Caravana vai mostrar o cenário da volta da fome ao Brasil


Em 2017, o número de pessoas que estavam em extrema pobreza chegou aos mesmos parâmetros de 2004.
(Foto: Marcelo Cruz).

Movimentos populares, sindicatos e entidades da sociedade civil vão fazer uma caravana pelo interior do país para descrever um cenário de alerta: a fome voltou a assombrar a nação. O número de brasileiros que passam fome cresceu.

A iniciativa de apurar, com uma caravana, o crescimento do número de pessoas que passam fome no país foi idealizada pela Articulação do Semiárido (ASA) e começa no interior de Pernambuco, em Caetés, no dia 26 de julho.

A caravana vai colher relatos para ilustrar este processo, que vai na contramão de compromissos que o país assumiu com a Organização das Nações Unidas (ONU) — entre eles, a segurança alimentar, uma das metas da Agenda 2030, e a redução da fome e da pobreza, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que o país atingiu em 2015.

Este ano, o governo brasileiro, novamente, não vai apresentar o relatório de acompanhamento das metas de desenvolvimento sustentável para 2030. A publicação dos dados é voluntária. Mas o grupo de trabalho de organizações sociedade civil que investiga o cumprimento destes objetivos vai divulgar um novo relatório no final de julho.

De acordo com o pesquisador Francisco Menezes, integrante da ActionAid e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o relatório deve indicar o agravamento do que as entidades já haviam constatado em 2017: de que haviam indícios que o país pode voltar ao Mapa da Fome da ONU.

O país saiu da lista da fome em 2014, quando foram divulgados os índices mais recentes da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), pesquisa realizada a cada cinco anos. Os dados mostravam que, em 2013, cerca de 3,2% da população, aproximadamente 3 milhões de domicílios, viviam em situação de insegurança alimentar grave — índice mais baixo que o Brasil o país atingiu.

A queda representou 28,8% em relação a 2009, quando 5% da população brasileira vivia em situação de intensa privação de alimentos.

Embora a previsão de divulgação da próxima pesquisa seja em dezembro deste ano, Menezes afirma que já há indícios de que a situação do país se agravou e que o país se distancia das metas assumidas internacionalmente.

Desemprego

O pesquisador pontua que cortes nos programas sociais, a adoção de políticas neoliberais e, sobretudo, o desemprego e a precarização do trabalho levaram a este cenário.

Nos últimos três anos, a tendência de queda da pobreza no país se reverteu. Em 2017, o número de pessoas que estavam em extrema pobreza chegou aos mesmos parâmetros de 2005.

"É uma velocidade muito rápida desse empobrecimento ao extremo. E, nestes mesmos três anos, voltamos a oito anos atrás no número de pessoas abaixo da linha da pobreza", afirma.

As organizações se baseiam nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para fazer o alerta.

"Quando aplicamos um critério de verificar as pessoas que estão em situação de pobreza e as pessoas que estão em situação de extrema pobreza, nós vemos que os índices de desemprego gerais do país, que já são muitos elevados, se multiplicam para a população mais pobre", explica o pesquisador.

"Há uma grande correlação entre a extrema pobreza e a situação de fome. Ou seja, aqueles que estão em extrema pobreza estão, geralmente, vivendo a situação de fome. Então, quando se tem um quadro em que voltou 12 anos atrás, considerando os dados de 2017 sobre a extrema pobreza, tudo leva a crer que um contingente grande de pessoas voltou a essa situação de insegurança alimentar grave porque não tem condição de garantir a alimentação."

Mapa

A nutricionista Patrícia Jaime, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), analisa que a saída do Brasil do Mapa da Fome também está relacionada processo ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e à redução da mortalidade infantil.

Mas, após 13 anos de queda consecutiva, a taxa de mortes de crianças antes de completar um ano de vida cresceu 11% entre 2016 e 2017. Já o percentual de crianças menores de cinco anos desnutridas aumentou de 12,6% para 13,1% no período. Segundo ela, este é um alerta vermelho.

