Candidatos do ENEM entram para fazer a prova pouco depois que os portões da Universidade Veiga de Almeida, no Maracanã, são abertos. (Foto: Marcelo Regua/ Agência o Globo).
O
tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018 é 'Manipulação do
comportamento do usuário pelo controle de dados na internet' . O Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é
responsável pela prova, divulgou a informação no twitter logo após o início da
prova.
Neste
domingo, os candidatos fazem as provas de Ciências Humanas, Linguagens e
Redação. Eles terão das 13h30 às 19h para resolver 180 questões e escrever o
texto. No próximo domingo, os participantes farão as provas de Ciências da
Natureza e Matemática das 13h30 às 28h30.
A
prova de redação avalia cinco competências, a primeira diz respeito ao domínio
da linguagem formal. Na competência dois, a banca avalia a capacidade do
candidato de compreender a proposta e aplicar conceitos das várias áreas de
conhecimento para desenvolver o tema. Na terceira competência, os avaliadores
observam a capacidade de relacionar opiniões e argumentos a favor de um ponto
de vista.
A
quarta competência se refere ao conhecimento dos mecanismos linguísticos para
construção da argumentação. O último critério avaliado pelo Enem se refere à
elaboração de proposta de intervenção para o problema, com respeito aos
direitos humanos.
Até
o ano passado, o candidato que desrespeitasse os Direitos Humanos na prova de
redação do Enem recebia zero. Na última edição, após uma determinação do
Supremo Tribunal Federal, o critério passou a não mais zerar a prova, mas ele
ainda penaliza, com retirada de pontos. (Com informações do O Globo).
“Acham
que caímos de paraquedas na universidade!”. A afirmação é de Márcia
Pinheiro, 22 anos, estudante do curso de Jornalismo na Universidade Federal do
Pará (UFPA), moradora da comunidade de Itacuruçá Alto, em Abaetetuba, região
Nordeste do Estado. A fala demonstra o quanto a conquista de uma vaga no ensino
superior por um remanescente de quilombola é algo complexo e considerado
distante.
A
jovem se queixa quando algumas pessoas dizem que ela e os demais alunos
quilombolas estariam ocupando a vaga de um estudante que mereceria mais que
eles a oportunidade de acesso a uma universidade. O assunto reúne uma série de
discussões, como preconceitos de diversas ordens e dificuldades estruturais
intrínsecas à maioria das comunidades no país.
Márcia Pinheiro (centro) é uma das primeiras aprovadas no processo seletivo especial da UFPA. A incompreensão de outras pessoas sobre sua comunidade e sobre o vestibular especial ainda incomodam a jovem. (Foto: Cezar Magalhães).
Apesar
do Pará ser o estado da região Norte com o maior número de Comunidades de
Remanescentes de Quilombos (CRQs), ainda há pouco sendo feito para facilitar o
acesso e melhorar a educação nestas áreas, especialmente em relação ao ingresso
ao Ensino Superior.
Tais
dificuldades partem desde as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), que não
possui nenhum ponto específico para a educação quilombola. Segundo o Ministério
da Educação (MEC), no entanto, as metas são bastante abrangentes: contemplam
crianças, jovens e adultos de todas as raças e etnias sejam elas de comunidades
tradicionais ou não, independentemente do Estado.
Com
227 comunidades espalhadas em mais de 40 municípios paraenses, esta camada da
população, ainda que tenha papel fundamental para a formação sociocultural do
país, permanece à margem da sociedade e sem condições adequadas de educação,
saneamento, saúde e segurança.
Em
geral, os remanescentes de quilombolas no estado estão ligados à produção
agrícola familiar, o que demanda bastante tempo, já que envolve o plantio, a
colheita e a distribuição dos produtos. Com isto, desde a infância, muitas
pessoas não conseguem prosseguir nos estudos e não concluem sequer o Ensino
Fundamental.
Contribui
ainda para este panorama o número reduzido de escolas em áreas quilombolas (o
Pará possui de 158 a 430 escolas, segundo dados de 2012 da Secretaria de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial). A problemática completa, assim, um
ciclo histórico: sem alternativas econômicas e grandes perspectivas sociais, os
quilombolas no Pará dificilmente concluem todos os níveis de ensino. Ingressar
a um curso superior ainda é visto por eles como um grande desafio que, quando
alcançado, é comemorado não somente pela família, mas por toda a comunidade.
