Um
vídeo antigo no youtube fazia uma memória das posições da igreja diante
diversos absurdos históricos. O vídeo terminava justamente perguntando quanto
tempo a igreja católica demoraria a pedir desculpas pelas vítimas da
AIDS — numa alusão à proibição do uso de preservativos.
O
Brasil assistiu a diversos editoriais — inclusive na rede Globo — que pediram
desculpas ao país pelo apoio à ditadura militar. A folha de São Paulo — assim
mesmo, com minúsculas — pediu desculpas e depois escancarou
"ditabranda" em suas páginas. Depois, novo pedido de desculpas.
Em
meio ao processo de impeachment, a mesma folha, bem como diversos outros
veículos de comunicação, aceitaram, em suas páginas na internet e nos
impressos, o dinheiro da FIESP, ao estampar gigantescos patos amarelos — aquele
pato, roubado de um holandês — em meio ao noticiário que — eles — dizem ser
imparciais.
Enquanto
isso, nas ruas, um fotógrafo perde um olho devido a um tiro de bala de borracha
da PM paulistana. E é condenado por isso — o termo jurídico não é condenado, o
termo correto, sim. A mesma folha, ao ter uma fotógrafa atingida fez editoral
considerando abusiva a postura da polícia de Alckmin.
A
mesma polícia que ontem (30 de julho de 2016) protegia com escudos e bombas e
balas e porretes, a sede do outrora "Folha da Manhã".
O Estadão, imparcial que só ele, foi além. Em editorial publicado hoje "O fim do torpor" afirma que a "a consciência crítica da nação ficou anestesiada" durante os anos de governo do PT. Nem Magno Malta, senador da mais bizarra oposição ao governo — capaz de citar os 10 mandamentos se preciso for, para promulgar uma lei — foi tão longe. Ontem, em seu pronunciamento dizia que o país melhorou muito nos anos de Lula e Dilma, que só um imbecil não via isso, ainda que atribuísse os ganhos sociais ao PSDB. #FicaADica para o jornal.
Pois
hoje o jornal O Globo — ou seu estagiário — momentos após o resultado da
votação do impeachment — que é golpe — tuitou uma singela bandeira do Brasil.
Discreto, mas bastante simbólico da luta de classes que está colocada no país.
Os "brasileiros" — que apoiam e já começaram (ontem mesmo, na Câmara
dos Deputados) a venda da maior estatal nacional — contra os bolivarianos,
comunistas, petralhas do Foro de São Paulo.
O
processo iniciado com a chantagem de Cunha teve e terá sempre o apoio das
organizações de mídia. Não apenas pelo dinheiro que será injetado em
propagandas, mas também com o final da CLT, uma das maiores preocupações das
grandes empresas, sobretudo as jornalísticas, onde repórteres e fotógrafos não
têm direitos, são todos "pessoas jurídicas", porque o anúncio que
paga o dono do jornal, não comporta — em seu lucro — os direitos de quem
propaga ao público deturpações da realidade nacional.
E
nessa toada seguimos, nós da mídia independente, cada vez mais criminalizados,
cada vez mais marginalizados e cada vez com mais credibilidade, alcance e
importância.
Porque
informação não tem preço. Produto sim.
Quanto
tempo a mídia nacional vai demorar a pedir desculpas desta vez?