"Quando a gente falava da agenda do objetivo do milênio, a gente estava ainda falando em mortalidade, fome e parecia que a gente iria qualificar essa agenda em uma perspectiva mais qualitativa, da qualidade do alimento, do alimento seguro, saudável, sustentável, com fomento à agricultura familiar de base agroecológica. Ou seja, uma agenda mais avançada. E a inflexão dos programas colocam em risco questões estruturais básicas de acesso e disponibilidade de alimentos e renda", pondera Patrícia.

Já o coordenador da ASA na Bahia, Naidison Baptista, destaca o desestímulo à agricultura familiar e circuitos de comercialização e compras públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

"De um lado, o governo não paga os serviços prestados pelas organizações sociais, então há um déficit muito grande em relação aos serviços prestados pelas organizações sociais. E, de outro, não abre novas chamadas de assistência técnica. Então, o acompanhamento às famílias no processo de produção de alimentos e de geração de renda fica prejudicado", diz.

Segundo Baptista, a caravana pelo interior do país, organizada pela ASA e outras entidades que compõem a Frente Brasil Popular, é um processo de mobilização social para apontar perspectivas de solução destes problemas.

"O interessante neste processo da caravana é que ele está sendo encabeçado pelos próprios agricultores. Em Feira de Santana [Bahia], por exemplo, os agricultores vão tirar alimentos da sua produção para a alimentação da caravana, quando ela passar por aqui; a universidade está disposta a ceder o auditório para receber um ato público. Então, estamos construindo o ato envolvendo diversos atores sociais", afirma o integrante da ASA.

Além de Pernambuco, a previsão é que o grupo passe pelos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. (Com informações do Brasil de Fato).

A mistura de medo, ódio, Lava Jato e antipolítica que desaguou em Bolsonaro


Campo progressista também contribuiu para a "bolsonarização" da política ao relegar o debate da segurança pública. (Foto: Gilmar Félix/ Câmara dos Deputados).


O crescimento da extrema-direita antissistema e anti-globalização é um movimento global que já se materializou na vitória de Donald Trump, nos Estados Unidos, na campanha do Brexit, que culminou com a saída do Reino Unido da União Europeia, ou ainda no crescimento de partidos que impunham a bandeira de combate à imigração em países como França, Alemanha e Itália, além de triunfos em outras partes do continente.

No Brasil, parte da população que se identifica com tais anseios autoritários acredita que a sociedade atual vive numa "bagunça generalizada" na qual imperam a insegurança e a corrupção, e se alinham à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). Hoje, ele é o segundo colocado na preferência do eleitor, atrás apenas da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

É, portanto, um fenômeno social que não pode mais ser ignorado, e merece ser entendido e estudado. Essa é a constatação da professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano, que tem realizado pesquisas de campo sobre os movimentos políticos de direita que passaram a disputar as ruas e as redes sociais brasileiras nos últimos anos.

Ela diz que esses movimentos de extrema-direita, no Brasil e no mundo, são tratados como "caricaturas", que revelam a dificuldade que o campo progressista, e até mesmo intelectuais, têm para se aproximar desse fenômeno. Trump e Brexit não eram considerados como opções críveis, até de fato ocorrerem.

Para entender o crescimento da "bolsonarização" da política e do avanço dos extremismos no Brasil, ela organizou uma série de "entrevistas em profundidade" com simpatizantes do candidato, que já insinuou estupro a uma deputada e ofendeu negros e homossexuais.

Ordem e antipolítica

Dentre os entrevistados, de perfis socioeconômicos bastante heterogêneos, "a questão número um é que as pessoas dizem votar no Bolsonaro porque querem ordem", aponta a professora, que apresentou os resultados da pesquisa Crise da democracia e extremismos de direita nesta terça-feira (3), em São Paulo.

Segundo ela, a ideia de "ordem" almejada por essa parcela do eleitorado não é apenas a da militarização e do combate à violência, mas uma "ordem existencial", de pessoas que não entendem plenamente as transformações tecnológicas, econômicas e sociais ocorridas nos últimos anos, e se ressentem de um lugar social anterior, e que foi perdido.

O fortalecimento do discurso de inclusão social e maior organização de grupos que lutam por direitos, como os movimentos negro, feminista e LGBT nas últimas décadas, causaram uma "reorganização no campo cultural e na esfera pública", que faz com que uma pessoa conservadora de direita se sinta perdida. "A pessoa não consegue enxergar esse mundo novo, não sabe muito bem o que fazer, e quer a volta de uma ordem existencial na qual ela se sentia muito mais à vontade", ressalta a professora.

