Moradia: Governo acena à classe média e deixa os mais pobres ao relento, por Sakamoto



Ninguém em sã consciência é contra ampliar crédito habitacional para a classe média poder adquirir sua casa própria. O problema é quando isso é feito em detrimento à execução de programas de habitação para os mais pobres, que são os que mais sofrem com a falta de moradias decentes.

Quando o Conselho Monetário Nacional decide aumentar, temporariamente até o final do ano, o teto do imóvel financiado com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para R$ 1,5 milhão e quando o Palácio do Planalto divulga que o financiamento do ''Minha Casa, Minha Vida'' passa a beneficiar quem ganha até R$ 9 mil mensais, não é apenas a construção civil que eles querem reativar, mas também conquistar a simpatia da classe média que anda enjoada com a quantidade de denúncias de corrupção de membros do governo federal. Hoje, o teto é entre R$ 800 e 950 mil dependendo do Estado.

Ao mesmo tempo, o governo Temer vai reduzindo o foco na política de moradia que beneficia os mais pobres. O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) está acampado em frente ao prédio que abriga o escritório da Presidência da República, na avenida Paulista, em São Paulo, exatamente para protestar contra essa mudança de prioridades.

Afirma que o governo não contratado novas moradias para a faixa 1 do ''Minha Casa, Minha Vida'', voltada a quem possui renda até R$ 1800,00 mensais. Essa categoria conta com um patamar elevado de subsídios e critérios mais simples para adesão – devido ao alto grau de informalidade entre os mais pobres, muitos não conseguem comprovar renda, nem dar garantias para ter um crédito bancário convencional.

Famílias que ganham até três salários mínimos representam mais de 70% do déficit habitacional, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Ou seja, a política habitacional tem sido substituída pelo crédito imobiliário, com o Estado abandonando a opção de gastar dinheiro com programas de moradia aos mais pobres para concentrar esforços em ser um grande banco para a classe média e um grande amigo das empreiteiras. Lembrando que o Estado não tem que dar lucro, mas garantir dignidade.

Por que um acampamento do MTST na avenida Paulista, exigindo recursos para programas de moradia aos mais pobres, é uma violência à cidade e um acampamento na mesma avenida, exigindo o impeachment de uma presidente é uma manifestação da democracia?

A resposta talvez passe pelo fato de terem conseguido treinar tão bem parte da classe trabalhadora para ser cão de guarda de quem a oprime que, quando se discute a necessidade de radicalizar os programas de moradia popular, alguém grita no fundo de sua ignorância a expressão que demonstra que a incapacidade de sentir empatia: ''Tá com dó? Leva pra casa''.

Tratam de forma individual e pessoal algo que deveria ser encarado como função do poder público. Afinal de contas, para além de créditos, subsídios e financiamentos, o déficit qualitativo e quantitativo de habitação poderia ser drasticamente reduzido se imóveis e terrenos vazios em nome da especulação imobiliária, muitos acumulando gigantescas dívidas em impostos, pudessem ser desapropriados e destinados a quem precisa – gratuitamente ou a juros abaixo do mercado, dependendo do nível de pobreza em questão.

Poderia. Mas não será. Porque a política habitacional no Brasil não é feita para resolver esses déficits, mas para alguém ganhar dinheiro e alguém manter poder.


270 mil assinaturas contra ida de Moraes para o STF é entregue ao Senado


Um documento com cerca de 270 mil assinaturas contra a indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal foi entregue na tarde desta segunda-feira 20 aos senadores da Comissão de Constituição e Justiça. A petição online está hospedada no site change.

Do 247

Jovens do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, foram os responsáveis pela entrega. Para os estudantes, Moraes não tem a exigida "reputação ilibada" para o cargo, além de carreira pública marcada pela truculência e pela violência da polícia e contra os movimentos sociais em São Paulo.
"Alexandre de Moraes no STF não! Senadores, não permitam que Moraes torne-se ministro do Supremo", dizia um cartaz. Entre os senadores que estiveram no ato e apoiaram o gesto estão Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ).

