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Governo se dissolveu: Temer e ministros estão refugiados nos palácios, dizem analistas


Depois dos protestos em Brasília nesta quarta-feira (24), o governo de Michel Temer não tem saída. Isolado, o presidente ainda se apega a tentativas desesperadas de se manter no poder. O símbolo desse desespero foi a edição, no mesmo dia do Ocupa Brasília, do decreto autorizando “o emprego das Forças Armadas para a garantia da Lei e da Ordem no Distrito Federal”. A falta de apoio foi tal que Temer recuou e, menos de 12 horas depois, revogou o decreto. A questão agora é saber o que se pode esperar para os próximos dias e qual a “porta de saída” mais provável pela qual o presidente deixará o “comando” do país.

Da RBA - “O que há fundamentalmente é um governo que se dissolveu, que perdeu o controle”, diz o jurista e professor de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Pedro Serrano. “Trata-se de um projeto de diminuição do tamanho do Estado que não cabe no Brasil, de redução dos direitos sociais, de um poder 'desconstituinte', para usar expressão do jurista italiano Luigi Ferrajoli. Um poder que tem amesquinhado os direitos fundamentais. O país não tem como viver de forma pacífica com esse grau de agressão aos direitos dos trabalhadores, dos cidadãos em geral.”

Diante da violenta crise econômica com quase 15 milhões de desempregados, não satisfeito, o governo e sua base no Congresso Nacional continuam “produzindo leis que reduzem cada vez mais os direitos de milhões de pessoas”, diz Serrano. “Isso é uma incitação à violência.”

O economista e professor João Sicsú, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta o simbolismo do decreto que colocou Brasília virtualmente sob estado de sítio por algumas poucas horas. “Foi revogado porque tudo o que o governo Temer faz é rejeitado por todos. Essa medida foi rejeitada pelas Forças Armadas, pelo STF, pelo Senado, pela sociedade, pelo governador do Distrito Federal. Temer e seus comparsas não sabem para onde correr, nem ele, nem o Padilha (ministro-chefe da Casa Civil) etc. Estão refugiados dentro do Palácio do Planalto e do Palácio do Jaburu.”

A cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), avalia: “Vivemos a expressão da situação a que o Brasil chegou. A classe política está encurralada”.

Temer ainda é “apoiado por uma minoria resistente”, diz Sicsú, cuja expectativa é de que nos próximos dias o país encontre uma saída para a crise política permanente desde o golpe que derrubou Dilma Rousseff. “Espero que a saída seja apontada pelas ruas e mobilizações da sociedade, e portanto seja feita pela maioria, que rejeita profundamente esse governo e seu projeto de reformas trabalhista e previdenciária, e não uma saída por cima, dirigida pela Globo, com os bancos, as multinacionais e suas marionetes, PSDB, PMDB e penduricalhos menores”, avalia Sicsú. Em sua opinião, as "Diretas Já" seriam a única solução a contemplar de fato a voz das ruas.

O que pode acontecer nos próximos dias ou horas não é possível prever, dada a imprevisibilidade no país. Especulações e informações supostamente de bastidores alimentam as manchetes e em seguida são ultrapassadas por novos fatos.

Nesta quinta, por exemplo, o deputado Carlos Zarattini (SP) e a senadora Gleisi Hoffmann (PR), líderes do PT na Câmara e no Senado, respectivamente, negaram, pelas redes sociais, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteja conversando com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney na tentativa de encontrar eventuais saídas para a crise e a substituição de Temer. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

Jobim?

Segundo reportagem da revista Piauí, Nelson Jobim, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, frequentemente citado como um dos favoritos a substituir Temer se a solução se der via eleição indireta, teria negado a possibilidade de assumir a tarefa. As justificativas seriam duas, e pouco convincentes: resistência da mulher e eventuais problemas que essa “missão” poderiam causar ao banco no qual Jobim é um dos sócios, o BTG Pactual.

Mas não deixa de ser significativo que a negativa de Jobim teria se dado num almoço em São Paulo com cinco dezenas de membros do mercado financeiro, justamente no dia do Ocupa Brasília.

Se o fim do governo Temer é um fato, não se pode prever se sua saída acontecerá com a cassação no Tribunal Superior Eleitoral, provavelmente no dia 6, ou se ele vai renunciar após um suposto acordo que estaria sendo costurado nos bastidores. “Do ponto de vista político, está resolvido, esse governo não vai continuar. O que não está resolvido é a transição: se será pelo Congresso Nacional comandado pela Globo, ou se será pela vontade das ruas”, diz Sicsú.

