Então,
tá: o jogo é assim.
A
máquina de comunicação, com a ajuda providencial de um mix de “coxismo” e
ultraesquerdismo, coloca os brasileiros numa situação de “mal-estar”.
A
inflação não explodiu, mas vai explodir.
O
desemprego caiu, mas vai aumentar.
A
economia não parou de crescer, mas vamos ter recessão.
A
Petrobras montou num mar de petróleo, mas vai falir.
A
tarifa de luz baixou, mas vai faltar energia.
As
nossas seculares carências em matéria de saúde, educação, transportes,já têm
uma razão óbvia: é a Copa!
Não
sei como não percebemos isso nos 514 anos de Brasil sem Copa!
Ah,
não esquecendo que José Dirceu, Genoíno introduziram no país o uso de dinheiro
de caixa-2, porque antes deles, imagine, ninguém tinha feito isso, nem sequer nas milionárias transações da
privatização.
E
então, neste cenário de caos e degradação, quem surge para nos salvar?
Aécio
Neves, o estadista que iluminará o caminho de um tempo novo!
O
riso é inevitável.
Mas,
exceto pelo “último ingrediente”, os demais componentes da “fórmula tucana”
fazem parte da ração diária de “informação” que é dada ao povo brasileiro,
reconheçamos.
Até
porque é quase completo o silêncio do Governo sobre tudo o quanto se faz na
mídia.
Parece
que o comando político da administração acha que o povo se esclarecerá sozinho.
Talvez,
se estivéssemos numa quadra econômica exuberante, mas não estamos.
E
o povo não terá informação “usando o controle remoto para mudar de canal”.
Até
porque não há outro canal para mudar.
Nem
outro jornal para comprar.
Mal
e porcamente um ou outro entrevistado – não os do Governo, que em geral,
gaguejam e concedem – ou os blogs ditos “sujos”, destes que vivem pedindo
colaboração dos leitores, porque são excluídos da programação de publicidade
ou, no máximo, recebem algumas migalhas, fazem o contraponto à máquina de
publicar desgraça que se tornou a mídia brasileira.
Polêmica,
zero, ou quase zero, porque depende de Lula resolver falar ou de um dos raros
momentos que Dilma o faz de forma mais contundente.
Estamos
preocupados em “recuperar a confiança do mercado”.
E
a da população?
Ela
nunca falta, quando o governo age, como no Bolsa-Família, no Mais Médicos, no
pré-sal, no Minha Casa, Minha Vida, no Pro-Uni…
É
evidente que é preciso restaurar um clima de confiança na economia, mas isso
não se fará apenas dizendo que o Brasil cumprirá as metas econômicas que o
“mercado” exige, até porque em geral as cumpre e, para isso, não depende só de
sua vontade.
É
preciso restaurar o clima de confiança na economia naqueles que são a sua maior
fonte: o povão.
Não
foi assim que Lula “peitou” o tsunami de 2008/2009? Não foi fazendo a imensa
força do povo mover a economia num contraciclo à crise mundial?
Ah,
mas não tínhamos uma inflação no nível da de hoje…
Pois,
senhores e senhores, a inflação de 2008 ia pelo mesmo caminho de alta e, se não
fosse a queda abrupta de novembro e dezembro certamente teria estourado o teto
da meta, de 6,5%, depois de ficar dois anos abaixo dos 4,5% que os economistas
conservadores creem ser o ponto de equilíbrio. Ainda assim, fechou 2008 em
5,9%, o mesmo de 2013.
Como
diriam os jornais, hoje: uma alta de 32,5% sobre os 4,45% de 2007 e quase 100%
sobre os 3,14% de 2006!
Porque
a batalha por corações e mentes que marca uma eleição, se não está boa para
quem, na oposição, não é capaz de “materializar o mal-estar”, também não está
boa para quem, do lado do governo, precisa do contrário, que é de encher de
espírito e objetivos as nossas conquistas e, com o apoio do país que sonhe e
deseja o bem estar que eles sempre nos negaram, tenha forças para enfrentar as
dificuldades.
Mas
fora da caixinha mental onde nos tentam nos prender, com seus economistas de
lápis vermelho sobre as orelhas e políticos que dizem que o Brasil não pode dar
certo sozinho, mas deve se agarrar ao capital salvador do mundo.
Nesta
caixinha, nunca houve surpresas: dela o Brasil sempre saiu fraco e submisso,
com um mal-estar que se materializa sem políticos.
Que
está no rosto de na vida sofrida de milhões de nossos irmãos, que são uma
incômoda imaterialidade para nossas elites.
A análise é de Fernando Brito e foi
publicado originalmente no Blog Tijolaço