Ministro da Justiça licenciado do governo Temer, Moraes será sabatinado no Senado nesta terça-feira 21 para ter o nome aprovado para a vaga deixada por Teori Zavascki no Supremo. Ele já se encontrou com senadores para reforçar sua indicação e seu currículo, chegando a ter até um jantar com senadores num barco em Brasília.

Alexandre de Moraes. Foto: Divulgação.



Professor reúne obras de filósofos africanos em site educativo


Em uma das disciplinas de filosofia da Universidade de Brasília (UnB), Aristóteles, Descartes e Nietzsche perdem espaço para nomes como Achille Mbembe, Mogobe Ramose e Cheikh Anta Diop. Ministrada por Wanderson Flor do Nascimento, a aula tem como objetivo trabalhar obras filosóficas africanas.

Ciente de que o material é de difícil acesso, Wanderson resolveu, então, criar o site Filosofia Africana, em que disponibiliza gratuitamente mais de 30 livros de escritores do continente e outras 40 obras que trabalham o tema.

A reunião desses materiais passa pela coleta de textos e vídeos em veículos de pouco acesso pelas pessoas que trabalham na educação básica e, também, na tradução de materiais para uso didático, o que auxilia na construção das aulas”, explicou o professor.

A pedido do Metrópoles, Wanderson selecionou cinco obras de cinco autores africanos que ele considera essenciais e fez uma breve explicação sobre elas.

Kacio Pacheco/ Metrópole.

Pluralidade

Incentivado pela Lei 10.639, que obriga o ensino de história e cultura africana nas escolas brasileiras, Wanderson pensou no site como uma estratégia de divulgação de material para professores de filosofia. “Nos falta conhecer o que se produziu e se produz nesse continente, tão marcado pelos danosos estereótipos racistas que se construíram no Ocidente”, afirmou.

Para o professor, as reflexões africanas se misturam à filosofia ocidental e oriental, com origens que remontam ao Egito na Antiguidade. Além disso, os autores do continente fizeram uma profunda pesquisa filosófica acerca das consequências geradas pelo colonialismo – que serviram diretamente à América Latina.

“Essas buscas também ajudam a entender as nossas heranças africanas, tão constitutivas da maior parte das sociedades latino-americanas quanto as indígenas e as europeias"  Wanderson Flor do Nascimento, professor


Além de inserir os autores do continente nas aulas de “Filosofia Africana”, Wanderson utiliza algumas das obras em disciplinas como “Introdução à Filosofia” e “Filosofia e Feminismo”. “A ideia é fazer com que os meus alunos criem o hábito de ler reflexões africanas junto com outras já comuns à Universidade”, concluiu.


37 ciclistas participam da primeira etapa do IV Campeonato de MTB de Altaneira



Com participação de 37 ciclistas das cidades de Campos Sales, Crato, Juazeiro do Norte e Nova Olinda, realizou-se na manhã de ontem (19/02) na Trilha Sítio Poças a primeira etapa do Quarto Campeonato Municipal MTB de Altaneira.
Do BA

Pela primeira vez Higor Gomes venceu etapa de abertura do campeonato, as três edições anteriores foram vencidas por Lindevaldo Ferreira que ficou na segunda colocação na etapa de ontem Richard Soares chegou em terceiro.

Apenas 10 ciclistas altaneirenses participaram da primeira etapa e a Classificação no grupo Local ficou assim:
1) Higor Gomes - 6 voltas - 1h36min.12seg;
2) Lindevaldo Ferreira - 6 voltas - 1h49min.22seg;
3) Richard Soares - 5 voltas - 1h39min.38seg;
4) Bruno Roberto - 5 voltas - 1h41min.34seg;
5) Jonathan Soares - 5 voltas - 1h50min.47seg;
6) Luciano Ferreira - 4 voltas - 1h24min.40seg;
7) Raquel Guedes - 4 voltas - 1h36min.04seg;
8) Juliano Silva - 4 voltas - 1h48min.03seg;
9) Eduardo Amorim - 1 volta - 30min.40seg;
10) Raimundo Soares- 1 volta - 38min.21seg.