Seja como for, Pedro Serrano não vê uma solução para a crise num horizonte próximo. Autor do livro Autoritarismo e golpes na América Latina (editora Alameda Casa Editorial), produto de uma tese de pós-doutorado que apresentou em Lisboa, ele acredita que a crise iniciada com o impeachment inconstitucional de Dilma Rousseff, na realidade, ainda vai se aprofundar. “O que temos é cada vez mais poderes selvagens no Brasil, para usar outra expressão de Farrajoli. É uma ferida institucional difícil de curar. Um projeto de redução de direitos, num momento de crise econômica muito violenta e acusações de corrupção que estarrecem a sociedade. Esse conjunto de fatores está dissolvendo as relações regulares de poder”, avalia.

Com a queda de Temer, acredita, o quadro não vai se amenizar tão rapidamente. “Acho que vem uma sequência autoritária, mesmo com a queda do Temer. Creio que a tendência é ampliar cada vez mais a esfera autoritária, até ela entrar em um ciclo de desestrutura. Daí, o ciclo começa a terminar. As pessoas acham que o autoritário traz a ordem, vão atrás do autoritarismo e do populismo em geral, mas na realidade isso é o caos, como a história mostra.


1 em cada 3 integrante do congresso nacional recebeu dinheiro da JBS em 2014


Um em cada três integrantes do atual Congresso recebeu dinheiro do g[rupo JBS na eleição de 2014, segundo planilha entregue pelos delatores à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Juntos, quase 200 congressistas receberam mais de R$ 107 milhões da empresa. De acordo com os delatores, a maior parte dos recursos era propina, mesmo em casos de doação oficial registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram beneficiados pela JBS 167 deputados federais, de 19 partidos, e 28 senadores. Os valores são maiores, já que nem todos foram identificados claramente no documento. Vários congressistas atribuem as doações aos seus partidos.

Na linha de sucessão de Temer, Rodrigo Maia e Eunício aparecem entre os financiados pela empresa.
Foto: Gilmar Félix/ Agência Câmara.

Do Congresso em Foco - Na lista estão políticos que declararam legalmente o recebimento da contribuição à Justiça, mas também doações de caixa dois e produto de corrupção, conforme os depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, presidente e diretor de Relações Institucionais da J&F. O documento não especifica, porém, a situação de cada político. Entre os nomes financiados pela JBS estão os dois da linha sucessória de Temer: os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Maia aparece como beneficiário de R$ 100 mil. Já no caso de Eunício não há valor. Em depoimento, Joesley disse ter dado R$ 6 milhões ao peemedebista.

Pelas contas da empresa, os deputados eleitos levaram R$ 49 milhões e os senadores, R$ 58 milhões. Os partidos que mais receberam foram o PSDB (R$ 35,9 milhões), o PP (R$ 20,4 milhões), o PT (R$ 14,5 milhões), o PR (R$ 8,5 milhões) e o PMDB (R$ 8,5 milhões). A planilha também lista doações para 16 governadores, a ex-presidente Dilma Rousseff e 179 deputados eleitos. O número de candidatos agraciados, porém, foi bem superior: 1.829 políticos receberam mais de R$ 500 milhões.

Desse montante, a maior parte foi direcionada a nomes que perderam a eleição. É o caso, por exemplo, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o campeão de arrecadação da JBS entre os congressistas. Em 2014, ano em que chegou ao segundo turno na corrida ao Palácio do Planalto, o tucano levou R$ 30,4 milhões da empresa. Reeleita, Dilma recebeu R$ 78,3 milhões do grupo. Também há referência a doações para senadores que concorreram ao governo de seus estados.

Até o momento, apenas o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) admitiu ter recebido via caixa dois para sua reeleição. Segundo ele, foram R$ 100 mil transferidos por uma subsidiária do grupo. O nome de Onyx não aparece na planilha dos deputados eleitos financiados pela JBS, mas em registro feito à mão em outra parte do documento. O deputado, que admitiu ter recebido R$ 100 mil de uma empresa do grupo, pediu perdão aos eleitores e disse que vai se explicar ao Ministério Público e à Justiça.

Tive o cuidado de perguntar se o dinheiro era lícito, de origem limpa”, afirmou.