O radicalismo de direita ganha, portanto, ares de "reação virulenta". Esther diz que esse discurso autoritário também cresce na esteira de "vácuos" deixados pelo campo progressista nos temas relativos ao combate à violência e à corrupção. "Refiro-me fundamentalmente a questões como segurança pública,  tradicionalmente deixada de lado pela esquerda brasileira, e a corrupção, que também se deixou monopolizar por uma direita moralista, hiper punitiva e populista. A extrema-direita se fortalece exatamente nesses vácuos políticos que a esquerda não soube ou não quis administrar politicamente", anota Esther.

Além da reação em favor da ordem, da autoridade e do reforço das hierarquias sociais, outro componente importante é a crise de representação e o crescimento da antipolítica. Nesse quesito, Esther diz que a Operação Lava Jato teve fundamental contribuição, por se basear na "espetacularização midiática" e no "Direito Penal do Inimigo". "A ideia que o corrupto é inimigo, e contra o inimigo não tem Direito, mas basicamente perseguição. A Lava Jato é uma operação absolutamente teatralizada. Tudo isso tem como consequência o aumento do sentimento antipolítico."

Ela diz que os movimentos que saíram às ruas para defender o golpe do impeachment também migraram, gradualmente, de uma posição antipetista para uma postura antipolítica. Se no início os grupos se aglutinavam no slogan "Fora PT", aos poucos, a palavra de ordem se tornou "prendam todos", também por influência do punitivismo perseguidor exalado de Curitiba.

Memes de ódio

O "mérito" dos grupos de extrema-direita foi substituir as formas "duras" dos lemas e discursos de outros tempos por formas mais assimiláveis com memes e vídeos sintonizados com a linguagem de internet, mas que preservam o mesmo conteúdo xenófobo, misógino e de combate ao diferente, contribuindo para a banalização do discurso de ódio, principalmente entre os mais jovens. Outra questão, segundo Esther, que garante a adesão de parcela da juventude é o fato de terem crescido nos anos em que a esquerda estava no poder.

"Se nos anos 1970 ser rebelde era ser de esquerda, agora, para muitos destes jovens, é votar nesta nova direita, que se apresenta de uma forma cool, disfarçando seu discurso de ódio em formas de memes e de vídeos divertidos", constata a pesquisadora. Quando confrontados com o teor preconceituoso dos discursos de Bolsonaro, alegam que se trata de um exagero, fruto de uma perseguição por parte da imprensa, que estaria alinhada às velhas estruturas de poder.

A meritocracia

Outra ideia comum entre os entrevistados, segundo a professora, é uma concepção absolutamente individualista, de valorização do esforço individual como forma de alcançar o sucesso. Por isso, repudiam políticas sociais como o Bolsa Família e as cotas para negros em universidades, pois, segundo eles, esses mecanismos de inclusão fariam com que outros "furassem a fila" da meritocracia.

Segundo a professora, muitos apoiadores de Bolsonaro dizem ter votado em Lula nas eleições passadas, pois este também era visto como o político "diferente", "carismático" que falava a língua do povo. A ironia é que os que rejeitam Lula o fazem após terem ascendido socialmente, não se identificam mais como pobres, mas como pertencentes à nova classe média. (Com informações da RBA).

Adeilton diz se sentir surpreso com vereadores da base do prefeito de Altaneira em aceitar denúncia para investiga-lo



Vereador Adeilton Silva (PSD). (Foto: Divulgação).
O vereador professor Adeilton (PSD), líder de oposição na Câmara de Altaneira e presidente da Comissão Permanente (CP), disse durante entrevista para o Jornal “Notícias em Destaque”, da Rádio Comunitária Altaneira FM, que os parlamentares que hoje fazem parte do grupo político ao qual está vinculado não irão servir de apoio para barrar a investigação contra o prefeito Dariomar Rodrigues (PT).

