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Derrota do candidato de Rodrigo Maia demonstra que a “direita democrática” é uma ilusão

 

O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia chorando ao se despedir. (FOTO/ Marcelo Camargo/ Agência Brasil).

Rodrigo Maia, do Democratas, conquistou 145 votos para seu candidato Baleia Rossi na eleição para a presidência da Câmara, contra 302 de Arthur Lira, o candidato de Jair Bolsonaro. Fazendo um exercício de matemática simples, sem contar as defecções nestes partidos, se excluirmos deste total os deputados federais de esquerda ou progressistas (PT, PCdoB, PSB, PDT e Rede), que somam 119 votos, Baleia terá recebido apenas 26 votos da chamada “direita democrática”, ou seja, da direita que faz oposição ao bolsonarismo na Câmara.

O pobre de direita ou o metaleiro de direita, quem é mais alienado?



A maioria dos headbangers (ou metaleiros) que conheço são reacionários mesmo. É por essas e outras que costumo brincar que Metal é nome de lixo. Quem nunca jogou uma latinha de cerveja numa lata de lixo reciclável escrito metal? Metaleiro alienado de direita no Brasil transforma o movimento em lixo, mas um lixo reciclável, ou seja, o cara pode abrir a mente se entender que o gênero, em sua raiz, é um movimento de protesto contra a sociedade conservadora.

Do Pragmatismo Político - Um artigo do jornalista Bruno Silvestre no site WikiMetal diz tudo: “Judas Priest, AC/DC, Twisted Sister, Motley Crue e Mercyful Fate são exemplos que fizeram a elite conservadora arrancar os cabelos e não medir esforços para censurá-los”. Dentro do espírito de contestação que o Rock and Roll representa, era para o metaleiro ser, por natureza, no mínimo alguém contra o estabilshment.

No Brasil, infelizmente, há muito nazistinha “bolsominion” e afins propagando que o Metal representa as ideias conservadoras de extrema-direita. Um exemplo disso foi dado pelos caras da banda Tihuana, que ressuscitou uns anos atrás com o hit “Tropa de Elite”. Eles estavam numa pior e se transformaram numa banda decadente cover de Legião Urbana para ganhar uns trocados. Era o Urbana Legion. Onde iam, apresentavam a bandeira do Brasil com discurso coxinha pró-impeachment. Tiveram que sair correndo de muita cidade administrada pelo PT.

Eu vi a figura do roqueiro ser associada à Direita quando estava na Marcha Antifascista, no início desse mês, e os organizadores estavam repassando a rota que faríamos e foi falado sobre a Galeria do Rock.

— Passaremos na frente daquela Galeria do Rock, cheia de reacionários de extrema-direita e vamos vaiar os caras.

Entre os próprios “antifascistas”, havia muita gente no maior visual roqueiro, principalmente punks, o que fez o plano de vaiar a Galeria do Rock soar contraditório.

Chegamos na avenida São João, em frente à galeria, os manifestantes pararam ali e começaram a provocar os roqueiros, que disputavam espaço nas marquises para assistir à manifestação. Eram xingados e a maioria não estava entendendo nada. Alguns davam joia para os manifestantes, apoiando a causa.

Então rolou um protesto dentro do protesto. Metaleiros que estavam lá entre anarquistas, comunistas, GLBTs e o povo da esquerda se juntou e cantou: “caiam na real, o metal não é fascista”, algo do tipo.

Jogo o Metal no lixo quando vejo metaleiros como o Phil Anselmo da banda Pantera terminar seus shows bradando ódio e fazendo saudações nazistas. Mustaine, Tom Araya e Bruce Dickinson são tudo reaça também. É uma pena.

Uns comentários interessantes que li no artigo falavam coisas do tipo: “sou fã do Death Splatter, mas não vou sair por aí empalando as pessoas”. Outro dizia: “pior de tudo é Headbanger com a camiseta do Che Guevara, Fidel Castro ou mesmo do Lula molusco”.

Nunca se esqueçam que o rock nasceu do blues, dos negros, é som de negão. Pode existir White Metal fascista, bandas que defendem a Ku Klux Klan, mas esses caras estão viajando na maionese, usando muita droga estragada e estragando um movimento que nasceu para ser de esquerda.