Propina, caixa dois, dinheiro em espécie…

Alguns parlamentares já se manifestaram publicamente sobre o assunto, informando que as doações recebidas foram legalmente registradas. É o caso dos senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Fernando Coelho Bezerra (PSB-PE) e do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), eleito pelo PSB.

Há curiosidades na relação. Alguns deputados aparecem ao lado de valores irrisórios como R$ 84 e R$ 210. Também há registro de R$ 2,5 milhões em doação para nove partidos (PTC, PMN, PPS, PRP, PRTB, PSDC, PSL, PPL e PEN), sem especificar nomes de parlamentares.

“Nós fizemos doação oficial de uns R$ 400 milhões e pagamos mais uns R$ 100 milhões de nota fiscal fria. Dos R$ 500 milhões então, total, pode se considerar que, dos R$ 500 milhões, R$ 400 milhões foram contrapartida a ajustes ilícitos feitos pelos políticos. Naquela hora, pagamos”, contou Joesley Batista.

Tem pagamento via oficial, caixa 1, via campanha política, tem via caixa 2, tem via dinheiro em espécie. Basicamente essa é a forma de pagar. Normalmente acontece o seguinte: se combina o ilícito, se combina o ato de corrupção com o político, com o dirigente do poder público, e daí pra frente se procede o pagamento. Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras. Seja nota fiscal fria, seja dinheiro, caixa 2, até mesmo doação política oficial”, acrescentou.

Lobista da J&F, Ricardo Saud disse não acreditar que os candidatos não soubessem que o dinheiro era resultado de propina. “É importante a gente trabalhar que desses R$ 500 milhões, quase R$ 600 milhões que estamos falando aqui, praticamente, tirando esses R$ 10, R$ 15 milhões aqui, o resto tudo é propina. Tudo tem ato de ofício, tudo tem promessa, tudo tem alguma coisa.”

A distribuição do dinheiro da JBS entre os parlamentares, por partido:




Movimentos Populares irão ocupar Brasília nesta quarta-feira (24)


Movimentos populares apostam que o Ocupa Brasília, série de ações que estão agendadas para quarta-feira, no Distrito Federal, será ainda mais decisivo, após as denúncias contra o presidente golpista Michel Temer, do PMDB.

Do Portal Fórum - Nesta semana, foram divulgados áudios que supõem que Temer teria dado aval aos donos da empresa JBS para silenciar o ex-deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB.

A mobilização contra a reforma trabalhista e a reforma da Previdência, que inclui uma marcha e um ato político na capital federal, já estava agendada antes do escândalo.

Mas Josué Rocha, do MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, afirma que o calendário de manifestações está mantido. Para ele, agora os atos ganham contornos pelas diretas já e contra uma saída conservadora, que seriam as eleições indiretas

A gente não pode aceitar. Por isso, a ida para Brasília, além do caráter para barrar de uma vez essas reformas, ela vai ser decisiva para exigir a saída do Temer e eleições diretas”, afirmou Rocha.

Para Ricardo Gebrim, da Consulta Popular, o Ocupa Brasília ganha muita força com a luta pelas diretas já. Ele acredita que esta é a bandeira que pode oferecer uma saída política democrática para a profunda crise política.

Dia 24 ganha uma relevância extraordinária com essa conjuntura. Ele vai ter um papel decisivo. É o momento de fortalecê-lo, massificá-lo e levar o máximo possível de ônibus de toda a parte. A expectativa da Frente Brasil Popular, que organiza o evento junto com as centrais sindicais, é reunir 100 mil pessoas em Brasília”, afirmou Gebrim.

A expectativa da Frente Brasil Popular, que organiza o evento junto com as centrais sindicais e frente Povo Sem Medo, é reunir 100 mil pessoas em Brasília.

Delegações pernambucanas, por exemplo, vão participar das manifestações. Paulo Rocha, do Sintepe, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, afirma que as mobilizações dão continuidade à Greve Geral, realizada no dia 28 de abril.

É importante fazermos um Ocupa Brasília com a quantidade que expresse a nossa indignação e a força de luta da classe trabalhadora”, diz Rocha.


Além de Brasília, paralisações e mobilizações também são esperadas em outros estados neste domingo e também na quarta-feira.

Foto: Lula Marques/ AGPT

Perito profissional contesta perícia paga pela Folha para salvar Temer



O perito profissional George Sanguinetti contestou a perícia contratada pelo jornal Folha de S. Paulo que afirmou que o áudio da gravação da conversa entre Joesley Batista, dono da JBS, e Michel Temer teria sido editado, o que comprometeria a legalidade das acusações contra Temer.

