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Desigualdade deve levar pandemia de covid-19 a ‘se arrastar por 2022’

 

Continente africano, por exemplo, vacinou totalmente apenas 5% de sua população. Essa média fora da África é de 40%. (FOTO/ Brenda Alcântara / Oxfam Brasil).

A pandemia de covid-19 segue recheada de incertezas. Enquanto cientistas alertam para perigos de retomada a partir do fim de medidas protetivas, pairam riscos do surgimento de novas variantes. Especialmente com o vírus circulando de forma intensa e descontrolada em boa parte do mundo. Também impacta no cenário da pandemia a desigualdade vacinal extrema entre países ricos e pobres. Diante dos fatos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a crise vai “facilmente se arrastar profundamente em 2022”.

A OMS reforçou as críticas sobre a mercantilização das vacinas que deixa boa parte do mundo desassistida, enquanto mais de 70% das doses aplicadas foram em cidadãos dos 10 países mais ricos do mundo. Por exemplo, o continente africano vacinou totalmente apenas 5% de sua população. Essa média fora da África é de 40%. Mesmo o consórcio Covax Facility, criado pela OMS para entregar vacinas para os países mais pobres, não deve alcançar 30% de sua meta de 2 bilhões de doses. Até o momento, foram entregues menos de 371 milhões.

Nós realmente precisamos acelerar, ou sabe o que vai acontecer? Esta pandemia vai durar mais um ano do que precisa. Posso dizer que não estamos no caminho certo”, disse Bruce Aylward, alto diretor da OMS, em reportagem da BBC News. Ele reforçou que países com ampla disponibilidade de vacinas devem realizar uma “moratória” sobre a aplicação das terceiras doses. A ideia da organização é de vacinar, ao menos, 10% de todos os países antes que doses de reforço sejam aplicadas em pessoas sem comorbidades ou imunossuprimidas. Assim, o maior desafio para a superação da pandemia é a desigualdade.

Desigualdade chave

Em outro comunicado realizado hoje (21) o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, apontou para a lentidão na vacinação dos profissionais da Saúde no mundo, além de ampla desigualdade. De acordo com levantamento da entidade, apenas dois em cada cinco trabalhadores estão completamente imunizados. O mesmo estudo indica que morreram de 80 mil a 180 mil profissionais desde o início do surto, em março de 2020. A grande margem de erro tem relação com a subnotificação de alguns países, como é o caso do Brasil, que não adotou uma política pública em nível federal de combate ao vírus. Ao contrário, o governo do presidente Jair Bolsonaro desdenhou das mortes e minimizou os vírus, além de ser acusado de diversos crimes na condução da crise.

A OMS insistiu que esse grupo deve ser prioritário em todo o mundo no processo de vacinação. Adhanom ponderou que também existe ampla desigualdade regional em relação às mortes de profissionais de saúde durante a pandemia. “É óbvio que essa média esconde enormes diferenças entre regiões e setores econômicos. Na África, menos de 1 em cada 10 profissionais da saúde foi completamente imunizado, enquanto na maioria dos países de renda alta, mais de 80% estão vacinados com o esquema completo”, disse.

Balanço

Com quase 5 milhões de mortos em todo o mundo, a covid-19 é a maior crise sanitária global desde a gripe espanhola, em 1918. No Brasil, foram registradas 604.228 mortes, de acordo com balanço do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), divulgado hoje. Além disso, é o país com mais vítimas do vírus em 2021 e segundo desde o início do surto, atrás dos Estados Unidos, com pouco mais de 700 mil mortes e população 50% maior.

Nas últimas 24 horas, foram 451 vítimas sem contar com dados do Ceará, não informados até o fechamento do balanço. Também foram notificadas 16.852 novas infecções, totalizando 21.697.341 desde o início do surto. A média de mortes e casos diários segue em tendência de estabilidade com leve crescimento desde a última semana. O índice, calculado em sete dias, está em 369 vítimas e 12.158 doentes. A métrica de mortes, que já foi a melhor desde abril de 2020, agora é superior, além do período inicial da pandemia, ao “vale” (movimento de queda exibido no gráfico) apresentado em novembro do ano passado.

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Com informações da RBA.

Impactos da pandemia sobre a população negra será alvo de discussão na Comissão de Direitos Humanos do Senado

 

Impactos da pandemia sobre a população negra será alvo de discussão na Comissão de Direitos Humanos do Senado. (FOTO/ Amanda Perobelli/ REUTERS/ Direitos Reservados).

Por Nicolau Neto, editor

A partir das 9h desta segunda-feira (12/05) e de modo remoto, a Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH) irá discutir os efeitos e os impactos gerados na população negra pela pandemia da Covid-19.

A iniciativa partiu, segundo publicou o Notícia Preta, do presidente do colegiado, o senador Humberto Costa (PT-PE) e contará com a participação de Silas Félix, coordenador-geral do Movimento Negro Unificado (MNU), representantes do Coletivo Nacional de Juventude Negra, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos da Bahia (DIEESE) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

A discussão se desenvolverá por meio da temática “Nem bala, nem fome, nem Covid: população negra em defesa do bem viver. Impactos da pandemia do novo Coronavírus na população negra do Brasil, bem como, a ausência de políticas públicas para o enfrentamento desta pandemia” e quaisquer pessoas poderão interagir com perguntas, sugestões e apontamentos através do Portal e-Cidadania, podendo ser lidas por parlamentares e pelos debatedores.

Essa interação garantirá a emissão de certificado de participação no evento.