Entre a direita e a esquerda, sou preto… de esquerda


Existem militantes que costumam vir com esta idéia: que a luta contra o racismo transcende o campo ideológico. Que ser negra ou negro está acima das ideologias. Realmente a identidade racial está acima. Porém, a luta contra o racismo não. Lutar contra o racismo é necessariamente estar no campo da esquerda.
Por Dennis Oliveira no Portal Fórum
Por que isto?

Porque ser de direita é estar ao lado do capital. E o projeto político do capital, a nível mundial, hoje, é a da total desregulamentação – das relações trabalhistas, dos fluxos de capital, das normatizações sociais. É impor um ordenamento jurídico baseado no primado do contrato civil privado sobre o direito público, coletivo.

O projeto do capital é assim não por uma “desfaçatez” ética dos detentores do capital. Mas porque as formas de acumulação do capital atuais exigem isto. O capital se organiza por uma rede global de células produtivas espalhadas em todo o planeta. Na cabeça, estão os centros gerenciadores e tecnológicos, que geram os empregos mais qualificados, melhor remunerados. Estes centros estão localizados nos países mais desenvolvidos. Logo abaixo, estão espalhados as células manufatureiras, com distintos níveis de sofisticação tecnológicas e, portanto, com diferentes qualidades de trabalho e emprego, inclusive em termos de remuneração. E na base os centros fornecedores de matéria prima, com as condições mais degradantes de trabalho. Estas são as periferias do capitalismo, os países “subdesenvolvidos” ou “de médio desenvolvimento”.

Para que isto funcione, é preciso que se quebre toda e qualquer barreira ou norma protecionista ou regulatória. O capital precisa de livre acesso. As normas são estabelecidas diretamente pelos seus agentes, as grandes corporações. É a Ação Direta do Capital. Ser de direita é estar ao lado deste projeto. É esta a natureza do governo golpista de Temer.
Pergunto: qual é a possibilidade de países com população negra, todos eles na periferia do capitalismo, superarem o racismo mantendo economias subordinadas ao grande capital centrado nos países de população branca?

No campo da esquerda, os projetos vão no sentido de resistir a esta Ação Direta do Capital. E aí há um amplo leque de projetos de resistência, desde propostas neodesenvolvimentistas até mais avançados com perspectiva socialista.

O projeto neodesenvolvimentista tem seus limites. É um projeto capitalista, entretanto contradiz com o do capital global. Isto porque reivindica um lugar diferente do estabelecido na divisão internacional do trabalho para os países subdesenvolvidos. Reivindica que estes países também desenvolvam uma economia avançada, com produção tecnológica e que, portanto, gere empregos com maior qualificação – e que, necessariamente, exige investimentos na formação educacional, entre outros. E também um mercado consumidor interno forte – que, por sua vez, é construído por aumento do poder de compra da classe trabalhadora.

Este foi a tônica dos governos da era Lula/Dilma.

Ora, é evidente que em um projeto como este, as condições para a luta contra o racismo são muito mais favoráveis que no projeto da direita.

A experiência histórica mostra isto. As políticas de inclusão racial avançam mais em situações em que se desenvolvem projetos de desenvolvimento. As ações afirmativas nos EUA, por exemplo, desenvolveram-se em um contexto de grande crescimento do capitalismo estadunidense.

Isto não significa que basta isto para se resolver o racismo. Evidente que não. Dentro destas condições objetivas mais favoráveis, é preciso que se fortaleça o movimento antirracista para aproveitar o momento e pressionar pelas políticas públicas de combate ao racismo. A estrada está bem pavimentada, mas é preciso saber conduzir bem o carro.

Dizer que esquerda e direita é a mesma coisa para a luta contra o racismo porque ambos são dirigidos por brancos e pouco espaço dão para negras e negros é uma tremenda obtusidade. Limitar a luta contra o racismo ao espaço dado por dirigentes de siglas partidárias é miopia. É transformar um dos aspectos do racismo (o pequeno espaço) em totalidade do racismo (que vai muito além disto).

