2010, mas agora execrado em seu próprio berço.





































Com informações do Carta Maior

Altaneira: Transmissão das sessões via rádio gera polêmica

VEREADORES REUNIDOS EM PLENÁRIO - FOTO DE ARQUIVO


Um dos assuntos mais discutidos nos últimos dias tem sido a transmissão ou não das sessões do legislativo municipal de Altaneira.  O debate ganhou corpo logo após a volta do recesso parlamentar.  

As primeiras sessões ordinárias do mês de agosto não estão sendo transmitidas.  Em primeiro momento, foi alegado que um cabo que liga a câmara a rádio havia sido cortado por caminhão. Os vereadores, principalmente os de oposição a administração, se mobilizaram para a sanar o impasse da transmissão.  O líder da bancada da oposição na câmara, o vereador professor Adeilton argumentou sobre o ocorrido na rede social facebook:  “As duas ultimas sessões da Câmara de Vereadores de Altaneira não foram transmitidas pela radio Altaneira FM, o motivo é que alguém cortou o cabo que liga a Câmara a rádio e achando pouco roubou cerca de 4m do mesmo, como já é do conhecimento de todos.” Completando, disse ele, “durante toda semana fizemos todo empenho para solução desse vergonhoso e antidemocrático que vem assolando nosso município. Compramos o cabo, realizamos a emenda do mesmo e pra surpresa geral roubaram algumas peças da mesa de controle do som.”

Dias depois a coligação ALTANEIRA DE TODOS acionou a justiça objetivando o cancelamento das transmissões das sessões via altaneira fm. O pedido obteve a justificativa de que os parlamentares estão se aproveitando do período eleitoral para se beneficiarem ante a população, o que gera um desvio das atividades legislativas. Outro fator alegado foi a desigualdade que gera entre os concorrentes ao cargo de vereador, pois aqueles que não exercem mandato ficam na desvantagem. Toda via, o pedido foi negado.

O Professor universitário e diretor da rádio, Carlos Alberto Tolovi também se posicionou sobre o caso em um comentário no Blog de Altaneira. “Quanto a essa questão de transmissão das sessões, o que mais me deixa preocupado é a contradição explicita da câmara municipal: se a maioria dos vereadores pertencem a mesma coligação que encaminhou o documento à juíza, por que estes vereadores não se reuniram com o presidente e elaboraram um documento para enviarem diretamente à Rádio Comunitária Altaneira FM determinando a suspensão da transmissão? Por que não assumem esse posicionamento abertamente a nível institucional? Por que precisariam de uma liminar? Ou será que os membros da coligação não conseguem falar a mesma linguagem e por isso recorrem à justiça?”.

O caso ganhou força entre os internautas. Mais uma vez o líder da oposição se utilizou das redes sociais para discorrer. Assim disse ele:  “Terão agora que supender as transmissões da Câmara dos Deputados, do Senado Federal?? Nos popem por amor de Deus. Se somente por usar os microfones na Camara Municipal de Altaneira nos garantissem uma eleição todos os candidatos a reeleição já estaria garatidos. O unico e verdadeiro motivo é a tentativa deseperadora de deixar a comunidade desinformada em parte sobre os absurdos, descontroles e desprerparo dessa atual administração. Pra se manter no poder fazem de tudo. Que Deus nos dê força e sabedoria, amigos, para nos manter na lutar e combater tamonhas aberrações. (É assim mesmo que está escrito).

Para o jurista Raimundo Soares Filho o presidente do legislativo precisa tomar posicionamento sobre o fato.  Disse ainda que “não se pode contestar o direito dos candidatos sem mandatos alegar desigualdade de oportunidades no pleito”, porém “não concordo é com estes expedientes esdruxulos que estão usando para evitar as transmissões”.

Micirlândia Soares afirmou que é a favor do cancelamento das transmissões. “Acho justo a não transmissão. Têm Vereadores que usam esse momento para se promoverem sim. Os comícios devem acontecer nos palanques.” Já a ex-secretária de Educação, Núbia Silva assim disse: “É muito justo mesmo, parar com as prestações de contas do poder executivo durante a campanha eleitoral. Como as pessoas são inteligentes..... .”