Estas
comunidades ainda carregam algumas chagas do período de escravidão, possuindo
problemas que estão longe de serem solucionados.
Para
Maria do Socorro Amoras, doutora em Antropologia e professora no curso de
Serviço Social da UFPA, é necessário levar em conta que essas populações são
agentes de suas escolhas e têm o direito de dizer como querem continuar vivendo
em seus territórios e fazendo suas incursões com os grupos externos, seja como
professores, advogados, médicos, engenheiros, assistentes sociais, físicos etc.
“Permanecer na terra e lutar por ela não
significa viver unicamente do trabalho rural. Tive a oportunidade de ver
eletricistas, professores graduados, pedreiros, motoristas e estudantes
universitários que trabalham na cidade, mas que dizem não conseguir afastar-se
do trabalho com a terra. Nessas comunidades é comum se ouvir que é desonroso
abandonar a terra”, diz.
Mudanças
são aguardadas e necessárias, há décadas. Entre elas, está até mesmo a ausência
de definição de um local próprio – já que boa parte das localidades
remanescentes já tiveram suas terras tituladas, enquanto outras seguem
aguardando a confirmação da posse da terra. A educação, que deveria ser a base
da busca de um futuro promissor e melhores condições de vida, também fica
comprometida.
Algumas
ações vêm contribuindo para de algum modo facilitar a entrada dos remanescentes
em instituições de ensino superior, como a existência, desde 2013, do Processo
Seletivo Especial (PSE), promovido pela Universidade Federal do Pará UFPA e
pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). O vestibular é voltado para
as comunidades quilombolas, indígenas e moradores do campo.
De
acordo com o MEC, em todo o Brasil, há atualmente seis universidades federais
oferecendo formação continuada para professores que trabalham com alunos
quilombolas. Outra ação destacada pelo Ministério é o incentivo à capacitação
de gestores dos sistemas, das escolas, das coordenações pedagógicas e/ou
núcleos da diversidade, sejam de instituições públicas ou particulares.
Além
disso, o crescimento no número de faculdades particulares na Grande Belém e em
municípios do interior, maior disponibilidade de aparelhos tecnológicos,
operadoras de internet e aumento de iniciativas, como a criação de infocentros,
contribuem para o acesso à informação, interesse e possibilidade de tentativas
de vagas por parte dos quilombolas.
Tais
mudanças, ainda que tímidas, ainda não conseguem alterar outro problema grave
que se arrasta há séculos: o preconceito. Falar da história dos negros é fazer
referência também, infelizmente, à história do racismo, que ainda persiste,
velado ou não, na sociedade brasileira.
Neste
caleidoscópio de dificuldades, mas também possibilidades, surgem então novas
lutas que envolvem os quilombolas na busca pelo acesso e pela permanência no
Ensino Superior. Diversas trajetórias, dificuldades, processos seletivos ajudam
a compor um quadro de possíveis modificações na educação no estado e mesmo no
país. (Com informações do Diário Online).
Suicídio já é considerado uma epidemia. (Foto: Reprodução/Portal Raízes).
“É como
se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual
mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também
merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar
a própria vida”, alerta Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da
Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Criador
do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz destaca que o
suicídio também cresce no conjunto da população brasileira. A taxa aumentou 60%
desde 1980. O Brasil registrou 11.433 mortes por suicídio em 2017 – em média,
um caso a cada 46 minutos. Nos últimos 5 anos, 48.204 pessoas tentaram
suicídio, segundo registros de entradas em hospitais, mas isto é um
‘subdiagnóstico’, estima-se que esse número é muito maior. Dados oferecidos
pela diretora da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,
Fátima Marinho. Em números absolutos, porém, o Brasil de dimensões continentais
ganha visibilidade nos relatórios: é o oitavo país com maior número de
suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da
Saúde) em 2014. (Fonte – BBC).
Segundo
a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é a segunda causa de mortes entre
jovens entre 15 e 29 e já é considerado uma epidemia. As meninas são as que
mais tentam. Os meninos são os que mais conseguem. Por isso o índice de suicídio
é maior do que entre os homens.