Dentre os visitantes o ciclista juazeirense Ruan Jacinto foi o vencedor da primeira etapa do Municipal seguido por Vanderlei Calista em segundo e Kelvyn Kleber em terceiro. Os três juazeirenses formam o pódio mais repetido da história do certame

 A Classificação do Grupo Visitantes foi a seguinte:
1) Ruan Jacinto - 6 voltas - 1h34min.50seg;
2) Vanderlei Calixta - 6 voltas - 1h49min.20seg;
3) Kelvyn Kleber - 6 voltas - 1h50min.47seg;
4) Givanildo Manoel - 6 voltas - 1h54min.50seg;
5) Agenor Júnior (Jr. Jóias) - 5 voltas - 1h41min.50seg;
6) Welton Rolim - 5 voltas - 1h46min.09seg;
7) Igor Macedo - 5 voltas - 1h49min.17seg;
8) Luis Carlos - 5 voltas - 1h50min.53seg;
9) Samuel Macedo - 5 voltas - 1h56min.20seg;
10) Evandro Alves - 4 voltas - 1h17min.16seg;
11) Allef Melo - 4 voltas - 1h23min.37seg;
12) Afonso José (Tico) - 4 voltas - 1h35min.34seg;
13) Raul Piancó - 4 voltas - 1h41min.40seg;
14) Ermeson Silva - 4 voltas - 1h41min.42seg;
15) Fabiano Alencar - 4 voltas - 1h45min.31seg;
16) Ruben Dias - 4 voltas - 1h46min.24seg;
17) Fabyano Brito - 4 voltas - 1h46min.25seg;
18) Thiago Batista - 4 voltas - 1h48min.51seg;
19) Carlos Alberto (Beto Ciclo) - 4 voltas - 1h53min.28seg;
20) João Filho - 3 voltas - 52min.47seg;
21) Cícero Menezes - 3 voltas - 1h23min.11seg;
22) Daniel Laureano - 3 voltas - 1h40min.40seg;
23) Williamy Brito - 2 voltas - 59min.10seg;
24) Geraldo Feitosa - 1 volta - 26min.22seg;
25) Baden Powell- 1 volta - 26min.58seg;
26) Marcos Morais - 1 volta - 32min.21seg;
27) Lucas de Brito - 1 volta - 1h18min.53seg;

Os ciclistas do sexo masculino são divididos em três categorias por cada grupo e os três primeiros colocados recebem medalhas, mas na categoria Júnior nos dois grupos contou com apenas um participante, Allef Melo foi o vencedor do grupo Visitante e Juliano Silva venceu pelo grupo Local. Confiram as posições nas demais categorias:

Veterano Visitante:
1) Agenor Júnior (Juazeiro do Norte);
2) Luiz Carlos (Crato);
3) Afonso José (Crato).

Veterano Local:
1) Luciano Ferreira.
2) Raimundo Soares.

Elite Visitante:
1) Ruan Jacinto (Juazeiro do Norte);
2) Vanderlei Calixta (Juazeiro do Norte);
3) Kelvyn Kleber (Juazeiro do Norte).

Elite Local:
1) Higor Gomes;
2) Lindevaldo Ferreira;
3) Richard Soares.

Na Elite Feminino apenas a ciclista Raquel Guedes participou da primeira etapa do Municipal.

A primeira etapa marcou também a inauguração da nova ponte do Circuito que foi mantido em todas as outras partes, inclusive a extensão de 4,6Km, e, do novo uniforme da equipe altaneirense patrocinada pelo empresário José Devanilton Soares, mais conhecido por Palito MegaSom.

O presidente da Câmara Municipal de Altaneira, vereador Antonio Leite, prestigiou a abertura do campeonato, mas nenhum representante do Governo Municipal esteve no local.

A próxima etapa do Municipal está marcada para o último domingo do próximo mês (26/03), na mesma hora e no mesmo local.

A mesa de cronometragem foi coordenada pelo professor Pedro Rafael, Cleodimar Rodrigues e Cicero de Sousa.