Ainda no que toca a ausência das prestações de conta do Executivo para a análise dos Vereadores, Dorinha Soares falou o seguinte “só de fevereiro pra cá Francisco Adeilton...engraçadoo né acho que tu devia ser comediante...pq em 2009 foi obrigado fechar a Camara Municipal de Altaneira...pq passou foi mais de uma ano sem o ex-prefeitoo mandar...e o mais interessante eh que tu nunca reclamava...sei não meu povo cuidado com esses candidatos com aminesia ou será Mal de Alzheimer...é muitaa história pra pouca memória!! (É assim mesmo que está escrito na rede social facebook).

Biblioteca Nacional: Está sob ameaça



Falta de ar-condicionado, fachada deteriorada, gambiarras, rachaduras em paredes e pisos. São alguns dos problemas estruturais por que passa a centenária sede da Biblioteca Nacional, no centro do Rio, e que constam de manifestos públicos de funcionários. A direção está com uma série de projetos de restauração e reequipamento em andamento, mas isso não diminui a apreensão de quem trabalha num dos únicos edifícios históricos da Cinelândia que ainda não passaram por reforma.

"É um prédio de cem anos sem manutenção. Trabalho desde 1982 e nunca vi uma obra estrutural; só estética, e no início dos anos 90", conta o chefe da divisão de obras gerais, Rutonio Sant''Anna, que foi presidente da associação de servidores por seis mandatos. "As estantes de metal dão choque. É tudo cheio de gambiarra, benjamim... Muito perigoso. Acima de tudo, está a vida das pessoas e o patrimônio do País."

Maior da América Latina, a instituição, federal, criada há 200 anos por D. João VI com uma parte do acervo da família real trazido de Portugal, é considerada pela Unesco uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo. O edifício, tombado, guarda nove milhões de itens e recebe cópias de todos os jornais e livros publicados no Brasil (são 100 mil volumes por ano), sendo muito procurada por estudantes e pesquisadores.

A aparente fragilidade é interna e externa: um pedaço de ornamento da fachada despencou na calçada; em seguida, foi colocado um tapume para evitar que pedestres se machucassem. Em protesto há uma semana, funcionários reiteraram alerta feito em ofício de março à presidência da BN, solicitando "providências urgentes para problemas que vêm de décadas".

Os pontos destacados no documento já eram conhecidos pelo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, que assumiu há um ano e meio, com a nova gestão do Ministério da Cultura, e deu início a um amplo levantamento das condições do prédio. "Não negamos nenhum desses problemas. Começamos a fazer o diagnóstico e no meio do caminho as crises foram aparecendo, como o caso do vazamento", esclarece Loana Maria, sua diretora executiva.

"Temos previsão de obras para dez anos. As leis dão lentidão ao processo. Só o projeto para a reforma da parte elétrica vai levar seis meses para ficar pronto. A gente queria era uma obra como a do Teatro Municipal (em frente, também centenário e inteiramente reformado por um ano e meio com recursos majoritariamente de patrocinadores privados), em que se fez de tudo."

A prioridade foi a instalação do sistema de detecção de incêndio, ligado este mês. Parte do sistema de ar-condicionado deverá será recuperada em 90 dias. Substituição completa, ao custo de R$ 1,5 milhão, só ano que vem: a previsão é que o edital de contratação saia até o fim do ano. A lista completa de intervenções elaborada pela direção tem 15 itens.













































Com informações do Vernews

Alerta: Humanidade já está vivendo de "crédito ecológico"



Genebra - Desde o dia 22 de agosto, a humanidade está vivendo de crédito. Nos primeiros oito meses do ano, os seres humanos esgotaram a totalidade dos recursos que a Terra é capaz de produzir ao longo do ano. Em 22 de agosto, alcançamos o que a ONG Global Footprint Network (GFN) chama de « Global Overshoot Day », ou seja, « o dia do excesso global ». Desde 2003, esta ONG mede todos os anos a pegada ecológica do planeta, o acúmulo de recursos e a forma como os consumimos. Em cada informe, constata como os recursos se esgotam com maior rapidez. A capacidade de regeneração anual do planeta é limitada. Frente a isso, a capacidade de consumo do ser humano parece ilimitada e o planeta não é suficiente para cumprir com as exigências da humanidade.