Do247 - Sanguinetti, que atuou no caso PC Farias, é claro ao afirmar que "não há qualquer alteração no conteúdo de áudio do original gravado". "Sem sinais de montagem ou remanejo na gravação; existe conexão contextual", disse o legista em sua página no Facebook.

Sua conclusão, que usada na noite desse sábado em extensa reportagem do Jornal Nacional que trucidou os argumentos da Folha, agarrados por Michel Temer para permanecer no Poder: "a gravação constante na fita é original, de boa qualidade sonora, com ruídos em alguns trechos. É um todo homogêneo. Com a amplificação dos ruídos de fundo, pode-se verificar que o ambiente onde ocorreu a gravação é o mesmo, do início ao fim".

Leia na íntegra o que disse George Sanguinetti sobre gravação entre Joesley Batista e Michel Temer:

"Laudo pericial de autenticidade da fita gravada com diálogos entre o Presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Uma contribuição da Fonética Forense.

Com a divulgação e distribuição da fita gravada (pelo Supremo), foi-me enviada uma cópia, com um pedido de realização de uma Perícia de Autenticidade. Como não foi solicitado sigilo, mantenho o anonimato do requisitante e divulgo o resultado do meu trabalho e de equipe multidisciplinar.

De modo objetivo, declaro que não há qualquer alteração no conteúdo de áudio do original gravado. Sem sinais de montagem ou remanejo na gravação; existe conexão contextual.

Características do material examinado: trata-se de uma gravação de áudio, contendo como interlocutores o Presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista. Após a análise espectográfica, houve aferição de autenticidade da voz, de cada interlocutor, participante do diálogo e também da autenticidade de toda conversação gravada.


Conclusão do Laudo Pericial de Constatação de Autenticidade de Áudio: a gravação constante na fita é original, de boa qualidade sonora, com ruídos em alguns trechos. É um todo homogêneo. Com a amplificação dos ruídos de fundo, pode-se verificar que o ambiente onde ocorreu a gravação é o mesmo, do início ao fim."


Oposição e equipe de sustentação a Temer concordam que ele perdeu a capacidade de presidir o país


Essa constatação e a expectativa quanto a novas revelações de impacto da Lava Jato são as únicas certezas de parlamentares e analistas em relação à crise atual e seus possíveis desdobramentos. Veja o que mais pode vir por aí.

Do Congresso em Foco - “A governabilidade, com o presidente Temer, está comprometida”, diz a senadora Ana Amélia (PP-RS), vigorosa defensora do impeachment que tirou Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. “O governo Temer terminou”, afirma o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), um dos principais nomes do petismo no Parlamento. “Para o Temer agora não dá mais”, concorda Alex Canziani (PTB-PR), importante parlamentar da base governista na Câmara dos Deputados.

Para o jornalista e analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Temer perdeu a capacidade de se manter no cargo “porque não tem mais condições de aprovar a agenda das reformas, que o sustentaria”.

Outra constatação próxima da unanimidade, entre políticos e analistas, é que a Lava Jato continuará assombrando a nação com revelações escabrosas, seja em razão das delações já parcialmente vazadas (como a da JBS), seja pelas delações a caminho, como as do ex-ministro Antonio Palocci e as novas informações prestadas por executivos e acionistas dos grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Sem falar da temida delação do ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A Lava Jato sai fortalecida”, analisa Ana Amélia. Ela acredita que as gravações envolvendo donos e diretores da JBS e figuras de destaque da política nacional que tentaram de alguma maneira obstruir a operação demonstram que não vale a pena atuar contra a continuidade das investigações. “Isso obrigará todo agente público, daqui pra frente, a evitar criar qualquer problema para a Lava Jato”, prevê a senadora.

Complicado mesmo será construir o mundo pós-Lava Jato, observa o cientista político Ricardo de João Braga. “Vivemos um ambiente confuso e muito pouco auspicioso, em grande parte porque não se vê uma liderança que sinalize esperança para a grande maioria da população. A Lava Jato fez um grande serviço à sociedade, mas transformou toda a classe política em um caldo que azedou. A questão é superar isso”.

