O
problema central da decadência da velha mídia é a falta de credibilidade. Não
apenas porque tem sistematicamente apostado editorialmente nos candidatos
derrotados, como se fossem órgãos dos partidos opositores, mas também porque
nem sequer tem, nas suas páginas, o mínimo de pluralismo, que permita aos
leitores confrontar pontos de vista distintos.
São
os mesmos colunistas, com pontos de vista muito similares, que povoam as
chatíssimas páginas da mídia brasileira. (O mesmo acontece no rádio e na tv
privados.) A impressão que dão é que seus pontos de vista – nos editorais e nos
artigos, muito similares entre si – é que seus argumentos são tão frágeis, que
tem medo de se ver confrontados com perspectivas diferentes. Escudam-se então
no monopólio dos seus argumentos, como se ainda estivéssemos nos tempos em que
ocupavam totalmente o espectro da formação de opinião publica e contavam com
governos que concordavam em tudo com eles.
Não
haverá recuperação dessa velha mídia, que caminha inexoravelmente para a
intranscendência, até porque os jovens não leem mais jornais, usam a internet.
A velha mídia oscila entre tentar desqualificar as mídia virtuais ou concorrer
com elas.
Nenhum
dos dois caminhos dá certo. Com que moral essa velha mídia – que apoiou o golpe
militar, com esteve com a ditadura, com o Sarney, com o Collor e com o FHC –
vem falar da falta de credibilidade das mídias alternativas? Como querem
concorrer, se nas mídias alternativas estão justamente os analistas e as
interpretações que eles excluem dos seus espaços?
É
uma perda que jornais que já tiveram um papel progressista no passado, tenham
se transformado em órgãos de direção politica e ideológica de uma oposição
conservadora, sem rumo e sem apoio popular. Que tenham se partidarizado tão
fortemente, que editorializem toda a publicação, que percam qualquer interesse
para o debate democrático e pluralista.
Mas
na verdade a decadência vem de antes, do momento do golpe de 1964. No momento
mais significativo da história brasileira, eles ficaram do lado da ditadura e
contra a democracia. E nunca fizeram autocrítica. Seu comportamento hoje – e a
decadência irreversível em que estão – é, no fundo resultado da opção que
fizeram naquele momento. Aquela opção os colocou do lado das elites, contra o
povo, sem condições portanto de se identificar com o mais importante processo
de democratização econômica e social que o Brasil vive há uma década.
Com informações do Portal
vermelho
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