Na entrevista que foi conduzida pelo comunicador João Alves, conhecido popularmente por Garoto Beleza, o parlamentar afirmou ainda que ficou surpreso com os vereadores da base de sustentação do prefeito em ter aceito o pedido de investigação. O edil lembrou que quando foi protocolada a denúncia foi feito uma reunião antes da sessão ordinária na quarta e que constatou que eles (da base governista), na sua maioria, eram favoráveis. “Apenas a vereadora Silvania foi contra. Aquilo me surpreendeu. Eu não esperava que a base fosse favorável”, enfatizou o parlamentar.

O Blog de Altaneira reproduziu integra da entrevista de Adeilton, trazendo a luz outros pontos verificados abaixo:

O líder da Oposição disse ainda que a Câmara tomou uma posição muito correta e coerente e ainda comparou a situação de Altaneira com a do País e a Câmara Municipal com Câmara Federal, lembrando que lá foi arquivada duas denúncias contra o presidente Temer.
Mais uma vez a Câmara de Altaneira faz história em receber a denúncia por 8 votos a 1. Votação muito expressiva. A Câmara de Vereadores está de parabéns. Não se opôs ao pedido de investigação”.  
Adeilton que também é Presidente da Comissão Processante assegurou que o prefeito vai ter um amplo espaço de defesa e que irão convocar pessoas, servidores, secretários e ex-secretários para colher as informações.  
O parlamentar explicou ainda que não foi votação para afastamento do prefeito, apenas para recebimento da denúncia e que a Comissão vai trabalhar pelos próximos 120 dias.  
Vamos separar os fatos por secretaria para ver quem era o secretário responsável por cada pasta. É um processo de investigação que será com total transparência”.  
Indagado sobre conversas que teve com o prefeito Adeilton disse que na noite que antecedeu a Sessão agendou na sua Casa reunião com os vereadores e vereadoras do seu grupo e o empresário Ricardo Arrais, onde foi debatido as causas e consequências da apresentação da Denúncia.  
(CONTINUAÇÃO) Nesse sentido, estávamos lá, após o diálogo, liguei para nossa “Ricardo, em sua posição de opositor, disse que tínhamos que receber de fato a denuncia, que devemos investigar, que se houver possibilidade de afastar o prefeito, devemos afastar sim. Ricardo sempre colocou sua posição de opositor”.  
Adeilton citou ainda que em determinado momento da reunião o ex-vereador  Raimundim pediu licença para ir lá fora acender um cigarro e de repente chegou com o prefeito.  
Não gostei daquela atitude, porque aquela reunião era de grupo de oposição. O Ricardo se retirou para não participar dessa conversa. Eu até falei para o Ricardo que não ia me retirar junto porque estava em minha casa”.  
O vereador disse que o prefeito usou os mesmo argumentos de sua entrevista na rádio, alegando traição e golpe, mas não ofereceu vantagens em troca de apoio. Disse ainda que foram cortadas regalias de determinada pessoas e essas pessoas querem derrubar ele a qualquer custo.  
Indagado sobre a possibilidade de o prefeito buscar o apoio da oposição para salvar seu mandado, o vereador respondeu que sua posição é que o grupo se mantenha de oposição e não entre na briga política e que não sirva de escada para ninguém.  
Minha posição é que nós permaneçamos em oposição. Essa briga não é da Oposição. Essa briga não foi a oposição que causou. Quem causou foi o próprio grupo [governista]. Então, quem mexeu seu angu que coma. A nossa posição vai ser de ajudar na investigação, de oposição coerente. Errou? Tem que pagar”.  
Adeilton disse também que o coerente é permanecer com o mesmo discurso, continuar investigando e defendendo projetos para Altaneira. Não entrar em briga de grupo. Adeilton ainda considerou muito difícil o prefeito recompor a sua base na Câmara Municipal de Altaneira. 


Em carta lida por Gleisi, Lula convoca população a lutar pelo restabelecimento do Estado de Direito no país


Em carta lida por Gleisi, Lula convoca população a lutar pelo restabelecimento do Estado de Direito no país.
(Foto: Reprodução).

Em solenidade curta, em função das várias agendas programadas para esta terça-feira (3) no Congresso, integrantes do PT na Câmara e no Senado se reuniram, no início da tarde, para a divulgação de um manifesto escrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lido pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a iniciativa foi vista não apenas como uma denúncia de Lula contra as injustiças que vem sofrendo em relação ao julgamento dos recursos apresentados por sua defesa nos últimos dias, como também uma reafirmação da sua candidatura à Presidência pelos vários líderes e petistas presentes.