A Classificação do grupo Local no Campeonato Municipal MTB de Altaneira ficou assim:
1) Higor Gomes - 30 pontos;
2) Lindevaldo Ferreira - 26 pontos;
3) Richard Soares - 21 pontos;
4) Bruno Roberto - 17 pontos;
5) Jonathan Soares - 15 pontos;
6) Luciano Ferreira - 12 pontos;
7) Raquel Guedes - 10 pontos;
8) Juliano Silva - 8 pontos;
9) Eduardo Amorim - 3 pontos;
10) Raimundo Soares - 2 pontos;

A Classificação do grupo Visitante no Campeonato Municipal MTB de Altaneira ficou assim:
1) Ruan Jacinto - 30 pontos;
2) Vanderlei Calixta - 26 pontos;
3) Kelvyn Kleber - 22 pontos;
4) Givanildo Manoel - 18 pontos;
5) Agenor Júnior (Jr. Jóias) - 16 pontos;
6) Welton Rolim - 13 pontos;
7) Igor Macedo - 11 pontos;
8) Luis Carlos - 9 pontos;
9) Samuel Macedo - 7 pontos;
10) Evandro Alves - 5 pontos;
11) Allef Melo - 4 pontos;
12) Afonso José (Tico) - 4 pontos;
13) Raul Piancó - 4 pontos;
14) Ermeson Silva - 4 pontos;
15) Fabiano Alencar - 4 pontos;
16) Ruben Dias - 4 pontos;
17) Fabyano Brito - 4 pontos;
18) Thiago Batista - 4 pontos;
19) Carlos Alberto - 4 pontos;
20) João Filho - 3 pontos;
21) Cícero Menezes - 3 pontos;
22) Daniel Laureano - 3 pontos;
23) Williamy Brito - 2 pontos;
24) Geraldo Feitosa - 1 pontos;
25) Baden Powell - 1 pontos;
26) Marcos Morais - 1 ponto;
27) Lucas de Brito- 1 ponto.

A Classificação Geral no Campeonato Municipal MTB de Altaneira ficou assim:
1) Ruan Jacinto - 30 pontos;
2) Higor Gomes - 26 pontos;
3) Vanderlei Calixta - 22 pontos;
4) Lindevaldo Ferreira - 18 pontos;
5) Kelvyn Kleber - 16 pontos;
6) Givanildo Manoel - 14 pontos;
7) Richard Soares - 11 pontos;
8) Bruno Roberto - 9 pontos;
9) Agenor Júnior (Jr. Jóias) - 7 pontos

10) Welton Rolim - 6 pontos

Ruan e Higor vencem primeira etapa do IV Campeonato de MTB de Altaneira. Foto: João Alves.

Altaneira registra a terceira maior chuva do Estado do Ceará


Depois de 09 dias ensolarado, o município de Altaneira, na região do cariri, voltou a ter precipitações pluviométricas entre a noite do domingo (19) e as primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 20.

A volta as pancadas de chuvas que tiveram início por voltas 21h30 de ontem fez com que baixasse a temperatura, dando, pois, aos agricultores e agricultoras motivos para manterem a esperança de uma quadra invernosa boa, pois voltou a chover na cidade alta em grande intensidade, além de contribuir de forma significativa para afastar o medo que paira sobre os munícipes desde agosto do ano passado de um possível racionamento de água.

Segundo dados colhidos junto a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) Altaneira registrou entre às 7h00 do domingo às 7h00 de hoje 105,5 mm. Até o fim desta matéria é o terceiro maior volume dentre os municípios do Estado do Ceará e o maior da Região do Cariri.

A última pancada de chuva se deu de forma tímida. 20 mm foi registrado no último dia 12 de fevereiro.

A professora Delvani Soares e o Vereador Valmir Brasil foram um dos primeiros a registrar o fato. Este último inclusive usou a rede social facebook para postar foto com a legenda “ a primeira enchente do Vale do São Romão eita coisa boa”. Já Delvani usou a mesma rede social para dizer que estava se sentido agradecido e escreveu "Deus maravilhoso chuvinha".  Outros navegantes também fizeram o mesmo com imagens e vídeos. 