Entenda o que se passa no Brasil e outros possíveis desdobramentos da crise política:

O fim do governo Temer – no Congresso, as principais lideranças políticas já não discutem a possibilidade de Michel Temer continuar a presidir o país ou não. A saída dele é dada como certa. A avaliação predominante, tanto na antiga base governista quanto na oposição, é que Temer só não renunciou porque negocia uma rede de proteção junto ao Poder Judiciário e seus aliados políticos. A renúncia, neste momento, poderia equivaler ainda a uma espécie de confissão de culpa.

Temer perdeu condição de governabilidade porque não conta mais com as três bases de apoio que lhe permitiram exercer o cargo de presidente mesmo com enorme rejeição popular: o alto empresariado e o mercado financeiro; o Congresso; e os grandes veículos de comunicação.

No último caso, isso ficou claro já na noite de quarta-feira (17) com a cobertura que o mais poderoso grupo de mídia brasileiro, o grupo Globo, deu às revelações derivadas da delação da JBS. Na Globo News, o principal comentarista político da empresa e frequente porta-voz do conglomerado, Merval Pereira, foi adiante ao decretar, em alto e bom som, que Temer não tinha mais condições de presidir o país. Nesta sexta-feira (19), o jornal O Globo pediu a renúncia de Temer em editorial, embora tal posição não seja encampada por outras poderosas empresas de comunicação (como o Estadão, que condenou o comportamento do jornal concorrente).

A perda de apoio do grande empresariado e do mercado financeiro refletiu-se nos movimentos de ontem – quinta, 18 – no câmbio e na bolsa. No Congresso, uma base que chegou a representar 80% da Câmara e do Senado e que já sofria um processo de emagrecimento, desfez-se por completo e saiu a avisar aos interessados que não há mais clima para avançar com os grandes temas da pauta legislativa, como as reformas previdenciária e trabalhista.

O jogo que está sendo jogado de fato é como será a sucessão de Temer”, resume Henrique Fontana.

Cassação pelo TSE – é hoje visto como o cenário mais provável, já que são abundantes as provas de abuso de poder econômico e de irregularidades diversas cometidas pela chapa Dilma/Temer. Como já não há mais razão para o Tribunal Superior Eleitoral dar sobrevida a um governo que perdeu a capacidade de sustentação, os ministros do TSE podem dar maioria ao voto pela cassação, que será apresentado pelo ministro Herman Benjamin. Segundo um influente advogado eleitoral, o voto de Herman, conhecido pela competência jurídica e que dedicou meses à preparação do relatório, será “fulminante”.

O julgamento está marcado para 6 de junho, mas alguns parlamentares defendem que a data seja antecipada. Mesmo que não haja mudança no calendário, poderá ser o caminho mais rápido para encerrar a agonia do governo Temer.

Antônio Augusto de Queiroz, do Diap, diz que não se pode descartar a possibilidade de o TSE dar à questão tratamento semelhante ao aplicado recentemente ao governo de Amazonas. Por entender que não houve vacância no cargo em decorrência da cassação da chapa do governador eleito, a Justiça eleitoral convocou novas eleições. “Só há vacância em caso de renúncia, impeachment, morte ou inaptidão física ou psicológica para o exercício do cargo. Cassação é uma outra situação. Nessa hipótese, ainda que isso não seja o mais provável, o TSE poderia convocar eleição presidencial direta”.

Em qualquer circunstância, Temer recorrerá ao Supremo se a decisão do TSE lhe for desfavorável.

Impeachment – é o caminho mais longo e também o que pode impor maiores prejuízos à economia e a estabilidade político-institucional. Até este momento, oito pedidos de impeachment presidencial foram apresentados.

É grande a torcida, entre políticos e empresários, para que uma outra solução permita evitar que o Brasil volte a passar pelo desgaste e pelo trauma de um novo processo de impeachment, que poderia representar pelo menos três a cinco meses de paralisia do Congresso, com efeitos trágicos sobre os investimentos num país em recessão há mais de dois anos.

Renúncia – pelas razões antes citadas, Temer só renunciará se tiver garantias de alguma proteção, algo que, no atual contexto, esbarra na determinação do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e do ministro Edson Fachin (relator no STF) de levar adiante essa sucessão de tsunamis que ficou conhecida pelo nome de Operação Lava Jato.

O novo presidente – há especulações para todos os gostos, mas não há certeza nem mesmo de que o sucessor de Temer será escolhido pelo Congresso, por via indireta, no prazo de 30 dias após a saída do presidente atual, hipótese prevista no parágrafo primeiro do artigo 81 da Constituição Federal.