No documento lido por Gleisi o ex-presidente destacou que não vê razões para acreditar que ele tenha justiça, diante do comportamento público de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e das várias manobras para atrasar os julgamentos das peças jurídicas apresentadas por sua defesa.

Mas ele lembrou que não está "pedindo favor, e sim justiça" e que não cometeu nenhum crime. E assegurou que, por isso, é sim candidato à Presidência da República.

Na última semana, Gleisi já tinha afirmado que a executiva nacional do PT entrou com ações para garantir junto à Justiça eleitoral que Lula possa participar da campanha, fazer pronunciamentos e dar entrevistas. "Lula não está com os direitos políticos suspensos. Vamos confirmar sua candidatura, o prazo eleitoral é 15 de agosto. Não pensamos em plano B", destacou a presidenta do partido.

A senadora também disse que, nas eleições de 2016, 145 prefeitos disputaram o pleito na mesma condição de Lula, motivo pelo qual a legenda quer que o STF se pronuncie a respeito.

‘Manobras orquestradas’

Já o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), reiterou que estão sendo observadas "manobras orquestradas" contra Lula. O senador foi outro a reafirmar a candidatura do ex-presidente e chamou de "escandalosos" os últimos atos do STF, nos quais o ministro Edson Fachin jogou recurso apresentado pela defesa do ex-presidente para julgamento por parte do colegiado do tribunal, em vez da Segunda Turma.

"É escandaloso o que está acontecendo. Estamos vendo várias manobras contra Lula e o PT, mas no dia determinado pela Justiça Eleitoral, registraremos a candidatura", afirmou ainda o líder do partido na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS). Ele criticou o Judiciário que, a seu ver, tem adotado medidas "com o claro intuito de manter Lula como preso político, impedido de disputar eleições".

As declarações dos petistas fizeram o conteúdo de entrevista concedida na semana passada pelo ex-chanceler Celso Amorim, na Argentina, ser lembrado por muitos dos presentes. Na entrevista, Amorim disse que Lula ser impedido de candidatar-se seria "eticamente discutível e um grande erro político" para o país. (Com informações da RBA).

Professor Kabengele Munanga é premiado por sua trajetória em defesa dos negros


Na cerimônia de premiação, o professor Kabengele Munanga afirmou que escolheu defender a importância das políticas afirmativas. (Foto: Marcos Santos/ USP Imagens).

Nesta sexta-feira, dia 29 de junho, o professor titular sênior da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Kabengele Munanga, foi agraciado com o Prêmio USP de Direitos Humanos, em cerimônia realizada na Sala do Conselho Universitário.

Em sua 15ª edição, este prêmio foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da Universidade em 2000, com o objetivo de identificar e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos direitos humanos no Brasil.

Entre os motivos da escolha do docente da FFLCH para receber este prêmio, estão a sua renomada carreira acadêmica somada à militância contra o racismo e em defesa dos direitos humanos. Munanga foi um dos protagonistas no debate nacional em defesa da implantação das cotas e ações afirmativas.

Dando início à cerimônia, o presidente da Comissão de Direitos da USP, José Gregori, falou sobre esta premiação. “São em momentos como esse que os fundamentos de uma instituição são recordados e praticamente refundados, no sentido de encontrar as verdadeiras finalidades para justificar toda uma luta que ela desenvolveu para chegar até aqui”.

Gregori destacou também a importância da luta pelos direitos humanos. “É uma das coisas que certamente consolam os meus cabelos brancos, de ter tido na vida a oportunidade de lutar pelos direitos humanos, pela igualdade, pela conciliação. [Neste quesito], estamos bem representados com o professor Kabengele Munanga”.

Professor negro

A saudação ao homenageado foi feita pelo membro da Comissão de Direitos Humanos da USP Ricardo Alexino Ferreira, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), na qual abordou a carreira acadêmica, pesquisas, cargos administrativos e prêmios recebidos pelo professor, além do merecimento desta homenagem.

