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Dono de restaurante Coco Bambu responde preconceito ao nordeste com poema de Patativa do Assaré


"Só pode ser nordestino". Dono de Restaurante Coco Bambu responde preconceito com Patativa do Assaré. Foto: Reprodução/ Revista Fórum.

A rede cearense de restaurantes Coco Bambu recebeu um comentário negativo no guia Trip Advisor. Até aí tudo bem. Apesar de quase todas serem positivas, um cliente reclamava do tempo de atendimento e da qualidade dos alimentos. No entanto, o cliente aproveitou para despejar seu preconceito em relação ao Nordeste. “Só pode ser Nordestino”, escreveu.

Do Portal Fórum - O proprietário da filial da rede, presente em quase todos os estados do Brasil, respondeu lembrando a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. De acordo com a lei, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime. E completou com o poema de Patativa do Assaré.
“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”
Patativa do Assaré


Nordestinos são alvos de preconceitos do vocalista do Ultraje a Rigor, pós resultado de pesquisa eleitoral



Roger Moreira, 59, vocalista da banda Ultraje a Rigor, foi duramente repreendido por internautas após publicar, em sua conta oficial do Twitter, uma mensagem ofensiva aos nordestinos.

Ao reproduzir uma matéria que tratava da liderança do ex-presidente Lula na última pesquisa Datafolha para a eleição presidencial, o cantor atribuiu o fato ao “alto número de ignorantes no Nordeste”.
Publicado originalmente no Pragmatismo Político

Apesar de receber diversas mensagens de repúdio, o músico ignorou as críticas e insistiu na tese.

O País continuará estagnado enquanto houver pessoas preconceituosas como você. Não esqueça que o Nordeste também consome o produto que o Ultraje a Rigor produzo… algo que vocês chamam de ‘música’. Sugiro que faça um estágio no Nordeste. De repente você aprende a compor com Alceu, Chico César, Zé Ramalho”, criticou um internauta.

Internautas lembraram ainda que sem o alto índice de votação em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Lula e Dilma não teriam sido eleitos. A presidente afastada, aliás, se sagrou vitoriosa em Minas na última eleição presidencial — berço político de seu principal adversário no pleito, Aécio Neves.

Tese repetida

A tese que “culpa” nordestinos pelos sucessos eleitorais de Lula e Dilma não é nova e costuma vir à baila de tempos em tempos. O caso mais emblemático foi o de Mayara Petruso, estudante de Direito que defendeu o assassinato de nordestinos por afogamento após a vitória de Dilma Rousseff em 2010.

Mais recentemente, a esposa do presidente da Abril, editora responsável pela revista Veja, publicou uma mensagem de ódio contra nordestinos durante as controvérsias do processo que pedia o impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. “O Nordeste colocou Dilma no planalto, agora um nordestino não quer deixá-la sair [Waldir Maranhão]. Depois dizem que somos preconceituosos. Será mesmo?”, escreveu.

Mais polêmicas

Não é a primeira vez que Roger Moreira demonstra ódio nas redes sociais. Há dois anos, o músico envolveu-se em polêmica depois de afirmar que só eram perseguidos pela ditadura militar no Brasil “os que faziam merda”. Na ocasião, o vocalista atacou o escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, assassinado pelo regime militar.

Roger Rocha, do Ultrage a Rigor, usa sua conta no twitter e destila preconceito contra os nordestinos.



Marilena Chaui classifica preconceitos de médicos e de FHC a nordestinos como “fascismo”


A filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, considera abominável o que o grupo de médicos e estudantes de medicina anti-PT pregam na internet. De castração química a holocausto aos nordestinos que votaram na candidata Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições presidenciais. Uma violência fascista, segundo a filósofa.

Marilena: "Preconceito dos sulistas contra nordestinos é histórico, faz parte da violência institucional da sociedade brasileira". 
O que caracteriza a violência fascista é não suportar a diferença, a alteridade, e partir para a eliminação. Você elimina o diferente, você elimina o outro. O primeiro aspecto abominável disso é o fato de que o que se propõe é, pura e simplesmente, genocídio dos nordestinos. O que é uma coisa inominável, inacreditável, inaceitável", desabafa, em entrevista à Rádio Brasil Atual, acrescentando: "A segunda coisa que é terrível é que isso exprime uma certa direção tomada por uma certa classe média reacionária e conservadora, que vive no sul do país, e que é capaz dessas afirmações e propostas de um grau extremo de violência".