A oposição, tendo à frente o PT de Lula e a Rede de Marina, apoiada por vários movimentos sociais e entidades da sociedade civil, tentará pressionar o Congresso a aprovar a proposta de emenda à Constituição do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), pela antecipação da eleição presidencial direta (PEC 227/2016). Hoje, no Congresso, essa PEC está longe de alcançar maioria. A esperança dos seus defensores é torná-la politicamente viável por meio da mobilização da sociedade. Dois fatos indicarão em breve as chances de a ideia prosperar: o sucesso ou fracasso das manifestações por diretas-já marcadas para este domingo, dia 28; e a votação – ou não – da proposta de Miro na terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. A CCJ do Senado também tentará votar PEC de teor semelhante, de autoria do senador Reguffe (Sem partido-DF).

A emenda será aprovada não porque o Congresso quer, mas pela pressão das ruas”, disse Miro ao Congresso em Foco. “Um Congresso que elegeu Eduardo Cunha como presidente da Câmara e botou Temer na Presidência da República, nas condições em que colocou, não terá credibilidade para escolher um presidente”.

Também há dúvidas se o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por ser investigado na Lava Jato, poderia substituir interinamente Temer. Há quem defenda que lhe faltariam condições não apenas políticas e morais, mas até mesmo jurídicas, para tal (o Supremo já decidiu que réu de ação penal está impedido de substituir o presidente, não analisou ainda o caso de pessoa sob investigação).

Nessa hipótese, aplicando-se o artigo 80 da Constituição, Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, outro sob investigação, poderiam ser descartados, assumindo a Presidência da República a ministra Cármen Lúcia, que preside o Supremo Tribunal Federal e é a próxima na cadeia sucessória. Alguns parlamentares de esquerda defendem essa ideia, que também contaria – conforme se especula em Brasília – com firme apoio do grupo Globo. “Carmen Lúcia, como presidente do Supremo, é a mais indicada para conduzir a eleição presidencial direta”, opina o petista Henrique Fontana.

Alex Canziani discorda: “Fazer uma nova eleição presidencial agora é uma loucura. Aí acabamos com o país de vez. A Constituição é clara e prevê a eleição de forma indireta. Essa é a única saída para apaziguar o Brasil”.

Havendo eleição indireta, o nome mais forte no Congresso Nacional neste instante é o do ex-ministro (da Justiça e do Supremo) Nelson Jobim, que teria a vantagem de se relacionar bem com todas as principais forças políticas do país. Setores da base governista também defendem os nomes de Fernando Henrique Cardoso e, com bem menos força, Henrique Meirelles.


O futuro da economia – incógnita das incógnitas, este é o tema que mais preocupa o cientista político Ricardo de João Braga. “Concordemos ou não, com todas as suas dificuldades e mesmo com muita impopularidade, Temer vinha fazendo reformas que correspondem aos movimentos considerados necessários pelos empresários e por aqueles com capacidade de retomar os investimentos nacionais”, pondera ele. “A economia vinha muito mal e começou a melhorar na medida em que o governo atuou no sentido de buscar o equilíbrio fiscal e promover reformas. Temo que as mudanças em curso nos lance numa situação ainda mais desastrosa no campo econômico, sem que seja possível vislumbrar ainda a liderança capaz de trazer alguma estabilidade política, ou seja, aquela que Maquiavel chamaria de príncipe”.

Temer na tela da Globo: principal grupo de comunicação do país já publicou até editorial defendendo a renúncia de Temer.
Foto: Reprodução/ Congresso em Foco.

Base aliada quer renúncia de Temer


 Articuladores políticos do governo foram avisados no fim da noite desta quarta-feira (17) que vários grupos de parlamentares que integram o núcleo duro da base aliada querem a renúncia do presidente Michel Temer.

Do G1 - Segundo o jornal "O Globo", o dono da JBS, Joesley Batista, entregou gravação ao Ministério Público com uma conversa entre ele e Temer na qual eles discutiram a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A Presidência confirmou a reunião, mas negou a tentativa de impedir a delação.
Em uma reunião com conselheiros políticos, na noite desta quarta, o presidente já disse que não tem disposição em renunciar. Além disso, segundo auxiliares, o presidente se defendeu e ressaltou que, em nenhum momento, falou sobre o silêncio de Cunha.

