Como
resultado da articulação construída pela Plataforma Operária e Camponesa para a
Energia, aconteceu em Brasília o Seminário Nacional sobre o modelo energético:
atualidade e perspectiva. A atividade foi organizada pela Plataforma em
conjunto com a Secretaria Geral da Presidência da Republica e reuniu 200
lideranças de movimentos sociais, sindicais, políticos e religiosos no Palácio
do Planalto, nos dias 19 e 20 de abril.
“A
atividade é resultado de todo debate feito pela Plataforma, e levado como
reivindicação na mesa de negociações entre a Plataforma e o governo, no esforço
para que o debate sobre a política energética aconteça de forma mais ampla
possível entre os trabalhadores, e não fique restrito aos grupos e empresas
ligadas ao setor energético, das grandes indústrias e do mercado financeiro”,
afirma Joceli Andrioli, da coordenação nacional do MAB e da Plataforma.
Durante
o encontro, os movimentos sociais e entidades de trabalhadores pautaram a
necessidade de construir um novo modelo energético, determinado pelas
necessidades do povo brasileiro e não do capital, como ocorre hoje. “O
desenvolvimento deve levar em consideração não só o aspecto econômico, mas
também o social e o ambiental, e não é esse quadro que temos hoje”, afirmou Dom
Guilherme Werlang, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, na mesa de
abertura da atividade.
Os
movimentos fizeram questão de frisar que a questão do modelo não diz respeito
somente à maneira de gerar energia, ou seja, se vai ser através de
hidrelétricas, de termoelétricas ou de outras fontes. O questionamento, que o
MAB vem fazendo historicamente, é para quem e para quê serve essa energia. “Se
nós produzimos energia tão barata, por que pagamos tão caro? Quem ganha com
esse modelo não são os trabalhadores, mas o capital financeiro especulativo”,
afirmou Joceli.
Pela renovação das concessões e
contra a precarização do trabalho
Uma
das questões defendidas pela Plataforma é a renovação das concessões do setor
elétrico, entendida como uma forma de combater o avanço da privatização, pois
boa parte dos contratos que vai vencer está nas mãos das estatais. “Os
trabalhadores do setor defendem a renovação imediata”, afirmou Franklin Moreira,
da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).
Outro
ponto trazido pelos eletricitários é a questão da terceirização, que precariza
o trabalho no setor chegando a custar a vida dos trabalhadores. Na Companhia
Energética de Minas Gerais (Cemig), por exemplo, morre um trabalhador
terceirizado a cada 45 dias.
Os
trabalhadores também fizeram questão de frisar que reconhecem a importância da
criação do espaço de debate e interlocução com o governo, mas querem, além
disso, participar de fato das decisões sobre os rumos do setor energético do
país.
Do
governo, participaram da atividade os ministérios ligados ao tema, como Minas e
Energia e Meio Ambiente, além da Secretaria Geral da Presidência, pasta
responsável por construir o diálogo do governo com os movimentos sociais.
Participaram também diretores das estatais do setor energético e a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Participam
da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia o Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB), a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU/CUT), o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Federação Única dos Petroleiros
(FUP), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e os sindicatos Sinergia
(Florianópolis), Sindieletro (Minas Gerais) e Senge (Curitiba).
Fonte: RECID