Covid-19 aumentou a pobreza, a fome e as desigualdades. ‘Catástrofe geracional’, afirma a ONU

 

Pela primeira vez, desde 1998, a porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza aumentou, de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Cerca de 90% dos países ainda relatam problemas diversos nos serviços de Saúde. (FOTO/ Nailana Thiely/ Ascom/UEPA).

A pandemia de covid-19 impactou o mundo de forma negativa em muitos setores, aumentado a pobreza e a fome. Pela primeira vez, desde 1998, a porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza aumentou de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Cerca de 90% dos países ainda relatam problemas diversos nos serviços de saúde. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica os efeitos do coronavírus como “catástrofe geracional” na educação.

Diante deste cenário, o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2021, da ONU, aponta para a necessidade de soluções rápidas. “As decisões e ações tomadas durante os próximos 18 meses determinarão se os planos de recuperação da pandemia colocarão o mundo no caminho para alcançar as metas acordadas globalmente que visam a impulsionar o crescimento econômico e o bem-estar social, protegendo o meio ambiente”, afirma o texto.

A entidade trabalha em cima de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte da Agenda 2030. A ideia é fomentar ações e direcionar boas práticas para que o mundo alcance, ainda que tardiamente, um modelo de desenvolvimento menos agressivo e propenso às catástrofes. Entre estes objetivos, afetados pela pandemia, é possível citar: erradicação da pobreza; fome zero; saúde e bem-estar; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; redução das desigualdades; entre outros.

Desigualdade

Além do aumento na extrema pobreza, os demais índices de desenvolvimento humano foram afetados como um todo. De acordo com estudos da ONU, de 119 a 124 milhões de pessoas foram empurradas para situação de pobreza em 2020, cerca de 255 milhões de empregos foram perdidos. O número de pessoas afetadas pela fome aumentou de 83 para 132 milhões. “Estamos em um momento crítico na história da humanidade. As decisões e ações que tomamos hoje terão consequências importantes para as gerações futuras”, destaca o subsecretário-geral do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Lui Zhenmin.

Se por um lado, os mais pobres e a classe média vivem escassez de recursos, por outro, os mais ricos ficaram mais ricos. A desigualdade crescente atinge níveis brutais em todo o planeta. Uma das evidências é a desigualdade vacinal entre as nações. “A pandemia expôs e intensificou as desigualdades dentro e entre os países. Em 17 de junho de 2021, cerca de 68 vacinas foram administradas para cada 100 pessoas na Europa e na América do Norte, em comparação com menos de duas na África Subsaariana”, completa o relatório.

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira a integra do texto.

Brasil reduz aposentadorias da classe média. Terá coragem de taxar ricos?.


Senado aprova em segundo turno reforma da previdência.
(FOTO/Roque de Sá/Agência Senado).

Combater privilégios foi uma das principais justificativas utilizadas pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro para a aprovação da Reforma da Previdência. Não há dúvida de que o país conta com funcionários públicos recebendo altas pensões – como generais que vão para a reserva ameaçando a democracia e que ficaram, por ora, de fora das mudanças que foram chanceladas pelo Congresso Nacional nesta terça (22).

Política e a Desigualdade, por Leandro Karnal*


Um dos campos onde a inteligência nacional mais desabou foi o debate político. Em clima de Fla-Flu é difícil formular ideias. Queria fazer uma reflexão básica sem coloração partidária.


Premissa inicial: somos uma sociedade marcada pela desigualdade de renda, de educação e de acesso a serviços como saúde. A desigualdade é um fato objetivo, logo, não cabe discussão. Não interessa aqui se há sociedades mais ou menos desiguais, pensarei apenas a nossa, a sociedade brasileira.

Diante da desigualdade, existem duas (entre centenas) de atitudes básicas. Destacarei apenas estas duas (há mais sim)

01) A desigualdade é provocada pelas diferentes energias aplicadas ao trabalho, pelo empreendedorismo de cada um, pela capacidade de crescer quanto à renda e quanto ao conhecimento. Logo, a desigualdade registra pessoas mais ou menos aptas e é, de certa forma, a recompensa pela inteligência, pelo trabalho, pela estratégia e pelo esforço. A desigualdade será resolvida pela energia das próprias pessoas quando estas pararem de esperar coisas, pararem com sua dependência do Estado e começarem a produzir e trabalhar mais. A ambição individual e o trabalho são a chave. Esta seria, grosso modo, a postura liberal (com muitas variações ) e a defesa Adam Smith do trabalho.

02) A desigualdade é dada estruturalmente pelo capitalismo e suas formas de dominação. Ela não é um acidente e nem pode ser eliminada porque o capitalismo precisa de massas desiguais. Mesmo que alguns cresçam, a grande maioria nunca poderá sair de onde está, porque há demanda de mão de obra barata e de controle político. A saída é quebrar o sistema por uma ação organizada contendo em maior ou menor grau a noção de revolução. Esta seria a postura, em geral, do pensamento de Marx e de muitos grupos marxistas.

A partir destes dois pólos generalizantes (com muitas diferenças, eu sei) as pessoas se posicionam sobre bolsa família, cotas raciais, reforma agrária , incentivos fiscais para áreas pobres etc. A noção básica é: quem é o responsável pela desigualdade e quem pode resolvê-la? Os exemplos históricos e dados levantados pelos debatedores não são a base para sua posição política. São, em geral, a posteriori, ou seja, cada grupo seleciona da história e de outros países o que acha relevante para embasar sua posição. A posição é anterior aos fatos, quase sempre. Voltaremos a este fato.

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