Não há como qualquer militante do movimento negro não se posicionar contra o golpe de direita que se realizou no país.


Por isto, reafirmo: entre direita e esquerda, sou preto de esquerda, porque combato o racismo. E combater o racismo é ser de esquerda.


Mídia enfatiza dificuldades de Dilma, mas minimiza crise da direita brasileira


Desde que se modernizou com a adoção do neoliberalismo como ideário e com os tucanos assumindo seu eixo aglutinador, a direita teve, inicialmente, o sucesso do governo Fernando Henrique Cardoso e, depois, com o seu fracasso, nunca mais conseguiu triunfar. Ao contrário, sofre a quarta derrota consecutiva, vive um momento de declínio, prenunciando um futuro em que seguirá perdendo expressão em nível nacional e diminuindo cada vez mais as possibilidades de voltar a triunfar na disputa presidencial. Mas, ao mesmo tempo, tem muitas dificuldades para mudar de fisionomia.

Dilma em campanha em Porto Alegre. À direita sobra apoio
da mídia tradicional, mas falta apoio popular ao seu projeto
de governo.
A votação de Aécio Neves, que finalmente terminou sendo expressiva depois de ter passado pelo pior pesadelo – perder em Minas e viver o risco de nem chegar ao segundo turno –, pode dar a impressão de que a direita saiu fortalecida das eleições. Uma falsa impressão, ainda mais que em dois momentos da campanha ela esteve na frente nas pesquisas e alimentou – aqui e fora daqui – a expectativa de que era favorita para ganhar.

Qual é a situação da oposição depois da campanha? Em primeiro lugar, sofreu a quarta derrota consecutiva, confirmando que a confrontação entre os governos dos tucanos e os do PT é altamente favorável a estes. Foram as políticas sociais dos governos Lula e Dilma os fatores fundamentais da vitória em 2014, ao lado das ameaças a essas políticas por parte de Armínio Fraga, um ex-membro do governo FHC, que tornava totalmente infrutíferas as promessas de Aécio de que manteria os programas sociais do PT. Como, se o diagnóstico do freio ao crescimento era um salário mínimo alto? Como, se um certo nível de desemprego seria saudável? Como manter políticas sociais, se sobraria muito pouco dos bancos públicos?

O mecanismo de confrontação dos dois modelos – o neoliberal e o antineoliberal –, que já havia comandado as campanhas presidenciais anteriores, voltou a se impor e mostra que é caminho de derrota para os tucanos. José Serra – tanto em 2002, como em 2010 – tentou distanciar-se do governo de FHC, mas teve de voltar ao seu lugar de oposição de direita e de continuidade com o neoliberalismo. Aécio tentou resgatar abertamente o governo FHC e deixou um flanco totalmente aberto, que foi bem explorado pelo PT.

Assim, a projeção de candidaturas presidenciais da oposição é difícil. Aécio está enfraquecido, apesar de sua votação, porque perdeu em Minas Gerais, não contará mais com o governo e uma suposta base de apoio no seu estado natal. Sua alta votação se deve, em grande parte, aos tucanos paulistas, enquanto a máquina tucana mineira fracassou.

Alckmin volta assim a ser o nome da vez, nesse revezamento terrível dos tucanos – já foram duas vezes Serra, seriam duas vezes Alckmin, e têm a derrota do que deveria ser a renovação e a superação desses dois nomes, com Aécio. Mesmo com uma votação impressionante em São Paulo – tanto para o governo do Estado, como para a Presidência da República – Alckmin é um candidato fraco, como ficou patente na campanha de 2006, ainda mais se tiver pela frente Lula.

Minas era, junto com São Paulo, o eixo fundamental dos tucanos, que agora dependerão muito mais de São Paulo – onde já perderam a capital – e do Paraná. Um declínio claro ao longo dos governos do PT, que pode se acentuar a partir de 2018.

Por outro lado, antes da morte de Eduardo Campos, tanto o então candidato como Marina, sua vice, encaravam suas candidaturas para um recall em 2018. O que conseguissem em 2014 seria lucro. Com a morte dele, ela se viu projetada como alternativa possível e, como se viu depois, deixou de ser e se queimou com o apoio direto a Aécio. A própria Rede que a Marina estava construindo com grandes dificuldades se rompeu e é duvidoso que ela possa recolocar seu projeto em pé e ser uma candidata com impulso em 2018.