O professor Kabengele Munanga fez relevantes estudos sobre o negro brasileiro. Ele estuda as teorias, mas também os grupos sociais. E, o conjunto de sua obra sempre trouxe a perspectiva das políticas afirmativas”.

Ferreira relatou um episódio que mostra a importância do homenageado em sua história, quando ao iniciar o mestrado ele foi fazer uma disciplina com Munanga. “Na véspera da primeira aula, eu quase não dormi. Porque o docente seria o primeiro professor negro que eu teria em toda a minha formação”, destacou emocionado.

Para finalizar, o docente da ECA ressaltou a relevância de Munanga também na sociedade brasileira. “O senhor mobilizou toda uma geração de pesquisadores neste projeto de sensibilizar a USP sobre a diversidade. O seu arquétipo, com certeza, chama-se direitos humanos”.

Políticas afirmativas

Kabengele Munanga agradeceu a escolha de seu nome para receber a premiação e a presença de todos ao evento. “O que estava defendendo num contexto de solidariedade, foi percebido e considerado por outras pessoas como uma contribuição para a transformação da sociedade”.

Ele contou sobre sua chegada à cidade de São Paulo, dos 32 anos de dedicação como docente do Departamento de Antropologia da FFLCH. Disse que o fato de ser o primeiro negro a ingressar como professor na Universidade não foi motivo de orgulho, mas de indagações. Pois, se tivesse nascido como negro no Brasil, talvez não chegaria muito longe.

Fez uma retrospectiva da luta para implantar as cotas e ações afirmativas na USP, que começou em 1995, mas que teve retrocessos ao longo de 20 anos, e foi implantada no ano passado.

O docente citou a importância do professor emérito João Baptista Borges Pereira em sua história, que foi seu orientador, e para o qual dedicou o prêmio recebido [Pereira também é do Departamento de Antropologia da FFLCH, e foi diretor da Unidade, por duas vezes (1985-1989) e (1994-1998)].

(Da esq. p/dir.). O professor Munanga após receber o diploma do Prêmio USP de Direitos Humanos, junto com Paulo Roberto Bonjorno, Ricardo Alexino; José Vicente; José Gregori; Vahan Agopyan; e Eunice Aparecida de Jesus Prudente. (Foto: Marcos Santos/ USP Imagens).

Além disso, lembrou de Irene, sua companheira, que sempre o apoiou, mesmo quando foi acusado pela mídia de ser racista por lutar pelas cotas para negros e ouvir algumas vezes questionamentos sobre o porquê ele falava dos problemas raciais do Brasil, mas não das questões sociais da África.

Em resposta, o professor afirmou que, como estudioso e pesquisador, escolheu defender a importância das políticas afirmativas. “Acredito que não há sentidos em fazer ciência sem ter consciência dos problemas sociais. E, este prêmio carrega muitas mãos, que não foram citadas aqui, muitas anônimas, que ainda carecem de direitos de igualdade”.

Honra

Professor Kabengele, as homenagens, mesmo que tardias, são importantes. Às vezes, os agraciados enobrecem o próprio prêmio e este é o caso do nosso homenageado de hoje”, destacou o reitor Vahan Agopyan, que parabenizou também a Comissão de Direitos Humanos pela escolha do premiado.

Pessoas como o senhor são imprescindíveis par a sociedade. Parabéns por sua trajetória. A USP se sente muito honrada em tê-lo como docente!”, finalizou.

O encerramento da cerimônia contou com apresentação musical do Coral USP. Entre as várias autoridades presentes, pode-se destacar: o secretário estadual adjunto de Desenvolvimento Social, Paulo Roberto Bonjorno; a secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa de Sousa Arruda; o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente; a diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda; o professor emérito da USP Celso Lafer; a ex-consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras; além de vários representantes da Educafro.

Carreira

O homenageado nasceu em 1942, em uma aldeia de Bakwa Kalonji, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), e graduou-se em Antropologia Social e Cultural pela Universidade Oficial do Congo (1964-1969), na qual iniciou sua carreira acadêmica como professor assistente. Em 1969, iniciou seus estudos de pós-graduação na Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e foi pesquisador no Museu Real da África Central, em Tervuren (Bruxelas). Porém, por motivos relacionados à ditadura militar instalada em seu país, o doutorado só foi concluído em 1977, pela USP.

