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Vitória de Joe Biden: muda alguma coisa?

 

Trump e Biden, da esq. para a dir. respectivamente. (FOTO/ Divulgação).

Por Nicolau Neto, editor-chefe

A vitória de Joe Biden muda alguma coisa do ponto de vista geopolítico? Talvez não. Me arriscaria a dizer que não.

Donald Trump: A vitória do ódio!, por Ivan Valente*



A eleição de Donald Trump como o 45º presidente dos EUA confirma o avanço da onda conservadora no mundo e o fortalecimento da antipolítica em parte majoritária do eleitorado. Sua vitória é o triunfo da mediocridade. Hipernacionalismo, xenofobia, homofobia, racismo, a cara mais escancarada do que é a direita.

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Responsável pela campanha mais suja da história norte americana e destilando ódio contra latinos, mulçumanos, negros, mulheres e a comunidade LGBT, Trump é eleito como expressão do descontentamento da classe média baixa afetada pela crise econômica e pelos setores mais reacionários que compõe a elite branca estadunidense. Sem dúvida uma vitoria do medo e do ódio.

As consequências de seu governo, no plano interno, caso coloque em prática tudo que alardeou, pode levar a sociedade norte americana a uma ruptura interna ou pelo menos a uma crise de grandes proporções. Afinal de contas, sua proposta de expulsar 11 milhões de imigrantes do país não poderá ser colocada em prática sem reações, tendo em vista os laços destes imigrantes com os demais residentes.

Além disso, terá que enfrentar uma dura resistência da população negra, das mulheres e da comunidade LGBT já que afrontar direitos civis já consolidados poderá despertar a fúria e revolta de parte expressiva desta população. Não podemos esquecer, por exemplo, que a grande adesão da juventude a pré campanha de Bernie Sanders foi um indicador de que há uma massa crítica disposta a entrar em movimento em defesa de seus direitos e aspirações.
O fato de Trump ter conquistado maioria na Câmara e no Senado pesa a favor desta maior radicalização, já que em tese ele teria apoio para executar a sua política. Esta maioria, no entanto, poderá se desestabilizar frente à previsível queda de sua popularidade, afetada pelas diversas frentes de conflito que seu governo irá abrir, no plano interno e externo.

Sua vitória anima a ultra direita no mundo todo, as consequências podem ser as mais trágicas possíveis, levando a situações de tensão e perda de direitos. Por outro lado, seu programa nu e cru de um neoliberalismo exacerbado misturado a todo tipo de preconceito e truculência devem gerar também uma polarização mais clara e um rechaço popular à onda conservadora.
É preciso que fique claro que Hillary Clinton também não era uma alternativa, considerando sua atuação intervencionista como Secretária de Estado e sua intimidade com os interesses de Wall Street. Ela representa o centro da política estadounidense, a ponto de não inspirar muita confiança por parte das minorias, mas nada pode ser comparado ao retrocesso representado por Trump.

A questão a saber é o grau de enfrentamento às políticas conservadoras do republicano, o que sobrará dessa guinada à ultra direita. Políticas neoliberais em escala mundial podem levar a um caos social de contornos ainda não muito claros. É o que tem feito o governo Temer com seu "austericídio" fiscal, com os cortes dos gastos sociais em saúde e educação, com a reforma da previdência ou mudanças na legislação trabalhista. Essa situação, de retirada de direitos leva a um desarranjo social ainda mais profundo, trazendo mais sofrimento para quem já está em uma situação desesperadora.

Tanto o Brasil quanto os Estados Unidos aprenderão de forma amarga que a direita no poder não é solução para nada, a não ser para uma extrema minoria de endinheirados. O avanço da ultra direita leva a um mundo mais cinzento e desesperador. Resta saber se desse caos poderá surgir uma alternativa que de fato faça das maiorias sociais maioria política.

*Deputado Federal pelo Psol/SP

Donald Trump será o 45º presidente dos EUA. Sua vitória representa o avanço da onda conservadora no mundo.