Várias reuniões aconteceram dentro e fora da Câmara durante a noite. Segundo relatos feitos ao Blog por parlamentares da base, o clima é de velório.

O Planalto foi avisado que, se Temer não der sinalização rápida de solução para a crise política, através da renúncia, haverá forte movimento nesse sentido pelos próprios aliados, o que deixaria a situação do presidente insustentável.

Já há parlamentares que avaliam que, se Temer não tomar essa posição, será atropelado e perderá qualquer tipo de influência sobre o processo de sucessão.

Na avaliação de deputados da base, só o fato de Temer ter recebido Joesley Batista reservadamente no Palácio do Jaburu mostra que houve movimento desesperado do presidente, que sofria chantagem explícita de Cunha, inclusive através de perguntas encaminhadas à Justiça Federal.

Se Temer não optar pela saída mais rápida, a renúncia, ele poderia, dizem aliados, sofrer um processo de impeachment ou ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitora, que julgará, no mês que vem, a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.

"A renúncia do presidente passou a ser um imperativo para não agravar ainda mais a crise. O governo Temer acabou hoje", disse ao Blog o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. O partido comanda o Ministério de Minas e Energia.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também defende a renúncia de Temer. O partido chefia o Ministério da Educação.


E até deputados do PPS já cobram até a saída do partido do govenro. Atualmente, o PPS tem dois ministros : Roberto Freire (Cultura) e Raul Jungmann (Defesa).


Não é a Marcela que pode salvar o Temer, é a renúncia



O ano de 2016 chegou ao fim sem que Michel Temer desse ao Brasil o ato de grandeza que dele se esperava, a renúncia.
Do 247

Se tivesse renunciado ainda no ano passado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria que convocar eleições diretas em 90 dias, permitindo que a democracia roubada com o golpe parlamentar de 2016 fosse devolvida ao povo brasileiro.

Se Temer vier a renunciar em 2017, em tese o Brasil terá eleições indiretas, com um novo presidente sendo escolhido pelo Congresso, onde mais de 200 parlamentares são investigados por corrupção.

Seria uma saída péssima para o País, mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já se posicionou em favor de eleições diretas, em caso de queda da "pinguela" – apelido dado por FHC a Temer.

O ex-presidente Lula, igualmente, tem defendido eleições diretas antecipadas, assim como o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Portanto, se Temer decidir propor um diálogo envolvendo PMDB, PSDB, DEM e PT, ainda haverá a possibilidade de um pacto democrático, que permitiria a saída da crise política e econômica que há dois anos empurra o Brasil para o despenhadeiro.

Se Temer não renunciou em 2016, nada indica que o fará em 2017. Mas ele tem muito pouco a ganhar na presidência. Rejeitado por 77% dos brasileiros e com a imagem de traidor grudada em sua biografia, Temer viu 3 milhões de brasileiros perderem o emprego no ano passado e as previsões indicam que mais 1 milhão serão demitidos em 2017.

Portanto, embora o Palácio do Planalto, segundo Veja, aposta que Marcela Temer irá torná-lo menos rejeitado, essa hipótese é amplamente improvável. A renúncia ainda é o melhor caminho.


Pesquisa aponta que 63% querem a renúncia de Temer



Uma pesquisa do Datafolha realizada entre 7 e 8 de dezembro mostrou que a maioria da população brasileira (63%) é favorável à renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) ainda neste ano para que haja eleição direta.


De acordo com a "Folha de S. Paulo", o levantamento apontou que 27% dos entrevistados se disseram contra a saída do atual presidente, 6% se declararam indiferentes e 3% não souberam responder.

Porém, para que tenha uma nova eleição, seria necessário que Temer deixasse o cargo até 31 de dezembro. Isso porque segundo o artigo 81 da Constituição Federal, um novo pleito direto deve ser convocado em 90 dias se os cargos de presidente e vice-presidente ficarem sem titulares.

A publicação ressalta que o Datafolha expôs resumidamente esse cenário aos entrevistados, com a seguinte pergunta: "Uma situação em que poderia haver eleição antecipada para a Presidência no Brasil seria em caso de renúncia de Michel Temer até o final deste ano. Você é a favor ou contra Michel Temer renunciar até o final do ano para a convocação de uma nova eleição direta para a Presidência da República?".

Foram ouvidas 2.828 pessoas de 16 anos ou mais e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

63% querem que Temer renuncie, aponta pesquisa.