A
saúde mental do Brasil está péssima. Cerca de 11 milhões de pessoas foram
diagnósticas com depressão, quase 6% da população. É o número 1 com maior
prevalência da doença na América Latina, o 2 nas Américas, ficando atrás apenas
dos estados unidos. A saúde mental precisa urgentemente ser reconhecida como
umas das prioridades nas políticas públicas. Em muitos países, programas de
prevenção do suicídio passaram a fazer parte das políticas de saúde pública. Na
Inglaterra, o número de mortes por suicídio está caindo em consequência um
amplo programa de tratamento de depressão. Reduzir o suicídio é um desafio
coletivo que precisa ser colocado em debate. A indiferença, a omissão, o
silêncio, não podem ser nossas respostas. Fazer nada é a pior decisão que
podemos tomar sobre qualquer assunto.
Mais de 50% dos adolescentes trans
tentam o suicídio
Nós
que trabalhamos com prevenção ao suicídio estamos muito preocupados com a
disseminação do ódio às minorias. Mais de 50% dos adolescentes trans tentam o
suicídio, indica estudo feito ao longo de três anos pelo professor Russell B.
Toomey, da Universidade do Arizona-Tucson (EUA). 51% dos adolescentes que se
identificaram como transgênero relataram pelo menos uma tentativa de suicídio.
O psicólogo Tiago Zortea – Suicidologista – atualmente uma das referências
internacionais em Prevenção ao suicídio, afirma que “as experiências de estigma
e discriminação vividas pelas pessoas da comunidade LGBT se mostraram
significativamente associadas a todos os três aspectos da tendência suicida
[tentativa de suicídio passada, ideação suicida no presente, e probabilidade de
recorrência de tentativa de suicídio no futuro]. Tais experiências incluíram
fatores de estigma na escola (por exemplo, professores não se manifestando
contra o preconceito, lições negativas sobre minorias sexuais), reações
negativas de familiares e amigos quanto ao processo de revelarem-se LGBT, e
assédio ou experiências criminosas especificamente voltadas à comunidade LGBT
[homofobia ou LGBT-fobia]. Outros fatores como ser bissexual, não se sentir
aceito onde se vive, fazer parte de uma minoria sexual mais jovem, e a
autorevelar-se LGBT também se mostraram associados à tendência suicida. Fatores
não-LGBT também significativos neste estudo incluíram gênero feminino (ser ou
identificar-se como mulher – [sexismo]), apoio social reduzido, ansiedade /
depressão, busca de ajuda, experiências de abuso / violência e abuso sexual”.
E se o porte de armas fosse
liberado no Brasil?
De
acordo com uma recente revisão de 31 artigos científicos sobre suicídio, mais
de 90% das pessoas que se mataram tinham algum transtorno mental como
depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência de álcool ou outras
drogas. No Brasil, porém, persiste a falta de políticas públicas para prevenção
do suicídio, com o agravo da passagem do tempo e do aumento populacional. E se
o porte de armas fosse liberado no Brasil, teríamos mais suicídios, mais mortes
por acidente e, consequentemente, menos segurança pública. Nos EUA, a maioria
das mortes por armas de fogo acontece dessa forma – incríveis 64,2% dos 37.200
óbitos em 2016. No Brasil, essa porcentagem é de 4%, ou 1.728 mortes. Se os
mesmos 4% da população do Brasil andasse armada (o que representaria 6 milhões
de novas armas em circulação), o total de pessoas que tiram a própria vida todo
ano, proporcionalmente, passaria dos 16 mil. É como se 7 Boeings lotados
caíssem todo mês. Estes dados foram analisado por Thomas V. Conti, pesquisador
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Entre 2013 e 2017, ele traduziu
48 resumos de pesquisas sobre armamentos para cravar: 90% delas são taxativas
ao dizer que um maior número de armas aumenta o número de crimes letais e
suicídios. (Fonte: Super Interessante)
Reduzir
o suicídio é um desafio coletivo que precisa ser colocado em debate. “Nossa resposta não pode ser o silêncio.
Nossas chances de chegar às pessoas que precisam de ajuda dependem da
visibilidade”, fala do psiquiatra Humberto Corrêa no artigo ‘Suicídio
aumenta no Brasil, mas isso poderia ser evitado’ – publicado na revista Planeta
(edição 421, Outubro de 2007).
(Excerto
de “Jovem, não morra na Golden Gate”,
artigo (prelo) de pesquisas teóricas e de campo, da romancista e psicopedagoga
Clara Dawn, que tem se dedicado ao assunto desde 2014). (Com informações do
Portal Raízez).