Os dilemas da oposição são difíceis: resta-lhe Alckmin como candidato, um candidato fraco, sem carisma, representando o mesmo projeto já derrotado quatro vezes. Enquanto o PT coloca a agenda nacional – democratização social, com inclusão da massa da população –, os tucanos ficam deslocados.

Apelaram para o denuncismo, que teve seu efeito, mas dificilmente pode se estender ao longo dos próximos quatro anos. No debate econômico, terminaram perdendo, conforme o horário na TV mostrou à grande maioria que o caminho projetado pelo PT é o correto, pois inflação e emprego estão sob controle.

Não são bons os augúrios para a direita brasileira nos próximos anos. Até quando vão contar com o monopólio dos meios de comunicação e com o financiamento privado das campanhas eleitorais? Disso depende, em grande parte, que a direita possa pelo menos manter na agenda política nacional um denuncismo suficiente para alimentar a oposição, mas insuficiente para triunfar.


Via Rede Brasil Atual

Por que a direita anda mais raivosa do que nunca?


Faz tempo que as campanhas eleitorais são espetáculos dantescos, movidos por baixarias sem limites. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral fica muitas vezes cuidando da perfumaria, os dinossauros reinam.
Mas há algo de novo nesta campanha.

A começar do fato de que boa parte da perversidade de campanha seguia, antes, o seguinte roteiro: denúncias na imprensa, primeiro em jornais e revistas, que depois se propagavam na tevê e no rádio e, finalmente, ganhavam a rua pela ação dos cabos eleitorais.

Agora, o roteiro é: denúncias pela imprensa, mas divulgadas primeiro via internet; propagação pelas redes sociais; repetição pela tevê e pelo rádio e, por último, sua consolidação  pelo colunismo e editorialismo da imprensa tradicional.

Embora essa imprensa ainda seja, normalmente, a dona da informação, seu impacto é cada vez menos medido pela audiência do próprio meio - que anda em declínio em praticamente todos os veículos tradicionais - e mais pela sua capacidade de propagação pela internet - blogs, redes sociais e canais de vídeo, principalmente pelo Youtube. E a versão que se propaga da notícia acaba sendo tão ou mais importante do que a notícia em si.

Antes, as pesquisas de opinião calibravam os rumos das campanhas. Nesta eleição, a internet é quem tende a ditar o ritmo. As pesquisas vão servir para aferir, tardiamente, o impacto de alguns assuntos que ganharam peso na guerrilha virtual.

Antes, o trabalho de amaldiçoar pra valer os adversários políticos era feito pelos cabos eleitorais que batiam de porta em porta. Agora, os cabos eleitorais que caçam votos perambulam pelos portais de internet, pelos canais de vídeo e entram nos endereços dos eleitores pelas redes sociais.

Uma outra diferença, talvez tão decisiva quanto essa, é que a direita resolveu aparecer. Antes, o discurso da direita era de que não existia mais esse negócio de "direita x esquerda".

A direita, finalmente, saiu do armário e anda mais raivosa do que nunca. Em parte, a raiva vem do medo de que, talvez, ela tenha perdido o jeito de ganhar eleições e de influenciar os partidos.

Por outro lado, a direita imagina que a atual campanha petista está mais vulnerável que em outras épocas. A raiva é explicada, nesse aspecto, pelo espírito de "é agora ou nunca".

Os bombardeios midiáticos raivosos têm assumido feições mais pronunciadamente ideológicas.

Ao contrário de outras eleições, os ataques têm não só mentiras, xingamentos e destemperos verbais de todos os tipos. Têm uma cara de pensamento de direita.

Querem não apenas desbancar adversários. Querem demarcar um campo.

Não é só raiva contra um partido. É ódio de classe contra tudo e contra todos os que se beneficiam (e nem tanto quanto deveriam) de algumas das políticas governamentais.