Incapacidade em lidar com ideias, concepções e visões da política diferentes, ao ponto de fazer com que essa diferença seja destruída com a morte do outro é uma coisa que a professora nunca tinha visto no Brasil. É a primeira vez que ela vê um grupo propor o extermínio de uma parte da população brasileira.

Essa posição – mesmo que não seja a do candidato oposicionista, tenho certeza que ele próprio jamais diria uma coisa dessas – exprime uma parte do eleitorado dele, portanto, a violência social que isso pode acarretar. Estou muito preocupada porque eu nunca tinha visto coisa igual no Brasil. Nem na ditadura, nem em 69, quando foi editado o AI-5, que se proclamou a existência de um inimigo interno que precisaria ser excluído, nem lá houve esse grau de violência, porque a ideia era estar num combate, numa guerra civil, a ideia de que haveria mortes e uma guerra. Agora não, não chega nem aos pés do que a ditadura propunha.”

Marilena Chaui vê fascismo em ataques a nordestinos.
Foto: Divulgação.
"É preciso averiguar esse grupo de supostos médicos", diz a filósofa, porque com base na Constituição brasileira, estamos diante de um crime horrendo. Fere a constituição, os direitos humanos, a dignidade humana, portanto, é uma ação criminosa, uma ilegalidade que a justiça brasileira precisa investigar.

Marilena explica que o preconceito dos sulistas contra os nordestinos é histórico, faz parte da violência institucional da sociedade brasileira, que é autoritária, violenta, hierárquica, minada por preconceitos de todo tipo e, para ela, há um agravamento dessa posição pela grande mídia, que reforça esse ódio.

A CartaCapital (revista) fez um quadro comparando o que acontece de agressão na mídia à Dilma, à Marina e ao Aécio. Para a Marina, quase nada. Para o Aécio, muito pouco. E para Dilma, uma página inteira de agressões cotidianas, que ela recebe pelo rádio, pela televisão, e pelos jornais e pelas redes. Então, há um ódio que foi afinado pela grande mídia. E agora, nós estamos colhendo um dos frutos desse ódio, que é a retomada do preconceito com os nordestinos na forma de violência de tipo fascista.”

A professora titular do Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Cynthia Sarti considera surpreendente a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, logo após o primeiro turno das eleições. Ela não esperava que um cientista social pudesse afirmar que os votos que Dilma ganhou nos estados do Norte e Nordeste do país foi dos mais pobres, pessoas desinformadas. "Isso é preconceito", afirma a antropóloga.

Por que quem vota no PT é desinformado? Porque não lhe ocorre que essas pessoas votaram no PT porque a vida delas está melhor com o governo do PT. Essa hipótese, ninguém fez uma pesquisa ainda sobre o voto nessas eleições, mas é evidente, há um indício que as pessoas votaram porque elas fizeram uma escolha. Então dizer que elas votaram porque têm menos informação, são desinformadas, é uma maneira de desqualificar o voto", protesta a antropóloga.

Para ela, é uma afirmação muito grave partindo de um cientista social. "Tem uma arrogância nessa maneira de tratar populações pobres, associar à desinformação e desqualificar o voto. Elas fizeram uma escolha. Votaram no PT porque fizeram uma escolha, não porque são desinformadas. Ao contrário, fizeram uma escolha e, talvez, ele não gostou dessa escolha. É uma maneira muito arrogante de tratar o voto contrário ao que ele esperava.”

A atitude de FHC fez lembrar à antropóloga o que ocorreu com a deputada federal Luiza Erundina, do PSB, quando foi eleita, em 1988, prefeita de São Paulo pelo PT. "É o mesmo tipo de preconceito", afirma Cynthia. "Existia um setor da cidade que protestava contra Erundina e uma das coisas que se dizia na época é que ela era nordestina."

Quando você tem uma oposição política, você desqualifica pela condição social, criando um estigma, assim como é a região Nordeste, com os negros, gays. São várias formas de desqualificar a pessoa porque ela tem uma posição política que é diferente da sua. Eu acho isso muito grave, e as pessoas criam um clima de eleição muito perigoso, porque vai havendo animosidade e um tipo de ‘regra do jogo’ muito complicada", denuncia a antropóloga.

Segundo Cynthia, esse posicionamento pode ter repercussões muito ruins na campanha porque é uma maneira de desqualificar o voto contrário. "É muito desqualificador, por isso que eu chamo de arrogante, porque a arrogância é exatamente isso, a desqualificação do outro. A arrogância é muito violenta. É lamentável, uma pena, essa maneira de lidar com o voto contrário àquilo que o PSDB espera. O suposto Sudeste avançado está se revelando muito retrógrado.”

Via Rede Brasil Atual