Magno Malta faz oração após a vitória antes do primeiro discurso. (Foto: Reprodução).
O
senador Magno Malta (PR), que não se reelegeu no Espírito Santo, garante ter “espaço garantido no Palácio do Planalto, ao
lado do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL)”.
A
novidade é que o presidente eleito tende a escolhê-lo para uma nova pasta que
vem sendo chamada de “Ministério da Família”. Ela acomodaria Desenvolvimento
Social e Direitos Humanos e outros órgãos que permitiriam uma conexão forte com
entidades do campo evangélico e uma atuação ligada a movimentos como o Escola
Sem Partido.
As
igrejas evangélicas tem centenas de entidades filantrópicas que atuam com
pessoas carentes e usuários de drogas. O governo Crivella, no Rio de Janeiro,
já tem utilizado essas entidades para realizar seus projetos sociais. A ação
tem sido criticada, mas garante ao governante o controle político-religioso dos
benefícios concedidos.
Até
agora, há quatro ministros confirmados por Bolsonaro: o juiz Sergio Moro
(Justiça), o economista Paulo Guedes (Economia), o general Augusto Heleno
(Defesa) e o astronauta Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Ceme
Magno
Malta – aliado de Bolsonaro de longa data que saiu derrotado nas urnas em busca
da reeleição – virou motivo de debate entre integrantes do grupo que sustentou
a campanha. Para alguns, o senadornão
tem espaço no futuro governo.
—
Quem decidiu isso de não ser vice não fui eu sozinho, fomos nós dois. Então, eu
não quero responder ninguém em jornal, quem chegou no ‘ônibus’ depois — disse
Magno Malta, sem citar nominalmente o vice-presidente eleito, general Hamilton
Mourão, que, recentemente, fez duras críticas a ele.
Camelo que precisa de um deserto
A
indicação de Magno Malta para o Ministério da Família não é, porém, tranquila.
O vice-presidente eleito, general Mourão, já deu uma dura declaração à
indicação.
“Ele deve estar a procura (de um ministério).
É aquela história, ele desistiu de ser vice do Bolsonaro para dizer que ia
ganhar a eleição para senador lá no Espírito Santo. Agora ele é um elefante que
está colocado no meio da sala e tem que arrumar, né? É um camelo, é preciso
arrumar um deserto para esse camelo”, disse Mourão.
Em
resposta ao general, Malta atribuiu a sua derrota nas urnas ao fato de ter
priorizado a campanha de Bolsonaro, após o então candidato ter sofrido um
atentado no início de setembro em Juiz de Fora, Minas Gerais. O senador diz que
“apenas ele” poderia assumir o papel de Bolsonaro nas ruas do Brasil,
insinuando que Mourão não tinha preparo e condição de fazer isso. E que o fato
de sair representando Bolsonaro em atividades públicas Brasil afora foi o que
lhe levou a derrota no seu estado. (Com informações da Revista Fórum/O Globo).
Servidores Sócios do Sinsema elegem nova diretoria neste domingo, 04. (Foto: Arquivo/Nicolau Neto).
Um
processo eleitoral sem grandes animações. Tanto da parte de servidores e
servidoras públicas associadas à entidade sindical, quanto das duas chapas que
resolveram disputar a preferência de sócios e sócias. Essa é a tônica da
eleição marcada para este domingo, 04.
Sem
muitas informações disponíveis, foi constatado apenas troca de perfis na rede
social facebook dos dois candidatos à presidência do Sindicato dos Servidores
Municipais de Altaneira (Sinsema), José Evantuil e Manoel de Sousa.
O
professor Evantuil, que atualmente está vice-presidente, tem como propostas a reformulação
do estatuto do Sinsema para melhor atender as necessidades dos associados e
facilitar o trabalho da assessoria; coordenar a formação de mesas redondas
durante as assembleias gerais com momentos de debates com especialistas sobre
temas variados para formar e informar servidores; defender o servidor e a
legislação trabalhista acima de tudo; identificar servidores que tenham
direitos a insalubridade, periculosidade, adicional noturno, redução para
planejamento, progressão e implantar de forma imediata; lutar pela valorização
do magistério; assumir força tarefa para a criação do PCCR do executivo;
idealizar, coordenar e financiar cursos e capacitações para merendeiras,
auxiliares de serviços gerais e zeladoras, com certificação; construção de uma
areninha de areia para lazer de crianças e jovens; dar publicidades a toda
movimentação financeira, jurídica e deliberativa do sindicato. O candidato
pretende ainda entregar aos servidores até 2019 o espaço de lazer.