Texto editado às 09h12 para atualizar informações

Quadro montado por este blogueiro a partir das fotos mencionadas na matéria.

Sociólogo Jessé Souza: “Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Globo”



O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada, direta ou indiretamente, para fazer este papel”. A sentença é do sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Do DCM

Autor de “A tolice da inteligência brasileira” e “A radiografia do golpe”, Jessé explica na entrevista a seguir, concedida ao jornalista Paulo Henrique Arantes, como e por quê pregadores do ódio ganham espaço no mundo, o papel da Globo no fenômeno Bolsonaro e a maneira como o capital financeiro se apossa do estado.

Por que a extrema-direita ganha espaço no mundo?

Eu acho que o avanço da direita tem a ver com uma relação de forças que é internacional. O capitalismo financeiro cria uma nova relação com a política que é desvalorizada para ser capturada. A política sempre foi influenciada pelo dinheiro, obviamente, mas você tinha contrapesos antes, os quais você não tem mais. O capital financeiro age globalmente, planetariamente, e a reação a ele é nacional, local, fragmentada, frágil.

O golpe no Brasil teve uma articulação internacional, foi o interesse do capital financeiro em se apropriar de tudo que possa rapinar: pré-sal, Petrobrás, destruir o capital tecnológico de empreiteiras, orçamento público, etc. Tudo com ajuda nacional da mídia e dos seus sócios internos. Dentre eles o aparelho jurídico do Estado que funcionou e funciona, com ou em consciência disso, como “advogados do capital financeiro” internacional.  O capital financeiro quer uma captura direta da política e do Estado.

O primeiro motivo é que a própria realização de lucro do capital financeiro exige e vai exigir cada vez mais desigualdade. Isso reflete numa nova forma de expropriação do trabalho coletivo que é via orçamento – aliás pago pelos pobres e apropriado pelos rentistas -, e é precisamente o que acontece no Brasil, o golpe foi feito para isso. Agora, inclusive, a ação do capital financeiro ficou mais nítida no Brasil do que em qualquer outro lugar.

Como o capital financeiro se apodera da política?

Quando ele desvaloriza a política, as instituições políticas, usando a mídia e a balela da “corrupção seletiva”, só dos políticos, escondendo a corrupção legal e ilegal do mercado que compra direta ou indiretamente a mídia e a própria política. Nesta quadra histórica, o dinheiro está se apropriando da política completamente.

A própria linguagem do dinheiro criminalizou a política. O Dória no Brasil é o melhor exemplo disso, e o Trump nos EUA, quando diz: “você deve me eleger porque eu não sou político”. Você só pode dizer isso porque a “corrupção real”, que é a do mercado, por meios legais e ilegais, é tornada invisível pela mídia.

A base de tudo tem a ver com isso: você tem que imbecilizar o público. O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada direta ou indiretamente para fazer este papel.

O populismo de direita que vemos hoje crescer no mundo todo carrega o risco de um novo fascismo?

O fascismo assumiu a forma que assumiu nos anos 30 pelas circunstâncias históricas. Eu acho que o que está acontecendo agora é sim uma forma de fascismo. Ele não precisa assumir a forma que assumiu na década de 30. Hoje ele exerce mais uma violência simbólica, “imbecilizando” o público, por exemplo, ao invés de usar majoritariamente a violência física, como o antigo fascismo, embora a violência física seja utilizada hoje em dia também.

Esses novos líderes, todos eles, têm a ver com a reação dos perdedores do capital financeiro que são a imensa maioria. O Bernie Sanders foi uma reação racional, que conseguiu forte penetração na juventude intelectualizada. O Trump é a resposta menos inteligente, emotiva, que pede um “bode expiatório”, lá os mexicanos e aqui os pobres beneficiados pelo PT, o ódio, é a linguagem fascista sobre o medo. É a versão que está ganhando aqui.

Por que o discurso populista de direita, que prega o ódio, alcance tanta receptividade?