É ódio contra sindicatos de trabalhadores, organizações comunitárias, movimentos de excluídos (Sem Terra, Sem Teto), grupos em defesa de minorias e de direitos humanos que priorizam a crítica a privilégios sociais e aos desníveis socioeconômicos mais profundos.

A mídia direitista tem desempenhado um papel central. Sua principal missão é orientar os ataques para que eles tenham consequência política e ideológica no seio da sociedade brasileira.

Como sempre, a mídia é diretamente responsável por articular atores dispersos e colocá-los em evidência, conforme uma pauta predeterminada.

Embora seja uma característica recorrente, no Brasil, a mídia tradicional comportar-se como partido de oposição, nos últimos anos ela parece seguir uma nova estratégia.

Os barões das grandes corporações midiáticas brasileiras, com a ajuda de seus ideólogos, perceberam que, para haver uma oposição de direita forte, é preciso formar uma ampla opinião pública direitista.
Antes mesmo de cobrar que os partidos se comportem e assumam o viés de direita, é preciso haver uma base social que os obrigue a agir enquanto tal.

A mídia tradicional entendeu que os partidos oposicionistas são erráticos em seus programas e na sua linha política não por falta de conservadorismo de suas principais lideranças, mas pela ausência de apelo social em sua pregação.

Em função disso, coisas como o Instituto Millenium se tornaram de grande importância. O Millenium tem, entre seus mantenedores e parceiros, a Abert (controlada pelas organizações Globo) e os grupos Abril, RBS e Estadão. O instituto é também sustentado por outras grandes empresas, como a Gerdau, a Suzano e o Bank of America.

O Millenium tenta fazer o amálgama entre mídia, partidos e especialistas conservadores para gerar um programa direitista consistente, politicamente atraente e socialmente aderente.

O colunismo midiático, em todas as suas frentes, é outro espaço feito sob medida para juntar jornalistas, especialistas e lideranças partidárias dedicadas a reforçar alguns interesses contrariados por algumas políticas públicas criadas nos últimos 12 anos.

A estratégia midiática de reinvenção da direita brasileira representa, no fundo, uma tentativa desesperada e consciente dessa mesma mídia de reposicionar-se nas relações de poder, diante da ameaça de novos canais de comunicação e de novos atores que ganharam grande repercussão na opinião pública.

Com seu declínio econômico e o fim da aura de fonte primordial da informação, o veneno em seus anéis tornou-se talvez seu último trunfo no jogo político.


A análise é de Antonio Lassance e foi publicado originalmente no Carta Maior

Conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo


Tenho, nos últimos dias, insistido num fenômeno que observei e que os fatos, a cada dia, só têm confirmado.

É democrático e respeitável discordar e fazer oposição.

Mas o conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo.

E isso está se voltando contra ela própria.

Imagem ilustrativa/Tijolaço.
Ontem, na Folha, o colunista esportivo Juca Kfouri faz um texto em que, criticando os exageros sectários de parte a parte, elogiou o comportamento de Dilma Rousseff no diálogo com os jornalistas esportivos, semana passada, no Palácio do Planalto.

Foi o que bastou.

Desencadeou-se sobre ele uma tempestade de comentários ofensivos, grosseiros e mesmo xingamentos.

Vocês verão que, com o passar dos dias, isso vai acontecer mais e mais vezes.

Esta campanha passará a uma polarização maior, muito maior, que a de 2010, por obra da direita.
Não importa que isso venha a ser, para ela própria, um harakiri político eleitoral.

Este modesto blogueiro, com os anos de estrada que tem – e, sobretudo, com 20 anos mais do que os petistas em matéria de levar pauladas da imprensa diariamente, Brizola que o diga - não confunde firmeza com histeria, nem clareza com grosseria.

Vivemos uma maré lacerdista como jamais se viveu por aqui, nem com a candidatura Serra, talvez porque não haja outro esteio para suportar Aécio Neves senão o ódio babujante a Lula e a tudo o que ele representou e representa.

E a radicalização da direita está criando todas as condições para que se legitime, num grau muito maior do que numa disputa serena e equilibrada, a participação do ex-presidente como figura de proa pela reeleição de Dilma.

