FNDC vai denunciar presidente da EBC por racismo contra Taís Araújo e filho


O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) pretende denunciar o presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Laerte Rimoli, que compartilhou memes pelo Facebook debochando de declaração da atriz Taís Araujo, que recentemente afirmou que seu filho é vítima de racismo. Em uma das imagens compartilhadas por Rimoli, uma garotinha supostamente foge da atriz e de seu filho, acompanhado da frase "quando você percebe que é o filho da Taís Araújo na calçada". Outra imagem com teor similar foi postada na última segunda-feira (20), Dia da Consciência Negra.


Em vídeo divulgado na semana passada, Taís Araujo participou de uma palestra intitulada "Como criar crianças doces em um país ácido". E afirmou que "A cor do meu filho faz com que as pessoas mudem de calçada."

Para a jornalista Renata Mielli, coordenadora do FNDC, as postagens de Rimoli são graves porque racismo, no Brasil, é crime. "E se tornam mais graves ainda por incompatíveis com a função de um gestor de comunicação pública, que deveria zelar pelo fim de todas as formas de discriminação, pelo respeito à diversidade e aos direitos humanos", observa.

Segundo a coordenadora do fórum, o fato de Larte Rimoli dedicar parte de seu horário de expediente a tripudiar sobre assunto de extrema gravidade explica, em parte, o processo de desmonte da EBC e do desprezo do governo pela comunicação pública. "Racismo já é crime. Agora, praticado por um gestor de uma empresa pública de comunicação é totalmente absurdo. Nos causa profunda indignação. Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para denunciar e exigir que as medidas cabíveis sejam adotadas", diz Renata.

A ação de Rimoli, que também é jornalista, ocorre dias depois de o apresentador da Rede Globo William Waack ter sido afastado pela emissora após a divulgação de vídeo em que é flagrado dando declarações racistas.

A coordenadora do FNDC diz que, se o Estado de direito estivesse em vigor no Brasil, Rimoli deveria já ter sido afastado das suas funções. "Como ele é um preposto de um governo golpista, que é conivente com práticas discriminatórias e racistas, não sei se sofrerá algum tipo de sanção."

No início da tarde desta quarta-feira (22), Rimoli publicou em seu Facebook um pedido de desculpas a Taís e sua familia "por ter compartilhado um post inadequado em minha timeline". (Com informações da RBA).

Se Estado de Direito estivesse em pleno funcionamento, Rimoli já deveria ter sido afastado, diz FNDC.
(Foto:Reprodução/ RBA).

Alex Baoli e Karla Alves discutirão literatura de Lima Barreto em Juazeiro do Norte



O professor Alex Baoli e a ativista das causas negras pelo Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa, Karla Alves discutirão nesta quinta-feira, 23, a literatura do escritor Lima Barreto.

Nascido no Rio de Janeiro, o autor do romance O triste fim de Policarpo Quaresma e de dezenas de obras hoje em domínio público, não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Teve um estilo informal de escrever, foi cronista de costumes do Rio de Janeiro, adotando um texto que contrastava muito com os autores de então. Batalhou sempre por sua inserção no meio literário, chegando a receber uma menção honrosa da Academia Brasileira de Letras. Morreu com 41 anos de idade.

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.


É com esse sentimento, que a temática central facilitada por Alex e mediada por Karla versará sobre “A voz Negra Contra a Corrente: A Escrita Negra de Lima Barreto” e será promovida no auditório do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), às 19h00, em Juazeiro do Norte.

Karla Alves e Alex Baoli. (Fotomontagem: Blog Negro Nicolau).



Aquilombar é Preciso - II Marcha das Negras reúne cerca de 1200 pessoas em Crato


Crato (CE) - “Pelo Bem viver, contra todas as formas de opressão, discriminação e aniquilamento”, este foi o tema da segunda Marcha Regional das Mulheres Negras do Cariri, que aconteceu na manhã desta segunda (20), Dia da Consciência Negra. O movimento começou com a articulação nacional, em 2015, mas as mulheres, este ano, voltaram a se reunir e percorrer as ruas do Município gritando contra a violência, desigualdade social e por mais oportunidades. Ao todo, cerca de 1200 pessoas participaram.