Desde a década de 70, os seres humanos estão vivendo muito acima de seus meios. O informe da GFN mostra uma aceleração constante do esgotamento dos recursos. Em 2012, o « Global Overshoot Day » foi alcançado 36 dias antes do que ocorreu em 2011. A curva para baixo é constante. Os cálculos desta ONG se baseiam em dados científicos que se articulam em torno de uma medida, o hag, o hectare global, mediante o qual se compara a biocapacidade do planeta com o consumo de cada país. O resultado dos estudos é catastrófico : para manter o nível de vida atual seria preciso um meio planeta suplementar.

Os quatro meses que restam no ano serão vividos então no crédito. Os recursos que serão utilizados daqui até o final do ano correspondem a estoques que não se renovam. « A hora do balanço chegou », diz a Global Footprint Network em seu informe. Este ano, a ONG ampliou seus cálculos até os últimos 50 anos. Entre os anos 60 e hoje os recursos planetários se dividiram por dois, enquanto as necessidades aumentaram em níveis extraordinários, ao ponto de consumirmos hoje cerca de 50% do que a Terra é capaz de produzir. A pressão exercida por sete bilhões de seres humanos não se tornou desproporcional. Os principais responsáveis pelo déficit são as emanações de dióxido de carbono e a exploração dos recursos naturais.

« A mudança climática como consequência dos gases de efeito estufa emitidos mais rapidamente do que podem ser absorvidos por matas e oceanos é a consequência mais tangível e urgente », aponta a ONG. Mas o problema não para aí. A isso se agregam « a diminuição das florestas e matas, a perda de espécies, o colapso da pesca, o aumento dos preços dos produtos básicos e os distúrbios civis ». O quadro termina com uma conclusão : « as crises ambientais e a crise financeira que estamos enfrentando são os sintomas de uma catástrofe iminente. A humanidade está simplesmente usando mais do que o planeta pode prover » .

Nem todos os países têm a mesma responsabilidade no desastre. Segundo a Global Footprint Network, os Estados Unidos e o Brasil alcançaram antes dos demais países o dia do excesso, em 26 de março e 6 de julho respectivamente. Se todo o planeta necessitar dos recursos consumidos pelos Estados Unidos e pelo Brasil seria necessário mais 4,16 e 1,9 planetas para satisfazer a demanda. A exigência sobe a mais de seis planetas se vivermos como o Qatar. Por outro lado, se todos os seres humanos viverem como a Índia, 49% dos recursos naturais do planeta seriam suficientes.

Em 2008, a pegada ecológica da humanidade correspondia a 2,7 hag por habitante para uma capacidade real de 1,8 hag. Dos 149 países estudados, 60 são responsáveis pela dívida ecológica. O Ocidente tem uma influência decisiva na deterioração planetária. Em um país como a França as necessidades ultrapassam 70% dos recursos naturais. O informe 2012 revela que entre 1970 e 2008 a biodiversidade planetária caiu cerca de 30%. Segundo a GFN, a cada ano desaparecem 0,01% das espécies. O fundador da ONG, Mathis Wackernagel, recorda que « o déficit ecológico vem crescendo de maneira exponencial há 50 anos ». Por paradoxal que seja, há uma solução que não é um milgare, mas sim o próprio desastre. O responsável pela ONG ressalta que, « no longo prazo, a recuperação só poderá ter êxito se for acompanhada de reduções sistemáricas de nossa demanda de recursos e serviços ao ecossistema ». Se isso não ocorrer, o desastre se encarregará de fazê-lo.

Mathis Wackernagel estima que a tendência para o megaconsumo dos recursos « mudará um dia de direção, seja por causa de decisões, seja pelo desastre ». A questão do uso excessivo dos recursos tem, além disso, impactos econômicos potentes. A Global Footprint Network lembra que « dado que o déficit de recursos se torna maior e que os preços desses recursos são altos, o custo para as nações será insuportável ». Boa parte da humanidade está vivendo na base de crédito financeiro. Agora, entramos em outra etapa : o crédito ecológico.







































Fonte: Carta Maior