Faz tempo escrevi a aqui que o “volta, Lula” que se criou para desgastar Dilma teria efeito inverso.

Cabe ao Governo e às forças que o apoiam manter, ao mesmo tempo, a firmeza política que passaram a adotar desde abril, quando a curva das pesquisas chegou ao seu ponto mais crítico e a serenidade com as provocações – e não apenas provocações políticas – que vêm por aí.


A análise é de Fernando Brito e foi publicado originalmente no Tijolaço

Lula é ainda uma das últimas referências populares



Lula se tornou simbolo da política partidária por sua militância
sindical ainda durante a ditadura civil-militar
Reproduzimos abaixo excelente texto de cunho reflexivo publicado no portal de comunicação Tijolaço que faz alusão ao papel importante de um dos maiores ícones da história política recente do Brasil.

O artigo intitulado “O papel de Lula não é de sombra. É de luz” nota-se que o ex-presidente ainda é tido como a principal referência popular e um dos que possuem ferramentas ideológicas para tecer críticas a desgastada direita destes pais que foi responsável direta e indiretamente pelas mazelas do Brasil, principalmente dos pequenos municípios do interior dos estados.

Vamos ao texto

Lula é, infelizmente, a última referência popular remanescente do enfrentamento deste país à ditadura e da reconquista democrática.

Outros ícones, dos mais variados matizes ideológicos, já se foram, levados pelo implacável tempo.

Milhares dos que lutaram - e cumprimos, agora, o quarto final de nossas vidas – estamos aqui. Mas, além de não sermos símbolos, muitos estão cansados, entregues ou relativizando as coisas, como compete aos avôs fazerem aos netos.

Por isso mesmo, é a Lula, mais a que a qualquer um, a quem compete o papel de dizer, com todas as letras, que a quebra das regras democráticas é, hoje, a única esperança da direita para retomar o poder que perdeu pelas urnas e pelas urnas não consegue recuperar.

Não porque, no horizonte visível, existam sinais de um golpe militar (ou civil-militar) a nos ameaçar.

Mas porque só a violência, a conflagração nas ruas pode instilar na população, com o poder de ampliação que a mídia dispõe, a ideia de que o Brasil está vivendo um caos econômico e social.

Não será a polícia militar – ou a federal, como na sua miopia o Ministro da Justiça acena – quem vai acabar com o fenômeno dos black blocs e seus correlatos, menos capazes de adotar o discurso a la Marina de “democratizar a democracia”.

Se é fato de que é preciso compreender que parte de sua origem – além do infantilismo pequeno-burguês que atravessa eras – está no vazio que se formou com a perda de identidade dos partidos e da política, não é menos imperioso mostrar – talvez até resignificar – o que pretendem e para onde rumam as forças progressistas que assumiram, há 11 anos, o comando deste país.

Não é preciso sermos selvagens, nem descorteses, nem intolerantes para evidenciarmos que somos diferentes.

Nem precisamos – aliás, não devemos nem podemos – atirar à margem os que pensam diferente e nem mesmo os que, não importa suas ligações com o passado, por quaisquer razões não desejem ou ajam para ser obstáculos ao novo.

Mas, sim, necessitamos que a população seja esclarecida e numa escala muito maior do que nós, com nossos parcos meios, tentamos fazer nos limites que nossas precariedades e nossa pequenez  permitem.

É a Lula – e ele parece demonstrar cada vez maior percepção disto – que compete este papel didático que tantas vezes foi negligenciado.

Quantas vezes o PT e outras forças progressistas, integradas ao Governo, esqueceram do que ele próprio, Lula, disse ontem no plenário da Câmara?

“Mantendo sempre um pé nas instituições e outro nas ruas, começamos ali a caminhada que nos levaria à eleição para a Presidência da República em 2002.”

Registro outro trecho desta fala de Lula para refletirmos sobre o que disse antes:

“(…)essa juventude tem que saber que faz apenas 25 anos que nós estamos vivendo no mais longo período de Constituição contínua deste País. E esta Constituição e este País — por conta desse aprendizado democrático, coisa que não aconteceu em muitos países do mundo, mesmo onde houve revoluções — permitiram que um simples operário torneiro mecânico chegasse à Presidência da República e exercesse o seu poder em sua plenitude duas vezes”.