A marcha contou com estudantes, professores, comunidades quilombolas, povo de terreiros, grupos de capoeira, além de agricultoras. De acordo com a professora Verônica Isidorio, o encontro é para dar visibilidade às atividades dos grupos de mulheres e fazer denúncias.

Se ‘aquilombar’, no sentido de fortalecer, se juntar para continuar resistindo. Dizer que o racismo mata, oprime, causa depressão, evasão escolar. Estamos na rua para dizer que nenhuma forma de racismo passará em silêncio e impune aqui na região do Cariri”, explica Verônica, que compõe a Frente de Mulheres do Cariri.

A professora acrescenta que os números de violência contra a mulher têm aumentado. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2005 e 2015 houve um crescimento na taxa de assassinato de mulheres negras de 22%. Verônica ressalta que, no Brasil, 68% das mulheres presas no são dessa cor, ou seja, duas a cada três. “Um número preocupante porque a gente sabe que ele está ligado às várias formas de racismo, de uma sociedade machista, racista e patriarcal”, completa.

Enquanto a educadora popular Eliana de Lima, membro do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) e uma das organizadoras da Marcha, conta que em todos os estados as mulheres sentiram vontade continuar o movimento, mesmo sem a articulação nacional, mas com mais autonomia. Segundo ela, a caminhada conseguiu reunir muitas moradoras do campo, que sofrem com o racismo.

Existe um número grande de mulheres negras nessas comunidades. Lá não têm, muitas vezes, postos policiais, postos de saúde, acesso à água e à terra. Por isso, lutamos também pela regularização fundiária das terras, políticas de atenção e assistência as comunidades rurais, formas de viver e produzir no campo, soberania e segurança alimentar”, garante.

É o caso de Silvana Santos, da comunidade quilombola de Lagoa dos Criolos, em Salitre, que percorreu cerca de 150 km até o Crato para unir forças à luta das mulheres negras.  “Viemos para ter voz, lutar por nossos direitos e que chegue até os Poderes. Não devemos nos calar com tudo que acontecendo e gritar que a união faz a força. Lá, tem vários problemas de violência, trabalho que não é concretizado. Temos que lutar para realizar nossos sonhos e nossos direitos”, exata a agricultora. (Com informações do Diário Cariri).

Cerca de 1200 pessoas caminharam pelas ruas de Crato. (Foto: Antonio Rodrigues).



O dia e a hora em que o racismo vai acabar no Brasil


Informação é uma forma de empoderar uma sociedade - e, principalmente, a parcela negra desta sociedade - que anseia por mais igualdade racial.

O Dia da Consciência Negra é um dos poucos no qual a cobertura jornalística se preocupa em falar do racismo.

É de se esperar que a categoria — na qual a grande maioria é branca, segundo dados de 2012 da Federação Nacional dos Jornalistas, e onde só 23% dos profissionais são negros — só se preocupasse em noticiar questões raciais com afinco em um único dia do ano, negligenciando outros fatos sobre o tema que acontecem em todos os outros dias.

Mesmo assim, recentemente, vemos mais manchetes denunciando situações de racismo. Infelizmente, pela falta de diversidade racial nas redações, as coberturas, não raro, são bem repetitivas.

É cansativo ver o negro virar notícia apenas quando o tema é racismo. Muitas vezes, em meio à cobertura destes casos, a única coisa que se pensa é: “Quando o racismo vai acabar no Brasil?”.  E foi esta a pergunta que fizemos para alguns especialistas que entrevistamos para este especial da Consciência Negra em 2017. Tivemos algumas respostas:

Nunca”, crava a dra. Aza Njeri, que nos falou sobre o papel das pessoas brancas no combate ao problema.

É possível ter outra resposta. Mesmo que não seja nenhuma.