A base do fascismo no Brasil é a classe média. A mídia manipula o falso moralismo dessa classe para que sirva de “tropa de choque” dos interesses inconfessos das elites. O grande elemento aí, que é sempre esquecido, é a mídia. A mídia é o partido da elite que rapina o país.

A mídia representa, antes de tudo, interesses, mas “tira onda” de neutra. Como esses interesses elitistas são difusos, a mídia concentra e sistematiza esses interesses e dá boca para eles. O capitalismo, o dinheiro, não tem boca – a mídia é a boca do dinheiro, então ela vai manipular o povo a partir disso.

Não há um papel positivo na atuação da mídia?

Não sei se concordo contigo. De que papel e de que mídia você se refere? Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Rede Globo. Você tem que lembrar, apenas para ficar num único exemplo que pode ser multiplicado milhares de vezes, como eu me lembro, do jornalista Merval Pereira, no jornal da “Globo News”, falando que vazamento ilegal não é nenhum problema real, que isso é “normal” e acontece sempre – imagine coisas assim ditas 500 vezes ao dia.

Como não existe contraposição de opiniões, você vai criando um terreno favorável a preconceitos contra os direitos individuais e, portanto, contra a própria democracia. Quando você cria o terreno, fica fácil para um cara como o Bolsonaro entrar, pois ele vai ocupar um espaço que foi “construído” para ele.

É a mesma coisa do Trump. Você criou esse discurso virulento com a criminalização da esquerda. Você criminaliza e torna suspeito todo discurso que tenta proteger os mais frágeis. E quando você criminaliza esse discurso, você abre espaço para a violência explícita. E quem fez isso foi a imprensa, não o Bolsonaro.

Dias atrás, outro exemplo entre milhares, eu vi, também na “Globo News” – que a classe média feita de tola assiste massivamente – a turma de “analistas”  dizendo no Jornal das Dez que foi Cabral quem quebrou o Rio. É uma deslavada mentira. Quem quebrou o Rio foi a mídia, comandada pela Globo, associada à Lava Jato, que destruiu os empregos da Petrobrás e de toda sua cadeia produtiva que é vital ao Rio.

Foram bilhões de reais e milhões de empregos perdidos. Depois você diz que foi a propina do Cabral. É claro que Cabral perdeu a noção das coisas. Mas o que ele roubou é uma gota nesse oceano. É assim que você produz uma fábrica de mentira cotidiana. O público não tem defesa contra isso.

Alguns políticos evangélicos não se enquadrariam entre os populistas de direita?

É claro que sim, mas eu acho que temos de separar muito bem essas coisas. O fato de esses indivíduos serem demagogos de direita não significa que toda a clientela evangélica o seja. Ela está sendo obviamente cooptada, de novo pelo trabalho da imprensa.

Como esses evangélicos são de classes populares, isso vira mais um preconceito da classe média contra as classes populares, contra a “burrice” das classes populares etc. Isso é uma coisa ruim, e falsa: em termos de inteligência, a mais burra, melhor, a mais feita de tola de todas as classes foi a classe média, que a partir de agora vai ter obrigatoriamente de pagar muito mais que pagava antes por tudo. Já está acontecendo.

Para você apoiar a destruição do Estado via captura do orçamento para o rentismo e a privatização, agora muito mais cara, dos serviços que o Estado presta, você tem que ser uma entre duas coisas: rico ou otário. É essa a questão que as pessoas que têm que responder sem medo e com sinceridade.

Mais uma vez: as pessoas não nascem tolas, elas são feitas de tolas. E para mim a fábrica da tolice no Brasil é uma mídia que se apresenta como neutra e “serviço público” para, sorrateiramente, destilar seu veneno todo dia. Ela ganha dinheiro e poder com isso e representa os interesses de uma elite predatória.

No painel, Bolsonaro no aeroporto de Recife (a dir.) e o sociólogo Jessé de Souza. 

Dilma ensaia sua volta a política: Senadora ou Deputada


Dilma Rousseff parece mais relaxada do que quando estava na Presidência do Brasil. Brinca, repassa a apertada lista de conferências que a aguardam na Europa e nos Estados Unidos e, pela primeira vez, fala de seu futuro político.