Seu
opositor, o servidor público Manoel de Sousa, conhecido popularmente como Nézio,
também usou a rede social para divulgação das propostas. Ele visa a implantação
do PCCR dos servidores do executivo; a realização de concurso público; lutar
pela criação de instrumento legal para proteger o servidor que eventualmente
seja afetado com transferências ou remoções contrárias a vontade do servidor;
criação do caixa de assistência dos servidores públicos; lutar pela inclusão
dos direitos dos servidores em comissão, a percepção de férias e 13º salário;
lutar pela criação do título de “servidor padrão”, com a criação de prêmio em
dinheiro equivalente a uma remuneração; lutar pela implantação do pagamento do
adicional de periculosidade e insalubridade devido aos servidores que a estas
estejam sujeitos segundo a lei e aquisição de veículo para deslocamento dos
sócios para outras localidades.
Evatuil
com o slogan “Para Continuar Lutando e Vencendo” concorre pela chapa 1 e Nézio
tem com lema “Para Servir o Servidor”.
Magno Malta argumenta que o ato normativo da CNJ usurpa competência do poder legislativo. (Foto: Antânio Cruz/ABR).
A
depender da opinião dos internautas, o projeto de decreto legislativo de
autoria do senador Magno Malta (PR-ES), que susta a união estável em casamento
entre pessoas de mesmo sexo, será um retumbante fracasso. Consulta pública
lançada ontem (1) pelo senador aponta que o público rechaça sua proposta de
decreto legislativo (106/2013) que pretende sustar os efeitos da Resolução 174,
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a união.
Na
tarde desta sexta-feira (2), a consulta indica que enquanto 280 mil internautas
são contrários ao projeto, apenas 14 mil apoiam a iniciativa, uma diferença de
vinte vezes.
A
proposta encontra-se atualmente em tramitação. Atualmente, está na Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania. Com a suposta indicação de Malta para um
possível ministério da Família, que unificaria as áreas de Desenvolvimento
Social e Direitos Humanos, a defesa da proposta pode se tornar mais uma das
pérolas da futura gestão do presidente eleito Jair Bolsonaro, que defende
posições de extrema-direita.
Na
proposição, Malta argumenta que o ato normativo do CNJ “usurpa a competência do Poder Legislativo, ao extrapolar os limites do
poder de regulamentar e esclarecer a lei”. Ele chama a resolução de “esbulho”, termo que, segundo o
dicionário Houaiss, significa “ato de usurpação pelo qual uma pessoa é privada,
ou espoliada, de coisa de que tenha propriedade ou posse”.
O
senador fundamenta a sua proposta no artigo 49 da Constituição Federal, inciso
V, que define que compete ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”. (Com informações da RBA).
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra. (Foto: Gustavo Lopes Pereira).
O
resultado das eleições desta semana mostrou a necessidade de novas estratégias
para que as esquerdas sobrevivam e consigam ampliar seu público. Para isso, o
sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, professor da Universidade de
Coimbra, Portugal, defende que a esquerda precisa parar de falar para os
convertidos e começar a estudar elementos importantes a uma grande parcela da
população brasileira.
"A esquerda tem de abandonar a obsessão das
reuniões secretas e de linguagem altamente codificada que só converte os
convertidos. Têm de estudar as estratégias das igrejas neopentecostais para
aprender o que se deve e o que não se deve fazer".
Para
ele, o erro do PT nos últimos meses foi "foi ter subestimado a eficácia da demonização do petismo" e ter
mirado apenas para o potencial de voto a Lula, sem refletir sobre novas
oportunidades.
O
sociólogo, autor do livro A difícil
democracia e Esquerdas do mundo, uni-vos! (editora Boitempo), destaca ainda
que os movimentos sociais podem ser uma das saídas para os problemas das
esquerdas no Brasil. "Os movimentos
sociais são a chave para a reinvenção das esquerdas e são o seu grande teste
para a capacidade de elas prevalecerem num contexto hostil. Os movimentos
sociais são os territórios físicos, sociais e culturais onde as esquerdas se
podem curar tanto do sectarismo como do entreguismo". Leia a
entrevista concedida por e-mail a CartaCapital.
CartaCapital: O que significa a
vitória de Bolsonaro?