Em 1980, ingressou na carreira docente na FFLCH e aposentou-se em 2012, como professor titular do Departamento de Antropologia. No entanto, ele continua atuante como professor sênior na Faculdade, em atividades do Centro de Estudos Africanos (CEA) e integra o Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. E, desde 2017, é professor visitante sênior da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Suas pesquisas são nas áreas de Antropologia da África e da População Afro-Brasileira, com ênfase em temas como o racismo, políticas e discursos antirracistas, negritude, identidade negra versus identidade nacional, multiculturalismo e educação das relações étnico-raciais.

Além da carreira acadêmica, Munanga desempenhou diversos cargos administrativos, como o de diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia (1983-1989), vice-diretor do Museu de Arte Contemporânea (2002-2006) e diretor do CEA (2006-2010).

Outros prêmios

Ao longo de sua trajetória, o docente recebeu diversos prêmios e títulos. Em 2002, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura; no ano de 2008, recebeu homenagem como Decano em Estudos Antropológicos, pelo Departamento de Antropologia da FFLCH; ganhou o Troféu Raça Negra 2011, pela Afrobras e pela Faculdade Zumbi dos Palmares. Em 2012, foi agraciado com o Prêmio Benedito Galvão, da Ordem dos Advogados do Estado de São Paulo (OAB-SP) e, no mesmo ano, foi homenageado pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp). Em 2013, recebeu o Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco, outorgada pelo Ministério das Relações Exteriores. Em setembro de 2016, foi homenageado com o título de cidadania baiana, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. (Com informações da FFLCH).


Nação Nordestina, de Juazeiro do Norte, conquista pela segunda vez seguida festival junino de Altaneira


Nação Nordestina é a grande campeã do XVIII Festival Junino de Altaneira. (Foto: Ítalo Duarte).

Pelo segundo ano consecutivo o grupo junino Nação Nordestina, de Juazeiro do Norte, levou para casa o título de campeã do festival junino de Altaneira.

Em 2017, quando da realização da 17ª Edição, o grupo sagrou-se campeão ao ter trazido para o público uma luta travada entre setores conservadores e progressistas da igreja católica e a luta de romeiros quanto a figura do Padre Cícero Romão Batista. Naquela oportunidade foi registrado aqui no Blog Negro Nicolau (BNN) que a cada passo de integrantes do grupo e do marcador, ficava evidente a força e a fé de popular no “padim ciço” na “Beatificação de um Homem Pela Fé do Povo”.

Este ano não foi possível perceber qual tema a Nação Nordestina levou ao público. No portal oficial do município consta apenas que ela “esbanjou charme, brilho, suavidade e encanto através de seu maravilhosa apresentação que também encantaram o público”.

A campeão foi vencedora nos quesitos “marcador” e “rainha”, mas o portal não mencionou os nomes. Abaixo o resultado oficial:

1º. Nação Nordestina – 208.9pts

2º. Quadrilha do Gil – 208.8pts

3º. Arraiá do Patativa – 208.7pts

Marcador: Nação Nordestina – 120pts

Rainha: Nação – 120pts

Noivos: Arraiá do Patativa – 120pts

Repertório: Arraiá do Patativa – 89.9pts

Casamento: Quadrilha do Gil – 29.7pts


PDT e PSB querem se unir num só partido




Notinha publicada na coluna Painel, da Folha, informa que as negociações entre PDT e PSB estão tão adiantadas, e produziram tanto entusiasmo em setores importantes de ambas as legendas que há conversas para uma fusão a partir de 2019, caso Ciro Gomes vença as eleições presidenciais.

PSB e PDT são hoje os partidos de esquerda com maior número de prefeituras: PSB tem 435 prefeituras, PDT, 335 prefeituras. Somados, os dois tem 750 prefeitos. O PT, que era a maior legenda progressista em número de prefeitos, foi fulminado em 2016, pela Lava Jato, e perdeu 60% de suas administrações:  hoje tem 254 prefeituras.


Outra nota do Painel diz que o DEM fará uma última conversa com Geraldo Alckmin, do PSDB, aliado tradicional dos Democratas, antes de tomar uma decisão interna sobre quem irá apoiar este ano. (Com informações do O Cafezinho).