É delicado responder esta questão, uma vez que o racismo se apresenta a partir de um conjunto de eventos que formam uma estrutura já enraizada nas relações”, afirmou a rapper Yzalú, que nos indicou algumas músicas fundamentais para entender questões raciais no Brasil.

Mesmo com o destaque midiático, diz ela, “a população negra continua sendo a maior afetada quando observamos as taxas de homicídio dos jovens, as taxas de encarceramento, de desemprego, escolaridade, etc, sem contar os inúmeros casos de racismo que presenciamos a todo momento no noticiário”.

Neste momento, penso tratar-se de uma questão sem resposta”, finaliza.

O músico Jairo Pereira, do Aláfia, tem uma opinião um pouco mais otimista, mesmo sem precisar quando acha que o racismo vai acabar:

Acredito que uma coisa é importante para o fim do racismo:precisamos discutir privilégios e branquitude. As pessoas precisam compreender o lugar que foi posto aos pretos, de forma sistemática. E para que isso tenha eficácia, voltamos à velha fórmula educação, justiça, equidade, compaixão, altruísmo e empatia”.

O dr. Juarez Xavier, da Unesp, acredita que o fim do racismo passa pelo desmonte do mecanismo repressivo e o ideológico do Estado brasileiro. “Quando o racismo vai acabar? Quando a gente acabar com esse Estado de coisa que reproduz um processo perverso de massacre, execução, genocídio e extermínio da população negra com uma máquina ideológica justificadora desse massacre.

Além de tudo isso, o racismo vai acabar quando houver mais informação para a sociedade. E essa é a arma principal neste especial sobre o Dia da Consciência Negra, que foi liderado pelos (poucos) jornalistas negros da redação. Em meio a pesquisa, entrevistas e produção, uma certeza (e também esperança): a informação é uma forma de empoderar uma sociedade - e, principalmente, a parcela negra desta sociedade - que anseia por mais igualdade racial.

Acreditamos que, com mais consciência e conhecimento, o fim do racismo estará cada vez mais próximo. (Com informações do Catraca Livre).

Dia Nacional da Consciência Negra. (Foto: Paulo Pinto/ Fotos Públicas).

Alexandre de Moraes abre espaço para o golpe parlamentarista



Uma nova etapa do golpe de 2016, que afastou a presidente Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade e instalou Michel Temer no poder, pode estar sendo urdida.

Indicado para o Supremo Tribunal Federal por Temer, o ministro Alexandre de Moraes pretende colocar em pauta a ação que permite ao Congresso Nacional votar a emenda parlamentarista, que já foi rejeitada pela população brasileira em plebiscito.

O parlamentarismo seria uma saída para a direita brasileira, que é incapaz de produzir um candidato capaz de rivalizar com o ex-presidente Lula – e transferiria o poder para o Congresso mais corrupto da história do Brasil.

De acordo com a mais recente pesquisa Vox Populi, Lula tem 42% contra 34% de todos os adversários e venceria em primeiro turno.

Agora ou nunca. A última porta para instalação de um regime semipresidencialista no país foi aberta. Na última terça (14), o ministro Alexandre de Moraes pediu a inclusão na pauta de julgamentos do Supremo de uma ação que questiona se o Congresso poderia mudar o sistema de governo mesmo após a rejeição do parlamentarismo no plebiscito de 1993. Se o tribunal entender que sim, abre-se uma brecha para a articulação que o presidente Michel Temer gesta há meses com seus aliados.

A origem. O mandado de segurança que trata do assunto está na corte desde 1997 e foi proposto por partidos que questionaram tentativa de aprovar uma emenda constitucional que instituísse o parlamentarismo depois da rejeição do regime por uma consulta popular.

Sem saída. Se o STF decidir que a articulação de uma emenda contraria a Constituição, qualquer iniciativa desse tipo terá que ser descartada. Temer tem consultado aliados no Congresso sobre o assunto e discutiu a mudança do sistema de governo com o ministro Gilmar Mendes. (Com informações do Painel/ 247).