Boaventura
de Sousa Santos: Significa a prova cabal de que sistema político brasileiro
precisa ser profundamente reformado. Tal como está: transforma o compadrio, a
corrupção, as alianças perigosas, a incoerência política e a confusão
ideológica em condições incontornáveis de governabilidade; promove o isolamento
das elites partidárias em relação às privações e aspirações das grandes maiorias
sobretudo das mais pobres ou mais vulneráveis à discriminação e à violência;
não permite que os três órgãos de soberania (Executivo, Legislativo e
Judiciário) exerçam os seus poderes com contenção, ou seja, sem violarem
gravemente as competências de uns de outros.
CC: Essa escolha diz o que sobre a
sociedade brasileira? E sobre os partidos políticos que se apresentam hoje?
BSS:
Diz que a sociedade brasileira é uma sociedade que apresenta uma combinação
tóxica de três tradições de desigualdade e discriminação: capitalismo,
colonialismo e hetero-patriarcado. A história continua a pesar demasiado para o
Brasil poder deixar de ser o eterno país do futuro. E depois destas eleições o
futuro ficou ainda um pouco mais distante do presente. Mas as últimas semanas
também mostraram que os democratas brasileiros têm mais apego à democracia do
que o registado pelo Latinobarómetro. O medo não matou a esperança.
CC:
Como o campo progressista brasileiro pode se organizar para que um novo
paradigma de senso comum crítico e racional permeie o processo decisório
popular brasileiro?
BSS:
O Brasil é hoje um laboratório de significado mundial. Está a mostrar que a
democracia liberal representativa não se sabe defender dos antidemocratas. Para
se defender tem de se articular com a democracia participativa. Para isso o
campo progressista tem de voltar aos territórios onde gente digna sobrevive em
condições indignas. Tem de abandonar a obsessão das reuniões secretas e de
linguagem altamente codificada que só converte os convertidos. Têm de estudar
as estratégias das igrejas neopentecostais para aprender o que se deve e o que
não se deve fazer. E tem sobretudo de recuperar a memória dos círculos de
cultura e das comunidades eclesiais de base.
CC:
A atmosfera social brasileira durante o processo eleitoral deflagrou episódios
de violência motivados e potencializados pelo discurso de intolerância. Segundo
o filósofo Karl Popper, a tolerância ilimitada leva, paradoxalmente, ao
desaparecimento da tolerância. Como a sociedade brasileira pode estabelecer
limites às ondas de intolerância?
BSS:A tolerância é um termo pernicioso apesar de
popular.A gente só tolera o intolerável, aquilo com que nada partilhamos nem
com que nos podemos enriquecer. O problema é outro, é o da cultura de
convivência democrática com a diferença política, social, cultural e
comportamental. O problema é o reconhecimento do direito mais fundamental: o direito
a ser iguais quando a diferença nos inferioriza e o direito a ser diferentes
quando a igualdade nos descaracteriza.
CC: Tentando fazer uma distinção
entre os erros das partes, na opinião do senhor, quais foram os principais
equívocos do PT e quais foram os de Fernando Haddad nessa eleição?
BSS:
O maior erro do PT foi ter subestimado a eficácia da demonização do petismo. Eu
compreendo o erro. Um partido que sempre governou com a direita dificilmente
poderia imaginar que pudesse ser identificado com o "perigo
comunista". O PT apenas valorizou que Lula da Silva era o candidato mais
popular nas sondagens. Negligenciou que logo abaixo dele estava Bolsonaro, a
versão mais primária e visceral do ódio ao PT tão laboriosamente construído
pela Globo.
CC: Acredita que o nome de Haddad
saiu mais forte do pleito? Na sua opinião, ele tem chances de ser o novo nome
no campo de esquerda e/ou progressista?
BSS:
Saiu bastante mais forte sobretudo porque teve de tolerar uma partida tardia e
afirmar uma identidade própria sem o apoio entusiasta de alguns setores do PT.
Será certamente um novo nome se não for apenas um nome novo para um passado
que, mal ou bem, foi rejeitado. Para isso, terá de entender que o tempo do
hegemonismo partidário terminou. Só será um nome novo se souber articular-se de
forma leal e horizontal com outros nomes novos, nomeadamente com a Manuela
D'Ávila, o Guilherme Boulos e a Sonia Guajajara.