Pois essa juventude não saberá – e se confundirá – se o operário torneiro mecânico  lhe disser isso e mostrar como – mesmo que sem tanta plenitude – o exercício do poder abriu novos caminhos para ela e para o país?

Lula encarna a legitimidade pessoal para fazer isso.

Manifestação, enfrentamentos com a polícia, até uma prisão arbitrária e ilegal ele próprio sofreu. Não há black bloc que possa falar em repressão perto dele.

Mas, para que seja compreendido, ele tem de falar.

Muito e cada vez mais claramente.

Mostrar que se, como disse, Marina e Serra são sombras sobre Eduardo Campos e Aécio Neves, ele é luz sobre Dilma.

Porque se o povo entender que a desestabilização da democracia é o único jogo que resta à direita brasileira, estes grupinhos voltam a ser o que sempre foram:nada.


Mas, sem este enfrentamento na consciência popular, eles podem ser um degrau para a impensável volta do Brasil ao passado de exclusão e dependência.

10 formas infalíveis de criminalizar a medicina de Cuba




Reproduzimos excelente análise do jornalista, escritor e fotógrafo Mário Bentes sobre as desculpas esfarrapadas, direitistas e preconceituosas de burgueses disfarçados de médicos e seus seguidores sobre a vinda dos médicos cubanos ao Brasil a partir do Programa Mais Médico, do Governo Federal. 

O artigo intitulado 10 modos infalíveis de criminalizar a medicina cubana foi publicado na Revista Babel. Ao introduzir o texto Mário diz: “Nota do editor: caso você seja contra o programa ‘Mais Médicos’, mas sua linha de raciocínio passe longe dos itens listados a seguir, então esse texto não é pra você”.

Imagem meramente ilustrativa
Vamos a ele

Para facilitar a sua vida, amigos reacionários e direitistas que combatem, sem “visões políticas e ideológicas”, a vinda de médicos cubanos ao Brasil – ainda que, whatever, não sejam apenas cubanos –, elenco aqui algumas dicas infalíveis para criminalizar a chegada dessas pessoas e também ao seu país. Para cada dica, também apresentamos os riscos de contraprova e os caminhos para contorná-las. Tudo simples e superficial, como suas mentes.

1. Acuse os médicos cubanos envolvidos nas missões internacionais de serem “guerrilheiros comunistas” enviados ao Brasil para fazer propaganda ideológica. Se a pecha não colar, já que os 132 mil médicos cubanos enviados a 102 países pelas missões internacionais não converteram nenhuma dessas nações, que continuam capitalistas (ufa!), tente ser pragmático para esconder sua paranoia reacionária e direitista – mas sempre desprovida de ideologias, claro.

2. Colete dados de blogs aleatórios, principalmente daqueles anti-comunistas disfarçados, mesmo que eles não apresentem fontes confiáveis, para sustentar sua tese (agora aparentemente desprovida de pretensões ideológicas) de que a medicina cubana não presta. Que a ilha está mergulhada em doenças erradicadas até em Serra Leoa e que… enfim, a medicina cubana não presta, fim.

Caso apareçam notícias de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não apenas aprove, mas recomende o modelo médico cubano para o resto do mundo, faça vista grossa. Afinal, a OMS está cheia de comunistas. Mesma tática deve ser feita se a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecer o modelo clínico cubano de atenção a saúde básica. A ONU foi cooptada pelos rios de dinheiro castrista.

3. Mate o mensageiro antes que ele dê a mensagem. Para evitar que qualquer nova notícia incômoda, com aqueles chatos dados e números comprovados, venha a derrubar sua tese, bata sempre na mesma tecla: qualquer notícia favorável ao “regime comunista dos irmãos Castro” só pode ser propaganda oficial do governo. OMS achou a medicina cubana exemplar? Propaganda oficial do governo. ONU também? Propaganda oficial do governo. Nenhum dos mais de 100 países em todo o planeta nunca reclamaram do trabalho dos comunistas? Propaganda oficial do governo.