Destituída em 2016 pelo Congresso, sob a acusação de maquiar as contas públicas, a ex-presidente de esquerda passa seus dias em Porto Alegre, onde segue obedientemente sua rotina de exercícios físicos e passeios de bicicleta, e só parece perder a paciência quando é consultada sobre o escândalo de corrupção da Petrobras que atingiu seu governo.

"Eu não serei candidata a presidente da República, se é essa a sua pergunta. Agora, atividade política, nunca vou deixar de fazer (...) Eu não afasto a possibilidade de eu me candidatar para esse tipo de cargo: senadora, deputada, esses cargos", declarou em uma entrevista exclusiva à AFP realizada na tarde de sexta-feira em Brasília.

Apesar do impeachment, Dilma não perdeu seus direitos políticos para ocupar cargos públicos, e pode, portanto, ser candidata a cargos eletivos.

Esta decisão, tomada pelo Senado, surpreendeu porque o único precedente que existia apontava para o contrário. O ex-presidente Fernando Collor de Mello renunciou em 1992 durante o impeachment e ficou inabilitado para ocupar cargos públicos durante oito anos.
Aos 69 anos, esta ex-guerrilheira marxista disputou apenas dois cargos eletivos em sua vida: a Presidência, que venceu em 2011, e a reeleição de 2014, ambas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Questionada sobre como é possível que desconhecesse a monumental rede de subornos que drenou mais de dois bilhões de dólares da Petrobras para financiar campanhas políticas, Dilma abandona o semblante afável que adotou após seu impeachment.

"Os processos são extremamente complicados (...) Ninguém no Brasil sabe de todos os processos de corrupção hoje", afirmou.

Primeira mulher a chegar à chefia de Estado do Brasil, Dilma conserva em sua conta do Twitter a frase "presidenta eleita do Brasil".

Como o país não concede nenhum tipo de pensão aos seus ex-presidentes, Dilma se mantém financeiramente com os 5.300 reais mensais que recebe de aposentadoria por ter sido funcionária do Estado do Rio Grande do Sul e completa sua renda com o aluguel de quatro apartamentos familiares.

Impeachment

Afilhada política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010), símbolo de uma esquerda latino-americana que perdeu grande parte de seu crédito pelos escândalos de corrupção, Dilma diz que não costuma ter problemas ao percorrer as ruas do bairro Tristeza, onde vive em Porto Alegre, nem quando viaja ao Rio de Janeiro para visitar sua mãe.

Mas, com as lembranças do impeachment ainda frescas na memória do país, afirma não ter garantias, apesar de contar com um guarda-costas.

"Nada impede que alguém me agrida", declara.

Entre maio e agosto de 2016, o Brasil viveu um impeachment traumático, cujo ato final ocorreu no Senado, onde Dilma Rousseff se defendeu por mais de 10 horas.

Sua queda foi precedida por uma série de acusações de corrupção contra seu partido, que alimentaram grandes protestos nas ruas.

Dilma diz repassar "sistematicamente" os documentos do processo que a retirou do poder e que encerrou um ciclo de mais de 13 anos do PT no governo, substituindo-a por seu vice, o conservador Michel Temer, a quem acusou de liderar um "golpe parlamentar".

"As pedras de Brasília e as emas da Alvorada sabiam que eles estavam inventando um motivo para me afastar", afirma, em uma referência ao tempo em que vivia no Palácio da Alvorada, cercado de jardins intermináveis povoados por pássaros.

"Foi a chamada justiça do inimigo: não se julga, se destrói", acrescenta.

Uma pesquisa recente colocou Lula à frente em todos os cenários eleitorais para 2018. Processado em vários casos relacionados ao escândalo na Petrobras, seu futuro é uma incógnita.

"Apesar de todo o processo de tentativa de destruição da personalidade, da história e tudo, o Lula continua em primeiro lugar, continua sendo espontaneamente o mais votado", afirma Dilma, para quem há um "segundo golpe" em amadurecimento: criminalizar Lula para impedir que ele seja candidato.

