Será que inventamos histórias?


Historiador desfaz mito do ouro do Brasil


O historiador Aurélio de Oliveira contestou ontem, no Bom Jesus, na primeira comunicação científica do Congresso Luso-Brasileiro do Barroco, a ideia presente em muitos manuais de História de que a produção artística barroca em Portugal está intimamente associada às remessas de ouro do Brasil.

Presidente da comissão científica do congresso, este professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto refutou, de forma clara, “a ideia geral que corre e que se tem, consubstanciada no binómio Barroco = a ouro do Brasil”. Pelo contrário, Aurélio de Oliveira evidenciou que “uma larguíssima fatia da produção barroca passou ao lado desse recurso directo”, mesmo no auge da entrada de ouro brasileiro em Portugal, no século XVIII.

O historiador disse não ter encontrado vestígios do ouro do Brasil nas obras espectaculares realizadas em Tibães e noutros mosteiros e destacou que a produção artística da Mitra e Cabido da Sé de Braga foi financiada pelas rendas fundiárias.

Ao Bom Jesus do Monte também não terão chegado grandes donativos relacionados com o ouro ou diamantes do Brasil. Aurélio de Oliveira, na comunicação inaugural do congresso que decorre até amanhã, valorizou o quadro de “homenagem aos lavradores da Província” que financiaram obras no santuário cujo templo principal foi concluído há precisamente 200 anos. 

José Viriato Capela, da Universidade do Minho, foi outro dos historiadores convidados para o primeiro temário global do congresso, que incidiu sobre a economia e sociedade do Barroco. Na sua intervenção, Viriato Capela demonstrou de que forma “o intenso pulsar da vida religiosa e social, comercial e construtiva” da Braga do século XVIII se estendeu ao Bom Jesus.
“O monumento repercute em si como nenhum outro pela sua complexidade e extensão os desenvolvimentos, vicissitudes, as tensões da política e sociedade portuguesa e bracarense”, defendeu.

Obs. O Congresso Luso-Brasileiro de Barroco decorreu nos dias 20 e 21 de Outubro, na cidade de Braga/Portugal e contou também com presença de vários pesquisadores brasileiros.

Fonte: Cafehistoria

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