CC: Quais aspectos Haddad deveria
melhorar em si mesmo para se tornar uma liderança política para a população nos
próximos anos?
BSS:
Tem apenas que continuar a ser o que sempre foi: um político honesto que usa a
sua inclinação moderadora e moderada para unir as forças de esquerda e não para
se unir às forças de direita que apenas o aceitarão enquanto o puderem usar,
como aconteceu no passado recente.
CC: O que deverá acontecer com a
esquerda brasileira nos próximos anos? Ou no que precisam estar preocupados
para sobreviver?
BSS:
No Brasil como noutros países há várias esquerdas e todas elas têm pecado pelo
sectarismo e pelo isolacionismo. No atual contexto tal tipo de conduta é o
caminho para o suicídio. As esquerdas têm de voltar a ir para as periferias e
para as retaguardas (não para as vanguardas onde a auto-congratulação é fácil e
viciante) e têm de unir-se sem perder as suas respetivas identidades. Apenas
muito cientes que o que as une é mais do que as separa. O que as une é elas
serem no seu conjunto os garantes da continuidade da democracia. Isto é novo e
difícil de fazer crer às próprias esquerdas mas é, em meu entender, o que
decorre da natureza do ciclo reacionário em que globalmente nos encontramos. De
maneira chocante, a direita brasileira vem-nos a dar desde 2015 (para me
referir apenas ao período mais recente) um espetáculo triste e aterrador:só é democrática quando se pode servir da democracia
para perpetuar os seus privilégios.
CC: Os movimentos sociais que
ressurgiram nessa eleição deverão perdurar ou ocorrerá certa resignação a
partir de agora? Acredita que se manterão sem uma ligação fisiológica com os
partidos políticos?
BSS:
Os movimentos sociais são a chave para a reinvenção das esquerdas e são o seu
grande teste para a capacidade de elas prevalecerem num contexto hostil. Os
movimentos sociais são os territórios físicos, sociais e culturais onde as
esquerdas se podem curar tanto do sectarismo como do entreguismo. Os movimentos
sociais não têm um DNA de esquerda. Há movimentos sociais de extrema-direita.
Quando,
no futuro, escreverem a história desses dias estranhos, um capítulo inteiro –
ou, vá lá, uma nota de pé de página – terá que ser sobre os omissos. Aqueles
que, se esperava, iriam diretamente para a barricada anti-Bolsonaro assim que
se definissem os adversário no segundo turno, e não foram, ou demoraram a ir,
ou se desinteressaram pelo futuro do País e foram cuidar das suas hortas.
Enfim, se omitiram. É claro, nenhum novo apoio declarado ao Haddad no segundo
turno diminuiria a avalanche de votos que elegeu Bolsonaro. Mas os omissos
deveriam ter pensado não na consequência imediata da sua omissão, que era
livrá-los de qualquer suspeita de estarem ajudando (horror!) o PT, mas pensado
em suas biografias. No fim, o ódio ao PT foi maior que o amor pela democracia.
Um
dia, o deputado Jair Bolsonaro lamentou publicamente que a ditadura (que,
segundo ele, nunca existiu, já que o golpe de 64 foi só um movimento de tropas,
como disse, incrivelmente, o ministro Toffoli, presidente, ai de nós, do
Supremo Tribunal Federal), que a ditadura, como eu dizia quando me interrompi
tão rudemente, não tivesse eliminado o Fernando Henrique Cardoso quando podia.
Fernando Henrique, que é um gentleman, nunca respondeu, mas bem que agora
poderia ter dado uma cutucada no capitão, como represália, anunciando seu apoio
a Haddad. Só se manifestou quando chamou de “inacreditável” o discurso de
Bolsonaro no telão da Avenida Paulista, quando este, com a eleição garantida,
anunciou uma faxina no país e o banimento do que chamou de “marginais
vermelhos” do território nacional. A Marina Silva levou 15 dias para decidir
quem apoiava. O Ciro Gomes, em vez de ir para a barricada, foi para a Europa.
Para
não dizerem que estou de má vontade com um governo novo e cheio de planos, dou
minha contribuição. Como será difícil distinguir um marginal vermelho de um
cidadão normal, agora que até a direita usa barba, sugiro que se costure uma
estrela vermelha na roupa dos marginais, para identificá-los. Deu certo em
outros países. (Texto publicado no O
Globo e divulgado na pagina do autor no facebook).