Dilma diz não guardar rancores pessoais contra aqueles que levaram sua destituição adiante, uma atitude que conserva de seus tempos de militância marxista, quando foi capturada e torturada durante a ditadura militar (1964-1985).

E isso inclui o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, cérebro por trás do impeachment, atualmente na prisão por um caso de corrupção.


"Eu não tenho em relação ao Eduardo Cunha nenhum sentimento de vingança ou qualquer coisa que o valha. Eu não tive em relação ao torturador. Não dou luxo para torturador de ter ódio de torturador, nem tampouco para o Eduardo Cunha", conclui.

A ex-presidente Dilma Rousseff durante entrevista à AFP, em Brasília, no dia 17 de fevereiro de 2017. Foto: Evaristo SA.


Temer paga 65 mil para youtubers fazerem elogios a Reforma do Ensino Médio



Em meio à recessão e desemprego, Temer gasta milhões em verbas publicitárias. Tentando ganhar a opinião da juventude, o governo pagou R$ 65 mil para os youtubers Lukas Marques e Daniel Molo gravarem um vídeo fazendo a defesa da Reforma do Ensino Médio, sancionada no Senado no dia 8 de fevereiro. O vídeo “Tudo que você precisa saber sobre o ensino médio”, já conta com mais de 1 milhão e 600 mil visualisações.


Tentando transparecer espontaneidade e não fazendo crítica alguma ao projeto durante os 7 minutos de vídeo, os youtubers passam a sensação de que defendem a Reforma por livre e espontânea vontade, ocultando dos internautas a informação do montante recebido do governo federal. “Essas mudanças são realmente muito boas! Eu, por exemplo, queria fazer engenharia e tinha que saber sobre química, coisas de células, plantas”, argumenta Daniel Molo.

Em declaração ao jornal Folha de S. Paulo, Molo diz que já pensava em fazer um vídeo a respeito do ensino médio, quando surgiu a oferta do governo. “Decidimos aceitar e recebemos uma coxinha e um refrigerante em troca”, disse o youtuber, não entrando no mérito dos R$ 65 mil pagos para a execução do vídeo.

Para a presidenta da união Brasileira dos Estudantes Secundaristas, (Ubes) Camila Lanes, o governo federal sabe que a Reforma do Ensino Médio não terá vida prática dentro das escolas. “Então, para isso, o MEC precisa pagar pessoas para conseguir convencer a população dessa medida. Algumas pessoas preferem se vender por dinheiro do que mostrar quais serão os reais impactos desse novo modelo de ensino médio, lamentável”, considera Camila

Camila, que participou com outros milhares de estudantes das ocupações de escolas contra a Reforma do Ensino Médio, no fim de 2016, explica que existe algo mais valioso que mundo virtual. “O Temer pode usar de todas as forças das redes sociais, mas a luta se faz na rua”, conclui.

Gastos com verbas publicitárias duplicam com Temer

Em três meses, o Ministério da Educação (MEC) gastou a quantia de R$ 13 milhões com verbas publicitárias, no momento em que o Fies está sendo esvaziado e as universidades federais estão sofrendo cortes de 40% no seu orçamento.

Youtubers são criticados

Após a divulgação da matéria na Folha sobre o pagamento aos youtubers, internautas foram na página do vídeo para criticar o que chamaram de “oportunismo”.

Veja abaixo algumas críticas:

“Parabéns pelos R$ 65.000,00 que o MEC pagou para vocês fazerem o nosso país cada vez mais ignorante, avante Brasil, o país do futuro”

“R$ 65.000 para falar só do lado positivo da reforma, parabéns”

“Bando de vendido, fazendo propaganda para o governo corrupto do minimordomo do Drácula, tenham a decência de revelar que esse vídeo foi pago”

“Devolve meus 65 mil”

“Vendido! Esse vídeo foi pago para ser feito pelo governo Michel Temer. Perderam um inscrito”


“O governo tá pagando pra vocês falarem isso ou o que? Quem tem consciência do que está acontecendo sabe muito bem que a reforma não é boa”

Reprodução/Youtube.