4. Não dê atenção a mentiras disseminadas pela propaganda oficial do governo, como “Cuba avança na prevenção e combate ao câncer com investimento em biotecnologia, afirma OMS”, ainda que esteja no site da ONU e ainda que quem afirme seja a OMS. Afinal, esses “médicos” de pele escura, com cara de empregadas domésticas, que não se impõem pela aparência, jamais poderiam ser médicos – que dirá bons médicos. Tudo mentira castro-comunista.

5. Coma pelas beiradas e adote argumentos serenos, como a exigência do Revalida para os cubanos. Ops, para qualquer médico estrangeiro. Evite fazer o que fizeram alguns médicos cearenses, que vaiaram a chegada dos cubanos no aeroporto (ainda que você tenha vibrado com isso). Afinal, sua luta é contra o governo do PT, que quer implantar a ditadura comunista no Brasil.
Se notícias antigas mostrarem que a vinda de cubanos era festejada, inclusive pela revista Veja, quando o presidente era o Fernando Henrique Cardoso e o ministro da saúde o José Serra – ambos do PSDB –, também faça vista grossa. No máximo, diga que “o contexto era outro”.

6. Diga que, nos moldes como está sendo feita, a contratação dos cubanos representa “escravidão” – já que o repasse do pagamento será feito direto ao governo comunista. Use palavras e expressões prolixas pro que você está acostumado, ainda que lembrem discursos de esquerda (risos), como “atentado às leis trabalhistas”, “exploração de mão-de-obra” e similares. Tudo bem que você nunca se importou com “escravidão” enquanto comprava suas roupas na Zara ou na Le Lis Blanc, ou quando foi contra a regulamentação do trabalho das domésticas. Mas agora é uma boa hora para mudar, não é mesmo? (quando a poeira baixar, volte a deixar o assunto de lado)

7. Não se desespere se pintar alguma notícia de que os cubanos têm aparecido nos primeiros lugares no Revalida em edições recentes do exame, como 2011 e 2012. Afinal, a Escola Latino-Americana de Cuba (Elam), ainda que seja reconhecida por órgãos internacionais pela boa formação médica, é uma escola de formação marxista cultural. Fazer vista grossa é preciso. Se você não conheceu, nada aconteceu.

8. Procure notícias que sustentem sua tese. Exemplo: uma que diga que algumas prefeituras do interior têm o interesse de mandar embora os médicos brasileiros que já estão contratados para trocar por profissionais cubanos (mais em conta, afinal são escravos). Não importa se a safadeza é da prefeitura cujo prefeito você nem se interessa em saber de qual partido é. Não importa se o Ministério da Saúde já havia advertido aos espertalhões, quase dois meses antes, que essa troca não poderia ser feita e que demissões indevidas seriam punidas com o cancelamento dos repasses. Não importa se o jornal que publicou a notícia omitiu deliberadamente essa informação. Compartilhe e notícia e use-a como bandeira. Se o desmentido começar a circular, ignore.

9. Use como suas as palavras dos presidentes de organizações de classe, em especial a de que a formação médica em Cuba é insuficiente e que o currículo não é adequado ao nosso país. Ignore solenemente se algum líder da revolta tenha filhos formados na ilha comunista e que, inclusive, exercem a profissão no país. Se perguntarem, diga que os tais filhos do presidente seguiram o caminho correto e, depois de se formar na atrasada ilha, voltaram ao Brasil e fizeram o Revalida – onde tiveram que reaprender a medicina (nesse caso, continue repetindo o item 7).

10. Se nada mais der certo, e as notícias com fontes de credibilidade continuarem a circular e as notícias de fonte duvidosa serem desmentidas, pare por um momento, respire fundo e tome uma atitude ousada e corajosa: volte ao primeiro passo. Mesmo que haja dados suficientes para negar essas tolices de “guerrilheiros comunistas”, repita o processo sempre que alguém permitir.

Dica de outro: aproveite que a revista Veja, que já foi a favor dos médicos cubanos no Brasil na era FHC, está requentando o primeiro passo (já que o contexto agora é outro ^^) e pegue carona. Você não é cubano. Você é brasileiro (apesar de sonhar morar nos EUA) e não desiste nunca.